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Rivalidade fraterna: uma proposta de definição conceitual

Rivalidad fraterna: una propuesta de definición conceptual

Sibling rivalry: proposing a conceptual definition

Resumos

A rivalidade fraterna pode ser pensada como uma experiência normal e talvez diária para as crianças. Apesar de sua relevância para o relacionamento entre os irmãos e para o funcionamento familiar como um todo, o conceito de rivalidade fraterna carece de uma definição clara e compartilhada no meio científico, sendo confundido e utilizado simultaneamente às noções de conflito, ciúme e competição. O presente artigo apresenta uma revisão da literatura acerca da temática da rivalidade fraterna, problematizando-se sua definição conceitual. Enquanto a definição de ciúme parece apresentar-se com mais clareza na literatura internacional, o mesmo não ocorre com o conceito de rivalidade fraterna. Frente à complexidade de concepções envolvidas no relacionamento fraterno, propõe-se uma compreensão abrangente do conceito de rivalidade fraterna que inclua tanto as manifestações de ciúme quanto a dimensão de competição fraterna.

relacionamento fraterno; rivalidade fraterna; ciúme


La rivalidad entre hermanos puede pensarse como una experiencia normal y tal vez diaria para los niños. A pesar de su importancia para las relaciones entre los hermanos y para el funcionamiento de la familia en su conjunto, el concepto de rivalidad entre hermanos carece de una clara y compartida definición entre los científicos, que se confunde y se utiliza simultáneamente con nociones de conflicto, celos y competencia. En este artículo se presenta una revisión de la literatura sobre el tema de la rivalidad entre hermanos, cuestionando su definición conceptual. Si bien la definición de los celos parece presentarse con mayor clareza en la literatura internacional, lo mismo no ocurre con el concepto de rivalidad entre hermanos. Teniendo en cuenta la complejidad de los conceptos que intervienen en las relaciones fraternas, proponemos una amplia comprensión del concepto de rivalidad entre hermanos, que incluye tanto las manifestaciones de los celos como la dimensión de la competencia fraternal.

relación fraterna; rivalidad entre hermanos; celos


Sibling rivalry can be thought as a normal and, perhaps, daily experience for children. Despite its relevance for sibling relationship and for family functioning as a whole, the concept of sibling rivalry lacks a clear and shared definition in the scientific community, being confused and used simultaneously with the notions of conflict, jealousy and competition. This article presents a literature review on the theme of sibling rivalry, questioning its conceptual definition. While the definition of jealousy seems to appear more clearly in the international literature, the same is not true for the concept of sibling rivalry. Due to the complexity of conceptions involved in sibling relationship, a comprehensive understanding of the concept of sibling rivalry, that includes jealousy manifestations and sibling competition, is proposed.

sibling relationship; sibling rivalry; jealousy


ARTIGOS

Rivalidade fraterna: uma proposta de definição conceitual

Sibling rivalry: proposing a conceptual definition

Rivalidad fraterna: una propuesta de definición conceptual

Caroline Rubin Rossato PereiraI; Rita de Cássia Sobreira LopesII

IUniversidade Federal de Santa Maria

IIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul

RESUMO

A rivalidade fraterna pode ser pensada como uma experiência normal e talvez diária para as crianças. Apesar de sua relevância para o relacionamento entre os irmãos e para o funcionamento familiar como um todo, o conceito de rivalidade fraterna carece de uma definição clara e compartilhada no meio científico, sendo confundido e utilizado simultaneamente às noções de conflito, ciúme e competição. O presente artigo apresenta uma revisão da literatura acerca da temática da rivalidade fraterna, problematizando-se sua definição conceitual. Enquanto a definição de ciúme parece apresentar-se com mais clareza na literatura internacional, o mesmo não ocorre com o conceito de rivalidade fraterna. Frente à complexidade de concepções envolvidas no relacionamento fraterno, propõe-se uma compreensão abrangente do conceito de rivalidade fraterna que inclua tanto as manifestações de ciúme quanto a dimensão de competição fraterna.

