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Lócus de controle, conhecimento, atitude e prática na contracepção entre adolescentes

RESUMO

Objetivos:

Avaliar a relação do lócus de controle com conhecimento, atitude e prática (CAP) contraceptiva de adolescentes.

Métodos:

Trata-se de um estudo transversal, realizado com 1192 estudantes de ensino médio. Os dados foram coletados por meio do questionário CAP e da escala de lócus de controle de Levenson e analisados por estatística descritiva, teste de Mann-Whitney e teste de Kruskal-Wallis.

Resultados:

As mulheres apresentaram maior Externalidade Outros Poderosos quando comparadas aos homens (p=0,0015), e os adolescentes acima de 17 anos, maior Externalidade Acaso (p=<0,0001). Os estudantes que fizeram uso de algum método anticoncepcional na primeira relação sexual apresentaram maior Externalidade Outros Poderosos (p=0,0107), e aqueles que usaram coito interrompido maior Externalidade Acaso (p=0,0013). A Internalidade mostrou-se inversamente proporcional à prática em relação às dimensões do lócus de controle.

Conclusões:

As dimensões do lócus de controle apresentaram relação com algumas práticas contraceptivas, mas pouca ou nenhuma relação com conhecimento e atitude.

Descritores:
Anticoncepção; Controle Interno-Externo; Conhecimento, Atitude e Prática em Saúde; Saúde da Mulher; Enfermagem em Saúde Pública

ABSTRACT

Objectives:

to assess the relation of the locus of control with the adolescents’ knowledge, attitude and practice (KAP).

Methods:

this is a cross-sectional study with 1,192 high school students. Data were collected using the KAP questionnaire and the Levenson locus of control scale and analyzed by descriptive statistics, Mann-Whitney U test and Kruskal-Wallis H test.

Results:

Women presented higher Externality Powerful Others locus of control than man (p=0.0015) and adolescents over 17, higher Externality Chance locus of control (p=<0.0001). Students who used contraceptive methods at the first contraceptive method had higher Externality Powerful Others (p=0.0107) and those who used coitus interruptus, had higher Externality Chance (p=0.0013). Internality was inversely proportional to the practice in relation to the dimensions of the locus of control.

Conclusions:

The dimensions of the locus of control were related to some contraceptive practices, but little or no relation to knowledge and attitude.

Descriptors:
Contraception; Internal-External Control; Knowledge, Attitude and Practice in Health; Women’s Health; Nursing in Public Health

RESUMEN

Objetivos:

Evaluar la relación del locus de control con conocimiento, actitud y práctica (CAP) contraceptiva de adolescentes.

Métodos:

Se trata de un estudio transversal, realizado con 1.192 estudiantes de enseñanza media. Los datos fueron recolectados a través del cuestionario CAP y de la escala de locus de control de Levenson y analizados por estadística descriptiva, prueba de Mann-Whitney y prueba de Kruskal-Wallis.

Resultados:

Las mujeres presentaron más Externalidad Otros Poderosos cuando comparadas a los hombres (p=0,0015) y los adolescentes mayores de 17 años, más Externalidad Acaso (p=<0,0001). Los estudiantes que hicieron uso de algún método anticonceptivo en la primera relación sexual presentaron más Externalidad Otros Poderosos (p=0,0107) y aquellos que usaron el coito interrumpido, más Externalidad Acaso (p=0,0013). La Internalidad se mostró inversamente proporcional a la práctica en relación a las dimensiones del locus de control.

Conclusiones:

Las dimensiones del locus de control presentaron relación con algunas prácticas anticonceptivas, pero poca o ninguna relación con el conocimiento y actitud.

Descriptores:
Anticoncepción; Control Interno-Externo; Conocimiento, Actitud y Práctica en Salud; Salud de la Mujer; Enfermería de Salud Pública

