Acessibilidade / Reportar erro

Ulrich Beck: considerações sobre sua contribuição para os estudos em Ambiente e Sociedade e desafios

Resumos

Neste artigo, os autores apresentam os aspectos gerais da teoria da sociedade mundial de risco elaborada por Ulrich Beck e formulam uma avaliação crítica. Uma vez apresentados o eixo teórico, definido como modernização-risco-reflexividade, e a fundação metodológica experimental e transdisciplinar de sociologia no cosmopolitismo, os autores destacam as contribuições, algumas insuficiências e refletem acerca dos desafios que, depois do falecimento repentino de Beck, são deixados para os estudos em Ambiente e Sociedade. Para tanto, valem-se de uma breve reconstrução da história da referida teoria, da indicação de algumas de suas mobilizações por pesquisadores de diversas áreas, de críticas consolidadas e de considerações críticas próprias.

Risco; Reflexividade; Cosmopolitismo; Beck, Ulrich (1944-2015)


In this article, the authors present the general aspects of Ulrich Beck's theory of the world risk society and formulate a critical assessment. Once presented the theoretical axis, defined as modernization-risk-reflexivity, and the experimental and transdisciplinary methodological foundation of sociology on cosmopolitanism, the authors highlight the contributions, some shortcomings and reflect on the challenges which, subsequent to Beck's sudden death, still remain with regard to Environment and Society studies. In order to do so, we present a brief historical reconstruction of his theory and point out to some of the directions taken by researchers in various fields. We also lay down some well-established criticisms and our own considerations.

Risk; Reflexivity; Cosmopolitanism; Beck, Ulrich (1944-2015)


En este artículo, los autores presentan los aspectos generales de la teoría de la sociedad mundial del riesgo elaborada por Ulrich Beck y formulan una evaluación crítica. Una vez presentado el eje teórico, definido como modernización-riesgo-reflexividad, y la fundación metodológica experimental y transdisciplinaria de la sociología en el cosmopolitismo, los autores destacan las contribuciones, algunas deficiencias, y reflexionan sobre los retos que, después de la repentina muerte de Beck, siguen planteados para los estudios en Medio Ambiente y Sociedad. En este contexto, los autores elaboran una breve reconstrucción de la historia de la teoría mencionada, indicando algunos de sus usos por parte de investigadores de diversos campos, criticas reconocidas, así como consideraciones críticas propias.

Riesgo; Reflexividad; Cosmopolitismo; Beck, Ulrich (1944-2015)


Introdução

Nascido em 15 de maio de 1944, na cidade de Stolp, Pomerânia (antigo território alemão), hoje cidade polonesa de Slupsk, Ulrich Beck cresceu em Hannover, Alemanha. Depois de abandonar os estudos em Direito na Universidade de Freiburg, dedicou-se aos estudos em Sociologia, Filosofia, Psicologia e Ciências Políticas na Universidade Ludwig Maximilians, em Munique, onde atuou como professor desde 1992. Entre as posições e distinções internacionais que colecionou ao longo da vida acadêmica, Beck foi professor visitante na Universidade de Wales, em Cardiff, Reino Unido (1995-1997), na London School of Economics, Inglaterra (desde 1997) e na Fondation Maison des Sciences de l'Homme, Paris (desde 2011). Casado com a renomada socióloga Elisabeth Beck-Gernsheim desde 1975, juntos escreveram, entre outros títulos, Das ganz normale Chaos der Liebe (o caos normal do amor), publicado em 1990, e Fernliebe (amor distante), em 2011i i Ver artigos em jornais diários: Kaldow & Selchow, 2015; Smale, 2015. .

Foi com a sua obra Risikogesellschaft: Auf dem Weg in eine andere Moderne, em português traduzido como Sociedade de risco: Rumo a uma outra modernidade, que Beck inaugurou suas valiosas contribuições para a teoria social, mais especificamente, com a elaboração de uma teoria social do risco.

Em um momento onde o mundo ainda digeria atônito o acidente de Chernobylii ii No norte da Ucrânia, em 26 de abril de 1986, foi registrado um acidente com o reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl. Na época, o governo soviético levou mais de 24 horas para evacuar a região, e outros dois dias para admitir o desastre ao mundo. Além disso, não informou à população sobre como deveriam agir e ainda enviou centenas de soldados, policiais e bombeiros à região para apagar o fogo, sem qualquer proteção. O Ministério da Saúde da Ucrânia anunciou, recentemente, que 2,3 milhões de pessoas, em oito cidades e espalhadas por 2,1 mil vilarejos no país, de alguma forma sofreram ou ainda sofrerão problemas de saúde como consequência da explosão (O ESTADO DE S. PAULO, 2006; CHAVES, 1998; DI GIULIO, 2012). , assistindo ao despreparo das autoridades e organizações responsáveis pela segurança no enfrentamento de situações de risco, de destruições ambientais, e experenciando, na prática, consequências relacionadas às dificuldades de comunicação de informações técnicas sobre riscos e falhas nas estimativas por parte de especialistas e pesquisadores (WYNNE, 1989ADAM, Barbara.; BECK, Ulrich.; LOON, Jost van. (eds.)The Risk Society and Beyond:Critical Issues for Social Theory. London: SAGE, 2000.), Beck reunia em sua obra reflexões sobre "um mundo fora de controle", caracterizado por "incertezas fabricadas"iii iii Ver entrevista de Ulrich Beck: "Incertezas fabricadas - Entrevista com o sociólogo alemão Ulrich Beck". , no qual uma crescente desconfiança na ciência e nas agências responsáveis pelo gerenciamento do risco e das catástrofes evidenciava a necessidade de novas direções na política tecnológica (RENN, 2008RENN, Ortwin. Risk governance: coping with uncertainty in a complex world. London: Earthscan, 2008.).