Palavras-chave: relacionamento fraterno; rivalidade fraterna; ciúme.

ABSTRACT

Sibling rivalry can be thought as a normal and, perhaps, daily experience for children. Despite its relevance for sibling relationship and for family functioning as a whole, the concept of sibling rivalry lacks a clear and shared definition in the scientific community, being confused and used simultaneously with the notions of conflict, jealousy and competition. This article presents a literature review on the theme of sibling rivalry, questioning its conceptual definition. While the definition of jealousy seems to appear more clearly in the international literature, the same is not true for the concept of sibling rivalry. Due to the complexity of conceptions involved in sibling relationship, a comprehensive understanding of the concept of sibling rivalry, that includes jealousy manifestations and sibling competition, is proposed.

Keywords: sibling relationship; sibling rivalry; jealousy.

RESUMEN

La rivalidad entre hermanos puede pensarse como una experiencia normal y tal vez diaria para los niños. A pesar de su importancia para las relaciones entre los hermanos y para el funcionamiento de la familia en su conjunto, el concepto de rivalidad entre hermanos carece de una clara y compartida definición entre los científicos, que se confunde y se utiliza simultáneamente con nociones de conflicto, celos y competencia. En este artículo se presenta una revisión de la literatura sobre el tema de la rivalidad entre hermanos, cuestionando su definición conceptual. Si bien la definición de los celos parece presentarse con mayor clareza en la literatura internacional, lo mismo no ocurre con el concepto de rivalidad entre hermanos. Teniendo en cuenta la complejidad de los conceptos que intervienen en las relaciones fraternas, proponemos una amplia comprensión del concepto de rivalidad entre hermanos, que incluye tanto las manifestaciones de los celos como la dimensión de la competencia fraternal.

Palabras clave: relación fraterna; rivalidad entre hermanos; celos.

No mundo dos irmãos, as crianças aprendem como de dividir e compartilhar os espaços físicos da casa, as posses negociar, cooperar, mas também como rivalizar e e brinquedos de cada um e, mais do que isto, o de dividir a competir (Minuchin, 1982). Assim, o relacionamento atenção, a admiração e o afeto dos progenitores. Neste contexto, fraterno traz consigo diversos desafios aos irmãos, incluindo o considera-se a rivalidade fraterna como uma experiência usual e muito presente na vida das crianças. A partir da Teoria do Apego (Bowlby, 1969/2002), a rivalidade fraterna justifica-se, uma vez que a relação progenitores-criança que é ameaçada pelo irmão rival constitui-se na fonte primária de apego na vida inicial de uma criança.

Apesar da relevância da rivalidade fraterna para o desenvolvimento do relacionamento entre os irmãos e para o funcionamento familiar como um todo, como poderá ser visto na presente revisão, o conceito de rivalidade carece de uma definição clara e compartilhada no meio científico, sendo confundido e utilizado simultaneamente aos conceitos de conflito, ciúme e competição. Neste sentido, o presente artigo apresenta uma revisão da literatura acerca da temática da rivalidade fraterna, problematizando-se sua definição conceitual. A investigação abrangeu a produção científica acerca desta temática desde a década de 1960, acessada através da base de dados PsycInfo. O levantamento dos estudos delimitou-se a artigos de periódicos indexados e utilizou como descritores os termos "sibling" associado a "relationship", "interaction", "rivalry", "jealousy", "envy" e "competition", na categoria de título ("title"). Além destes artigos, foram incluídos livros da área da psicologia em língua portuguesa e inglesa que possuíam como principal foco a temática do relacionamento fraterno. A partir da análise deste material, na revisão da literatura que segue, inicia-se por uma apresentação, em termos gerais, do relacionamento fraterno e sua relevância para o campo da Psicologia. Em seguida, propõe-se um exame do tema da rivalidade fraterna em uma perspectiva histórica e teórica, passando-se, posteriormente, à definição conceitual de rivalidade fraterna.

