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Política pública e de saúde para o idoso na África ao Sul do Saara

RESUMO

Objetivo:

Conhecer as respostas sociais e de saúde para os idosos na África Subsaariana.

Métodos:

Revisão integrativa da literatura.

Resultados:

Há falta de cuidados de saúde especializados e direcionados às reais necessidades dos idosos, sendo que a escassez de profissionais de saúde não contribui favoravelmente para essa situação. Verifica-se baixa oferta de instalações destinadas aos idosos, e a maioria delas são básicas. Apesar de existirem modelos de cuidados para os idosos e políticas de apoio social e de saúde, ainda há iniquidades/desigualdades no acesso a elas, sobretudo para as populações mais desfavorecidas.

Conclusão:

As políticas sociais e de saúde para os idosos na África Subsaariana estão aquém das necessidades, sendo preciso garantir uma intervenção econômica, política e social adequada.

Descritores:
Idoso; Serviços de Saúde para Idosos; Política Pública; Assistência a Idosos; África ao Sul do Saara

ABSTRACT

Objective:

to know the social and health responses for the elderly in sub-Saharan Africa.

Methods:

An integrative literature review.

Results:

There is a lack of specialized health care to meet the real needs of the elderly, and the shortage of health professionals does not contribute favorably to this situation. There is a small number of facilities for the elderly and most of them are inadequate. Although there are models of care as well as social and health support policies for the elderly, there are still inequities/inequalities in access to these policies, especially for the most disadvantaged populations.

Conclusion:

Social and health policies for the elderly in Sub-Saharan Africa are below standard and appropriate economic, political and social intervention is required.

Descriptors:
Aged; Health Services for the Aged; Public Policy; Old Age Assistance; Africa South of the Sahara

RESUMEN

Objetivo:

conocer las respuestas sociales y de salud para los ancianos en África subsahariana.

Métodos:

repaso integrador de la literatura.

Resultados:

hay falta de cuidados de salud especializados y enfocados a las reales necesidades de los ancianos, siendo que la escasez de profesionales de salud no contribuye favorablemente para esta situación. Se observa baja oferta de infraestructura destinadas a los ancianos y la mayoría de ellas son de bajo nivel. Aunque haya modelos de atención, así como políticas de apoyo social y de salud para las personas mayores, aún hay iniquidades/desigualdades en el acceso a ellas, sobre todo para las poblaciones más desfavorecidas.

Conclusión:

las políticas sociales y de salud para las personas mayores en el África subsahariana están por debajo de sus necesidades, siendo necesario garantizar una intervención económica, política y social adecuada.

Descriptores:
Anciano, Servicios de Salud para Ancianos; Política Pública; Asistencia a los Ancianos, África del Sur del Sahara

INTRODUÇÃO

Até 2050, prevê-se que a população mundial com 60 anos ou mais atinja 2 bilhões, havendo também uma tendência para o aumento do número de pessoas com mais de 80 anos. Espera-se que essa faixa etária cresça dos atuais 125 milhões para 434 milhões em todo o mundo(11 World Health Organization-WHO. World Health Statistics 2018: monitoring Health for the SDGs, sustainable development goals. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.). Tais alterações demográficas implicam a necessidade de fornecer respostas adaptadas.

Na África Subsaariana, ao observarmos a pirâmide etária (Figura 1), verificamos que, apesar de ser notável a ênfase na população jovem, há uma variação da pirâmide no topo, que denota o aumento da população idosa e reflete o crescimento desse fenômeno.

Figura 1
Pirâmide etária da África Subsaariana (população por faixa etária de 5 anos, em milhões de pessoas)

Nota: A pirâmide de 2060 é estimada de acordo com o cenário médio das Nações Unidas.


Dos 42 principais países da África Subsaariana, apenas 4 são economias de renda média-alta e 6 são países de renda média-baixa. Não obstante o status econômico, o impacto da epidemia de HIV/AIDS ainda é visível na pirâmide demográfica da região. Salienta-se que, apesar desses aspectos, muitas zonas da África estão em constante crescimento à medida que a expectativa de vida aumenta e a fertilidade diminui, estimando-se que, em 2050, a maioria dos países africanos duplique a população envelhecida(22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

Nos países em desenvolvimento, a população está a envelhecer muito rapidamente, deixando às entidades governamentais pouco tempo para reagir ao fenômeno do envelhecimento e para implementar estratégias políticas, sociais e econômicas nessa área. Enquanto os países de alta renda, como o Japão e países europeus, nomeadamente a França, tiveram tempo de se adaptar à mudança demográfica, porque ela foi progressiva, nos países em desenvolvimento não se espera que tal aconteça, considerando o ritmo acelerado dessa transição. Até ao ano 2050, estima-se que cerca de 80% de todos os idosos pertençam a países de baixa e média renda(22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

