Acessibilidade / Reportar erro

FORMAÇÃO ACADÊMICA DAS/OS BIBLIOTECÁRIAS/OS PARA A INCLUSÃO DE PESSOAS SURDAS EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO

Formation of librarians for the inclusion of the deaf people in information units

RESUMO

Objetivo:

Investigar a percepção de egressas/os do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás acerca da Libras durante a graduação. De maneira específica identifica quais escolas de Biblioteconomia no Brasil inserem a disciplina de Libras no currículo e analisa as condições do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás em relação à formação das/os discentes para a comunicação com pessoas surdas e inclusão em unidades de informação.

Método:

Pesquisa qualitativa de caráter exploratório com pesquisa bibliográfica, documental e aplicação de questionário. Adota a análise estatística e o Discurso do Sujeito Coletivo como técnica para tratamento e interpretação dos dados.

Resultado:

Aponta que a maioria dos cursos de Biblioteconomia insere a disciplina de Libras no currículo na modalidade optativa e que as/os bibliotecárias/os egressas/os não se sentem preparadas/os para a interação com surdas/os em seus ambientes de trabalho, e por isso concordam com a presença e a oferta da disciplina na graduação.

Conclusões:

Existe a necessidade de deslocar o assunto para o centro das discussões no processo formativo a fim de desenvolver ações estratégicas para essa formação e para a oferta da disciplina de Libras.

PALAVRAS-CHAVE:
Ensino de Biblioteconomia; Currículo; Formação profissional; Surdez; Língua Brasileira de Sinais

ABSTRACT

Objective:

Investigate the perception of the graduates of the Librarianship course about the Libras during graduation. And specifically, to identify which schools of Librarianship in Brazil insert the discipline of Libras in the course curriculum and analyze the conditions of the Universidade Federal de Goiás Librarianship course in relation to the formation of students for communication with deaf people and social inclusion in information units.

Methods:

A qualitative research exploratory through bibliographic, documentary research and the application of questionnaires. It adopts the statistical analysis and the Discourse of the collective subject for data treatment and interpretation.

Results:

It points out that most Librarianship courses insert the discipline of Libras in the curriculum in the optional modality, and that librarians graduates do not feel prepared for the interaction with deaf people in their work environment, and therefore they agree with the presence and offering of the discipline in graduation.

Conclusions:

There is a need to take the issue to the center of undergraduate discussions to develop strategic actions for this training and for the provision of the discipline of Libras.

KEYWORDS:
Library education; Curriculum; Professional training; Deafness; Brazilian sign language

1 INTRODUÇÃO

A promoção de um ambiente inclusivo pressupõe um espaço multicultural e de acesso igualitário com condições que possibilitem a qualidade de vida, o exercício da cidadania e o estímulo a convivência com a pluralidade. Nesse sentido, as unidades de informação precisam desde o primeiro contato da/o usuária/o com o ambiente, promover condições para sua permanência e frequência no espaço, uma vez que diferentes barreiras podem impedir que a pessoa tenha suas necessidades de informação atendidas.

De acordo com a Diretriz Curricular Nacional do curso de Biblioteconomia, a formação das/os bibliotecárias/os deve prepará-las/os para “refletir criticamente sobre a realidade que os envolve” (BRASIL, 2001, p. 32). Compreende-se assim que faz parte do papel social da/o bibliotecária/o facilitar o acesso à informação para todos os indivíduos, a fim de favorecer a construção do conhecimento e a diminuição das desigualdades sociais. Neste contexto, percebe-se o potencial da/o profissional para a promoção de um ambiente inclusivo que minimize as barreiras informacionais e comunicacionais no atendimento das pessoas surdas.

A Comunidade Surda está ligada pela sua história e seus costumes, isto é, compartilham uma cultura, desse modo, torna-se fundamental percebê-la não apenas como sujeitos isolados, mas como integrantes de um grupo multifacetado (STROBEL, 2018STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a Cultura Surda. 4. ed. Florianópolis: UFSC, 2018.). Uma vez que há uma diversidade de definições e percepções sobre a surdez, nesta pesquisa, entende-se como pessoa surda “[...] aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais [...]” (BRASIL, 2005, p. 1) e se comunica por meio da leitura labial, da oralização, da sinalização em língua de sinais, ou outras formas de comunicação.

Há diferentes línguas de sinais, e elas não são universais. Nos Estados Unidos, por exemplo, utilizam oficialmente a Língua de Sinais Americana, na França, a Língua de Sinais Francesa e mesmo dentro de um único país pode haver diversidade de línguas, como por exemplo, nas comunidades surdas rurais e indígenas. No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais, Libras é a língua de sinais oficialmente reconhecida.

Diante de tal complexidade, pode-se mensurar a necessidade da formação das/os discentes do curso de Biblioteconomia para a comunicação e inclusão de surdas/os em unidades de informação. Conforme identifica Ishimoto e Romão (2015ISHIMOTO, Adonai Takeshi; ROMÃO, Lucília. Maria Sousa. O silêncio dos ouvintes: o bibliotecário em relação ao leitor surdo. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 2, p. 31-42, 2015. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/16329. Acesso em: 19 ago. 2019.
http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapc...
, p. 34) “[...] é crucial para essa comunicação que o bibliotecário tenha um conhecimento básico sobre a comunidade surda e a deficiência auditiva [...]”. Visto que tal conhecimento acerca da pluralidade da surdez, da Cultura Surda e da Libras potencializaria as condições para a prestação de produtos e serviços de informação e atendimento de surdas/os em ambientes informacionais.