O relacionamento fraterno

Um exame da literatura psicológica, desde o final do século XIX até a primeira metade do século XX, fornece muito poucos estudos focados na relação fraterna em si. Alguns dos temas principais investigados neste período referiram-se à posição ordinal ocupada pelos irmãos e à rivalidade fraterna, ambos examinados a partir do nexo progenitores-criança (Irish, 1964). Alfred Adler (1954) é considerado o pioneiro no estudo das relações fraternas, sendo o primeiro a assinalar a constelação de irmãos como o primeiro "microcosmo" social onde a criança pode desenvolver habilidades cooperativas e preparar-se para os relacionamentos futuros.

No âmbito da pesquisa empírica, contudo, foi apenas na segunda metade do século XX que se pôde visualizar uma retomada de estudos sobre o relacionamento fraterno. Embora o número de estudos empíricos sobre esta temática tenha aumentado consideravelmente a partir da década de 1980, mantém-se atual a afirmação de Dunn e Kendrick (1980) de que a influência dos irmãos tem sido amplamente ignorada na literatura psicológica. A própria Dunn (2005) afirmou mais tarde que até a década de 1990 não se possuía condições de responder a muitas das perguntas sobre os irmãos. Como destacado por Dessen (1997), no contexto brasileiro, de modo especial, as pesquisas sobre relacionamento entre irmãos pequenos são quase inexistentes. A discreta posição ocupada pelo relacionamento fraterno na literatura que descreve os relacionamentos familiares deve-se, em parte, a uma primazia de estudos focalizados nas interações das crianças com os progenitores e com os pares (Deater-Deckard & Dunn, 2002; Dunn & Kendrick, 1980, 1981; Kramer & Bank, 2005; Perez, 2002). Além disso, a implicação dos achados acerca do relacionamento fraterno para a prática clínica ainda não foi suficientemente delineada e disseminada (Kramer & Ramsburg, 2002).

Felizmente, a última década tem presenciado um interesse renovado de pesquisas sobre os irmãos e começa-se a ganhar uma apreciação da complexidade dos processos de desenvolvimento envolvidos (Deater-Deckard & Dunn, 2002). O início do interesse pelo estudo do relacionamento fraterno estaria vinculado à expansão da teoria familiar sistêmica. Na década de 80, esforços de conceituar a família como um sistema de indivíduos em interação levaram a que se incluísse o relacionamento fraterno como um aspecto significante do sistema familiar (Minnett, Vandell, & Santrock, 1983; Murphy, 1993). Aplicada ao estudo da qualidade do relacionamento fraterno, a teoria familiar sistêmica define que as características dos membros individuais da família ou a dinâmica dos subsistemas familiares pode contribuir para as atitudes e as interações dos irmãos (Brody, 1998).

Neste contexto, salienta-se que a relação dos irmãos é vista como parte integral do mundo social da maioria das crianças, fornecendo oportunidades para companheirismo, jogo, apoio emocional, assim como conflito e rivalidade (Howe, Petrakos, & Rinaldi, 1998). A partir das experiências de conflito e de seu manejo os irmãos podem contribuir para o desenvolvimento uns dos outros, através de competências que talvez não aprendessem na ausência do conflito. No esforço para se fazer prevalecer no contexto das trocas entre irmãos, crianças pequenas precisam usar de habilidades mais avançadas do que aquelas empregadas em outras interações sociais, tais como com seus progenitores. Através do envolvimento em conflito construtivo, as crianças podem aprender sobre negociação, tomada de vez, compromisso e resolução de problemas (McHale, Kim, & Whiteman, 2006). Além de apresentar-se como o primeiro laboratório no qual as crianças podem experimentar relações com iguais, os irmãos constituem um grupo e, desta forma, oferecem a oportunidade de aprender a funcionar como membro de um grupo, o que inclui lidar com temas de liderança, igualdade, respeito e diferenças (Rustin, 2007).

Embora seja um engano pensar o relacionamento fraterno como primariamente competitivo, uma vez que a maior parte das interações fraternas tende a envolver cooperação e brincadeira (Abramovitch, Corter, Pepler, & Stanhope, 1986), a temática da rivalidade fraterna ocupa um lugar de destaque nas preocupações dos progenitores e profissionais envolvidos com a educação de crianças (Calladine, 1983; McHale et al., 2006). Esta parece constituir-se em uma dimensão mal aceita do relacionamento entre irmãos, possivelmente associada a uma idealização das relações familires que excluem de cena o conflito e a tensão.

