Diretrizes de enfermagem e abordagem multidisciplinar da dor crônica

Em todo o mundo, a dor crônica supôs uma condição de carga global com elevada morbidade e incapacidade associadas⁽1⁾. Enfermeiros foram considerados um dos profissionais de saúde em contato presencial comum com pacientes que sofriam de dor crônica. Assim, o manejo farmacológico da dor crônica pode ser facilitado pelos profissionais de enfermagem em conjunto com a equipe médica, evitando barreiras de prescrição e enfatizando a colaboração interprofissional e a educação do paciente. Essas diretrizes para identificar facilitadores e barreiras para o manejo da dor crônica por profissionais de enfermagem poderiam melhorar as intervenções em dor crônica pela gestão de enfermagem no sistema de saúde⁽2⁾.

A dor crônica pode ser definida como dor recorrente ou persistente durante mais de 3 meses e representa um problema de saúde fundamental que afeta até 19% da população europeia e 20% da população americana. Essa condição implica não apenas uma extensão temporal da dor aguda, por compreender o mecanismo fisiológico de nocicepção, mas também alterações patogenéticas e físicas, como sensibilização central ligada à modulação alterada dos distúrbios da dor, ativação de células gliais e processamento modificado da sinalização neuroimune. Este processo crônico também pode ser influenciado por diferentes fatores sociais e psicológicos, incluindo catastrofização da dor, depressão, comportamentos de evitação do medo, processos de somatização, assim como diferentes atitudes culturais. Na verdade, uma abordagem biopsicossocial dos pacientes que sofrem de dor crônica deve incluir novas estratégias de prevenção, avaliação e gestão. A expressão “dor crônica” foi usada como um termo genérico que inclui uma ampla gama de alterações clínicas, como enxaqueca, fibromialgia, fadiga crônica ou distúrbios de dor musculoesquelética prolongada sem causa específica. Portanto, os fatores biopsicossociais ligados aos distúrbios de dor crônica desempenharam um papel fundamental na manutenção e na cronificação desses distúrbios. Deve ser priorizada a implementação de novas estratégias educativas para profissionais de saúde e pacientes que sofrem de dor crônica sobre avaliação, prevenção e cuidado da abordagem biopsicossocial⁽3⁾.

Condições de dor crônica, como a fibromialgia, envolvem fatores físicos e psicológicos que devem ser considerados durante a política, pesquisa, prática, gestão e educação de enfermagem⁽4⁾. As condições crônicas, sendo a dor considerada um dos focos principais, foram apresentadas como uma das prioridades mais relevantes para as orientações de enfermagem, especialmente nos cuidados de saúde primários, porque os enfermeiros eram prestadores de cuidados de saúde de primeira linha com contato presencial com pacientes que sofriam de dor crônica. As intervenções multidisciplinares foram mais benéficas do que os tratamentos disciplinares isolados, a fim de promover a saúde e prevenir condições de dor crônica na atenção primária à saúde. Esta abordagem multidisciplinar deve incluir diferentes especialistas de saúde, tais como: pessoal médico, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e enfermeiros, entre outros. Os tratamentos multidisciplinares liderados por enfermeiros proporcionaram fortes efeitos nos ambientes de cuidados de saúde primários, encurtando o tempo de permanência dos pacientes nos hospitais, diminuindo complicações e minimizando os níveis de ansiedade e depressão. Além disso, essas intervenções multidisciplinares promoveram a capacidade de autogestão e qualidade de vida de pacientes com condições crônicas, doenças dolorosas, entre outras⁽5⁾.

Assim, a fim de melhorar a morbilidade e a incapacidade associadas às condições de dor crônica⁽1⁾, a política, a educação e a gestão de enfermagem devem experimentar uma rápida evolução, implementando novas diretrizes para os sistemas de saúde⁽2⁾, especialmente organizando os cuidados de saúde primários de profissionais de primeira linha, como enfermeiros e fisioterapeutas juntamente com equipes médicas, psicólogos e outros profissionais de saúde⁽5⁾. A complexidade do mecanismo e das características da dor crônica deve ser bem conhecida pelos enfermeiros e profissionais de saúde, pois esse rótulo pode ser não apenas um diagnóstico médico, com uma ampla gama de alterações psicológicas, sociais e biológicas que exigem abordagens biopsicossociais lideradas por intervenções multidisciplinares⁽3⁾.

Em conclusão, as diretrizes de enfermagem devem incluir novas orientações para políticas, investigação, prática, gestão e educação, de acordo com abordagens multidisciplinares, a fim de melhorar condições complexas de dor crônica conforme o modelo biopsicossocial.

Referencias

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  03 Nov 2023
• Data do Fascículo
  2023