Nesse sentido, o futuro é, de certa forma, previsível; e, ao contrário da maioria das mudanças que as sociedades experimentarão nos próximos 50 anos, sabemos que a transição demográfica para populações mais envelhecidas ocorrerá e podemos planejar no sentido de rentabilizar essa transição ao máximo. Efetivamente, hoje em dia, a maioria das pessoas pode esperar viver até aos 60 anos ou mais. Em países de baixa e média renda, isso é em grande parte o resultado de grandes reduções na mortalidade materno-infantil e do abrandar de mortes por doenças infecciosas. Diferentemente, nos países de alta renda, os aumentos contínuos na expectativa de vida se deram, principalmente, por causa do declínio da mortalidade entre os mais idosos(22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

O aumento da esperança média de vida significa um aumento de várias oportunidades para os idosos, famílias e sociedades, mas o seu desenvolvimento efetivo depende de um fator determinante, que é a saúde. A esse respeito, parece haver pouca evidência de que os idosos estejam a viver, atualmente, com melhor saúde do que os seus antepassados, porque, embora as taxas de incapacidade grave tenham sido reduzidas, não houve mudanças significativas na incapacidade leve e moderada. Nesse sentido, o foco será promover uma vida “saudável” nessa população e capacitá-la a viver num ambiente saudável que aumente a sua capacidade de permanecer ativa(22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

Foram identificados vários fatores que influenciam, desde o início, o processo de envelhecimento, ou seja, desde a concepção até à morte, como fatores genéticos, ambientais (ambiente físico e social) e pessoais (gênero, etnia, nível socioeconômico)(11 World Health Organization-WHO. World Health Statistics 2018: monitoring Health for the SDGs, sustainable development goals. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.-22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.). A ocorrência de incapacidade nessa faixa etária, tanto em países de renda alta quanto em países de renda média e baixa, frequentemente resulta em déficits na mobilidade, acuidade visual e auditiva prejudicada e doenças não transmissíveis, como doenças cardíacas, doenças respiratórias crônicas, câncer e demência(11 World Health Organization-WHO. World Health Statistics 2018: monitoring Health for the SDGs, sustainable development goals. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.-22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

A manutenção de comportamentos saudáveis ao longo da vida, como alimentar-se adequadamente, fazer atividade física regular e evitar substâncias nocivas contribuem para a redução de doenças não transmissíveis e melhoria da capacidade mental, cognitiva e física, que atrasam a dependência e minimizam a fragilidade(11 World Health Organization-WHO. World Health Statistics 2018: monitoring Health for the SDGs, sustainable development goals. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.-22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

A relevância dos ambientes de apoio é evidenciada quando o idoso apresenta algum tipo de incapacidade, pois servem para capacitá-lo na realização das atividades fundamentais, por isso recomenda-se oferecer opções públicas e seguras, estruturas físicas e transporte, bem como estruturas acessíveis às pessoas com incapacidade, ou seja, sem barreiras(22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

OBJETIVO

Pesquisar políticas sociais e de saúde para os idosos na África Subsaariana.

MÉTODOS

A metodologia utilizada foi uma revisão integrativa da literatura em bases de dados científicas, nomeadamente CINAHL, Cochrane via EBSCO e Medline via PubMed.

Protocolo de pesquisa

A pesquisa foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2018, por meio da combinação dos operadores booleanos com os termos MeSh: health services for the elderly OR social support AND aged AND Africa. E também pela combinação dos termos-chave ou naturais: elderly people OR older people AND Africa.

Critérios de inclusão

Responder direta ou indiretamente ao objetivo de estudo; ter acesso ao texto integral; ter sido publicado nos últimos 5 anos (de 2013 a 2018); incluir pessoas idosas; ter sido escrito nos idiomas inglês, francês, português ou espanhol. Não se excluíram artigos pelo tipo de metodologia usada na investigação.

Critérios de exclusão

Não envolver população idosa; não se referir à população da África Subsaariana; estar relacionados a patologias específicas, como HIV, asma, tuberculose, cânceres; estar relacionado a intervenções farmacológicas e resposta terapêutica a medicamentos.

Na pesquisa com os termos MeSh, obtivemos 47 artigos; e, com termos-chave ou termos naturais, 137, tendo sido encontrado um total de 184 artigos. Após a exclusão pelo título e por artigos repetidos, selecionaram-se 73 artigos, e fez-se a leitura dos resumos, após a qual selecionaram-se 23 artigos para a leitura completa; desta, após exclusão de 1 artigo, resultaram 22 artigos para análise (Figura 2).