Ao buscar abordar especificamente o tema da rivalidade fraterna, cabe examinar o modo como esta tem sido definida e compreendida em termos teóricos no campo da Psicologia. Além disso, destaca-se que o modo como hoje nossa sociedade relaciona-se com este conceito possui uma história anterior às teorias psicológicas que buscaram explicá-la.

Rivalidade fraterna: perspectiva histórica e compreensão teórica

A descrição da rivalidade fraterna remonta à antiguidade. Na Bíblia, ela foi representada em "Caim e Abel", "Esaú e Jacó" e "José e seus irmãos". Nestas passagens bíblicas, respectivamente, o desejo de se destacar perante Deus, a disputa pelo lugar de filho primogênito e detentor de todos os direitos, e o favoritismo de seus progenitores, levou à atitude extrema do assassinato do irmão. A mitologia egípcia e a romana também contemplaram esta temática, através dos personagens de "Seth e Osíris" e "Rômulo e Remo", que, por inveja e luta pela posse de terras e privilégios, cometeram o fratricídio.

Em um tom menos intenso ou menos explícito, os contos de fadas também fizeram menção à rivalidade fraterna no clássico de Cinderela (de Charles Perrault), em que as filhas da madrasta maltratavam e humilhavam Cinderela. Assim, a rivalidade e a violência psicológica e física que podem emergir entre irmãos têm sido parte de nossa história humana. Estas lendas são tão compreensíveis hoje como o foram há milhares de anos, talvez por refletirem uma verdade universal sobre o relacionamento fraterno. Por outro lado, como destacado por Mendelson (1990), como parte da mitologia ocidental, elas também direcionam nossas expectativas e atribuições sobre o que é ser irmão.

Como temática referente à criação de filhos, a partir de uma análise extensiva dos manuais norteamericanos sobre criação de filhos do século XIX e XX, Stearns (1988) identificou que foi apenas no início do século XX, mais especificamente na década de 1920, que o tema da rivalidade e do ciúme entre irmãos tornouse um fato preeminente na vida familiar. Segundo o historiador, livros específicos sobre como lidar com o ciúme infantil emergiram apenas na década de 1940. Apesar de extremamente indesejável, o ciúme era também compreensível e considerado inevitável. Com isso, é natural que, a partir deste momento, a presença de comentários explícitos sobre o ciúme no nascimento de um irmão, o vocabulário específico e as expectativas dos adultos, incluindo o ideal de uma família sem conflito, tenham contribuído para o aumento na experiência de ciúme nas famílias. Além disso, o autor conjecturou que a redução do número de filhos e o maior investimento afetivo dos progenitores no relacionamento parental neste momento histórico, tenham criado um contexto propício para o florescimento do ciúme no mundo ocidental. Soma-se a estes fatores ainda o aumento do uso do hospital para o parto, promovendo um maior afastamento da mãe em relação aos demais filhos que permaneciam em casa durante sua hospitalização no momento do nascimento de um irmão.

Coincidindo historicamente com esta preocupação popular e contribuindo para ela, a psicanálise, recém fundada, enfatizou, de modo geral, os efeitos patológicos da interação fraterna. A literatura psicanalítica inicial se direcionou para os componentes traumáticos da experiência de ser irmão e as reações ao nascimento de um irmão (Neubauer, 1982). Na busca pelo trauma psicológico, o papel negativo dos irmãos foi explorado. No início do século XX, Freud havia afirmado:

Provavelmente não há quarto de crianças sem violentos conflitos entre seus ocupantes. Os motivos de tais desavenças são a rivalidade pelo amor dos pais, pelas posses comuns, pelo espaço vital. Os impulsos hostis são dirigidos contra membros da família mais velhos e também mais novos". (Freud 19161917/1976a, p. 133)

