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Esquizofrenia - Demência precoz. Carlos R. Pereyra

ANÁLISES DE LIVROS

Esquizofrenia - Demência precoz. Carlos R. Pereyra. 1 vol. com 150 páginas. Ed. El Ateneo, Buenos Aires, 1943

Carlos R. Pereyra, chefe de clínica de psiquiatria da Universidade de Buenos Aires e interno do Hospital de Las Mercedes, após 10 anos de contacto com doentes mentais, oferece-nos este brilhante livro dissertando sobre um dos temas mais complexos, em que as hipóteses e teorias, pelo número elevado, mais uma vez vêm confirmar o velho aforisma de que abundância em medicina é sinal de carência. O A. procura circunscrever a limites práticos o conceito da esquizofrenia, dando definições claras e concretas ao quadro nosológico em questão. Coloca-se inteiramente alheio ao dogmatismo unilateral e malsão e, encarando o enfermo segundo as modernas normas psiquiátricas, isto é, como um todo indivisível, chega a conclusões precisas e explícitas. Defende essencialmente a delimitação da esquizofrenia à idade juvenil, caraterística primitivamente reconhecida, e ao fato de que sua individualização como unidade nosológica provisória só pode ser reconhecida mercê a conjuntos de sintomas. Dentre estes, salienta a importância da perturbação volitiva como primária e fundamental, presente em todos os períodos da enfermidade, em todas as formas clínicas e ainda nas remissões ditas sociais. Deste sintoma fundamental, seguem-se os demais, caraterísticos da esquizofrenia de Bleuler e da demência precoce de Kraepelin, que o A. muito bem diz dever considerar-se como uma simples substituição de nomes. Baseando-se quase exclusivamente nos sintomas que são os únicos elementos à nossa disposição, pois a etiologia, a anatomia e a patogenia são em essência desconhecidas, apesar das múltiplas observações e hipóteses existentes, descreve os diversos estágios da enfermidade, detendo-se na descrição e análise de todos esses sintomas que a caraterizam. De maneira sumária, expõe brilhantemente o curso e evolução, o prognóstico e o diagnóstico, as remissões, a etiología, a anatomia e o tratamento. Finaliza, apresentando 23 conclusões práticas, com as quais conseguiu o seu intento de restituir à esquizofrenia seus limites exatos e sua unidade de conceito clínico: a demência precoce ou esquizofrenia é essencialmente juvenil, caraterizada por um conjunto polimorfo de sintomas principais e secundários, dentre os quais a perturbação volitiva é o fundamental. Esta é a tese original do A., que difere da dos clássicos para quem as desordens do pensamento - desagregação, autismo, ambivalência (Bleuler) - ou as desordens da afetividade, atividade e volição (Krapelin), constituem o núcleo da enfermidade. Ao lado disto, o livro é de alto valor do ponto de vista semiológico e constitui um dos mais completos estudos descritivos desta enfermidade. Sua leitura põe o médico ao par de toda a evolução e do estado atual do conceito desta enfermidade.

Joy Arruda

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Mar 2015
  • Data do Fascículo
    Jun 1944
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