INTRODUÇÃO

Os jovens têm iniciado a vida sexual precocemente, por volta dos 14 anos, muitas vezes sem a utilização de métodos anticoncepcionais (MAC) (11 Vanzin R, Aerts D, Alves G, Câmara S, Palazzo L, Elicker E et al. Vida sexual de adolescentes escolares da rede pública de Porto Velho-RO. Aletheia [Internet]. 2013 [cited 2017 Jul 28];41(1):109-20. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/n41/n41a09.pdf
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2 Chaves ACP, Bezerra EO, Pereira MLD, Wolfgang W. Conhecimentos e atitudes de adolescentes de uma escola pública sobre a transmissão sexual do HIV. Rev Bras Enferm [Internet]. 2014[cited 2017 Jul 28];67(1):48-57. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n1/0034-7167-reben-67-01-0048.pdf
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3 Silva GS, Lourdes LA, Barroso KA, Guedes HM. Sexual behavior of adolescent students. Rev Min Enferm [Internet]. 2015[cited 2017 Jul 28];19(1):154-60. Available from: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/993
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-44 Tronco CB, Dell'Aglio DD. Caracterização do comportamento sexual de adolescentes: iniciação sexual e gênero. Gerais: Rev Interinst Psicol [Internet]. 2012[cited 2017 Jul 29];5(2):254-69. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/gerais/v5n2/v5n2a06.pdf
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) , o que aumenta a vulnerabilidade à gravidez e ainfecções sexualmente transmissíveis (IST)(22 Chaves ACP, Bezerra EO, Pereira MLD, Wolfgang W. Conhecimentos e atitudes de adolescentes de uma escola pública sobre a transmissão sexual do HIV. Rev Bras Enferm [Internet]. 2014[cited 2017 Jul 28];67(1):48-57. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n1/0034-7167-reben-67-01-0048.pdf
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). No Brasil, a iniciação sexual de adolescentes universitários ocorre entre 16 e 17 anos de idade(55 Borges MR, Silveira RE, Santos AS, Lippi UG. Sexual behaviour among initial academic students. Rev Pesqui: Cuid Fundam [Internet]. 2015[cited 2017 Jul 28];7(2):2505-15. Available from: http://www.redalyc.org/html/5057/505750946027/
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-66 Silva LP, Camargo FC, Iwamoto HH. Comportamento sexual dos acadêmicos ingressantes em cursos da área da saúde de uma universidade pública. Rev Enferm Atenção Saúde [Internet]. 2014 [cited 2017 Jul 28];3(1):39-52. Available from: http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/enfer/article/view/929
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). Segundo estudo realizado no Piauí, no grupo de alunos que já tinha iniciado atividade sexual, poucos possuíam parceiros fixos. Trata-se de um resultado preocupante, pois as relações com parceiros eventuais aumentam os riscos supracitados(77 Aquino OS, Brito FEV. Perfil sexual de adolescentes universitários de um curso de graduação em enfermagem. Rev Min Enferm [Internet]. 2012[cited 2017 Jul 28];16(3):324-9. Available from: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/534
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). Por manterem frequente atividade sexual, os jovens assumem um comportamento de risco, especialmente o não uso do preservativo nas relações sexuais(33 Silva GS, Lourdes LA, Barroso KA, Guedes HM. Sexual behavior of adolescent students. Rev Min Enferm [Internet]. 2015[cited 2017 Jul 28];19(1):154-60. Available from: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/993
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).

Estudo desenvolvido na Nigéria assinala que os adolescentes têm conhecimento sobre saúde sexual, mas o comportamento de risco por eles assumido em termos de contracepção não condiz com esse dado(88 Okpokumoku SE, Nwose EU, Nwajei SD. Sexual behaviour, knowledge and use of contraceptives among undergraduate students. Journal of Health Science Research [Internet]. 2017 [cited 2018 mai 03]; 2(2):10-7. Available from: http://www.informaticsjournals.com/index.php/jhsr/article/view/18113
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). A decisão contraceptiva na adolescência, em virtude de pouca ou nenhuma experiência anterior, o que pode levar a escolha de métodos de baixa eficácia, pode ter consequências ao longo da vida(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
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)como gravidez ou abandono dos estudos(1010 Reese BM, Halpern CT. Attachment to Conventional Institutions and Adolescent Rapid Repeat Pregnancy: A Longitudinal National Study Among Adolescents in the United States. Maternal and Child Health Journal [Internet]. 2017 [cited 2018 May 01];21(1):58-67. Available from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5233596/
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), ainda que a decisão de deixar de estudar possa ocorrer mesmo antes da gestação, por outros motivos.