Figura 2
Seleção dos artigos

RESULTADOS

Dos 22 artigos: 1 artigo foi publicado em 2013; 8 em 2014; 6 em 2015; 3 em 2016; 3 em 2017; e 1 em 2018 (Quadro 1). Os artigos focalizam investigação realizada em 9 países da África Subsaariana: África do Sul (4 artigos), Uganda (4 artigos), Nigéria (2 artigos), Maláui (1 artigo), Gana (2 artigos), Senegal (1 artigo), Quênia (1 artigo), Tanzânia (2 artigos) e Burkina Faso (2 artigos). Um dos estudos foi desenvolvido conjuntamente no Gana e no Senegal (1 artigo); um artigo corresponde a investigação multicêntrica (China, Gana, Índia, México, Rússia, África do Sul); e outro, a uma revisão da literatura.

Quadro 1
Resultados

Os temas que emergiram dos artigos incluídos nesta revisão foram: Principais problemas de saúde/sociais dos idosos em comunidades específicas da África Subsaariana, concretamente, doenças crônicas (como a hipertensão arterial) e não infeciosas (como a depressão), fragilidade, incapacidade, isolamento, exclusão, condições econômicas precárias; Estruturas de apoio ao idoso, ênfase na família, na rede formal de apoio limitada e rudimentar e na existência de programas de seguros de saúde majoritariamente gratuitos em países como Gana e Senegal; e Recomendações para a possível resolução dos problemas identificados, bem como na promoção de um envelhecimento mais saudável. Os artigos discutem a ineficácia das políticas sociais de apoio ao idoso e traduzem particularidades, nomeadamente a necessidade de implementar cuidados culturalmente sensíveis, que evitem a marginalização e exclusão social.

De um modo geral, os artigos analisados respondem sobretudo de forma indireta à pesquisa, no sentido de que as políticas de apoio social atualmente existentes são escassas. Assim, é de forma sutil que estas emergem.

DISCUSSÃO

As doenças ou condições crônicas são comuns em idosos, afetando a sua vida. Num estudo desenvolvido em Burkina Faso, para avaliar a multimorbidade entre os idosos, identificaram-se como doenças crônicas mais comuns: a hipertensão arterial (82%), a desnutrição (39%), os déficits visuais (28%) e a diabetes mellitus (27%). Em alguns países da África Subsaariana, os decisores políticos parecem não atender às necessidades atuais de saúde dos idosos(33 Ameh S, Gómez-Olivé FX, Kahn K, Tollman SM, Klipstein-Grobusch K. Predictors of health care use by adults 50 years and over in a rural South African setting. Glob Health Action. 2014;7(1). doi: 10.3402/gha.v7.24771
https://doi.org/10.3402/gha.v7.24771...

4 Hien H, Berthé A, Drabo MK, Meda N, Konaté B, Tou F, et al. Prevalence and patterns of multimorbidity among the elderly in Burkina Faso: cross-sectional study. Trop Med Int Health. 2014;19(11):1328-33. doi: 10.1111/tmi.12377
https://doi.org/10.1111/tmi.12377...
-55 Mugisha JO, Schatz EJ, Randell M, Kuteesa M, Kowal P, Negin J, et al. Chronic disease, risk factors and disa-bility in adults aged 50 and above living with and without HIV: findings from the Wellbeing of Older People Study in Uganda. Glob Health Action. 2016;9(Feb):31098. doi: 10.3402/gha.v9.31098
https://doi.org/10.3402/gha.v9.31098...
).