Acertadamente, Beck argumenta que a ciência, especialmente as ciências da natureza e as engenharias, não podem garantir "risco zero" quando seus resultados de laboratório são aplicados industrialmente, isto é, fora do laboratório. Isso requer, em suas próprias palavras, uma "moralização tecnológica" (BECK, 2002a, p. 80________.. La sociedad del riesgo global. Madrid: Siglo XXI España Editores, 2002a.).

A marca distintiva da teoria da sociedade mundial de risco reside no esforço de renovação crítica da tradição da teoria social e de uma de suas linhagens específicas, a teoria da modernização. Desde a publicação de seu World risk society em 1998, Beck (2002a, pp. 01-28)________.. La sociedad del riesgo global. Madrid: Siglo XXI España Editores, 2002a. tem ancorado sua crítica e saída epistemológica na ressignificação do conceito de cosmopolitismo.

Ainda que Beck tenha se mostrado um cientista prolífico, com uma ampla produção bibliográfica, ele permanece, a rigor, autor de três livros: o seu amplamente debatido Risikogesellschaft (2001 [orig. 1986]), Was ist Kosmopolitismus?(2006 [orig. 2004]) e o seu mais recente Weltrisikogesellschaft (2008 [orig.2007]). O primeiro - já com a ressalva de que, apesar da ampla repercussão global, sobretudo na década de 1990, quando fora traduzido para a língua inglesa em 1992, somente ganhou sua versão para o Português em 2010 - consiste em um diagnóstico de época acurado; o segundo define o projeto de uma fundação metodológica experimental e transdisciplinar da sociologia e o terceiro constitui uma reatualização teórica. Ao trazer a problemática ambiental para a sociologia, o seu trabalho se concentrou na experimentação de aberturas da disciplina para outras disciplinas, notadamente para a "geografia, antropologia, etnologia, relações internacionais, direito internacional e teoria política" (BECK & SZNAIDER, 2006, p. 382________..Qu'est-ce-que le cosmopolitisme?.Paris: Éditions Alto Aubier, 2006.).

O ponto de partida é uma crítica à racionalidade ultraespecializada da ciência e à adequabilidade da sociologia clássica para explicar e compreender a sociedade contemporânea (BECK, 2001, p. 20 e 341-397________.. La société du risque:Sur la voie d'une autre modernité.Paris: Editions Flammarion, 2001.). Beck, então, opta pelo ensaio como estratégia discursivo-analítica. Compreende-se, assim, que a conexão entre uma estratégia discursivo-analítica ensaísta, um diagnóstico de época e uma orientação transdisciplinar dão lugar não a uma teoria acabada no sentido convencional, mas a um projeto de conhecimento. Desde 2012, os trabalhos do autor estavam reunidos em torno do projeto de pesquisa Methodological Cosmopolitanism - In the Laboratory of Climate Change ( BECK, 2012________.. Methodological Cosmopolitanism - In the Laboratory of Climate Change. Accessed 10 Jan. 2014: http://www.ulrichbeck.net-build.net/index.php?page=research-2 2012.
http://www.ulrichbeck.net-build.net/inde...
).

No contexto do falecimento repentino do sociólogo alemão e do convite feito pela Revista Ambiente & Sociedade, limitamo-nos aqui a uma breve apresentação da teoria do autor e alguns apontamentos críticos.

Inicialmente, tratamos de aspectos centrais de sua teoria e de seu projeto de conhecimento. Em seguida, abordamos algumas de suas inovações e, por fim, formulamos breves considerações críticas e desafios.

Aspectos-chave da teoria da sociedade mundial de risco e de seu cosmopolitismo metodológico

A tese central da sociedade de risco sustenta que a produção e distribuição social de riquezas (trabalho, bens, bem-estar social) se veem hoje acompanhadas da produção e distribuição social de riscos (poluição, crises econômicas, terrorismo, etc.) (BECK, 2001, p. 35-90; 2008, p. 47-75________.. La société du risque:Sur la voie d'une autre modernité.Paris: Editions Flammarion, 2001.). "Perigos são fabricados de forma industrial, exteriorizados economicamente, individualizados no plano jurídico, legitimados no plano das ciências exatas e minimizados no plano político" (BECK, 2010, p. 230________. Climate for change, or how to create a green modernity? Theory culture society. Theory, Culture & Society, v.27, n.2-3, p.254-66, 2010.). Na tentativa de prevenir, mitigar ou remediar os riscos e destruições produzidos por sua própria modernização, a sociedade passa a ter de lidar com efeitos não-previstos que ela mesma produziu (Beck, 1997BECK, Ulrich. A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony;LASH, Scott. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna.São Paulo: Editora UNESP, p. 11-72, 1997 .). Daí falar-se em modernização reflexiva. Risco e reflexividade constituem, portanto, conceitos centrais: o primeiro permite o acesso à realidade, o segundo explica a lógica de dinamização dessa realidade. O eixo teórico fica assim definido: modernização-risco-reflexividade.