Por isso, a presente pesquisa discute a problemática: o curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) tem preparado suas/seus discentes para a comunicação com surdas/os e inclusão em unidades de informação?

Em vista disso, o objetivo geral do estudo é investigar a percepção de egressas/os do curso de Biblioteconomia da UFG acerca da Libras durante a graduação. E os objetivos específicos foram identificar quais escolas de Biblioteconomia no Brasil inserem a disciplina de Libras no currículo e analisar as condições do curso de Biblioteconomia da UFG em relação à formação para a comunicação com pessoas surdas e inclusão em unidades de informação.

Deste modo, a pesquisa busca contribuir para o desenvolvimento do tema na Biblioteconomia e Ciência da Informação ao discutir sobre a formação da/ bibliotecária/o, investigar as condições para a oferta da disciplina de Libras e estimular um debate que suscite o desenvolvimento de ações concretas que promovam mudanças de perspectivas acerca das/os surdas/os e o interesse de pesquisadoras/es da área pela temática.

2 A FORMAÇÃO DA/O BIBLIOTECÁRIA/O PARA A INCLUSÃO DE SURDAS/OS

A natureza do trabalho bibliotecário envolve realizar o tratamento, organização e disseminação da informação, além disso, como se atua para uma comunidade de usuárias/os a/o profissional tem responsabilidades sociais quanto ao acesso à informação e promoção à cidadania.

O aspecto social da profissão bibliotecária configura-se na possibilidade de promover a diminuição de barreiras no acesso à informação. Por isso, espera-se que em ambiente informacional, as/os usuárias/os surdas/os sejam percebidas/os, bem como, possam utilizar dos recursos, acervos e serviços de modo a atender suas necessidades de informação e formação. Ferreira e Chagas (2016FERREIRA, Rosangela Rocha; CHAGAS, Kenilce Reis. O bibliotecário como mediador no processo de inclusão do surdo em bibliotecas universitárias. Revista Bibliomar, São Luís, v. 15, n. 1, jan./dez. 2016. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bibliomar/article/view/6623. Acesso em: 19 ago. 2019.
http://www.periodicoseletronicos.ufma.br...
, p. 89-90) expõem que:

[...] a unidade de informação deve investir para atrair esse usuário ao seu ambiente, como por exemplo, desenvolvendo ações que deixem seu acervo com informações mais visuais, recursos audiovisuais adaptados com legendas detalhadas e promovam a comunicação e atendimento adequado a partir do uso de habilidades e competências especiais de seus recursos humanos e da disponibilização e acesso aos diversos recursos tecnológicos.

Para isso, é necessário ter conhecimentos básicos sobre a surdez, seus aspectos sociais, a Comunidade Surda e a Libras. Se na formação bibliotecária este tema for introduzido pode fazer com que a/o discente esteja mais consciente sobre as especificidades do povo surdo e seus direitos a acessibilidade.

Esta formação para inclusão, durante o curso de Biblioteconomia, pode acontecer com a oferta da disciplina de Libras, já prevista no Decreto Nº 5.626/2005 que proporcionaria a ampliação da percepção da/o bibliotecária/o sobre a surdez e a Cultura Surda. Ou em eventos que discutem a temática e até em oficinas e treinamentos de capacitação em Libras que contemplem noções básicas para a comunicação.

Mas a concretização destas propostas no curso de Biblioteconomia depende de inúmeros fatores. Barros, Cunha e Café (2018BARROS, Camila Monteiro de; CUNHA, Miriam Vieira da; CAFÉ, Lígia Maria Arruda. Estudo comparativo dos currículos dos cursos de Biblioteconomia no Brasil. Informação & Informação, Londrina, v. 23, n. 1, p. 290-310, jan./abr. 2018. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/24524. Acesso em: 16 nov. 2019.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
, p. 292) relembram que a organização curricular do curso envolve “[...] a comunicação entre a sociedade, governo e universidade [...]” e que esta é mediada também pelas associações profissionais. Isto é, inclui o interesse das partes relacionadas e espaço nos projetos políticos pedagógicos para sua realização.

No entanto a abordagem do assunto na graduação abre espaço para que as/os discentes discutam sobre as dificuldades de comunicação e acesso à informação que as/os usuárias/os surdas/os enfrentam. Acredita-se que o debate na formação acadêmica suscita o interesse da/o graduanda/o que pode ser aprofundado posteriormente na modalidade de formação continuada.

2.1 A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

A Língua Brasileira de Sinais é uma língua presente nas comunidades surdas por todo o Brasil, principalmente nas localizadas nos centros urbanos. Como indica Strobel (2018STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a Cultura Surda. 4. ed. Florianópolis: UFSC, 2018.) é uma língua visual-espacial com gramática independente da Língua Portuguesa.

De acordo com o artigo 2º da Lei nº 10.436/2002 que oficializa a Libras “deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras [...]” (BRASIL, 2002, documento online). Diante disso, pode-se supor que se estabelece o dever por parte destas instituições de viabilizar o uso da Libras, a formação de profissionais especializadas/os, a provisão de tradutoras/es e intérpretes para atender as/os surdas/os e de recursos de acessibilidade.