Além disso, determinadas características da personalidade contribuem para a adesão ou não à anticoncepção na adolescência, ou seja, podem conduzir a diferentes caminhos no que se refere ao planejamento da fertilidade (gravidez planejada ou indesejada, por exemplo). Comportamentos sexuais conscientes estabelecem posturas saudáveis e seguras, que tornam os indivíduos responsáveis por sua vida reprodutiva(1111 Almeida AC, Almeida AC, Costa MR, Firmo WCA. Conhecimento sobre a contracepção de emergência por adolescentes de uma escola pública de Lago Verde, Maranhão, Brasil. Rev UNINGÁ Review [Internet]. 2016[cited 2017 Jul 28];27(1):5-14. Available from: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20160702_103201.pdf
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).

Uma vez que as características pessoais e de personalidade influenciam o comportamento, as escalas de lócus de controle pretendem avaliar o que ou quem são os responsáveis pelo controle da vida de um indivíduo. Portanto, o lócus de controle pode interferir em diversos comportamentos(1212 Barbosa MLL. A relação entre o lócus de controle e o coping 'ações agressivas ': um estudo com atletas do esporte escolar. Prâksis[Internet]. 2016[cited 2017 Jul 29];7(1):27-36. Available from: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=525552631005
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).

Identificar o lócus de controle entre adolescentes de ensino médio e relacioná-lo ao conhecimento, à atitude e à prática contraceptiva deste grupo populacional pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de educação em saúde que contemplem esta clientela. Tais estratégias devem também contemplar ações integradas de educação sexual, prevenção do uso de tabaco, álcool e outras drogas, pois favorecem um comportamento sexual seguro e saudável.

Além disso, mensurar o lócus de controle e investigar o conhecimento, a atitude e a prática de adolescentes em relação à pílula anticoncepcional e ao preservativo poderá proporcionar à equipe de saúde um conhecimento mais amplo sobre saúde sexual e reprodutiva na adolescência e subsidiar intervenções que favoreçam a atribuição de responsabilidade aos adolescentes para a tomada de decisões, com vistas a um controle mais efetivo de suas próprias vidas.

Diante do exposto e com o objetivo de melhor investigar esta relação, desenvolveu-se a pesquisa de dissertação de mestrado intitulada “Lócus de controle, conhecimento, atitude e prática em relação à pílula anticoncepcional e ao preservativo masculino entre adolescentes de ensino médio”, da qual este artigo faz parte.

OBJETIVOS

Avaliar a relação do lócus de controle com conhecimento, atitude e prática (CAP) contraceptiva de adolescentes.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Para a coleta de dados nas escolas públicas de ensino médio de Poços de Caldas-MG, solicitou-se autorização da Secretaria Municipal de Educação, da Superintendência Regional de Ensino e, posteriormente, dos diretores de cada escola. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Como na época da submissão a Plataforma Brasil não estava ativa, não há registro nesta Plataforma.

O estudo respeitou todos os preceitos éticos e legais das pesquisas que envolvem seres humanos, conforme preconizado pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Desenho, local do estudo e período

Trata-se de um estudo transversal, realizado em Poços de Caldas, cidade do interior de Minas Gerais, localizada na Região Sudoeste do estado, que possui população estimada de 152.435 habitantes. Na época da coleta de dados, de maio a julho de 2011 havia no município um total de 23.302 adolescentes, dos quais 11.491 estavam na faixa etária de 14 a 19 anos(1313 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pirâmide Etária [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27]. Available from: http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_piramide.php?codigo=315180
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).

População ou amostra, critérios de inclusão e exclusão

A população do estudo foi composta por adolescentes matriculados em todas as escolas públicas (uma municipal e sete estaduais) de ensino médio de Poços de Caldas. Foram incluídos alunos de ambos os sexos, com idade entre 14 e 19 anos, que estudassem no período diurno, tendo em vista o perfil peculiar de estudantes do período noturno, geralmente trabalhadores. Excluíram-se aqueles que se recusaram a participar do estudo, que não estavam presentes nos dias da coleta de dados e aqueles que não devolveram assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ou o questionário devidamente preenchido. O Termo de Assentimento não foi solicitado, pois, na época em que foi realizada a pesquisa, este documento não era exigido pelo CEP.

A população inicial foi composta por 3034 alunos matriculados em escolas públicas, dos quais 1842 foram excluídos pelos seguintes motivos: 747 alunos não quiseram participar ou não estavam presentes no momento da entrega do TCLE ou não tinham idade entre 14 e 19 anos, recusa da escola municipal (464 alunos). Dentre os 1823 alunos que receberam o TCLE, 620 não devolveram o TCLE ou faltaram no dia da coleta de dados e 11 alunos não devolveram os questionários. Assim, participaram da investigação 1192 adolescentes.

