RESUMO
Fontes tradicionais da História, os jornais têm desde a década de 1980 sido deixados de lado pelos historiadores sociais interessados em entender o universo dos trabalhadores. Como fruto da negação de uma autoimagem valorosa construída pelos próprios jornalistas ao longo do século XX, a imprensa passou a ser vista como simples instrumento de controle e disciplinarização desses trabalhadores, que ignorava ou atacava suas práticas e costumes. Ao contrário desta imagem, no entanto, o desenvolvimento do sentido comercial da imprensa a partir das últimas décadas do século XIX levou progressivamente os jornais e revistas da capital federal a tentar incorporar, em suas páginas, as práticas e gostos desse público mais amplo. Para entender o sentido e as consequências deste processo, este artigo se propõe a discutir a polifonia e polissemia própria do jornalismo comercial através da análise da cobertura que as folhas empresariais fundadas no Rio de Janeiro do período deram às associações recreativas criadas pelos trabalhadores da cidade.
Palavras-chave:
Imprensa; Trabalhadores; Lazer; Rio de Janeiro