Os demais artigos da legislação dispõem do acesso à saúde, atendimento e tratamento, como também, da inclusão da Libras em alguns níveis de ensino. Medidas que foram detalhadas no Decreto Nº 5.626/2005 publicado para a regulamentar a Lei nº 10.436/2002 e que especifica as ações necessárias para que a lei se cumpra. Como, por exemplo, a inclusão da Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de Fonoaudiologia, Pedagogia e nas licenciaturas, isto é, na formação de professores de modo geral. Ademais a institui como optativa nos cursos de bacharelado (BRASIL, 2005).

Apesar dessas medidas, o decreto não estabeleceu um conteúdo norteador para realização da disciplina, ficando a cargo de cada Instituição de Ensino Superior (IES) a organização quanto à elaboração e a oferta da componente curricular, principalmente para os cursos em que se tornou obrigatório. Por isso supõem-se uma diversidade de ementas e conteúdos abordados e que variam de acordo com a localidade e instituição.

É importante evidenciar que para que a Libras fosse inserida como disciplina na formação de pedagogas/os, de licenciadas/os de diversas áreas e de fonoaudiólogas/os foram necessários programas centrados na criação de cursos de graduação de Letras: Libras por todo o país para formar professoras/es. O curso de licenciatura em Letras: Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), modalidade à distância criado em 2006 e ofertado em polos espalhados pelo Brasil com o apoio do Ministério da Educação (MEC), se tornou um marco no ensino de Libras (QUADROS; STUMPF, 2018QUADROS, Ronice Muller de; STUMPF, Marianne Rossi. Reconhecimento da língua brasileira de sinais: legislação da língua de sinais e seus desdobramentos. In: STUMPF, Marianne Rossi; QUADROS, Ronice Muller de (Org.). Estudos da língua brasileira de sinais IV. Florianópolis: Insular, 2018.). No que se refere à modalidade presencial, o curso de licenciatura em Letras: Libras da UFG foi o primeiro do país criado em 2009. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2014).

Estas medidas legais estabelecidas pelo governo representam uma conquista para o povo surdo, mas não significam que a luta pelo direito à língua esteja acabada. Pereira (2011PEREIRA, Maria Cristina da Cunha (Org.). Libras: conhecimento além dos sinais. São Paulo: Pearson, 2011., p. 31) argumenta que “[...] a Libras hoje é uma língua que precisa ser construída diariamente por seus usuários que enfrentam a difícil tarefa de dar visibilidade e importância a ela.” Isso se relaciona com as constatações de Quadros e Stumpf (2018QUADROS, Ronice Muller de; STUMPF, Marianne Rossi. Reconhecimento da língua brasileira de sinais: legislação da língua de sinais e seus desdobramentos. In: STUMPF, Marianne Rossi; QUADROS, Ronice Muller de (Org.). Estudos da língua brasileira de sinais IV. Florianópolis: Insular, 2018.) de que ainda há muito que se fazer para que o acesso a Libras esteja assegurado.

Sendo assim, a valorização da Libras, e consequentemente, sua difusão é um processo que envolve um conjunto de fatores como medidas legais, fiscalização das leis, investimento em políticas públicas, e visibilidade da pessoa surda na sociedade. Mesmo sabendo que existem pessoas surdas que não tem a possibilidade ou não querem aprender Libras.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa de caráter exploratório, com pesquisa bibliográfica, documental e aplicação de questionário como instrumento de coleta de dados.

Para atingir os objetivos estabelecidos na pesquisa primeiramente foram elencados os cursos de Biblioteconomia existentes no país para identificar quais incluem a disciplina de Libras e a sua caracterização na grade curricular. A pesquisa foi realizada em outubro de 2020 e revelou a existência de 37 cursos presenciais no Brasil, ofertados por universidades públicas (estaduais e federais) e instituições privadas de ensino.

Em sequência, foi aplicado um questionário com as/os bibliotecárias/os egressas/os do curso de Biblioteconomia da UFG. O questionário de 14 perguntas, sendo 11 fechadas e 3 abertas foi organizado no Google Forms e compartilhado nas redes sociais, LinkedIn, Instagram, Facebook e WhatsApp. Ficou aberto durante o período de 19 a 24 de março de 2021 e obteve 36 respostas.

Para a organização e análise dos dados foram adotadas as seguintes estratégias: a análise estatística para os dados quantitativos e o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para analisar as perguntas abertas do questionário.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A pesquisa documental se deu em outubro de 2020 em quatro etapas: 1) levantamento dos cursos presenciais de Biblioteconomia; 2) localização do Projeto Pedagógico de Curso (PPC)1 1 Evidencia-se que na literatura encontra-se tanto a terminologia Projeto Pedagógico de Curso (PPC) quanto a Projeto Político Pedagógico (PPP). Como ambas se referem ao mesmo tipo de documento, adotou-se nesta pesquisa o uso da primeira forma. ; 3) definição da amostra; e 4) caracterização da disciplina de Libras, (nomenclatura, carga horária e ementa).

Verificou-se por meio do e-MEC2 2 Disponível em: https://emec.mec.gov.br/. , a existência de 37 cursos presenciais de bacharelado em Biblioteconomia no país ofertados por instituições públicas (estaduais e federais) e instituições privadas. Na sequência, tentou-se localizar seus respectivos PPCs nos sites oficiais dos cursos, no entanto, alguns não foram localizados.

