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Psicodiagnóstico de Rorschach. Julio Endara

ANÁLISE DOS LIVROS

Psicodiagnóstico de Rorschach. Julio Endara. Um volume com 326 páginas, 13 gráficos e 1 lâmina íóra do têxto. Editado pela Casa da Cultura Equatoriana, Quito, 1954.

O Prof. Júlio Endara, catedrático de Neuro-psiquiatria na Universidade Central de Quito, contribúi nêste alentado volume para o renome das publicações ibero-americanas no domínio do método de Rorschach. Em todos os 7 capítulos que compõem a obra, 5 dos quais haviam aparecido como publicações esparsas, transparece a larga experiência do autor, cujo primeiro contacto com o método data de 1935. A maior parte do livro é constituída pelos capítulos I e II, escritos especialmente para esta edição.

O primeiro capítulo se dedica a "elementos fundamentais da técnica e aplicações clínicas" e o segundo à "classificação das respostas", esta baseada na revisão de 500 protocolos pessoais relativos a normais de nível médio. São citados aí autores brasileiros, principalmente Aguiar Whitaker, Baer Bahia, Leão Bruno, Leme Lopes, Meyer-Ginsberg, C. Cristiano de Souza, Veit. Gostaríamos de fazer a respeito dêstes capítulos duas observações, relativas ao elemento freqüência estatística: não concordamos totalmente com o autor quanto à necessidade de usar tabelas regionais ou locais para o nível de fórmas ou para o conceito "vulgar"; a segunda é que nos parece que o autor emprega em sentido algo amplo, ã maneira dos pesquisadores suissos e europeus em geral, o conceito de "original", atitude talvez derivada do critério usado pelo próprio Rorschach por se tratar, então, da fase inicial das verificações estatísticas. Efetivamente, logo após termos iniciado nosso trabalho com o método - em 1935 - deixámos o critério classificatório de Rorschach para f+ e f- para adotar também o de Beck: e não temos apurado discordância entre a apreciação psicodiagnóstica e a apreciação clínica correspondente. A nosso ver as fôrças psicológicas aferidas pelo Rorschach são demasiado profundas para que as alterem diferenças regionais; sòmente o determinante f- , em grupos infantis ou não aculturados, ou a freqüência V nas mesmas circunstâncias, exigiriam padronização particular.

Os três capítulos seguintes oferecem importante contribuição para o psicodiagnóstico como compreensão da personalidade delinqüente: quer estudando clinicamente três criminosos e analisando-lhes os psicogramas (III), quer avaliando em conjunto os protocolos da população penitenciária, em número de 200, quanto aos componentes intelectuais (IV) e quanto aos "tipos de vivência" (V).

No capítulo VI - "psicodiagnóstico e raça" - o autor relata o material extremamente valioso obtido em 70 índios das serranias, em confronto com o de 70 universitários de grupo etário comparável. Estudando-lhes a dinâmica e o nível intelectuais e os aspectos emotivos, conclúi pela inteira normalidade dessa população indígena, que só espera "da nossa cultura o impulso e o auxílio que lhe permitam incorporar-se definitivamente à civilização".

O último capítulo, não menos interessante, focaliza o psicograma de 28 pacientes com lesões cerebrais, principalmente com a série de sinais de Piotrowski.

Aníbal Silveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Mar 2014
  • Data do Fascículo
    Set 1956
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