Em 1923, Freud utilizou pela primeira vez o termo complexo fraterno, no artigo intitulado "Dr. Sándor Ferenczi (em seu 50º . Aniversário)" (1923/1976b), ao relatar a trajetória de vida de Ferenczi e sua contribuição à psicanálise. O complexo fraternal poderia ser postulado como a hostilidade que a criança manifesta em relação aos irmãos (rivais) despertada pela ocorrência ou pela possibilidade de perda ou divisão dos carinhos dos progenitores (Elyseu, 2003) - definição esta que mais tarde viria a servir como base para o conceito de ciúme na pesquisa empírica. Segundo Freud (1916-1917/1976a), o complexo fraternal seria uma transferência dos afetos edípicos, originalmente dirigidos aos progenitores, para os irmãos. Os irmãos serviriam, então, de substitutos. Tal compreensão fica evidente na seguinte passagem: "Quando outras crianças aparecem em cena, o complexo de Édipo avoluma-se em um complexo de família. Este, com novo apoio obtido a partir do sentimento egoístico de haver sido prejudicado, dá fundamento a que os novos irmãos e irmãs sejam recebidos com aversão, e faz com que, sem hesitações, sejam, em desejos, eliminados" (Freud, 1916-1917/1976a, p.65). Esta posição foi compartilhada por diversos autores que afirmaram que no seio de toda rivalidade fraterna está a dificuldade que as crianças possuem em dividir seus progenitores (Calladine, 1983).

Abordagens posteriores propuseram uma compreensão do complexo fraternal como independente do complexo de Édipo. Elyseu (2003), apoiado no postulado de Bowlby (1969/2002), segundo o qual as vivências infantis são marcadamente nãoeróticas, defendeu que, diferentemente do complexo fraternal, o complexo edípico seria apenas uma possibilidade, não uma situação regular no desenvolvimento da personalidade. Segundo Bowlby (1969/2002), é pelo valor psicobiológico de sobrevivência atribuído à mãe como provedora de alimento, proteção e afeto, que ela torna-se a principal figura de posse do filho, e não como figura libidinal. Sendo assim, conforme Elyseu (2003), excluída a situação edípica, todas as demais situações de rivalidade estão compreendidas no complexo fraternal, mesmo que envolva a figura do pai rival ou a disputa pela posse da figura sexual.

Assim, o complexo fraternal seria caracterizado de um modo mais abrangente, incluindo a disputa entre rivais da mesma espécie (um irmão, um dos progenitores, outras pessoas) pela detenção de uma figura de posse, qualquer que seja esse bem, pelo valor que ela possa ter para eles. Permeado de afeto, desejo, ciúme e inveja, este complexo é um conceito de universalidade entre os indivíduos, uma vez que reflete uma conduta instintiva de posse, contextualizada nas mais diversas situações de disputa em relação a quaisquer bens (Elyseu, 2003). Tal concepção foi apoiada por Moguillansky (2003), que defendeu que o complexo fraterno possui sua própria envergadura estrutural e pode se manifestar no campo da clínica através da relação com os pares, assim como ressignificar-se nos filhos e no casal.

Nesta perspectiva, autores como Bowlby (1969/2002) e Hadfield (1962) argumentaram que a atração sexual seria secundária às necessidades da criança de segurança e dependência de seus progenitores. Ao abordar a temática da rivalidade e do ciúme fraterno, Hadfield (1962) situou o ciúme em termos darwinianos, focando no papel do instinto de sobrevivência e considerando o ciúme fraterno como sinal de autopreservação. Ele defendeu que, uma vez que a primeira necessidade da criança diz respeito à segurança no amor materno, se este amor é direcionado a outro, a criança seria lançada a um estado de ciúme e raiva. Neste mesmo sentido, segundo Hill e Davis (2000), na perspectiva evolucionária a resposta de ciúme da criança pequena poderia ser compreendida como não patológica, uma vez que serve a uma razão funcional. Ciúme em uma criança dependente e não-verbal poderia bem ser um mecanismo adaptativo, resultando em comportamentos que garantem maior proteção e atenção dos cuidadores.