Desse modo, somente foram encontrados e analisados na pesquisa um total de 31 PPCs. Neste cenário, descobriu-se que em 13 cursos de Biblioteconomia a Libras não é uma disciplina prevista no PPC. Ao passo que 18 cursos da amostra incluem a disciplina de Libras em seus currículos.

Destaca-se que o curso da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no Nordeste é o único em que a disciplina Libras é de caráter obrigatório, nos demais cursos é optativa ou eletiva. Cabe ressaltar, que a análise documental não pode afirmar se as disciplinas de Libras estão sendo ofertadas na prática, pois para isso, seria necessário um estudo a parte para investigar a oferta.

Em relação à caracterização da disciplina foram observados, a nomenclatura, carga horária e ementa com o intuito de verificar como a disciplina está identificada, apontar quais os assuntos abordados, e a quantidade de horas aula. Todas estas informações estão disponíveis nos PPCs, ementários e planos de ensino dos cursos de Biblioteconomia.

Não houve diferenças quanto à nomenclatura, os dados mostram que todas as denominações das disciplinas fazem referência à língua. Sendo que a maioria utiliza o nome por extenso “Língua Brasileira de Sinais”, a sigla “Libras”, ou ambos. Um pequeno número adicionou palavras como “introdução” e “fundamentos” o que enfatiza um conhecimento básico sobre o assunto, bem como, o numeral “2” referindo-se a uma sequência da disciplina.

Quanto à carga horária os dados revelam que na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) a disciplina tem 80 horas, enquanto a maior parte dos cursos oferta a disciplina em 60 horas-aula. De modo geral a carga-horária varia entre 30 e 80h. Embora o Decreto nº 5.626/2005 determine apenas uma disciplina de Libras de forma isolada, o curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) optou por ofertar duas disciplinas dando uma possibilidade de continuidade nos estudos, ainda que sua carga horária seja de 30 e 45 horas, respectivamente.

No que diz respeito à ementa que sintetiza os conteúdos que serão abordados na disciplina, identificou-se que os aspectos linguísticos e gramaticais da Libras são contemplados em boa parte dos cursos, bem como, noções básicas para conversação. Os conteúdos, em sua maioria, evidenciam o sujeito surdo apresentando tópicos relacionados às perspectivas da surdez, ao histórico da educação, as comunidades surdas e as legislações vigentes. Em relação aos conteúdos como “Cultura Surda” e “identidade surda” estes aparecem explicitamente em algumas ementas, apesar de não ser o foco da maioria que se concentra na apresentação da língua.

Neste contexto, a adoção de assuntos como questões históricas, mobilizações políticas, culturais e sociais, revela um esforço em mostrar as particularidades que envolvem os sujeitos surdos de forma a contribuir para a desconstrução de preconceitos. Os dados indicam ainda o uso das seguintes expressões nas ementas: “especificidades da escrita do aluno surdo” e “prática escolar e formação do professor”, ambas se referindo à prática da docência. Tal fato evidencia que as ementas foram elaboradas para atender as licenciaturas em que há a obrigatoriedade da disciplina.

Ressalta-se que em nenhuma das ementas é estabelecida a relação com a atuação da/o bibliotecária/o, como apontado nas “Diretrizes para serviços de bibliotecas para pessoas surdas” da IFLA (2000), documento que norteia os serviços em todos os tipos de biblioteca e contemplam os aspectos: pessoal, comunicação, acervo, serviços e divulgação.

Em relação à equipe da biblioteca o documento orienta que sejam realizados treinamentos para a conscientização sobre as necessidades das pessoas com surdez e que as escolas de Biblioteconomia incluam em seus currículos a formação para prover serviços de biblioteca para surdas/os. (IFLA, 2000). Tal orientação reforça a importância do conhecimento sobre a Cultura Surda e a Libras durante a graduação.

Além disso, como observado nos PPCs, a disciplina de Libras, nas universidades geralmente está vinculada ao departamento de Letras ou de Educação que é responsável por suprir a oferta da disciplina em toda a Universidade. Esta situação implica alguns obstáculos, para os cursos em que não há obrigatoriedade. Sobre isso, a UFPE (2018) aponta que a alta demanda da disciplina e o quantitativo de professoras/es tem limitado a ampliação da oferta. Em vista disso, aponta-se a importância da formação de professoras/es bibliotecárias/os em Libras para minimizar essas limitações.

Desse modo, a pesquisa documental possibilitou ampliar os conhecimentos sobre a presença da disciplina de Libras nos cursos de Biblioteconomia do país, bem como, proporcionou identificar os entraves no processo de oferta. Os dados apontaram que mais da metade dos cursos de Biblioteconomia da amostra inclui a disciplina no PPC na modalidade optativa, exceto um curso que oferece a disciplina como obrigatória.

4.1 Questionário com as/os egressas/os da UFG

O curso presencial de bacharelado em Biblioteconomia da Faculdade de Informação e Comunicação na Regional Goiânia da UFG está estruturado em 8 (oito) semestres para duração mínima de 4 (quatro) anos no período matutino. O curso teve três reformas curriculares. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2016). A versão curricular corrente é a elaborada em 2016 que teve início com a turma ingressante de 2017.