Para o nosso autor, o que diferencia os riscos contemporâneos dos de outras épocas não é tanto o seu potencial de destruição, mas, primeiro, seu aspecto institucionalmente fabricado (pela ciência, pelo mercado, pelo governo etc.) (BECK, 2002a, p. 48-53________.. La sociedad del riesgo global. Madrid: Siglo XXI España Editores, 2002a.); segundo, sua invisibilidade (BECK, 2001, p. 80-84________.. La société du risque:Sur la voie d'une autre modernité.Paris: Editions Flammarion, 2001.); e por último, a ausência de fronteira espacial e temporal (idem, p. 65-80). O risco, portanto, não existe por si só, sua objetividade deriva da percepção e da encenação social da qual é objeto (BECK, 2008, p. 47-76________.. La sociedad del riesgo mundial. En busca de la seguridad perdida.Barcelona: Paidós Editorial, 2008.). Através de sua encenação, o risco define situações sociais de ameaça e na medida em que caracteriza relações institucionais (Estado, mercado, ciência etc.), são também estabelecidas relações de definição constituídas como relações de dominação, que gravitam em torno de questões de poder, de interesses, benefícios e prejuízos (idem, p. 53-60).

Uma vez que o risco não possui fronteiras espaciais nem temporais, argumenta o teórico social, sua encenação social promove uma cosmopolitização reflexiva forçada da vida social (BECK, 2006, p. 69-98 e 169-188________..Qu'est-ce-que le cosmopolitisme?.Paris: Éditions Alto Aubier, 2006.). A vida se cosmopolitiza na medida em que um futuro antecipado como catástrofe se introduz no presente como força de integração política e social transnacional (BECK, 2008, p. 34-37________.. La sociedad del riesgo mundial. En busca de la seguridad perdida.Barcelona: Paidós Editorial, 2008.). É um futuro arriscado industrialmente induzido, cientificamente antecipado, politicamente gerido, socialmente percebido e mundialmente compartilhado na ação presente que força uma cosmopolitização reflexiva da sociedade e da história. A consequência disso é uma diferenciação qualitativa da sociedade contemporânea, que permitiria distinguir entre uma primeira e uma segunda modernidade (BECK, 2006, p. 09-33 e 2000________..Qu'est-ce-que le cosmopolitisme?.Paris: Éditions Alto Aubier, 2006.).

Diante disso, Beck sustenta que, se o que caracteriza a sociedade (de risco) contemporânea é, no plano societário, a cosmopolitização reflexiva e, no plano da racionalidade científica, o reconhecimento de problemas que apontam para limites explicativos do quadro de referência disciplinar e clássico, torna-se necessária uma refundação da sociologia no sentido cosmopolita. O cosmopolitismo metodológico parte da diferenciação teórica entre perspectiva do ator (versão histórica) e perspectiva do observador em ciências sociais (versão lógica) e da combinação metodológica de uma dimensão espacial (território) com uma dimensão temporal (história) (BECK, 2006, p. 149-156________..Qu'est-ce-que le cosmopolitisme?.Paris: Éditions Alto Aubier, 2006.). Tanto a diferenciação teórica quanto a combinação metodológica estão inscritas na distinção histórica de fases de uma primeira e de uma segunda modernidade.

Para Beck, as teorias da primeira modernidade são marcadas por um nacionalismo metodológico (perspectiva do observador), o qual, enquanto reflexo da ótica nacional (perspectiva do ator), assimila o conceito de sociedade ao de Estado-naçãoiv iv Para uma crítica da crítica do nacionalismo metodológico formulada por Beck, ver: Chernilo, 2006; FINE, 2007, p. 07-14. (idem, p. 52-68). A consequência de tal assimilação é o estabelecimento de uma lógica de distinção exclusiva como fundação para a formulação de conceitos e categorias - alemão ou turco, ciências do espírito ou ciências da natureza, sociedade ou natureza, etc. Uma vez que a sociedade se cosmopolitizou, seria, então, necessário um equivalente na perspectiva do observador: o cosmopolitismo metodológico, fundado em uma lógica de distinção inclusiva - alemão e turco, ciências sociais e ciências da natureza, sociedade e natureza. No plano teórico, almeja-se aqui uma mudança de paradigma, do exclusivo para o inclusivo, do simples para o reflexivo, do nacional para o cosmopolita. Isto é, Beck advoga por uma ruptura epistemológica.

Inovações da teoria da sociedade mundial de risco

De um modo geral, a intuição teórico-empírica de Beck é promissorav v A teoria de Beck foi amplamente mobilizada por pesquisadores de áreas diversas. Entre eles, citamos apenas alguns: ALLAN et al., 1999; ADAM et al., 2000; Guivant, 2000; FERREIRA, 2006; Ianni, 2010; Tavolaro, 2011; DI GIULIO, 2012; CASTRO, 2012; Arnaut, 2013. Para a consulta dos aspectos gerais da teoria, sugerimos: Vandenberghe, 2001; BOSCO, 2013 e 2015 (no prelo). . Quando afirma que a "dinâmica dos riscos ambientais só pode ser compreendida a partir de um cosmopolitismo metodológico" (2008, p. 219-254), o autor logra conectar um fenômeno concreto como as mudanças ambientais com uma categoria de circulação mundial (risco ambiental) - marcada por significações culturais diversas - e ainda definir um quadro de referência teórico-metodológico. Em um sentido amplo, o risco - agora não mais apenas o ambiental, mas também o econômico, o biográfico e o terrorista (idem, p. 32-34) - promove o surgimento de "comunidades cosmopolitas de risco", as quais materializam uma interdependência crescente no interior da sociedade mundial ( BECK, 2011________.. Cosmopolitanism as imagined communities of global risk. American Behavioral Scientist, SAGE London, Oct. n. 55, p. 1346-1361, 2011.).