A teoria do apego prediz, então, que a introdução de um irmão e a consequente redução no acesso à mãe pode romper padrões de apego e criar tensão (Bowlby, 1973/2004). Para crianças pequenas, a ameaça ao relacionamento primário no triângulo do ciúme seria equivalente à ameaça a uma relação de apego (Bowlby, 1973/2004). O rompimento do laço de apego ao cuidador primário durante uma evocação de ciúme pode, então, conduzir a comportamentos similares àqueles utilizados pelos bebês a fim de manter seu apego aos cuidadores (ex. agarrar-se, aproximação da mãe, choro, protesto) (Volling, Kennedy, & Jackey, 2010). Neubauer (1982) já havia enfatizado a importância de que tais comportamentos fossem compreendidos como parte da intensificação do apego, e não necessariamente uma regressão a etapas anteriores do desenvolvimento psicossexual - como proposto pela perspectiva psicanalítica.

A partir do exposto, argumenta-se que a relevância da rivalidade entre irmãos pequenos justifica-se uma vez que a relação progenitores-criança que é ameaçada pelo irmão rival constitui-se na mais importante e formativa relação da vida inicial de uma criança (Volling, McElwain, & Miller, 2002). Desta forma, a rivalidade diz respeito a um fenômeno bastante presente no mundo das crianças pequenas. Contudo, conforme mencionado, esta temática tem recebido pouca atenção dos pesquisadores do desenvolvimento ou da família, de modo que são escassos os estudos sobre a rivalidade fraterna, o ciúme e a competição entre irmãos, especialmente ao se considerar as diferentes configurações que a família assume na atualidade. Além disso, o próprio conceito de rivalidade fraterna carece de uma definição clara e compartilhada no meio científico.

Rivalidade fraterna: Definição conceitual

Com o crescimento do número de estudos empíricos voltados à temática do relacionamento fraterno, na década de 1980, surgiu a necessidade de se encontrar definições objetivas e operacionais para as diversas dimensões envolvidas neste relacionamento. Sabe-se que nos estudos empíricos, a rivalidade fraterna tem sido um conceito difícil de definir, colocando-se como um desafio não suficientemente respondido até o momento. O que tem sido afirmado, já há algumas décadas, é que tanto a rivalidade quanto o ciúme são específicos para contextos que incluem um objeto ou relação valiosa e estimada (Hart, Field, Del Valle, & Letourneau, 1998; Kendrick & Dunn, 1980). Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa (Houaiss, 2001), em sua etimologia (do latim rivalis), o termo rivalidade refere-se àquele sujeito que possui, juntamente com outro, o direito à mesma corrente de águas de um rio, o que levaria a uma luta constante pelo reasseguramento do suprimento básico de água para a sobrevivência.

Chama a atenção que o conceito de rivalidade fraterna continua sendo empregado indiscriminadamente com os conceitos de ciúme, conflito e competição. Apesar de relacionados e sobrepostos em alguma medida, destaca-se que estes se referem a conceitos distintos, cujas motivações podem diferir consideravelmente. A exposição que segue constitui-se em uma tentativa de delimitar tais conceitos.

O conflito pode ser pensado como o conceito mais amplo e abrangente dos anteriormente referidos, uma vez que se refere, na definição de Volling et al. (2010), a qualquer forma de oposição diádica ou desentendimento verbal. Assim, pode ser a expressão final tanto de competição, quanto de ciúme ou rivalidade. O conflito constitui-se em um aspecto normal dos relacionamentos sociais e é definido pela oposição mútua entre dois indivíduos, podendo ou não envolver agressão (Cicirelli, 1995; Vandell & Bailey, 1992). Nos relacionamentos entre irmãos pequenos, este seria um aspecto bastante corriqueiro, ocorrendo em uma média de seis a sete vezes por hora na interação de uma criança préescolar com seu irmão menor (Dunn & Munn, 1986; Perlman & Ross, 1997). Contudo, muito do que é denominado de conflito ou agressão entre irmãos nos estudos empíricos poderia refletir competição, rivalidade ou ciúme, conforme definição que segue.