Até o currículo de 2004, o curso não previa a Libras como uma disciplina (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2004). Com a reforma curricular em 2016, a Libras tornou-se componente optativa em conformidade com o art. 3º do Decreto Nº 5.626/2005 - que estabelece a Libras como disciplina optativa nos cursos de bacharelado.

Isto posto, o objetivo do questionário era investigar a percepção de bibliotecárias/os formadas/os na UFG acerca da capacitação em Libras durante a graduação. O questionário contou com 14 perguntas, sendo 11 fechadas e 3 abertas e abordou questões sobre a formação e atuação das/os profissionais, o atendimento de pessoas surdas e a disciplina de Libras no curso de Biblioteconomia.

Ao todo o questionário obteve 36 respostas. A princípio caracterizaram-se as/os participantes, sua formação e atuação. Sendo assim, identificou-se que 41,7% dos sujeitos pesquisados formaram entre 2 a 4 anos, enquanto as/os profissionais recém-formadas/os representavam 25% do total. Por outro lado apenas 11,1%, das/os participantes graduaram-se há mais de 10 anos.

Os resultados mostraram ainda que 55,6% estão atuando no mercado de trabalho, em contrapartida 44,4% responderam de forma negativa.

Quanto ao atendimento de surdas/os em unidades de informação. 88,9% dos respondentes não se sentem preparadas/os para atender usuárias/os surdas/os. Para Ishimoto e Romão (2015ISHIMOTO, Adonai Takeshi; ROMÃO, Lucília. Maria Sousa. O silêncio dos ouvintes: o bibliotecário em relação ao leitor surdo. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 2, p. 31-42, 2015. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/16329. Acesso em: 19 ago. 2019.
http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapc...
) o despreparo prejudica a comunicação entre a/o bibliotecária e a/o surda/o, e como efeito, pode desencorajá-la/o a aproveitar os serviços e produtos da unidade. Deste modo, é notável a necessidade de dar atenção a situação, para assim, propiciar um espaço convidativo e que contribua para a formação e o desenvolvimento da/o surda/o e de todas/os.

Questionou-se também a percepção da/o bibliotecária/o sobre a ajuda que a disciplina de Libras na graduação em Biblioteconomia da UFG daria no atendimento das necessidades de informacão de usuárias/os surdas/os. Assim, o pocisionamento foi 75% concordaram totalmente, 22,2% concordaram parcialmente e 2,8% discordam totalmente.

Para Martins (2008MARTINS, Vanessa Regina de Oliveira. Análise das vantagens e desvantagens da Libras como disciplina curricular no ensino superior. Cadernos do CEOM, Chapecó, v. 21, n. 28, p. 191-206, 2008. Disponível em: https://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php/rcc/ article/view/161. Acesso em: 30 nov. 2020
https://bell.unochapeco.edu.br/revistas/...
) o papel da disciplina não é apenas possibilitar o aprendizado de uma segunda língua, mas incentivar as/os discentes a conhecer os aspectos relativos à população surda e a Libras, a fim de sensibilizá-las/os e suscitar uma mudança de percepção. Por isso, sua presença tem uma finalidade social, sobretudo na Biblioteconomia que discute os meios de democratização do acesso à informação e ao conhecimento.

Interessou-se ainda em saber qual a opinião das/os profissionais sobre a possibilidade de a disciplina de Libras ser obrigatória no curso de Biblioteconomia da UFG. Uma vez que até o momento a disciplina apresenta-se como optativa no currículo.

O cenário ilustrado pelas respostas é variado. 69,44% concordam totalmente com a obrigatoriedade da disciplina, que 5,56% estão indiferentes ou não sabem opinar sobre o assunto e há também quem discorde parcialmente, sendo 2,78%.

Quanto a necessidade de formação continuada foi investigado se a/o respondente faria um curso básico, intermediário e/ou avançado de Libras. Do total foram obtidas 83,3% de respostas positivas.

Assim, considera-se pertinente a oferta de cursos de formação continuada para o público bibliotecário. A expectativa é que essas capacitações sejam conduzidas de forma a estabelecer relações com a área e com o cotidiano da profissão.

Para complementar a análise do questionário optou-se em adotar para as 3 perguntas abertas o DSC. Esta técnica possibilita reconstituir os depoimentos das/os participantes em um discurso único com o intuito de causar no leitor a impressão de uma fala coletiva (LEVEFRE; LEVEFRE, 2006). Sendo assim, seu uso permite manifestar a voz da/o bibliotecária/o formada na UFG.

Para a elaboração do DSC seguiram-se as orientações de Lefevre e Lefevre (2003LEFEVRE, Fernando; LEFEVRE, Ana Maria Cavalcanti. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa; desdobramentos. Caxias do Sul: EDUCS, 2003.), autores desta proposta metodológica, adaptando-as as especificidades da pesquisa. Assim, foram empregadas as seguintes etapas:

  • 1) Foram copiadas integralmente as respostas de cada participante no Instrumento de Análise do Discurso para análise individual dos depoimentos, com a finalidade de identificar as Expressões-chave (EC) e as Ideias Centrais (IC) que representavam a essência do conteúdo.

  • 2) Foram estabelecidas categorias de assunto que agrupam as Ideias Centrais (IC) de sentido semelhante.

  • 3) Construção do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) redigido na primeira pessoa do singular a partir das Expressões-Chave (EC) selecionadas.

