Acessibilidade / Reportar erro

ENTREVISTA COM JORIO DAUSTER

Nascido na cidade do Rio de Janeiro em 19 de novembro de 1937, Jorio Dauster dividiu a vida entre o serviço diplomático e a tradução literária. Filho de um médico e de uma professora, foi nesta família da classe média carioca que ele descobriu a afinidade com a literatura. “Já com treze, catorze anos, eu lia Balzac, Dostoiévski, o que quer que estivesse por cima das mesinhas ou nas estantes”, conta Dauster. Nos anos 1960, ele entrou para o Itamaraty e em sua carreira de diplomata atuou na Organização Internacional do Café, foi presidente da Instituto Brasileiro do Café e negociador da dívida externa do Brasil. Depois, foi embaixador junto à União Europeia e, após, atuou na administração e conselhos de grandes empresas. Já na tradução, estreou também nos anos 1960 com J. D. Salinger e mais tarde traduziu grandes nomes da literatura mundial, como Vladimir Nabokov, Ian McEwan, Virginia Woolf, Philip Roth, Alberto Manguel, entre muitos outros. Aos 85 anos, Dauster segue muito ativo e, ao todo, sua obra tradutória já soma mais de oitenta obras.

A entrevista que apresentamos aqui é uma versão reduzida da que foi publicada como um dos volumes da coleção Palavra de Tradutor, uma parceria da editora Medusa com a Pós-Graduação em Estudos da Tradução (PGET/UFSC).

Cadernos de Tradução [CT]: Como você estabeleceu suas relações com as línguas estrangeiras? Que línguas conhece e como as aprendeu? Como surgiu o seu interesse por línguas e qual o seu processo de aprendizagem? Na sua família, havia outra língua doméstica, além do português?

Jorio Dauster [JD]: Meu pai era médico, minha mãe professora de filosofia no Instituto de Educação do Rio de Janeiro, ambos monoglotas, mas que me transmitiram fortíssimo interesse pela única língua que falavam. Os dois eram amantes da leitura e, já com treze, catorze anos, eu lia Balzac, Dostoiévski, o que quer que estivesse por cima das mesinhas ou nas estantes. Assim, tendo a felicidade de haver sido criado numa era sem televisão, bem cedo me encantei pela literatura, razão pela qual não consigo nem ir ao banheiro sem levar alguma coisa para ler, em última instância uma bula de remédio. Como decorrência natural desse tipo de formação, sempre gostei de escrever, tirando as melhores notas em redação. Mas, em matéria de línguas estrangeiras, até os vinte anos não passei dos modestos conhecimentos adquiridos nas aulas de francês e de inglês no Colégio Militar do Rio de Janeiro.

Cursando sem entusiasmo o primeiro ano da Faculdade de Direito e passando mais tempo nos salões de bilhar do que nas salas de aula, minha irmã mais velha me convidou então para passar uns tempos em Washington, onde, casada com um diplomata, ela morava há algum tempo. Aceitei de bom grado a chance de mudar de vida, que andava mesmo muito besta, e lá passei um ano durante o qual, fazendo alguns cursos de economia nas universidades locais, desenvolvi o conhecimento de inglês, reforçado pelas leituras – inclusive do Catcher in the Rye – que eram proporcionadas por meu cunhado. Depois de um ano por lá, voltei ao Brasil decidido a ser diplomata e, apesar das dificuldades financeiras de meus pais, tive excelentes professores particulares de inglês e francês, à época matérias eliminatórias no exame de admissão ao Instituto Rio Branco. A partir de então, o inglês foi sendo aprimorado continuamente pelas leituras e pelas exigências da carreira, chegando depois o espanhol, aprendido de ouvido durante os muitos anos em que cuidei das questões internacionais do café. Uma incipiente tentativa de falar russo não foi além do aprendizado do alfabeto cirílico.

[CT]: Como a tradução entrou na sua vida? A tradução surgiu na sua vida ou foi uma opção buscada? A sua origem e formação inicial contribuíram para isso?