Para determinar o tamanho amostral, a fim de facilitar os cálculos, foram considerados os seguintes critérios: população estimada de 3000 participantes, representando os adolescentes de ensino médio de escolas públicas, nível de significância estatística de 5% e erro amostral de 6%, para uma amostra estratificada por sexo, com igual proporção, o que resultou em 384 adolescentes por sexo(1414 Snedecor WG, Cochram WG. Statistical Methods. 8.ed. Iowa State: 1989.). Adotou-se a proporção de 50%, por gerar a maior amostra necessária e evitar que fosse subestimada.

Protocolo do estudo

Utilizou-se o questionário “Lócus de controle, conhecimento, atitude e prática do uso de pílula e preservativo entre adolescentes universitários”(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
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), mediante autorização das respectivas autoras. Trata-se de um instrumento que fornece dados sobre características sociodemográficas (idade, sexo, cor da pele, religião, trabalho remunerado, renda familiar, presença de companheiro e com quem reside), vida sexual (idade de início da atividade sexual, uso de MAC na primeira relação sexual, idade de início de uso de MAC, número de gravidezes e influências na escolha do método), conhecimento (questões de 35 a 44 e de 51 a 60), atitudes (questões de 22 a 28) e prática (questões de 18 a 21; 29 a 34 e 45 a 50) relacionados ao uso de pílula anticoncepcional e preservativo masculino.

O termo ‘lócus de controle’ foi criado por Rotter em 1960 no sentido de controle interno e externo e, posteriormente, modificado por Hanna Levenson, que elaborou três dimensões de controle: Internalidade (subescala I); Externalidade Outros Poderosos (subescala P); e Externalidade Acaso (subescala C). Ser avaliado na dimensão Internalidade significa que o indivíduo é responsável pelo controle de todos os seus atos; na dimensãoExternalidade Outros Poderosos, que suas ações são influenciadas por pessoas consideradas poderosas/importantes; e na dimensãoExternalidade Acaso, que suas atitudes são imputadas ao destino ou à sorte, como referência aos acontecimentos da vida(1515 Dela Coleta MF. Escala multidimensional de lócus de controle de Levenson. Arq Bras Psicol [Internet]. 1987[cited 2018 Jul 12];39(2):79-97. Available from: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abp/article/view/19592/18316
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).

A escala multidimensional de lócus de controle de Levenson é composta por 24 itens e possui três subescalas, com oito itens cada: Internalidade - Subescala I (Intemality Locus of Control); Externalidade Outros Poderosos - Subescala P (Powerful Other Locus of Control); e Externalidade Acaso - Subescala C (Chance Locus of Control). Os 24 itens são apresentados como uma escala única e devem ser respondidos em uma escala Likert, com cinco níveis de resposta, a saber: concordo totalmente (5), concordo em parte (4), estou absolutamente em dúvida (3), discordo em parte (2) e discordo totalmente (1). Para cálculo dos escores, somam-se os valores de cada item da Subescala. Para a Subescala I, serão somados os itens 1, 4, 5, 9, 18, 19, 21, 23. Para a Subescala P, 3, 8, 11, 13, 15, 17, 20, 22 e, para a Subescala C, 2, 6, 7, 10, 12, 14, 16, 24. Os escores variam de 8 a 40 pontos: quanto maior o valor, maior a crença de que cada fator respectivo controla a vida do indivíduo.

Para assegurar o sigilo dos respondentes, cada escola foi identificada por um código alfabético (por exemplo: A, B, C, D e assim por diante). Para fins de controle e organização, a pesquisadora manteve a listagem com os códigos das respectivas escolas.

Houve contato inicial com os alunos para esclarecimentos acerca dos objetivos do projeto. Neste momento, fez-se a entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que deveria ser assinado pelos participantes com mais de 18 anos de idade, e solicitou-se que os pais assinassem a autorização no caso de menores de idade.

No segundo momento, os adolescentes foram abordados em suas respectivas salas de aula para a aplicação dos instrumentos, mediante autorização do professor. Ao final, eles depositaram o questionário preenchido em um envelope identificado apenas pelo código alfabético correspondente à escola. Cada ficha continha um número de 01 a X, sendo X o total de alunos da classe, além do código da escola. As informações coletadas foram transferidas para um banco de dados no software Excel, 2007, 6.0 da Microsoft Corporation.