A contribuição de Beck tem sido bastante valiosa também para os estudos afiliados ao campo das Dimensões Humanas das Mudanças Ambientais Globais (Human Dimensions of Global Environmental Change), uma vez que ao trazer com força a problemática ambiental para as ciências sociais por meio dos conceitos de risco e incerteza, nos possibilita confrontar os processos de negociação que definem os riscos (relações de definição); compreender como as dimensões simbólicas e normativas sobre o que é tido como risco são mediadas pela interação social e pelas instituições (encenação social); e ponderar como os padrões propostos pela literatura que servem para a definição do risco são eles também objeto de construção social: são definidos tanto por meio de consenso quanto de modo arbitrário, segundo a conveniência conjuntural de interesses, pelos stakeholders, sobretudo, governo, indústria e tecnociência voltada para a aplicação industrial dos resultados (RCEP, 1998ROYAL COMMISSION ON ENVIRONMENTAL POLLUTION (RCEP). 1998. Setting Environmental Standards. Sccessed 27 May 2010: <http://www.rcep.org.uk/reports/21-standards/documents/standards-full.pdf>.
http://www.rcep.org.uk/reports/21-standa...
; DI GIULIO, 2012DI GIULIO, Gabriela Marques. Risco, ambiente e saúde: um debate sobre comunicação e governança do risco em áreas contaminadas. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2012.; DI GIULIO, VASCONCELLOS, 2014DI GIULIO, Gabriela Marques; VASCONCELLOS, Maria da Penha. Contribuições das Ciências Humanas para o debate sobre mudanças ambientais: um olhar sobre São Paulo. Estudos Avançados (USP. Impresso), v. 28, p. 41-63, 2014., DI GIULIO et al., no preloDI GIULIO, Gabriela Marques; VASCONCELLOS, Maria da Penha; GUNTHER, Wanda Maria R.; RIBEIRO, Helena; ASSUNCAO, João Vicente. Percepção de risco: um campo de interesse para a interface Ambiente, Saúde e Sustentabilidade. Saúde e Sociedade (USP. Impresso), 2015 (no prelo).).

Ao reforçar que a interpretação e a seleção do que é importante enquanto problema (risco) ambiental é um processo social do qual participam meios de comunicação social e ciência, aspectos morais e políticos, o autor nos oferece um quadro de referência sociológico para situarmos a atual crise ecológica, compreendida especialmente como crise profunda da racionalidade institucionalizada. Essa crise de racionalidade consiste em um reflexo das mudanças ambientais induzidas pela ação humana, em uma crise resultante de negociações, projeções e respostas políticas moldadas por variáveis sociais, escolhas tecnológicas, políticas públicas de desenvolvimento, comportamentos dos consumidores e desempenho econômico ( YEARLEY, 2009YEARLEY, Steven. Sociology and climate change after Kyoto: what roles for social science in understanding climate change?. Current Sociology, v.57, n.389-405, 2009.).

Além disso, ao reforçar os conceitos de incerteza e insegurança, o autor, no âmbito dos estudos das Dimensões Humanas das Mudanças Ambientais Globais, nos possibilita dar o destaque merecido para estes componentes, em particular quando focamos questões ambientais cada vez mais complexas e difusas, como as questões climáticas, que podem trazer impactos nocivos e ainda desconhecidos à vida humana ( NAUSTDALSLID, 2011NAUSTDALSLID, Jon. Climate change - the challenge of translating scientific knowledge into action. International Journal of Sustainable Development & World Ecology, v.18, n.3, p.243-52, 2011., BECK, 2009________.. World at risk. Cambridge: Polity Press, 2009., 2010________. Climate for change, or how to create a green modernity? Theory culture society. Theory, Culture & Society, v.27, n.2-3, p.254-66, 2010.).

Ao tratar de problemas tão complexos, Beck nos lembra da necessidade de uma "cultura de incertezas", que encontraria voz em um diálogo aberto entre ciência, sistema político, mercado e sociedade civil para lidar com o risco. Em suas palavras, trata-se da "[...] disposição de negociar entre diferentes racionalidades maior que para engajar-se em denuncismo mútuo; [da] voluntariedade de erigir tabus modernos sobre bases racionais; e, por fim, mas não menos importante, [de] um reconhecimento da importância central de demonstrar a vontade coletiva de agir de forma responsável no que diz respeito às penas que sempre irão ocorrer apesar de qualquer precaução"vi vi Ver entrevista de Ulrich Beck: "Incertezas fabricadas - Entrevista com o sociólogo alemão Ulrich Beck". .

