Resumo
O tema deste artigo é o encontro entre alguns filmes históricos que representaram a escravidão na Antiguidade Clássica e a cena pública do Rio de Janeiro durante a Primeira República, mais precisamente no recorte entre 1907 e 1916. Nosso argumento principal é o de que o consumo desses filmes históricos atuou no embranquecimento das experiências da escravidão no senso comum dos espectadores cariocas do período. A circulação dessas produções cinematográficas teria contribuído, assim, para o apagamento das experiências traumáticas que a escravidão representou para as populações afro-brasileiras. Nossas fontes são os filmes Amor de escrava e A escrava branca, localizados em bases de dados online da Library of Congress e da Cinémathèque Française, além dos anúncios veiculados por diversos jornais por ocasião de suas exibições, coletados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Em nossa conclusão, enfatizamos como as narrativas dos filmes se apropriaram de procedimentos caros ao gênero massivo do melodrama e, em seu consumo, sobrepuseram-se a alguns referentes próximos à experiência dos espectadores cariocas em torno da escravidão no Brasil.
Palavras-chave:
Cinema; Rio de Janeiro; Primeira República