Análise dos resultados e estatística

Para a análise dos dados, considerou-se que

altos escores em cada escala são interpretados como indicativos de alta expectativa de controle pela fonte correspondente, porém, escores baixos refletem a tendência a não acreditar naquela fonte como controladora e não indicam que os sujeitos percebem o controle vindo de outra fonte(1515 Dela Coleta MF. Escala multidimensional de lócus de controle de Levenson. Arq Bras Psicol [Internet]. 1987[cited 2018 Jul 12];39(2):79-97. Available from: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abp/article/view/19592/18316
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).

A avaliação do conhecimento e da prática em relação à pílula e ao preservativo masculino baseou-se no percentual de respostas corretas. Avaliou-se a atitude de acordo com a resposta escolhida, categorizando-a como positiva ou negativa.

As características sociodemográficas da amostra foram analisadas por meio de estatística descritiva.Aplicaram-se testesnão paramétricos, teste de Mann-Whitney e teste de Kruskal-Wallis para avaliar a relação entre os lócus de controle e as seguintes variáveis: idade, sexo, cor, religião, independência financeira, situação conjugal, renda familiar, momento do início do uso de método anticoncepcional (na primeira relação sexual ou não) e uso de métodos anticoncepcionais.

A associação da atitude (positiva ou negativa) com as variáveis descritas anteriormente foi avaliada pelo teste exato de Fisher.

A correlação entre os escores dos lócus de controle com o conhecimento e a prática foi avaliada por meio do índice de correlação de Spearman, considerando que valores entre 0,1 e 0,29 indicariam correlação fraca, de 0,30 a 0,49, correlação moderada, e iguais ou maiores que 0,50, correlação forte(1616 Cohen J. Statical Power analysis for the behaviour sciences. 2ªed. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associate: 1988. The significance of a product moment rs. p.75-108.). Por sua vez, a avaliação dos escores desses lócus segundo o tipo de atitude (positiva ou negativa) baseou-se nos resultados doteste de Mann-Whitney. Assumiu-se nível de significância de 5%, e o software utilizado para análise foi o SAS (Statistical Analysis System) versão 9.2.

RESULTADOS

Participaram do estudo 1192 adolescentes de ensino médio matriculados em escolas públicas de Poços de Caldas, com idade entre 14 e 19 anos. A maioria (1082; 90,8%) concentrou-se na faixa etária de 15 a 17 anos, e mais da metade era do sexo feminino (750; 62,9%), de cor branca (635; 53,3%), religião católica (672; 56,4%) e não trabalhava (789; 66,2%). Uma parcela expressivados adolescentes (1147; 96,2%) morava com a família. Menos da metade desses adolescentes (494; 41,4%) tinha iniciado atividade sexual. Do grupo de adolescentes que iniciou atividade sexual, 54,3% eram do sexo feminino, 43,9% do masculino e 1,8% não responderam sobre o uso de preservativo.

Apresenta-se na Tabela 1 a relação entre o lócus de controle e o sexo dos adolescentes. Participantes do sexo feminino mostraram maior Externalidade Outros Poderosos quando comparados aos do masculino (p<0,001).

Tabela 1
Comparação entre o lócus de controle e o sexo dos adolescentes do ensino médio de escolas públicas, Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil, 2011 (N=1192)

Na correlação do lócus de controle com a idade, considerando os 1192 adolescentes, os que tinham mais de 17 anos apresentaram maior Externalidade Acaso (p=0,0001) em comparação àqueles na faixa etária de 14 a 16 anos. Em relação ao tipo de método anticoncepcional usado na primeira relação sexual, os adolescentes que fizeram uso de coito interrompido apresentaram maior Externalidade Acaso (p=0,0013).

A Tabela 2 apresenta a relação das dimensões do lócus de controle com o momento de iniciação do uso de métodos anticoncepcionais. Dos 494 adolescentes que já tinham iniciado atividade sexual, 424 fizeram uso de algum MAC na primeira relação sexual e apresentaram maior Externalidade Outros Poderosos (p=0,0107). Fizeram uso de MAC após terem iniciado atividade sexual 388 adolescentes, os quais apresentaram maior Externalidade Outros Poderosos (p=0,0217) e maior Externalidade Acaso (p=0,0077).

Tabela 2
Relação entre as dimensões do lócus de controle e o momento do início do uso de método anticoncepcional entre adolescentes do ensino médio de escolas públicas, Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil, 2011 (n=494)

Os dados nas Tabelas 3 e 4 referem-se aos 494 adolescentes que já tinham iniciado atividade sexual, estratificados por sexo e comparados quanto ao lócus de controle.