Além das doenças crônicas, os estudos também analisam a ocorrência de depressão em idosos, que se associa a fatores socioeconômicos (interações entre a sua rede social, pobreza) e fatores de saúde que merecem atenção, particularmente em países em desenvolvimento onde a privação econômica e a saúde inadequada são comuns(66 Baiyewu O, Yusuf AJ, Ogundele A. Depression in elderly people living in rural Nigeria and its association with perceived health, poverty, and social network. Int Psychogeriatr. 2015;27(12):2009-15. doi: 10.1017/S1041610215001088
https://doi.org/10.1017/S104161021500108...
-77 Olagunju AT, Olutoki MO, Ogunnubi OP, Adeyemi JD. Late-life depression: Burden, severity and relation-ship with social support dimensions in a West African community. Arch Gerontol Geriatr. 2015;61(2):240-6. doi: 10.1016/j.archger.2015.05.002
https://doi.org/10.1016/j.archger.2015.0...
). Importa referir que, nesses países, existem necessidades não satisfeitas para o diagnóstico e tratamento da depressão. Ou seja, verifica-se que, quer antes, quer depois do diagnóstico, frequentemente os idosos não são observados por um profissional de saúde. Além disso, nesse contexto, o comportamento de procura de saúde pode ter um impacto no tratamento devido a fatores culturais(66 Baiyewu O, Yusuf AJ, Ogundele A. Depression in elderly people living in rural Nigeria and its association with perceived health, poverty, and social network. Int Psychogeriatr. 2015;27(12):2009-15. doi: 10.1017/S1041610215001088
https://doi.org/10.1017/S104161021500108...
-77 Olagunju AT, Olutoki MO, Ogunnubi OP, Adeyemi JD. Late-life depression: Burden, severity and relation-ship with social support dimensions in a West African community. Arch Gerontol Geriatr. 2015;61(2):240-6. doi: 10.1016/j.archger.2015.05.002
https://doi.org/10.1016/j.archger.2015.0...
).

Num ambiente comunitário na África Ocidental (Nigéria), a gravidade da depressão em idosos correlacionou-se negativamente com a disponibilidade de apoio social e familiar (em que se incluem as pessoas significativas), ou seja, há uma forte influência desses intervenientes no estado de depressão do idoso, portanto é sugerido o fortalecimento do apoio social formal e informal aos idosos(66 Baiyewu O, Yusuf AJ, Ogundele A. Depression in elderly people living in rural Nigeria and its association with perceived health, poverty, and social network. Int Psychogeriatr. 2015;27(12):2009-15. doi: 10.1017/S1041610215001088
https://doi.org/10.1017/S104161021500108...
-77 Olagunju AT, Olutoki MO, Ogunnubi OP, Adeyemi JD. Late-life depression: Burden, severity and relation-ship with social support dimensions in a West African community. Arch Gerontol Geriatr. 2015;61(2):240-6. doi: 10.1016/j.archger.2015.05.002
https://doi.org/10.1016/j.archger.2015.0...
). A importância do papel da família no cuidado ao idoso, sobretudo para aqueles que são dependentes, é reforçada pela quase inexistência de oferta de cuidados de longa duração na comunidade. No entanto, constata-se que nem todas as famílias exercem esse papel, ao contrário do estereótipo existente sobre a população em África. Essa dificuldade, em garantir cuidados, está relacionada com a necessidade de conjugar esses cuidados prolongados ao idoso com outras atividades, por parte dos familiares, nomeadamente as atividades laborais. Nesse sentido, é reforçada a ideia da necessidade da criação de cuidados pagos (garantidos pelas entidades governamentais), como alternativa ao cuidado familiar(88 World Health Organization-WHO. Towards Long-Term Care Systems in Sub-Saharan Africa: WHO Series on Long-Term Care. Geneva: World Health Organization; 2017. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.).

A fragilidade e incapacidade (funcional e/ou cognitiva) relacionadas com a idade são preocupações crescentes para as populações de idosos em países de baixa e média renda. Os resultados na África do Sul e na Tanzânia indicam que é possível alcançar níveis mais baixos de fragilidade e incapacidade nos idosos, e os estudos destacam a necessidade de abordagens preventivas e programas de apoio direcionados(99 Wandera SO, Ntozi J, Kwagala B. Prevalence and correlates of disability among older ugandans: Evidence from the uganda national household survey. Glob Health Action. 2014;7(1). doi: 10.3402/gha.v7.25686
https://doi.org/10.3402/gha.v7.25686...

10 Kisoli A, Gray WK, Dotchin CL, Orega G, Dewhurst F, Paddick SM, et al. Levels of functional disability in el-derly people in Tanzania with dementia, stroke and Parkinson’s disease. Acta Neuropsychiatr. 2015;27(4):206-12. doi: 10.1017/neu.2015.9
https://doi.org/10.1017/neu.2015.9...
-1111 Biritwum RB, Minicuci N, Yawson AE, Theou O, Mensah GP, Naidoo N, et al. Prevalence of and factors asso-ciated with frailty and disability in older adults from China, Ghana, India, Mexico, Russia and South Africa. Maturitas. 2016;91:8-18. doi: 10.1016/j.maturitas.2016.05.012
https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2016...
).