Cabe ressaltar que nesse processo observou-se o que Lefevre e Lefevre (2003LEFEVRE, Fernando; LEFEVRE, Ana Maria Cavalcanti. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa; desdobramentos. Caxias do Sul: EDUCS, 2003., p. 55) recomendam acerca do procedimento a ser feito com as Expressões-Chave (EC) para construir o discurso síntese, como obedecer a “[...] uma esquematização clássica do tipo: começo, meio e fim ou do mais geral para o menos geral e mais particular”. Isto é, organizar em uma ordem lógica e coerente. Ademais, orientam ainda a fazer o uso de conectivos para dar coesão ao discurso, eliminar as ideias repetidas e os exemplos pessoais e particulares que se referem a apenas um respondente.

Desse modo, o DSC é um discurso síntese que expressa um pensamento compartilhado socialmente acerca de um determinado tema e elaborado a partir das Expressões-Chave (EC) selecionadas dos depoimentos dos sujeitos da pesquisa. Assim sendo, os DSCs foram dispostos em quadros e estão destacados em itálico.

Assim, a primeira pergunta aberta do questionário estava relacionada com a questão que indagava se a/o respondente já havia atendido usuárias/os surdas/os, desse modo se a resposta fosse positiva a/o participante poderia compartilhar o seu relato. O quadro 1 apresenta o DSC 1.

Quadro 1
Questionário: categoria e DSC da questão 6.

Verifica-se que no intuito de atender a/o usuária/o surda/o, a/o bibliotecária/o fez uso de diferentes formas de comunicação como os gestos, a fala pausada e a comunicação escrita, para possibilitar o acesso aos serviços da biblioteca. É importante ressaltar que o uso de gestos pode ser criticado pela pessoa surda que pode não compreender a comunicação. Com isso, a/o profissional, apoiou-se em outras possibilidades para interagir com as/os surdas/os, contudo acredita-se que para reduzir estas barreiras comunicacionais é necessário aprender a Libras que permitiria falar e ser compreendido com menos ruídos.

A comunicação em Libras, ainda que de forma não fluente, representa a possibilidade de ter suas necessidades de informação compreendidas, ou seja, uma disposição em atender esse público. Para tanto, como apontado no discurso, destaca-se a necessidade de dispor ainda de um acervo em formato acessível em Português/Libras, bem como, reunir obras sobre surdez, Cultura Surda e outras de interesse desse grupo como recomenda as Diretrizes para serviços de bibliotecas para pessoas surdas da IFLA (2000). Até porque esse acervo pode ser do interesse de usuárias/os surdas/os e ouvintes. Além disso, era importante que a biblioteca oferecesse aplicativos gratuitos ou pagos para a comunicação com pessoas surdas dando prioridade aqueles que tenham pessoas e evitando bonecos sem expressões faciais.

A pergunta do quadro 2 aborda a situação da formação em Biblioteconomia na UFG diante das diretrizes da IFLA para pessoas surdas.

Quadro 2
Questionário: categoria e DSC da questão 11

Assim, a partir da leitura do DSC 2 pode-se perceber que na perspectiva da/o profissional, a formação em Biblioteconomia da UFG não contempla o assunto na graduação, porque não disponibiliza a disciplina de Libras, ou uma disciplina própria do curso e não tem abordado na formação acadêmica o atendimento ao público surdo.

Todavia, se a/o bibliotecária/o em seu campo de atuação, organiza “ações, atividades e rotinas de trabalho para pessoas que são estudantes, pesquisadores, crianças e grupos escolares, porque não se considera que essas mesmas pessoas podem ser surdas [...]” (FORTALECIMENTO..., 2016, p. 26). Ou seja, a responsabilidade social da/o bibliotecária/o como facilitadora do acesso ao conhecimento implica na preocupação com esse e outros grupos. Por esse motivo, há necessidade de capacitar as/os futuras/os profissionais para oferecerem, com qualidade, produtos e serviços de informação acessíveis a comunidade surda.

Sabe-se que considerando a carga horária uma disciplina de introdução a Libras, é insuficiente para contemplar todos os conhecimentos necessários para domínio da língua, no entanto, configura-se como uma base inicial e como meio de desconstrução de alguns mitos que cercam a surdez e o povo surdo.

Ainda sobre esse assunto o DSC 3 (quadro 3) apresenta a opinião da/o bibliotecária/o acerca da contribuição da Libras em sua formação.

Quadro 3
Questionário: categoria e DSC da questão 13

O DSC 3 apresenta na perspectiva do profissional as possibilidades de contribuição da disciplina de Libras na formação bibliotecária, como conhecimento básico, atendimento inclusivo, disseminação da informação, atuação humanística, facilitação da comunicação, preparo profissional, atendimento as necessidades das/os usuárias/os e outras.

Dessa forma, o interesse em Libras demonstra a preocupação da/o bibliotecária/o com a sua atuação social e reafirma o juramento profissional de “tudo fazer para preservar o cunho liberal e humanista da profissão de Bibliotecário, fundamentado na liberdade de investigação científica e na dignidade da pessoa humana”. Por isso, o conhecimento da Libras, do povo surdo, da sua cultura, das identidades e dos direitos é fundamental na formação em Biblioteconomia.