Isso significa, portanto, que a teoria da sociedade mundial de risco também contribui para os estudos sobre governança do risco. Uma vez que logra caracterizar determinados riscos como um fenômeno de circulação global, por um lado permite-se a vinculação objetiva entre o universo gerencial do Estado nacional e a globalização, num contexto em que uma política de governo tenha sua legitimidade e eficácia mediadas por esferas de regulação pós-nacionais (BECK, 2002b, p. 48-65 e 214-221________.. Liberdade ou capitalismo. São Paulo: Editora Unesp, 2002b.); por outro, permite-se a elaboração de novas formas de participação direta nos processos de tomada de decisão no interior do sistema político, de modo a redesenhar as bases de legitimação da política estatal (BECK, 2010, p. 234-238________. Climate for change, or how to create a green modernity? Theory culture society. Theory, Culture & Society, v.27, n.2-3, p.254-66, 2010.).

Ainda no âmbito dos estudos das Dimensões Humanas das Mudanças Ambientais Globais, a contribuição de Beck reforça a ideia de que o processo de governança dos riscos passa, necessariamente, pela inclusão de uma opinião pública vigorosa e reflexiva, autoconsciente e universalmente democrática - desafios ainda caros quando pensamos, por exemplo, em algumas sociedades específicas, como a brasileira, ainda atravessada pelos problemas da sociedade de escassez, com distribuição de riqueza altamente desigual, enfrentando os problemas "típicos" de uma sociedade de risco, sem uma reflexividade "ativa" (GUIVANT, 1998________. A trajetória das análises de risco: da periferia ao centro da teoria social. Revista Brasileira de Informações Bibliográficas, Anpocs, 46: 3-38. 1998.).

No processo de enfrentamento dos riscos e das incertezas fabricados institucionalmente, a combinação de intervenção de vozes e opiniões contrapostas e a discussão de questões que ainda são deixadas de lado ou são simplesmente desconhecidas pela ciência normal, constituem, certamente, etapas fundamentais que propiciam, em última instância, reflexões sobre a mediação do futuro que queremos pelo desenvolvimento técnico-científico e o industrial, pelas incertezas e inseguranças que liberam e pela normatização que, consequentemente, requerem.

Considerações críticas e desafios

É difícil discordar do diagnóstico e da intuição teórica (transdisciplinar) de Beck. Afinal, se a globalização transformou de tal maneira as formas de integração social, chegando até a forçar a transformação da lógica moderna de integração da sociedade com a natureza, tornam-se relevantes questionamentos teóricos correspondentes. Todavia, o esforço do autor não passa incólume à críticavii vii Além das avaliações críticas já mencionadas, também destacamos: MYTHEN, 2004; COSTA, 2006, p. 49-82; BHAMBRA, 2011; MARTINS, 2011; JERÓNIMO, 2014 .

Uma primeira insuficiência diz respeito à pretendida abertura transdisciplinar e está dirigida mais especificamente aos estudos em Ambiente e Sociedade. Por um lado, se Beck pode ser reconhecido por sua tentativa obstinada em fazer uso heurístico do conhecimento gerado por várias disciplinas, por outro a escolha por uma estratégia discursivo-analítica ensaísta exigiria definir com clareza o que o termo teoria significa na designação "teoria da sociedade mundial de risco". Vale dizer, temos aqui um desafio legado por Beck: seria ainda necessária uma teoria (cosmopolita?) do método, do ensaio e/ou da prática científica orientada transdisciplinarmente.

Uma segunda consideração crítica diz respeito especificamente à sociologia. Trata-se de saber se risco e reflexividade conseguem, de fato, apreender todas as dimensões da globalização, incluindo aqui também internalizações variadas da natureza conforme inflexões culturais e históricas locais. Isto é, parece empiricamente pouco plausível que as redes de interação altamente complexas que dão materialidade para a globalização podem ser adequadamente condensadas apenas por dois conceitos - risco e reflexividade. Estudos como o de Saskia Sassen (2010)SASSEN, Saskia. Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010., Renato Ortiz (2003)ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura, São Paulo, Brasiliense, 2003., Paul Gilroy (2002)GILROY, Paul. The black atlantic: modernity and double consciousness. London: Verso, 2002. - para citar apenas alguns - sugerem a necessidade de maior ampliação temática e diferenciação teórica, no sentido de incorporar outros fenômenos igualmente relevantes que caracterizam a globalização. Mas isso é pertinente conquanto se mantenha a pretensão a uma teoria geral da sociedade - como quer Beck. Caso contrário, há de limitar-se a uma teoria social (cosmopolita) do risco.

E, aqui temos um segundo desafio deixado por Beck, voltado especificamente à designação cosmopolita pretendida em sua teoria do risco. A designação cosmopolita sugere a necessidade de fazer refletir na esfera teórica - nos conceitos de risco, de reflexividade e de ambiente, por exemplo - a diversidade das inflexões culturais de que o risco é objeto, isto é, de sua manifestação como práxis culturalmente localizada na medida em que circula globalmente.

Ao circularem globalmente, fenômenos como o risco conectam-se a condições históricas, culturais, políticas e ambientais diversas, exigindo um esforço maior de diferenciação teórica à luz do escrutínio empírico. Com isso, sugere-se aqui que o risco não promove apenas um cosmopolitismo, mas cosmopolitismos, no plural, no sentido de diversificação simbólica e material específica das realidades onde se faz presente. Em outras palavras, é preciso ainda incrementar a teoria da sociedade mundial de risco com diferenciações conceituais derivadas de estudos empíricos de realidades como, por exemplo, a brasileira.