De acordo com um estudo realizado em Uganda, a incapacidade está associada ao avanço da idade, residência rural, moradia isolada, estado civil separado/divorciado ou viúvo, dependência de rendimentos, doença em geral e doenças não transmissíveis autorreferidas. Nesse sentido, os autores afirmam que as limitações socioeconômicas estão associadas à incapacidade entre idosos(99 Wandera SO, Ntozi J, Kwagala B. Prevalence and correlates of disability among older ugandans: Evidence from the uganda national household survey. Glob Health Action. 2014;7(1). doi: 10.3402/gha.v7.25686
https://doi.org/10.3402/gha.v7.25686...
). Na Tanzânia, o estudo sobre essa relação evidencia a necessidade de diagnosticar adequadamente as pessoas e intervir para prevenir a ocorrência de incapacidade, otimizando as respostas sociais, pois esse tipo de população, na maioria das vezes, depende exclusivamente do cuidado familiar e não tem rendimentos suficientes para cobrir as despesas(1010 Kisoli A, Gray WK, Dotchin CL, Orega G, Dewhurst F, Paddick SM, et al. Levels of functional disability in el-derly people in Tanzania with dementia, stroke and Parkinson’s disease. Acta Neuropsychiatr. 2015;27(4):206-12. doi: 10.1017/neu.2015.9
https://doi.org/10.1017/neu.2015.9...
).

Um estudo desenvolvido em Bobo-Dioulasso (Burkina Faso) mostra que 68% dos idosos têm boa capacidade funcional ou uma incapacidade ligeira, e 32% têm incapacidade moderada a grave. Os idosos morrem antes de se recuperarem (3%) ou durante a recuperação (14%) de déficits moderados a graves. Isso traduz que a qualidade dos cuidados médicos e/ou sociais não é suficiente para manter a autonomia funcional dos idosos com incapacidades dessa natureza. Foi evidenciado ainda que aqueles que contribuem financeiramente para a manutenção da autonomia funcional são os próprios idosos e suas famílias. Estruturas comunitárias (privadas ou públicas) para manter os idosos em autonomia funcional são inexistentes. A má saúde física resulta em limitações funcionais relacionadas com bem-estar subjetivo e que circunscreve as atividades diárias dos idosos, particularmente nas áreas rurais (como o Maláui). Isso limita as atividades em áreas-chave, como a sobrevivência, e conduz à recomendação de políticas nacionais e internacionais para a reabilitação das incapacidades da população nesta faixa etária(1212 Payne CF, Mkandawire J, Kohler HP. Disability transitions and health expectancies among adults 45 years and older in Malawi: a cohort-based model. PLoS Med. 2013;10(5). doi: 10.1371/journal.pmed.1001435
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100...
-1313 Schatz E, Gilbert L. “My Legs Affect Me a Lot.... I Can No Longer Walk to the Forest to Fetch Firewood”: challenges related to health and the performance of daily tasks for older women in a high HIV Context. Health Care Women Int. 2014;35(7-9):771-88. doi: 10.1080/07399332.2014.900064
https://doi.org/10.1080/07399332.2014.90...
), tal como referido em estudos mencionados anteriormente.

A prevalência da qualidade de vida autorreferida (QV) e as dificuldades em funções específicas foram estimadas por idade e sexo em Nairóbi (particularmente na população de favelas), em que as mulheres relataram pior QV e maiores dificuldades funcionais do que os homens em todos os domínios, exceto no autocuidado. Considerando os oito domínios funcionais que diferentemente afetam a QV, os pesquisadores mencionam que é importante implementar intervenções direcionadas para melhorar o afeto, reduzir a dor física, melhorar a capacidade cognitiva e facilitar a mobilidade. Isso implica assumir que investir na saúde e na qualidade de vida dos idosos na África Subsaariana é crucial para ajudar a região a atingir objetivos estratégicos de desenvolvimento, melhorar os resultados de saúde e o desenvolvimento econômico sustentável(1414 Wilunda B, Ng N, Stewart Williams J. Health and ageing in Nairobi’s informal settlements-evidence from the International Network for the Demographic Evaluation of Populations and Their Health (INDEPTH): a cross sectional study Global health. BMC Public Health. 2015;15(1). doi: 10.1186/s12889-015-2556-x
https://doi.org/10.1186/s12889-015-2556-...
).