Tabela 3
Dimensão do lócus de controle de adolescentes que já tinham iniciado atividades sexuais, de acordo com o sexo, Poços de Caldas, Minas Gerias, Brasil, 2011 (n=494)
Tabela 4
Dimensão do lócus de controle e sua relação com o uso de preservativo na primeira relação sexual, de acordo com o sexo, Poços de Caldas, Minas Gerais, São Paulo, 2011 (n=494)

Nesta análise, também foi possível observar que o sexo feminino apresentou maior Externalidade Outros Poderosos (p=0,0015) (Tabela 3).

Em relação ao uso de preservativo e às dimensões do lócus de controle na primeira relação sexual, de acordo com o sexo, as adolescentes que o utilizaram apresentaram maior Internalidade (p=0,0296).

Analisou-se a relação das dimensões do lócus de controle com conhecimento, atitude e prática com base nas respostas de 494 adolescentes. Quando os escores das dimensões do lócus de controle foram correlacionados com a porcentagem de respostas corretas às questões de conhecimento e prática, verificou-se Internalidade inversamente proporcional à prática (p=0,0102 e ρ = -0,075), isto é, quanto maiores os valores da Internalidade, menores eram os da prática, embora a correlação negativa observada tenha sido fraca(1616 Cohen J. Statical Power analysis for the behaviour sciences. 2ªed. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associate: 1988. The significance of a product moment rs. p.75-108.). O conhecimento apresentou correlação moderada com a prática (p<0,0001 e ρ‡ = 0,361) (Tabela 5).No que se refere à atitude, não houve associação com as dimensões do lócus de controle.

Tabela 5
Dimensões do lócus de controle e sua relação com o conhecimento e prática dos adolescentes de ensino médio em relação à pílula e ao preservativo, Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil, 2011 (n=494)

DISCUSSÃO

De modo geral, os resultados evidenciam que as dimensões do lócus de controle influenciam a prática contraceptiva, ainda que não tenha sido observada correlação importante das dimensões do lócus controle com conhecimento, atitude e prática avaliados pelo inquérito CAP. Alguns achados diferem de estudos anteriores(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
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), o que pode decorrer de distintas características entre as populações estudadas.

Na correlação do lócus de controle com idade, os adolescentes com mais de 17 anos apresentaram maior Externalidade Acaso que os de menor idade. Esses dados corroboram o estudo realizado com adolescentes universitários, cujos resultados mostraram que a primeira relação ocorreu entre os 15 e 17 anos, sem a utilização de MAC, e que a prática contraceptiva sem o preservativo foi mantida, deixando ao acaso o desfecho da vida sexual(55 Borges MR, Silveira RE, Santos AS, Lippi UG. Sexual behaviour among initial academic students. Rev Pesqui: Cuid Fundam [Internet]. 2015[cited 2017 Jul 28];7(2):2505-15. Available from: http://www.redalyc.org/html/5057/505750946027/
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)e também outro envolvendo jovens nigerianos, no qual os adolescentes com lócus de controle interno tinham maior probabilidade de usarem preservativo, enquanto aqueles com externalidade assumiam comportamento sexual de maior risco. O lócus de controle não apresentou significância para a idade e o sexo(1717 Pharr J, Enejoh V, Mavegam BO, Olutola A, et al. Relationship between Health Locus of Control and Risk Sexual Behaviors among Nigeria Adolescents. J AIDS Clin Res[Internet]. 2015 [cited 2018 Jun 24]; 6(6). Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4712957/
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).

As adolescentes apresentaram maior Externalidade Outros Poderosos, o que corrobora os resultados de um estudo realizado com adolescentes universitários em Lisboa, segundo o qual o lócus de controle externo é, em média, mais elevado nas meninas do que nos rapazes, embora a diferença não tenha sido significativa(1818 Janeiro JMSV, Oliveira IMS, Rodrigues MHG, Maceiras MJ, Rocha GMM. Sexual and contraceptives attitudes, the locus of health control and self-esteem among higher education students. Rev Bras Promoc Saude[Internet]. 2013 [cited 2017 Jul 27];26(4):505-12. Available from: https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/3115
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). No entanto, este achado difere do relatado em estudos com adolescentes universitários no estado do São Paulo, em que jovens do sexo masculino apresentaram maior Externalidade Outros Poderosos(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pd...
).