References

  • ADAM, Barbara.; BECK, Ulrich.; LOON, Jost van. (eds.)The Risk Society and Beyond:Critical Issues for Social Theory. London: SAGE, 2000.
  • ALLAN, Stuart.; ADAM, Barbara.; CARTER, Cynthia.. (eds.) Environmental risks and the media. London: Routledge, 1999.
  • ARNAUT, Danilo. Da bioesfera à sociedade global: contribuições das teorias de risco para a sociologia da globalização. Cadernos CERU, v. 24, n. 1, São Paulo, p. 137-168, 2013.
  • BECK, Ulrich. A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony;LASH, Scott. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna.São Paulo: Editora UNESP, p. 11-72, 1997 .
  • ________. A política na sociedade de risco. Revista Idéias, v. 2, n. 1 (nova série), Campinas, p. 230-252, 2010.
  • ________.. Cosmopolitanism as imagined communities of global risk. American Behavioral Scientist, SAGE London, Oct. n. 55, p. 1346-1361, 2011.
  • ________.. La société du risque:Sur la voie d'une autre modernité.Paris: Editions Flammarion, 2001.
  • ________.. La sociedad del riesgo global. Madrid: Siglo XXI España Editores, 2002a.
  • ________.. La sociedad del riesgo mundial. En busca de la seguridad perdida.Barcelona: Paidós Editorial, 2008.
  • ________.. Liberdade ou capitalismo. São Paulo: Editora Unesp, 2002b.
  • ________.. Methodological Cosmopolitanism - In the Laboratory of Climate Change. Accessed 10 Jan. 2014: http://www.ulrichbeck.net-build.net/index.php?page=research-2 2012.
    » http://www.ulrichbeck.net-build.net/index.php?page=research-2
  • ________.. O que é globalização? Equívocos do globalismo, respostas à globalização. São Paulo: Editora Unesp, 1999.
  • ________..Qu'est-ce-que le cosmopolitisme?.Paris: Éditions Alto Aubier, 2006.
  • ________. The cosmopolitan perspective: sociology of the second age of modernity. British Journal of Sociology, v. 51, n. 1, p. 79-105, 2000.
  • ________.. Understanding the real Europe. Dissent, p. 32-38, 2003.
  • ________.. World at risk. Cambridge: Polity Press, 2009.
  • ________. Climate for change, or how to create a green modernity? Theory culture society. Theory, Culture & Society, v.27, n.2-3, p.254-66, 2010.
  • ________. Incertezas fabricadas - Entrevista com o sociólogo alemão Ulrich Beck. Instituto Humanitas Unissinos, 02 jun. 2006. Accessed 06 Jan. 2015:<http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_Canal=41&cod_Noticia=7063>.
    » http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_Canal=41&cod_Noticia=7063
  • BECK, Ulrich; SZNAIDER, Nathan.Unpacking cosmopolitanism for the social sciences: a research agenda. The British Journal of Sociology, v. 57, n. 1, p. 01-23, 2006.
  • BECK, Ulrich; BONSS, Wofgang; LAU, Christopher.The theory of reflexive modernization: problematic, hypotheses and research agenda. Theory Culture & Society, SAGE, London, Thousand Oaks and New Delhi, v. 2, n. 20, p. 01-33, 2003.
  • BHAMBRA, Gurminder. Cosmopolitanism and post-colonial critique. In: ROVISCO, Maria; NOWICKA, Magdalena (ed.) The Ashgate Companion to Cosmopolitanism. Farnham: Ashgate Publishing Limited, p. 313-28, 2011 .
  • BOSCO, Estevão. Sociedade de risco. In: DI GIOVANNI, Geraldo; NOGUEIRA, Marco Aurélio. Dicionário de Políticas Públicas. São Paulo: FUNDAP e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, p. 471-473, 2013 .
  • ________. Sociedade de risco: introdução à sociologia do risco de Ulrich Beck. São Paulo: Annablume & FAPESP, 2015 (no prelo).
  • CASTRO, Bianca S. de. Organismos geneticamente modificados: as noções de risco na visão de empresas processadoras, organizações não governamentais e consumidores. 2012. 423f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.
  • CHERNILO, Daniel. Social's Theory methodological nationalism: myth and reality.European Journal of Social Theory, London, Thousand Oaks, CA and New Delhi, v. 9, n. 1, p. 05-22, 2006.
  • DI GIULIO, Gabriela Marques. Risco, ambiente e saúde: um debate sobre comunicação e governança do risco em áreas contaminadas. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2012.
  • DI GIULIO, Gabriela Marques; VASCONCELLOS, Maria da Penha. Contribuições das Ciências Humanas para o debate sobre mudanças ambientais: um olhar sobre São Paulo. Estudos Avançados (USP. Impresso), v. 28, p. 41-63, 2014.
  • DI GIULIO, Gabriela Marques; VASCONCELLOS, Maria da Penha; GUNTHER, Wanda Maria R.; RIBEIRO, Helena; ASSUNCAO, João Vicente. Percepção de risco: um campo de interesse para a interface Ambiente, Saúde e Sustentabilidade. Saúde e Sociedade (USP. Impresso), 2015 (no prelo).