Muitos idosos, particularmente em áreas rurais da África Subsaariana, têm atividades que lhes permitem, em geral, ser autossuficientes (p.ex., cozinhar e limpar), cuidar dos seus familiares (em particular, os doentes e infectados pelo HIV) e obter alguns ganhos financeiros (p.ex., produzindo manualmente esteiras). Essas atividades são influenciadas por um ambiente social em que o bem-estar e saúde foi relatado como não adequado ou insatisfatório pelas autoridades internacionais. Existe a necessidade de desenvolver políticas e programas que visem melhorar a saúde mental e física dos idosos, a fim de aumentar seu bem-estar e a sua capacidade de contribuir para o bem-estar das suas famílias e comunidades(1414 Wilunda B, Ng N, Stewart Williams J. Health and ageing in Nairobi’s informal settlements-evidence from the International Network for the Demographic Evaluation of Populations and Their Health (INDEPTH): a cross sectional study Global health. BMC Public Health. 2015;15(1). doi: 10.1186/s12889-015-2556-x
https://doi.org/10.1186/s12889-015-2556-...
). O relatório da Organização Mundial de Saúde também enfatiza o contributo social dos idosos nesse contexto, especialmente a atividade cuidativa dos mais novos e dos familiares doentes, bem como no desenvolvimento de atividades agrícolas(22 World Health Organization-WHO. World Report on Ageing and Health. Geneva: World Health Organization; 2015.).

Da revisão realizada, Senegal e Gana evidenciaram-se como sendo os países que fornecem proteção social aos idosos, em particular por meio do acesso gratuito a programas de cuidados de saúde para idosos, como o National Health Insurance Scheme e o Sesame Plan. Apesar disso, os estudos já efetuados mostraram que os idosos, em risco de exclusão social, estão atualmente em desvantagem nas inscrições nesse tipo de programas e que nenhum dos planos alcançou ainda, para os idosos, a meta de equidade no acesso. Apesar das tentativas de minimizar as barreiras financeiras às inscrições, as pessoas economicamente vulneráveis ainda sofrem com a iniquidade; e, segundo os autores deste estudo, é útil implementar medidas para identificar os mais pobres, a fim de garantir que eles conheçam e se inscrevam mais nesses programas. Além disso, é salientada a importância de se conseguir alcançar as populações mais velhas em áreas remotas, pertencentes a minorias étnicas, mulheres e pessoas isoladas devido à falta de apoio social. O reconhecimento e a implementação de medidas para abordar os fatores que impedem a inscrição de idosos em risco de exclusão social podem melhorar a perspectiva de alcançar equidade e cobertura universal em populações mais velhas(1515 Mladovsky P, Ba M. Removing user fees for health services: a multi-epistemiological perspective on access inequities in Senegal. Social Science and Medicine. 2017. p. 6-43. doi: 10.1016/j.socscimed.2017.07.002
https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2017...

16 Parmar D, Williams G, Dkhimi F, Ndiaye A, Asante FA, Arhinful DK, et al. Enrolment of older people in social health protection programs in West Africa - Does social exclusion play a part? Soc Sci Med. 2014;188(119):91-99. doi: 10.1016/j.socscimed.2014.08.011
https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2014...
-1717 Duku SKO, van Dullemen CE, Fenenga C. Does Health insurance premium exemption policy for older peo-ple increase access to health care? evidence from Ghana. J Aging Soc Pol. 2015;27(4):331-47. doi: 10.1080/08959420.2015.1056650
https://doi.org/10.1080/08959420.2015.10...
).

Um estudo em Uganda mostra que um sentimento de marginalização da comunidade está presente tanto nos idosos quanto nas pessoas com deficiência. Esses grupos relatam a experiência de marginalização política, discriminação e acesso desigual aos serviços de saúde, sendo esses fatores identificados como a principal razão para a sua saúde precária. Nesse estudo, os autores constataram que os serviços clínicos eram de baixa qualidade, com pouco ou nenhum acesso a instalações, havia falta de pessoal treinado e medicamentos, não existiam serviços de reabilitação ou de saúde mental disponíveis. Com base nisso, recomendam que sejam tomadas medidas para garantir a igualdade de direitos à saúde para todos os cidadãos, nomeadamente com a alocação de recursos para apoiar proativamente os cidadãos mais marginalizados(1818 Mulumba M, Nantaba J, Brolan CE, Ruano AL, Brooker K, Hammonds R. Perceptions and experiences of ac-cess to public healthcare by people with disabilities and older people in Uganda. Int J Equity Health. 2014;13(1):1-9. doi: 10.1186/s12939-014-0076-4
https://doi.org/10.1186/s12939-014-0076-...
).