Estudos revelam que determinadas características de personalidade contribuem para o uso ou não de métodos contraceptivos por adolescentes(1111 Almeida AC, Almeida AC, Costa MR, Firmo WCA. Conhecimento sobre a contracepção de emergência por adolescentes de uma escola pública de Lago Verde, Maranhão, Brasil. Rev UNINGÁ Review [Internet]. 2016[cited 2017 Jul 28];27(1):5-14. Available from: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20160702_103201.pdf
https://www.mastereditora.com.br/periodi...
,1717 Pharr J, Enejoh V, Mavegam BO, Olutola A, et al. Relationship between Health Locus of Control and Risk Sexual Behaviors among Nigeria Adolescents. J AIDS Clin Res[Internet]. 2015 [cited 2018 Jun 24]; 6(6). Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4712957/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
), e a Externalidade Outros Poderosos influencia a prática contraceptiva(1010 Reese BM, Halpern CT. Attachment to Conventional Institutions and Adolescent Rapid Repeat Pregnancy: A Longitudinal National Study Among Adolescents in the United States. Maternal and Child Health Journal [Internet]. 2017 [cited 2018 May 01];21(1):58-67. Available from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5233596/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
). Em pesquisa realizada com adolescentes de Canoas-RS, aspectos emocionais mostraram-se capazes de interferir na prática sexual de jovens sem a utilização de preservativo(1919 Chinazzo ÍR, Câmara SG, Frantz DG. Comportamento sexual de risco em jovens: aspectos cognitivos e emocionais. Psico-USF[Internet]. 2014 [cited 2018 Feb 08];19(1):1-12. Available from: http://www.scielo.br/pdf/pusf/v19n1/a02v19n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/pusf/v19n1/a02v...
).

No presente estudo, o uso de coito interrompido mostrou-se relacionado com maior Externalidade Acaso na primeira relação sexual, talvez porque os jovens “não pensaram na hora” e, de certa forma, não assumiram o controle, deixando as consequências para o destino. Sabe-se que a eficácia do coito interrompido é muito baixa, mas por acreditarem que estão fazendo uso de um método contraceptivo acham que isso diminui a possibilidade de ocorrer uma gravidez(2020 Ferreira MMSRS, Torgal MCLFPR. Life styles in adolescence: sexual behavior of Portuguese adolescents. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2011[cited 2018 Jun 24];45(3):589-95. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/en_v45n3a06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/en...
), quando, na verdade, não possuem conhecimento adequado sobre coito interrompido(2121 Molina MCC, Stoppiglia PGS, Martins CBG, Alencastro LCS. Conhecimento de adolescentes do ensino médio quanto aos métodos contraceptivos. Mundo Saúde [Internet]. 2015 [cited 2018 Jun 24];39(1):22-31. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/mundo_saude_artigos/Conhecimento_adolescentes_ensino.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos...
).

Em estudo realizado no interior de São Paulo com adolescentes universitários, ao relacionar lócus de controle com conhecimento e prática contraceptiva, o uso adequado de métodos contraceptivos mostrou-se menor quanto maior a externalidade(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
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). Os adolescentes que usaram algum contraceptivo na primeira relação sexual apresentavam maior Externalidade Outros Poderosos. Por outro lado, aqueles que iniciaram o uso de MAC apenas posteriormente apresentaram, além de maior Externalidade Outros Poderosos, maior Externalidade Acaso. Isso indica que a decisão pelo uso de anticoncepção na primeira relação pode estar sendo influenciada por outras pessoas, como os pais e até mesmo o(a) parceiro(a). Já o uso posterior de MAC, além de sofrer influência de outras pessoas, também se deve à crença no acaso como fonte de controle de sua vida. As adolescentes que fizeram uso de preservativo na primeira relação sexual apresentavam maior internalidade, evidenciando maior capacidade de negociação sexual com o parceiro(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
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,2222 Hosseini Z, Aghamolaei T, Ghanbarnejad A. Prediction of health promoting behaviors through the health locus of control in a sample of adolescents in Iran. Health Scope [Internet]. 2017[cited 2018 Jun 24];6(2):1-6. Available from: http://jhealthscope.com/en/articles/13126.html
http://jhealthscope.com/en/articles/1312...
). Em outro estudo, os adolescentes internos e com maior Externalidade Outros Poderosos possuiam dimensões mais saudáveis de comportamentos positivos, e, o comportamento de saúde não está correlacionado com as crenças de que a saúde seja uma função do acaso(2323 Shabaraya, et al. Relationship between adolescents' health beliefs and health behavior. Int J Med Public Health [Internet]. 2011[cited 2018 Jun 24];1(3):55-61. Available from: http://ijmedph.org/sites/default/files/IntJMedPublicHealth_2011_1_3_55_108481.pdf
http://ijmedph.org/sites/default/files/I...
).