Boer (1990) buscou diferenciar os conceitos de competição e de rivalidade, sendo a primeira definida em uma relação diádica e a segunda em uma relação triádica. Deste modo, a competição seria a busca por superar o irmão, circunscrita ao relacionamento a dois, enquanto que a rivalidade equivaleria à busca por superar o irmão em face de um terceiro. A rivalidade envolveria o desejo de mostrar-se superior em status, poder, habilidades ou aparência para alguém de fora da relação fraterna. Percebe-se que a linha divisória entre estes dois conceitos é muito tênue, de modo que toda rivalidade refere-se a uma competição, mas nem toda competição pode ser considerada como sinal de rivalidade. Pode-se considerar que a competição seria o aspecto comportamental mais observável do conceito rivalidade. Por exemplo, quando dois irmãos tentam vencer um ao outro em um jogo de videogame, pode ser com o objetivo de comparar competências mútuas, ou ganhar poder sobre o outro por demonstração de superioridade. Mas este comportamento competitivo pode também ser um "show para uma plateia", um modo de ganhar admiração ou simpatia de uma terceira pessoa, neste último caso uma demonstração de rivalidade.

O autor propôs que, enquanto a competição diria respeito a comportamentos, a rivalidade refere-se a emoções (Boer, 1990). A este respeito, embora a rivalidade pareça envolver um nível mais profundo de cognições e emoções do que a competição diádica, sabe-se que toda a ação humana ocorre em uma constante interrrelação dos aspectos emocionais com os cognitivos e os conativos do funcionamento do indivíduo. Deste modo, haveria uma retroalimentação constante entre estes níveis de operação. O que fica bastante evidente, a partir da afirmação do autor, é a noção de que a competição apresenta-se como um conceito mais facilmente mensurável e observável da interação fraterna, enquanto que a rivalidade depende para sua caracterização de informações sobre as emoções e cognições experienciadas pela pessoa envolvida. Além disso, como o próprio autor apontou, é difícil distinguir entre um nível consciente e um inconsciente subliminar à competição fraterna. Assim, considerando-se as diferenças entre os irmãos envolvidos na relação, destaca-se que um mesmo padrão de comportamento pode ocorrer como expressão de diferentes dinâmicas relacionais, emoções e cognições experienciadas pelos irmãos, de modo que seria impossível distinguir estas categorias apenas com base na observação. Qualquer competição entre irmãos poderia refletir rivalidade.

A rivalidade fraterna, um conceito menos observável que o conflito e a competição, envolveria, então, a competição entre os irmãos por recursos, prestígio ou status (poder) em face de um tercerio (Mendelson, 1990) e o ciúme com relação aos progenitores existente entre irmãos e irmãs (Boer, 1990). A rivalidade baseia-se no desejo de não perder o objeto ou status para um rival, mantendo-se o contato com o objeto (Neubauer, 1982). Segundo Boer (1990), o objetivo primário da rivalidade refere-se a vencer, superar o rival, visando recompensas favoráveis, tais como o amor parental, aprovação e reconhecimento. Com frequência, processos de comparação social estão em jogo e as crianças avaliam a si mesmas através dos irmãos na família (Volling, 2003).

Além da competição por status, objetos e conquistas, os irmãos também competem pelo amor e pela atenção de seus progenitores. Qualquer competição entre irmãos pode refletir rivalidade, mas quando a rivalidade envolve o amor e a atenção dos progenitores para o irmão rival, fala-se de ciúme. O ciúme é, então, a rivalidade entre os irmãos em face dos progenitores (Volling et al., 2010). Assim, a rivalidade pode tomar várias formas: a disputa por uma possessão valiosa, a competição divertida entre irmãos no campo de futebol, o empenho em superar o irmão no sucesso acadêmico, os intensos sentimentos de aversão e inveja sobre as conquistas pessoais do irmão em comparação a si, e o ciúme quando os progenitores estão interagindo com o irmão.