As crenças dos idosos na África do Sul em relação à saúde e doença abrangem a visão que corpo e mente são inseparáveis, em que a espiritualidade e as relações com os outros são fundamentais para melhorar e manter a saúde. Os sul-africanos mais velhos acreditam paralelamente em dois sistemas de cura (a biomedicina ocidental e a medicina tradicional africana), sendo enfatizada a importância do cuidado contextualizado, bem como da necessidade de adaptação à transição em curso, tanto na esfera pessoal quanto social, dando uma atenção cuidada às generalizações culturais. Não atender a isso pode gerar consequências graves, como um aparente alto risco de desenvolver estereótipos, mal-entendidos culturais, preconceitos e discriminação(1919 Bohman DM, van Wyk NC, Ekman S. Existing and evolving in two minds: beliefs in relation to health and ill-ness expressed by older South Africans. Africa J Nurs Midwifery. 2014;16(2):139-52. doi: 10.25159/2520-5293/37
https://doi.org/10.25159/2520-5293/37...
).

Na compreensão do que se espera dos cuidadores de idosos, nomeadamente nas residências para idosos, num dos estudos encontrados, os autores referem que os programas de formação em serviço não abordam a diversidade cultural, o que significa que essa diversidade não é compreendida nem respeitada. Uma adequada avaliação inicial e registo é sugerida quando os idosos são admitidos, a fim de conhecer os seus hábitos e práticas a nível físico, emocional, psicológico, religioso, cultural e social, pessoalizando os cuidados(2020 O’Donoghue C, Botha A, Van Rensburg G. Culturally diverse care for older persons: what do we expect of caregivers? Profess Nurs Today. 2014;18(1):3-6. Available from: http://www.pntonline.co.za/index.php/PNT/article/view/754
http://www.pntonline.co.za/index.php/PNT...
).

A importância do cuidado cultural é reforçada num estudo, baseado num caso particular no Uganda, em que o cuidado domiciliário apropriado ou institucionalização teria sido útil, especialmente pela necessidade ampla de cuidados e pelos desafios multidimensionais enfrentados. Decorrente desse estudo, surgem recomendações no sentido de criar programas de cuidados geriátricos com foco em cuidados domiciliares culturalmente apropriados e modelos de treino para cuidadores, de forma a tornar o processo de envelhecimento mais saudável(2121 Tam WJ, Yap P. Health Care for Older Adults in Uganda: Lessons for the Developing World. J Am Geriatr Soc. 2017;65(6):1358-61. doi: 10.1111/jgs.14560
https://doi.org/10.1111/jgs.14560...
). Considerando que, frequentemente, os modelos de desenvolvimento de cuidados dos países em desenvolvimento seguem os dos países desenvolvidos, o fato de se enfatizar a institucionalização dos idosos mais frágeis em cuidados de longa duração (como os lares) pode negligenciar o potencial da força do tecido social africano(2121 Tam WJ, Yap P. Health Care for Older Adults in Uganda: Lessons for the Developing World. J Am Geriatr Soc. 2017;65(6):1358-61. doi: 10.1111/jgs.14560
https://doi.org/10.1111/jgs.14560...
). Acreditamos que essa situação poderá ser ultrapassada quando se implementarem as recomendações do Executive Council of the African Union para os cuidados de longa duração(88 World Health Organization-WHO. Towards Long-Term Care Systems in Sub-Saharan Africa: WHO Series on Long-Term Care. Geneva: World Health Organization; 2017. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.).

A evidência aponta ainda para a falta de assistência médica qualificada e especializada para os idosos na África Subsaariana, o que é atribuído não só à falta de médicos, mas também de outros profissionais de saúde. Há uma baixa oferta de instalações para idosos, como residências, centros de dia e centros de reabilitação, sendo que a maioria das existentes é básica e utiliza equipamentos rudimentares. Existem, no entanto, modelos de cuidados para os idosos, nomeadamente em Gana, no Quénia, na África do Sul, na Tanzânia, nas Maurícias, nas Seicheles e na África do Sul onde existem cuidados de longa duração. Os custos desse tipo de atendimento no contexto em análise são diversos, do gratuito ao muito dispendioso, variando com o país(2222 Essuman A, Agyemang FA, Mate-Kole CC. Long-term Care for Older Adults in Africa: Whither Now? J Am Med Dir Assoc. 2018;19:728-30. doi: 10.1016/j.jamda.2018.07.012
https://doi.org/10.1016/j.jamda.2018.07....
).

Essa falta de assistência médica pode justificar-se pelo elevado número de escolas de medicina existentes na África Subsaariana que não ensinam geriatria. Um estudo corrobora essa inadequação dos serviços de saúde para tal população, apontando para uma lacuna no ensino dessa disciplina, que se prende com aspectos como a escassez de conhecimento especializado (72%), déficit de financiamento (52%) e ausência de geriatria nos currículos nacionais (48%)(2323 Frost L, Liddie Navarro A, Lynch M, Campbell M, Orcutt M, Trelfa A, et al. Care of the elderly: survey of teaching in an aging Sub-Saharan Africa. Gerontol Geriatr Educ. 2015;36(1):14-29. doi: 10.1080/02701960.2014.925886
https://doi.org/10.1080/02701960.2014.92...
).