E essa discussão “[...] deve partir não apenas de imposições curriculares já formatadas, mas, de um diálogo aberto entre aqueles que buscam ajudar o usuário [...]” (COSTA, 2018COSTA, Joice. Dias. A importância do ensino de LIBRAS para a formação do bibliotecário. Revista Bibliomar, São Luís, v. 17, n. 1, p. 45-58, jan./jun. 2018. Disponível em:http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bibliomar/article/view/9703. Acesso em: 19 ago. 2019.
http://www.periodicoseletronicos.ufma.br...
, p. 57). Portanto, tem que envolver discentes, docentes e profissionais para tratar da promoção de espaços mais acessíveis para surdas/os e das soluções para essa formação na graduação, principalmente por ser a academia um espaço de reflexão sobre o exercício profissional.

Desta maneira, a pesquisa documental possibilitou obter um panorama nacional da disciplina de Libras nos cursos de Biblioteconomia o que contribuiu para a compreensão da temática na área. A partir disso foi possível estudar de forma específica a situação do curso de Biblioteconomia da UFG por meio do questionário que permitiu ter conhecimento sobre a opinião das/os bibliotecárias/os em relação ao assunto, desse modo, os instrumentos de coleta de dados adotados oportunizaram perceber as diferentes perspectivas da situação.

Assim, espera-se que as questões apontadas na pesquisa contribuam para o desenvolvimento da área.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A/o bibliotecária/o como agente social independente do seu campo de atuação precisa contribuir para minimizar as desigualdades de acesso das/os surdas/os a informação, a serviços e aos espaços. Para tanto, é necessário ter conhecimento da diversidade da Cultura Surda e da Libras, diante disso, percebeu-se a necessidade de abordar as condições do curso de Biblioteconomia da UFG para essa formação.

A partir dos objetivos desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório por meio da pesquisa bibliográfica e documental, do estudo de caso do curso de Biblioteconomia da UFG e da aplicação de entrevistas e de questionários.

Assim, o desenvolvimento da pesquisa documental atingiu o objetivo proposto, pois possibilitou mapear os cursos de Biblioteconomia no Brasil que incluem a disciplina de Libras no currículo e assim caracterizá-la quanto à nomenclatura, carga horária e ementa. A pesquisa permitiu ainda identificar fatores que dificultam a sua oferta, como a demanda pela disciplina, a concentração em um departamento e o quantitativo de professoras/es habilitadas/os para ministrá-la.

Por meio do questionário foi possível obter as percepções das/os egressas/os sobre a capacitação em Libras na graduação, atingindo dessa forma o objetivo proposto. Foi identificado que as bibliotecárias/os não se sentem preparadas/os para atender surdas/os em seus ambientes de trabalho, assim concordam que a disciplina de Libras ajudaria nessa interação e por isso deveria ser obrigatória no currículo, uma vez que em suas percepções seriam diversas as contribuições da disciplina para o serviço bibliotecário.

Mediante os resultados sugere-se para pesquisas futuras: a) estruturar uma proposta de capacitação para o curso de Biblioteconomia discutir a prestação de serviços e produtos de informação para as/os surdas/os na impossibilidade da disciplina de Libras; b) verificar a viabilidade da oferta de um curso de especialização em Libras para bibliotecárias/os a fim de identificar as vantagens e desvantagens da proposta; e c) realizar um estudo detalhado dos currículos de Biblioteconomia para analisar as ementas da disciplina de Libras e investigar a sua oferta.

Portanto, conclui-se que há necessidade de deslocar o assunto para o centro das discussões no processo formativo da/o bibliotecária/o, a fim de desenvolver ações estratégicas para essa formação e para a oferta da disciplina de Libras. Assim, a partir da pesquisa espera-se que o interesse pelo tema percorra outros espaços na graduação e pós-graduação em Biblioteconomia, e desse modo possa contribuir para a formação profissional.