  • FERREIRA, Leila da Costa. Idéias para uma sociologia da questão ambiental no Brasil. São Paulo: Annablume, 2006.
  • FINE, Robert. Cosmopolitanism. London: Routledge, 2007.
  • GILROY, Paul. The black atlantic: modernity and double consciousness. London: Verso, 2002.
  • GUIVANT, Júlia. Reflexividade na sociedade de risco: conflitos entre leigos e peritos sobre os agrotóxicos. In: HERCULANO, Selene; PORTO, Marcelo Firpo de Souza; FREITAS, Carlos Machado de (org.) Qualidade de Vida & Riscos Ambientais. Niterói: EdUFF, 2000, p. 281-303.
  • ________. A trajetória das análises de risco: da periferia ao centro da teoria social. Revista Brasileira de Informações Bibliográficas, Anpocs, 46: 3-38. 1998.
  • IANNI, A. Sobre a aplicabilidade da teoria de Ulrich Beck à realidade brasileira: situação de saúde e ação política. Revista Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 15, n. 29, p. 471-490, 2010.
  • JERONIMO, Helena M.. Riscophrenia and "animal spirits": clarifying the notions of risk and uncertainty in environmental problems. Sci. stud. [online]. 2014, vol.12, n.spe [cited 2015-02-13], pp. 57-74, 2014.
  • KALDOR, Mary.; SELCHOW, Sabine.. Ulrich Beck obituary. The Guardian, 06 jan. 2015. accessed 10 March 2015: < http://www.theguardian.com/education/2015/jan/06/ulrich-beck>.
    » http://www.theguardian.com/education/2015/jan/06/ulrich-beck
  • MARTINS, Hermínio. Experimentum humanum: civilização tecnológica e condição humana. Lisboa: Relógio D'Água, 2011.
  • MYTHEN, Gabe. Ulrich Beck: a critical introduction to the risk society. London: Pluto Press, 2004.
  • NAUSTDALSLID, Jon. Climate change - the challenge of translating scientific knowledge into action. International Journal of Sustainable Development & World Ecology, v.18, n.3, p.243-52, 2011.
  • ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura, São Paulo, Brasiliense, 2003.
  • RENN, Ortwin. Risk governance: coping with uncertainty in a complex world. London: Earthscan, 2008.
  • ROYAL COMMISSION ON ENVIRONMENTAL POLLUTION (RCEP). 1998. Setting Environmental Standards. Sccessed 27 May 2010: <http://www.rcep.org.uk/reports/21-standards/documents/standards-full.pdf>.
    » http://www.rcep.org.uk/reports/21-standards/documents/standards-full.pdf
  • SASSEN, Saskia. Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010.
  • SMALE, Alisson. Ulrich Beck, Sociologist Who Warned of Technology, Dies at 70 . The New York Times, 04 jan. 2015. Sccessed 10 March 2015: <http://www.nytimes.com/2015/01/05/world/europe/ulrich-beck-sociologist-who-warned-of-dangers-of-technology-is-dead-at-70.html?_r=0>.
    » http://www.nytimes.com/2015/01/05/world/europe/ulrich-beck-sociologist-who-warned-of-dangers-of-technology-is-dead-at-70.html?_r=0
  • TAVOLARO, Sérgio B. de Faria Freyre Damatta e o lugar da natureza na "singularidade brasileira". Revista Lua Nova, São Paulo, n. 83, p. 217-257, 2011.
  • VANDENBERGHE, Frédéric. Introduction à la sociologie (cosmo)politique du risque d'Ulrich Beck.Revue du MAUSS, v. 1, n. 17, p. 25-39, 2001.
  • WYNNE, Brian. Sheep farming after Chernoby - A Case Study in Communicating Scientific Information. Environment Magazine, v.31, p.10-15, 1989.
  • YEARLEY, Steven. Sociology and climate change after Kyoto: what roles for social science in understanding climate change?. Current Sociology, v.57, n.389-405, 2009.
  • i
    Ver artigos em jornais diários: Kaldow & Selchow, 2015KALDOR, Mary.; SELCHOW, Sabine.. Ulrich Beck obituary. The Guardian, 06 jan. 2015. accessed 10 March 2015: < http://www.theguardian.com/education/2015/jan/06/ulrich-beck>.
    http://www.theguardian.com/education/201...
    ; Smale, 2015SMALE, Alisson. Ulrich Beck, Sociologist Who Warned of Technology, Dies at 70 . The New York Times, 04 jan. 2015. Sccessed 10 March 2015: <http://www.nytimes.com/2015/01/05/world/europe/ulrich-beck-sociologist-who-warned-of-dangers-of-technology-is-dead-at-70.html?_r=0>.
    http://www.nytimes.com/2015/01/05/world/...
    .
  • ii
    No norte da Ucrânia, em 26 de abril de 1986, foi registrado um acidente com o reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl. Na época, o governo soviético levou mais de 24 horas para evacuar a região, e outros dois dias para admitir o desastre ao mundo. Além disso, não informou à população sobre como deveriam agir e ainda enviou centenas de soldados, policiais e bombeiros à região para apagar o fogo, sem qualquer proteção. O Ministério da Saúde da Ucrânia anunciou, recentemente, que 2,3 milhões de pessoas, em oito cidades e espalhadas por 2,1 mil vilarejos no país, de alguma forma sofreram ou ainda sofrerão problemas de saúde como consequência da explosão (O ESTADO DE S. PAULO, 2006; CHAVES, 1998; DI GIULIO, 2012DI GIULIO, Gabriela Marques. Risco, ambiente e saúde: um debate sobre comunicação e governança do risco em áreas contaminadas. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2012.).