[JD]: A primeira tradução que fiz foi fruto da estada em Washington, onde me apaixonei pelo Catcher que, lançado em 1951, já se transformara em “culto” quando o li em 1957. De volta ao Rio, encontrei-me por acaso com Álvaro Alencar depois de anos sem vê-lo; por coincidência, ele também pensava cursar o Rio Branco (que eu já frequentava) e, ao conversarmos sobre literatura, descobrimos que os dois eram vidrados no livro do Salinger. Surgiu daí a ideia de uma tradução a quatro mãos porque ninguém no Brasil parecia ter notícia da existência daquela obra tão popular no mundo inteiro. Obviamente, o projeto rendeu muitas rodadas de chope e poucos linhas no papel, até que, por volta de 1962, pusemos mãos à obra quando já éramos diplomatas. Foi então que soubemos que Antônio Rocha, alguns anos à nossa frente na carreira (e ele próprio escritor), estava também traduzindo o Catcher; tratamos de “recrutá-lo” e daí resultou o trabalho incomum a seis mãos com um caráter totalmente amadorístico, uma vez que a tradução não fora encomendada por nenhuma editora e nem sabíamos o que fazer com o manuscrito uma vez pronto. Em 1964, depois do golpe militar, fui considerado subversivo e fiquei seis meses em casa. Como meus dois colegas haviam sido transferidos para postos no exterior, passei inúmeras horas revendo o texto e cuidando de homogeneizar a linguagem (eu e Álvaro éramos cariocas, o Antônio, nordestino – e isso fazia diferença num texto essencialmente coloquial).

De volta ao Itamaraty, e lotado numa divisão inexpressiva, aproveitei para traduzir O governo invisívelWise, David Ross; Ross, Thomas. O Governo Invisível: (As fôrças ocultas nos Estados Unidos. Tradução de Jorio Dauster. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. porque o livro denunciava as intervenções da CIA nos países latino-americanos, tendo sido publicado em 1965 pela combativa Editora Civilização Brasileira, Depois disso, ainda cotraduzi com Álvaro Alencar as maravilhosas Nove estórias do Salinger, publicadas em 1969. Convidado a traduzir as duas outras obras que o então eremita tinha concordado em publicar – Raise High the Roofbeam, Carpenter and Seymour, an Introduction e Franny & Zooey – declinei por ter sido removido para o Consulado-Geral em Montreal, onde, nas horas vagas, fiz cursos de economia na McGill University. No entanto, muitos anos depois, tive a alegria de fazer uma nova versão do que foi intitulado Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira e Seymour, uma apresentação.

[CT]: As suas primeiras traduções foram nos anos 1960. Depois, aparentemente, há uma pausa de uma década e meia. O que aconteceu neste intervalo?

[JD]: Infectado mortalmente pelo vírus da tradução na década de 1960, as demandas da vida privada e profissional só me permitiram voltar às lides bem mais tarde, quando eu servia em Londres, com o Fogo pálido de Vladimir Nabokov, publicado em 1985 e seguido em 1987 de O mago, também de Nabokov. Novo intervalo ao voltar para o Brasil e assumir a presidência do extinto Instituto Brasileiro do Café, chefiando a seguir a negociação da dívida externa brasileira quando saímos da moratória. Anos depois, já em Bruxelas como embaixador junto à União Europeia, tive a bem-aventurança de traduzir a extraordinária obra-prima de Vladimir Nabokov Lolita (publicada pela Companhia das Letras em 1994) e, nos anos subsequentes, Machenka, Perfeição e outros contos e Riso no escuro. Novo intervalo enquanto, de volta ao Brasil, presidi a VALE, retomando a série Nabokov, já depois de sair da empresa, com Detalhes de um pôr do sol e outros contos (2002). Ada (2005) e A defesa Lujiin (2008). Agora livre das obrigações cotidianas de diplomata ou executivo, engrenei de vez como tradutor diletante e abri o compasso para abrigar Philip Roth, Ian McEwan, Virginia Woolf, Alberto Manguel, Jonathan Franzen e tantos, tantos outros.

[CT]: Quais das suas traduções lhe deram mais prazer ao realizá-las?