O conhecimento dos MAC pelos adolescentes é de extrema importância, pois gera autonomia contraceptiva, favorece o uso adequado dos métodos e, consequentemente, contribui para uma vida saudável e segura. No entanto, embora possuam conhecimento, não os utilizam de maneira eficaz na prática(1111 Almeida AC, Almeida AC, Costa MR, Firmo WCA. Conhecimento sobre a contracepção de emergência por adolescentes de uma escola pública de Lago Verde, Maranhão, Brasil. Rev UNINGÁ Review [Internet]. 2016[cited 2017 Jul 28];27(1):5-14. Available from: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20160702_103201.pdf
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). Dessa forma, são necessárias medidas para incentivar o exercício da responsabilidade sobre suas decisões, de modo a favorecer o desenvolvimento de maior internalidade, pois isso poderá contribuir para novas atitudes em termos de anticoncepção, como já sugerido em estudo anterior(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pd...
). A pesquisa realizada em Lisboa com adolescentes do ensino superior mostrou que a prática contraceptiva responsável torna as relações sexuais mais agradáveis(1818 Janeiro JMSV, Oliveira IMS, Rodrigues MHG, Maceiras MJ, Rocha GMM. Sexual and contraceptives attitudes, the locus of health control and self-esteem among higher education students. Rev Bras Promoc Saude[Internet]. 2013 [cited 2017 Jul 27];26(4):505-12. Available from: https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/3115
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). No entanto, os adolescentes têm dificuldade de gerenciar sua vulnerabilidade nos relacionamentos e apresentam comportamentos contraditórios em relação à sexualidade(2424 Michielsen K, Remes P, Rugabo J, Rossem RV, Temmerman M. Rwandan young people's perceptions on sexuality and relationships: Results from a qualitative study using the 'mailbox technique'. J Soc Aspec HIV/AIDS [Internet]. 2014 [cited 2018 Jun 24];1(1):50-60. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4272159/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
).

Limitações do estudo

Uma limitação do presente estudo está relacionada ao uso da escala multidimensional de lócus de controle de Levenson, pois ela não permite comparações com outros estudos sobre o mesmo tema, uma vez que a maioria deles usou escalas com duas dimensões. Esta dificuldade também foi observada no trabalho com adolescentes universitários que utilizou essa mesma escala(99 Alves AS, Lopes MHBM. Locus of control and contraceptive knowledge, attitude and practice among university students. Rev Saúde Pública [Internet]. 2010 [cited 2017 Jul 27];44(1):39-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/04.pd...
).

Contribuições para a saúde pública

Avaliar a relação das dimensões do lócus de controle com o conhecimento, a atitude e a prática do uso de pílula e preservativo de adolescentes de ensino médio contribui para o empoderamento dos adolescentes diante da contracepção. Como resultado, eles adquirem maior controle dos seus atos e tornam-se mais capazes de prevenir tanto a gravidez não planejada quanto infecções sexualmente transmissíveis.

CONCLUSÕES

Conclui-se que as dimensões do lócus de controle têm relação com a prática contraceptiva no que se refere ao momento de início de uso de MAC e ao uso de preservativo na primeira relação sexual e estão relacionadas com sexo, idade e uso de coito interrompido, mas apresentam pouca ou nenhuma relação com conhecimento e atitude.

A internalidade geralmente predispõe os indivíduos a práticas contraceptivas mais seguras e, portanto, as dimensões do lócus de controle podem ser consideradas nas intervenções relacionadas à anticoncepção e desenvolvidas por meio de ações de educação em saúde. É necessário que os adolescentes sintam-se acolhidos e participantes do processo de aprendizagem e que sejam estimulados a compreenderem que a gravidez indesejada e a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis podem ser controladas, caso sempre utilizem o preservativo.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Aparecida Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Marcia Magro

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Mar 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    31 Ago 2017
  • Aceito
    08 Jun 2018
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