  • iii
    Ver entrevista de Ulrich Beck: "Incertezas fabricadas - Entrevista com o sociólogo alemão Ulrich Beck".
  • iv
    Para uma crítica da crítica do nacionalismo metodológico formulada por Beck, ver: Chernilo, 2006CHERNILO, Daniel. Social's Theory methodological nationalism: myth and reality.European Journal of Social Theory, London, Thousand Oaks, CA and New Delhi, v. 9, n. 1, p. 05-22, 2006.; FINE, 2007, p. 07-14FINE, Robert. Cosmopolitanism. London: Routledge, 2007..
  • v
    A teoria de Beck foi amplamente mobilizada por pesquisadores de áreas diversas. Entre eles, citamos apenas alguns: ALLAN et al., 1999ALLAN, Stuart.; ADAM, Barbara.; CARTER, Cynthia.. (eds.) Environmental risks and the media. London: Routledge, 1999.; ADAM et al., 2000ADAM, Barbara.; BECK, Ulrich.; LOON, Jost van. (eds.)The Risk Society and Beyond:Critical Issues for Social Theory. London: SAGE, 2000.; Guivant, 2000GUIVANT, Júlia. Reflexividade na sociedade de risco: conflitos entre leigos e peritos sobre os agrotóxicos. In: HERCULANO, Selene; PORTO, Marcelo Firpo de Souza; FREITAS, Carlos Machado de (org.) Qualidade de Vida & Riscos Ambientais. Niterói: EdUFF, 2000, p. 281-303.; FERREIRA, 2006FERREIRA, Leila da Costa. Idéias para uma sociologia da questão ambiental no Brasil. São Paulo: Annablume, 2006.; Ianni, 2010IANNI, A. Sobre a aplicabilidade da teoria de Ulrich Beck à realidade brasileira: situação de saúde e ação política. Revista Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 15, n. 29, p. 471-490, 2010.; Tavolaro, 2011TAVOLARO, Sérgio B. de Faria Freyre Damatta e o lugar da natureza na "singularidade brasileira". Revista Lua Nova, São Paulo, n. 83, p. 217-257, 2011.; DI GIULIO, 2012DI GIULIO, Gabriela Marques. Risco, ambiente e saúde: um debate sobre comunicação e governança do risco em áreas contaminadas. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2012.; CASTRO, 2012CASTRO, Bianca S. de. Organismos geneticamente modificados: as noções de risco na visão de empresas processadoras, organizações não governamentais e consumidores. 2012. 423f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.; Arnaut, 2013ARNAUT, Danilo. Da bioesfera à sociedade global: contribuições das teorias de risco para a sociologia da globalização. Cadernos CERU, v. 24, n. 1, São Paulo, p. 137-168, 2013.. Para a consulta dos aspectos gerais da teoria, sugerimos: Vandenberghe, 2001VANDENBERGHE, Frédéric. Introduction à la sociologie (cosmo)politique du risque d'Ulrich Beck.Revue du MAUSS, v. 1, n. 17, p. 25-39, 2001.; BOSCO, 2013BOSCO, Estevão. Sociedade de risco. In: DI GIOVANNI, Geraldo; NOGUEIRA, Marco Aurélio. Dicionário de Políticas Públicas. São Paulo: FUNDAP e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, p. 471-473, 2013 . e 2015 (no prelo)________. Sociedade de risco: introdução à sociologia do risco de Ulrich Beck. São Paulo: Annablume & FAPESP, 2015 (no prelo)..
  • vi
    Ver entrevista de Ulrich Beck: "Incertezas fabricadas - Entrevista com o sociólogo alemão Ulrich Beck".
  • vii
    Além das avaliações críticas já mencionadas, também destacamos: MYTHEN, 2004MYTHEN, Gabe. Ulrich Beck: a critical introduction to the risk society. London: Pluto Press, 2004.; COSTA, 2006, p. 49-82FERREIRA, Leila da Costa. Idéias para uma sociologia da questão ambiental no Brasil. São Paulo: Annablume, 2006.; BHAMBRA, 2011BHAMBRA, Gurminder. Cosmopolitanism and post-colonial critique. In: ROVISCO, Maria; NOWICKA, Magdalena (ed.) The Ashgate Companion to Cosmopolitanism. Farnham: Ashgate Publishing Limited, p. 313-28, 2011 .; MARTINS, 2011MARTINS, Hermínio. Experimentum humanum: civilização tecnológica e condição humana. Lisboa: Relógio D'Água, 2011.; JERÓNIMO, 2014JERONIMO, Helena M.. Riscophrenia and "animal spirits": clarifying the notions of risk and uncertainty in environmental problems. Sci. stud. [online]. 2014, vol.12, n.spe [cited 2015-02-13], pp. 57-74, 2014.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    19 Mar 2015
  • Aceito
    28 Mar 2015
ANPPAS - Revista Ambiente e Sociedade Anppas / Revista Ambiente e Sociedade - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistaambienteesociedade@gmail.com