[JD]: Traduzir é sempre um prazer para mim por duas razões essenciais. A primeira é o fato de ter um temperamento lúdico em que vejo cada tradução como um enorme quebra-cabeça onde todas as palavras são de fato pecinhas a serem colocadas no lugar certo para que surja, no final, o texto transmudado para o vernáculo. Nesse tipo de jogo, por exemplo, eu também gosto muito de traduzir livros que não li porque vou me surpreendendo com o texto à medida que nele trabalho. A outra razão é meu gosto pela literatura e o reconhecimento precoce de que não poderia declarar, como Castro Alves em Mocidade e morte, que “sinto em mim o borbulhar do gênio”. Em vez de ser um escritor medíocre, compondo alguns continhos de qualidade discutível, preferi trazer com esmero para o português do Brasil as obras que me empolgam. E, ocasionalmente, encontro uma pérola na ostra, como quando, naquela página inicial antológica em que Humbert Humbert define Lolita como luz de sua vida, temos em inglês o poderoso “my sin, my soul” com dois monossílabos sibilantes, que se desmancharia na versão literal de “meu pecado, minha alma”. Ocorreu-me então, exercendo o mínimo de liberdade a que me permito, “minha alma, minha lama”. E não é que uma recente tradutora do livro em Portugal aproveitou o achado e o reproduziu em seu texto (fazendo o devido reconhecimento na introdução)? Coisas gratificantes do ofício...

[CT]: Qual foi o autor ou a autora traduzido(a) por você cujo texto trouxe mais desafios para a tradução?

[JD]: Cada obra corresponde a um tipo diferente de desafio, desde o tom solene de Henry James ao linguajar necessariamente escrachado de James Baldwin ao descrever vidas conturbadas no Harlem. O tradutor é obrigado a dar um salto mortal quando passa de um texto escorreito e preciso de Ian McEwan (a meu juízo o maior escritor vivo de língua inglesa) para Belos e malditos de Scott Fitzgerald, que barrocamente apõe dois ou três adjetivos a cada substantivo e um ou dois advérbios a cada verbo, sem falar nas descrições líricas de cenários cotidianos. Para mim, a graça do ofício está exatamente em lidar com essas diferenças, algo semelhante ao músico que interpreta à tarde uma peça clássica numa orquestra sinfônica e, à noite, participa de uma roda de choro. Mas sou obrigado a reconhecer que sempre dediquei um cuidado excepcional aos livros de Nabokov porque neles, como nos de seu adorado Flaubert, não há uma palavra posta no papel por acaso. Não era à toa que, como ourives linguístico, Nabokov gostava de folhear os volumes do Oxford English Dictionary com suas mais de 600.000 mil palavras...

[CT]: O fato de traduzir várias obras de um mesmo autor facilita o seu trabalho?

[JD]: Não se trata tanto de facilitar, mas é a mesma alegria que se tem ao visitar um amigo. A gente já conhece certos truques de estilo, certas construções mais costumeiras, até mesmo certas manias. E, às vezes, em geral quando se trabalha à noite, é fácil imaginar que o autor está olhando por cima de seu ombro e sussurra aquela palavra que você estava procurando em vão.

[CT]: Em uma entrevista, você fala sobre a sua preocupação com o leitor e com que o texto seja atual. Como isso se reflete na sua prática de tradução?

[JD]: Acho que a boa tradução é aquela que faz o leitor brasileiro sentir que está lendo um texto recentemente escrito em português. E isso sem tomar liberdades com o original, respeitando o tom e o estilo do autor, sendo tão literal quanto possível. Não tenho nenhuma fórmula ou receita que garanta esse efeito, mas, como só traduzo do inglês, sinto a necessidade de mudar com frequência a ordem das palavras ou das orações numa frase, assim como, obviamente, reduzir ao mínimo os pronomes pessoais obrigatórios no original. Outra necessidade é encontrar equivalentes no vernáculo às expressões idiomáticas, que se tornam ridículas quando traduzidas literalmente por quem não as conhece. São coisas assim que, acumuladas, fazem toda a diferença. E um bom teste é, na dúvida, ler o que foi traduzido em voz alta: o ouvido é mais exigente que os olhos...

[CT]: Na sua tradução de O apanhador no campo de centeio, realizada em 1965, já se percebe uma compreensão muito boa sua (e talvez rara para a época) da questão da tradução da oralidade. A sua referência na tradução da oralidade é própria literatura ou a observação direta da fala cotidiana?