As percepções acerca dos idosos na África, ao contrário do que comumente se pensa, às vezes podem estar associadas a atitudes negativas. O ageism é predominante, especialmente contra mulheres idosas. É comum que os idosos sejam responsabilizados pelos infortúnios que ocorrem nas famílias e podem até ser rotulados de feiticeiros. Essa atitude é reforçada por superstições, crenças religiosas e culturais verificadas na maioria dos países africanos. Alguns acreditam que os idosos e aqueles com deficiências mentais são possuídos por maus espíritos e devem ser exorcizados(2222 Essuman A, Agyemang FA, Mate-Kole CC. Long-term Care for Older Adults in Africa: Whither Now? J Am Med Dir Assoc. 2018;19:728-30. doi: 10.1016/j.jamda.2018.07.012
https://doi.org/10.1016/j.jamda.2018.07....
).

Gana identificou e trabalhou em 5 problemas primários de envelhecimento e saúde que deram origem às Intervenções Recomendadas para o Envelhecimento e a Saúde em Gana e que podem ser transpostas para outras realidades na África Subsaariana(2424 Araujo de Carvalho I, Byles J, Aquah C, Amofah G, Biritwum R, Panisset U, et al. Informing evidence-based policies for ageing and health in Ghana. Bull World Health Organ. 2015;93(1):47-51. doi: 10.2471/BLT.14.136242
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). Estas centram-se na sensibilização da comunidade para atender às necessidades dos idosos; integração da saúde dos idosos nos programas comunitários; capacitação dos profissionais de saúde; criação de serviços mais amigos dos idosos; aumento da cobertura dos seguros; disponibilização de recursos de apoio, concretamente para déficits auditivos e visuais; criação e treino de grupos comunitários de apoio(2424 Araujo de Carvalho I, Byles J, Aquah C, Amofah G, Biritwum R, Panisset U, et al. Informing evidence-based policies for ageing and health in Ghana. Bull World Health Organ. 2015;93(1):47-51. doi: 10.2471/BLT.14.136242
https://doi.org/10.2471/BLT.14.136242...
).

Contribuições para a Área

A sistematização das publicações de estudos realizados sobre a população idosa na África Subsaariana, especificamente no que se relaciona com as respostas sociais e de saúde existentes, permitiu conhecer necessidades dessa população, respostas sociais e de saúde existentes, principais problemas e quais as possíveis estratégias a implementar para os resolver no sentido de possibilitar aos idosos dessa região geográfica um envelhecimento mais saudável.

Limitações do Estudo

Há a possibilidade de existirem artigos escritos em outras línguas que não a língua portuguesa (espanhola, francesa e inglesa) aos quais não se teve acesso, o que pode ter limitado este estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Grande parte do foco no envelhecimento da população tem sido em países desenvolvidos. Relativamente menos atenção é dada à região mais pobre do mundo, a África Subsaariana, onde crianças e adolescentes ainda constituem uma alta proporção da população. Apesar disso, atualmente, a evidência permite dizer que envelhecer já não é uma exceção em África.

Nos 22 artigos incluídos nesta revisão, estão estudos realizados em vários países da África Subsaariana, especificamente África do Sul, Uganda, Nigéria, Maláui, Gana, Senegal, Quênia, Tanzânia e Burkina Faso. Com esta revisão, mais do que definir claramente quais são as políticas sociais e de saúde existentes na África Subsaariana, pois existe ainda um vazio nessa área, salientaram-se algumas das necessidades das pessoas idosas em tal contexto, que possibilitaram aos autores, dos diferentes estudos, a elaboração de sugestões e recomendações. Estas devem ser alvo de reflexão no sentido dos decisores políticos desenharem políticas promotoras de um envelhecimento saudável e baseado em recursos da comunidade, que atendam à sua cultura e a empoderem, de modo que os idosos usufruam do cuidado possível de ser prestado.

Em suma, envelhecer é uma realidade crescente, sendo que o número de idosos, em curto prazo, justifica que os decisores políticos incluam esse tema como prioritário na sua agenda, assegurando uma intervenção econômica, política e social adequada e justa. Iniciativas políticas voltadas ao acesso equitativo e à assistência à saúde da população idosa (incluindo acesso gratuito e adequado à saúde) são desejáveis.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Dalvani Marques

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    11 Abr 2019
  • Aceito
    10 Out 2019
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