REFERÊNCIAS

  • BARROS, Camila Monteiro de; CUNHA, Miriam Vieira da; CAFÉ, Lígia Maria Arruda. Estudo comparativo dos currículos dos cursos de Biblioteconomia no Brasil. Informação & Informação, Londrina, v. 23, n. 1, p. 290-310, jan./abr. 2018. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/24524 Acesso em: 16 nov. 2019.
    » http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/24524
  • BRASIL. Decreto n.º 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Presidência da República, Brasília, DF, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm Acesso em: 10 set. 2019.
    » http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm
  • BRASIL. Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, DF, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm Acesso em: 9 nov. 2019.
    » http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm
  • BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CES n.º 492/2001. Aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Arquivologia, Biblioteconomia, Ciências Sociais - Antropologia, Ciência Política e Sociologia, Comunicação Social, Filosofia, Geografia, História, Letras, Museologia e Serviço Social. Conselho Nacional de Educação, Brasília, DF., 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0492.pdf Acesso em: 25 set. 2019.
    » http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0492.pdf
  • COSTA, Joice. Dias. A importância do ensino de LIBRAS para a formação do bibliotecário. Revista Bibliomar, São Luís, v. 17, n. 1, p. 45-58, jan./jun. 2018. Disponível em:http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bibliomar/article/view/9703 Acesso em: 19 ago. 2019.
    » http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bibliomar/article/view/9703
  • FERREIRA, Rosangela Rocha; CHAGAS, Kenilce Reis. O bibliotecário como mediador no processo de inclusão do surdo em bibliotecas universitárias. Revista Bibliomar, São Luís, v. 15, n. 1, jan./dez. 2016. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bibliomar/article/view/6623 Acesso em: 19 ago. 2019.
    » http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bibliomar/article/view/6623
  • FORTALECIMENTO de Bibliotecas Acessíveis e Inclusivas: Manual Orientador. São Paulo: Mais Diferenças, 2016. Disponível em: http://maisdiferencas.org.br/wp-content/themes/maisdiferencas/downloads/materiais/manual_orientador.pdf Acesso em: 23 set. 2020.
    » http://maisdiferencas.org.br/wp-content/themes/maisdiferencas/downloads/materiais/manual_orientador.pdf
  • INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS. Guidelines for Library Services to Deaf People. 2. ed. Edited by John Michael Day. The Hague: IFLA, 2000. Disponível em: https://www.ifla.org/files/assets/hq/publications/professional-report/62.pdf Acesso em: 14 set. 2020.
    » https://www.ifla.org/files/assets/hq/publications/professional-report/62.pdf
  • ISHIMOTO, Adonai Takeshi; ROMÃO, Lucília. Maria Sousa. O silêncio dos ouvintes: o bibliotecário em relação ao leitor surdo. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 2, p. 31-42, 2015. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/16329 Acesso em: 19 ago. 2019.
    » http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/16329
  • LEFEVRE, Fernando; LEFEVRE, Ana Maria Cavalcanti. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa; desdobramentos. Caxias do Sul: EDUCS, 2003.
  • LEFEVRE, Fernando; LEFEVRE, Ana Maria Cavalcanti. O sujeito coletivo que fala. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 10, n. 20, p. 517-524, jul./dez. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/icse/v10n20/17.pdf Acesso em: 31 mar. 2021.
    » https://www.scielo.br/pdf/icse/v10n20/17.pdf
  • MARTINS, Vanessa Regina de Oliveira. Análise das vantagens e desvantagens da Libras como disciplina curricular no ensino superior. Cadernos do CEOM, Chapecó, v. 21, n. 28, p. 191-206, 2008. Disponível em: https://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php/rcc/ article/view/161 Acesso em: 30 nov. 2020
    » https://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php/rcc/ article/view/161
  • PEREIRA, Maria Cristina da Cunha (Org.). Libras: conhecimento além dos sinais. São Paulo: Pearson, 2011.
  • QUADROS, Ronice Muller de; STUMPF, Marianne Rossi. Reconhecimento da língua brasileira de sinais: legislação da língua de sinais e seus desdobramentos. In: STUMPF, Marianne Rossi; QUADROS, Ronice Muller de (Org.). Estudos da língua brasileira de sinais IV. Florianópolis: Insular, 2018.
  • STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a Cultura Surda. 4. ed. Florianópolis: UFSC, 2018.
  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura. Resolução CEPEC n. 699/2004. Fixa o currículo pleno do curso de Graduação em Biblioteconomia - modalidade Bacharelado, para os alunos ingressos a partir do ano letivo de 2004, revogando a Resolução CEPEC Nº 651. Goiânia, 2004. Disponível em: https://sistemas.ufg.br/consultas_publicas/resolucoes/arquivos/Resolucao_CEPEC_2004_0699.pdf Acesso em: 22 set. 2020.
    » https://sistemas.ufg.br/consultas_publicas/resolucoes/arquivos/Resolucao_CEPEC_2004_0699.pdf
  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Faculdade de Letras. Projeto Pedagógico do Curso de Letras: Libras. 2014. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/25/o/2014_PPC_libras.pdf Acesso em: 22 set. 2020.
    » https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/25/o/2014_PPC_libras.pdf
  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Projeto Político Pedagógico: Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás. 2016. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/75/o/projeto_pedag%C3%B3gico_DEZEMBRO.pdf Acesso em: 22 set. 2020.
    » https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/75/o/projeto_pedag%C3%B3gico_DEZEMBRO.pdf
  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Centro de Artes e Comunicação. Departamento de Ciência da Informação. Projeto pedagógico do curso de Biblioteconomia: perfil0406. Recife, 2018. Disponível em: https://www.ufpe.br/documents/39158/0/PPC_2018.pdf/9e500e3f-be15-42a9-b6da-4d9121001514 Acesso em: 26 out. 2020.
    » https://www.ufpe.br/documents/39158/0/PPC_2018.pdf/9e500e3f-be15-42a9-b6da-4d9121001514
  • LICENÇA DE USO

    Os autores cedem à Encontros Bibli os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
  • PUBLISHER

    Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.
  • 1
    Evidencia-se que na literatura encontra-se tanto a terminologia Projeto Pedagógico de Curso (PPC) quanto a Projeto Político Pedagógico (PPP). Como ambas se referem ao mesmo tipo de documento, adotou-se nesta pesquisa o uso da primeira forma.
  • 2
    Disponível em: https://emec.mec.gov.br/.

EDITORES

Franciéle Garcês, Natalia Duque Cardona, Edgar Bisset Alvarez, Ana Clara Cândido, Genilson Geraldo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    02 Mar 2023
  • Aceito
    17 Mar 2023
  • Publicado
    05 Maio 2023
Universidade Federal de Santa Catarina Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima - Trindade. CEP-88040-900, Telefone: +55 (48) 3721-2237 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: encontrosbibli@contato.ufsc.br