Baixo Burnout entre Unidades de Terapia Intensiva?Re: Burnout e sintomatologia depressiva em enfermeiros de terapia intensiva: análise de relação

Caro Editor,

Nós lemos com imenso interesse o artigo de Vasconcelos et al. publicado recentemente em uma edição do periódico⁽¹⁾. Os autores realizaram um estudo transversal a fim de analisar a existência da relação entre burnout e os sintomas de depressão entre os enfermeiros da Unidade de Terapia Intensiva. Eles demonstraram que o burnout esteve presente em 14,29% dos enfermeiros, e 10,98% apresentaram sintomas de depressão e concluíram que os enfermeiros com burnout têm maior possibilidade de desencadear sintomas depressivos. Os autores devem ser parabenizados por realizar um estudo sobre um tema importante na enfermagem e na prática médica^(2-3). A necessidade de identificar locais de trabalho específicos em risco para altas taxas de burnout é um conceito inovador que precisa ser mais explorado^(4-5).

Embora o estudo de Vasconcelos et al. foi bem desenvolvido e conduzido, há questões relativas ao estudo que precisam ser esclarecidas para confirmar as descobertas do autor. Os autores relataram uma taxa muito menor de burnout do que o esperado. Acreditamos que a definição rigorosa de burnout do autor (alta exaustão emocional, alta despersonalização e baixa realização pessoal) foi muito rigorosa e provavelmente não correspondeu à literatura anterior sobre a força de trabalho de enfermagem. Os autores não forneceram qualquer associação com fatores que foram comumente relacionados ao burnout (por exemplo, horas de trabalho, controle sobre a vida profissional). Seria importante explicar por que a taxa de burnout nos enfermeiros brasileiros é muito menor do que a relatada anteriormente na literatura mundial. Por fim, seria importante excluir o viés de resposta comparando os entrevistados com os não respondentes da pesquisa.

Gostaríamos de receber comentários para abordar as questões acima mencionadas, uma vez que elas não foram discutidas pelos autores, pois isso validaria ainda mais as conclusões deste estudo importante.

REFERENCES

• ¹
  Vasconcelos EM, Martino MMF, França SPS. Burnout and depressive symptoms in intensive care nurses: relationship analysis. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018[cited 2018 Feb 23];71(1):135-41. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n1/0034-7167-reben-71-01-0135.pdf
  » http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n1/0034-7167-reben-71-01-0135.pdf
• ²
  De Oliveira Jr GS. Biological evidence of the impact of burnout on the health of anesthesiologists. J Clin Anesth [Internet]. 2017[cited 2018 Feb 23];41:62. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jclinane.2017.06.011
  » https://doi.org/10.1016/j.jclinane.2017.06.011
• ³
  Nogueira LS, Sousa RMC, Guedes ES, Santos MAD, Turrini RNT, Cruz DALMD. Burnout and nursing work environment in public health institutions. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018[cited 2018 Feb 23];71:336-342. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n2/0034-7167-reben-71-02-0336.pdf
  » http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n2/0034-7167-reben-71-02-0336.pdf
• ⁴
  Vinson AE, Zurakowski D, Randel GI, Schlecht KD. National Survey of US academic anesthesiology chairs on clinician wellness. J Clin Anesth [Internet]. 2016[cited 2018 Feb 23];34:623-31. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27687461
  » https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27687461
• ⁵
  Gonzalez LS, Donnelly MJ. A survey of residency program directors in anesthesiology regarding mentorship of residents. J Clin Anesth [Internet]. 2016[cited 2018 Feb 23];33:254-65. Available from: http://www.jcafulltextonline.com/article/S0952-8180(16)30009-5/fulltext
  » http://www.jcafulltextonline.com/article/S0952-8180(16)30009-5/fulltext

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  May-Jun 2018