[JD]: Como disse antes, o Apanhador foi minha primeira experiência como tradutor, mas era clara a necessidade de fazer justiça ao autor, mestre do diálogo, que ali sem dúvida reproduzia o depoimento gravado do adolescente que se recuperava de um colapso nervoso. Assim, quando cuidei de preparar o texto final, cada frase tinha de passar o teste do ouvido que mencionei acima, razão pela qual a única adversativa usada é “mas” porque nenhum rapazote apelaria para os poréns, entretantos e contudos. Outro problema eram as gírias, exigindo certa dose de adivinhação para apostar naquelas que, como “bacana”, teriam vida mais longa. O que surpreende é que aquela versão, transitando em terreno tão movediço, já resistiu mais de meio século sem se tornar ilegível.

[CT]: Na sua lista de traduções, percebe-se que algumas foram feitas em colaboração. Como se dá esse processo? Há algum acerto para todos os tradutores envolvidos encontrarem uma dicção semelhante?

[JD]: De fato tive algumas experiências de cotradução, e a que exigiu mais cuidados de harmonização foi efetivamente o Apanhador devido à sua oralidade. Nos outros casos, as diferenças não eram notáveis e se resolviam por um processo de aproximações sucessivas em que, a partir da tradução feita por cada qual de certa parte do livro, se chegava a um texto aceito por todos após ampla troca de observações e sugestões de mudança. No entanto, a experiência mais interessante foi com Fogo Pálido, uma das maiores e mais complexas obras de Nabokov, que consiste nos comentários (de um louco?) a um poema de 999 versos divididos em quatro cantos simétricos. Os versos, embora num estilo informal que lembra Robert Frost, são decassílabos heroicos rimados dois a dois, fazendo com que todas as traduções que eu conhecia os transformassem em versos livres e sem rimas. Achando que isso era um desrespeito ao autor, decidi empreender uma versão que ao menos obedecesse à métrica do decassílabo. Terminada essa aventura lúdica, mas inseguro quanto à correção técnica da colocação das sílabas tônicas, pedi a meu colega Sérgio Duarte, exímio sonetista, que desse uma olhada na coisa. Seus cuidados com as primeiras estrofes fizeram com que eu praticamente o obrigasse a dividir comigo a tarefa, com o que, ao longo de meses (e antes de existir a internet), eu em Londres e ele em Genebra nos engajássemos num processo iterativo em que os conflitos remanescentes com respeito a um punhado final de versos tiveram de ser resolvidos num animado encontro cara a cara (mas sem cenas de pugilato). Feito isso, eu consultei sobre o texto Antonio Houaiss (também diplomata) enquanto Sergio Duarte consultava Paulo Rónai. Recebida a chancela desses dois expoentes do ofício, o resto do livro foi um passeio.

[CT]: Os títulos das suas traduções são discutidos com os editores? Qual a sua opinião sobre O apanhador no campo de centeio, por exemplo?

[JD]: Em geral, traduzo o título literalmente, mas a decisão final é obviamente da editora, que comercializa o produto. Recentemente, houve um caso interessante com um livro de McEwan intitulado no original The Children Act – que seria em português A lei das crianças ou Estatuto de menores, algo horroroso do gênero. Assinalei aos editores que, com um título assim o livro iria parar na seção de obras de direito das livrarias e, graças a meu “pedido de reconsideração”, o próprio autor se saiu com o belo título A balada de Adam Henry. As dificuldades relativas a O apanhador no campo de centeio – título de todo estapafúrdio – são uma história mais complicada que conto num artigo escrito há alguns anos e enviado em anexo.

[CT]: Alguns dos autores que traduziu tiveram longas experiências no exterior na infância, como o Ian McEwan, escreveram em uma língua que não era a materna, como Nabokov, ou tematizam a imigração, como o Philip Roth. Isso influenciou de algum modo, seja na escolha do que traduzir, seja na própria tradução?

[JD]: Confesso que nem havia me dado conta dessas características de alteridade mencionadas na pergunta com respeito à experiência de vida e/ou obra de alguns de meus autores prediletos. Na verdade, o único que pude de fato escolher foi Nabokov, tendo sugerido à Companhia das Letras publicar Fogo pálido em 1985 e, a partir de então, vertido diversas obras do autor enquanto os direitos de tradução no Brasil permaneceram com aquela editora. Nos demais casos, tive a sorte de receber o oferecimento de um primeiro livro de McEwan (O jardim de cimento) e de Roth (Indignação), ambos publicados em 2009, conquistando daí em diante a incumbência de verter várias outras obras de cada um desses autores. No entanto, vale notar que só traduzi diversos livros da fase russa de Nabokov porque ele próprio, com a ajuda do filho Dmitri, os traduziu para o inglês.

[CT]: As concepções de literatura e tradução dos autores que traduz o influenciaram de alguma forma na sua prática? O senhor costuma ler trabalhos de cunho teórico sobre tradução?

[JD]: Eu acho que a tradução teve e tem importância na minha vida não por influenciar meu comportamento ou maneira de pensar, e sim por oferecer uma janela através da qual posso enxergar um outro mundo riquíssimo que nada tem a ver com as preocupações cotidianas e as obrigações profissionais. Costumo dizer que é minha nave espacial, uma forma de ativar as ondas alfa mais eficaz que a meditação – e, em último caso, um aparelho de ginástica mental que combate a senilidade em todas as suas formas. Mas, com as devidas vênias que aprendemos com nossos eminentes juristas, confesso que nunca li um livro teórico sobre tradução e não pretendo fazê-lo.

[CT]: Como é a sua relação com os editores e, principalmente, com os profissionais da revisão? Já teve problemas? Costuma receber os seus originais traduzidos depois de revisados para uma última olhada nas alterações?

[JD]: As relações com editores são excelentes porque deles recebo o oferecimento de livros para traduzir invariavelmente de alto nível, mas tendo plena liberdade de aceitar ou não. Ademais, como traduzo por diletantismo e exerço outras atividades, em geral não me prendo a prazos fatais, podendo seguir um ritmo próprio. Atribuo imensa importância aos preparadores de texto, que não deixam passar nenhum deslize ortográfico, repetição próxima de palavras, omissões até de frases, além de ocasionalmente fazerem oportunas sugestões substantivas. Costumo receber o texto preparado e, quando há sugestões de alteração de palavras, posso aceitá-las ou não. E, num ofício tão pouco valorizado como o da tradução, tenho orgulho em ver meu nome estampado na capa ou contracapa dos livros que traduzo.

[CT]: Como é a sua rotina de trabalho quando está traduzindo? Traduz rápida ou lentamente? Quantas horas por dia? Como lida com as novas tecnologias no seu trabalho? Usa as Cat Tools (Computer Assisted Translation)?

[JD]: Lembro a tortura que era no passado traduzir à mão, com o livro aberto ao lado, e depois bater o texto à máquina, bem como a preguiça de fazer quaisquer alterações pois isso significava rebater toda a página. Hoje, sempre que humanamente possível, ponho o texto original no computador e vou traduzindo e deletando, traduzindo e deletando. Na primeira passagem só paro quando busco uma palavra que está escapando ou encontro alguma referência estranha que exige uma googlada. Volto depois com mais vagar aos trechos traduzidos, dando-lhes as feições quase finais, embora comumente ainda empreenda uma nova repassada antes de mandar para a editora. Como disse antes, quando trabalho com um livro desconhecido faço questão de ir traduzindo e me surpreendendo com a trama como se fosse um mero leitor. Não tenho horários certos para trabalhar, basta a felicidade de saber que existe algo desafiador me esperando o tempo todo para ser acionado com alguns toques no teclado. Nem sei o que são essas Cat Tools – e não quero saber! Quando sou chamado a traduzir um livro que já foi vertido para o português, jamais procuro conhecer a versão anterior, pois acho que isso iria poluir minha visão própria do texto. Mas gosto quando alguém se anima a comparar as versões...

Referências

  • Wise, David Ross; Ross, Thomas. O Governo Invisível: (As fôrças ocultas nos Estados Unidos. Tradução de Jorio Dauster. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    29 Jul 2022
  • Aceito
    19 Set 2022
  • Publicado
    Jan 2023
Universidade Federal de Santa Catarina Campus da Universidade Federal de Santa Catarina/Centro de Comunicação e Expressão/Prédio B/Sala 301 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: suporte.cadernostraducao@contato.ufsc.br