Assim como a rivalidade, segundo White e Mullen (1989), o ciúme refere-se a um complexo de emoções, comportamentos e pensamentos que surgem no contexto de um triângulo social formado pelo indivíduo enciumado, o sujeito amado (no caso os progenitores) e o rival (no caso, o irmão). No caso do ciúme fraterno, o irmão é o rival; contudo, como destacado por Parrot (1991), o ciúme pode ter como rival não necessariamente uma pessoa, mas objetos, interesses, hobbies, como, por exemplo, o ciúme da esposa em relação ao emprego ou ao carro do marido. White e Mullen (1989) propuseram que o ciúme seria desencadeado pela percepção de perda ou ameaça de perda de um relacionamento valioso para um rival.

Três características têm sido continuamente sublinhadas acerca do ciúme: ele ocorre no contexto de um triângulo social de relações; a relação ameaçada precisa ser uma relação próxima e valiosa; o ciúme é desencadeado pela perda real ou percebida desta relação para um rival. Destaca-se que haveria um relacionamento recíproco entre o valor de uma experiência ou recurso satisfatório e o grau de preocupação sobre sua possível perda ou redução. Como lembrado por Parrot (1991), o ciúme distingue-se da rejeição, precisando incluir não apenas a perda da pessoa amada (ex. morte, viagem, término de um relacionamento), mas também sua perda para um terceiro.

Em termos empíricos, irmãos pequenos estariam reagindo a esta perda de atenção quando um dos progenitores retira seu foco dele e interage com seu irmão ou irmã (Volling et al., 2002). A aflição da criança frente ao direcionamento da atenção materna ao irmão tem sido considerada como evidência de ciúme. Esta seria atribuída à sensibilidade da criança à injustiça na distribuição da atenção do progenitor. A aflição da criança pode refletir uma objeção ao objeto da atenção, assim como às características específicas do comportamento parental, tais como vocalizações positivas de afeto (Hart et al., 1998). Diferentemente das emoções básicas de raiva, tristeza e alegria, o ciúme refere-se a uma emoção social complexa. Os indivíduos em situação de ciúme expressam uma gama de emoções incluindo raiva, ansiedade e tristeza, as quais podem estar associadas a comportamentos de conflito com os progenitores e o irmão e busca da atenção dos progenitores para si (Hill & Davis, 2000; Miller, Volling, & McElwain, 2000). Segundo Parrot (1991), embora possa ser experienciado em numerosas formas, tipicamente a expressão emocional do ciúme inclui medo da perda, raiva e insegurança. Assim como o ciúme em adultos, as crianças enciumadas agem, pensam e sentem de variadas formas que não são necessariamente agressivas ou abertamente competitivas (White & Mullen, 1989).

Parece que mesmo crianças bem pequenas são sensíveis à perda da atenção de seus progenitores para outra criança. Miller et al. (2000), estudando 62 famílias norteamericanas com dois filhos (o mais velho com idade pré-escolar), perceberam que crianças de apenas 16 meses de idade demonstraram ciúme no contexto em que o progenitor direcionava sua atenção ao filho mais velho.

Na pesquisa empírica, com vistas a problematizar o ciúme como causa do conflito entre irmãos, alguns estudos buscaram investigar os motivos relatados pelas crianças e adolescentes para o conflito fraterno. Os autores foram unânimes, desde a década de 80 até o período atual, ao afirmar que as disputas entre os irmãos estiveram relacionadas a temas reais da fratria, envolvendo a relação fraterna em si e não os progenitores. Um dos temas mais frequentes, tanto para adolescentes quanto para crianças em idade escolar, referiu-se à divisão de posses pessoais (Felson, 1983), propriedade (McGuire, Manke, Eftekhari, & Dunn, 2000) ou à proteção de seu espaço pessoal (Prochaska & Prochaska, 1985). É possível que disputas sobre direitos e propriedades sejam uma característica única e consistente da relação fraterna, ao menos enquanto ambos os irmãos vivem em casa. Além deste tema, a divisão de tarefas domésticas (Felson, 1983), a agressão física e verbal (McGuire et al., 2000) e o mau humor ou problemas de personalidade dos irmãos foram apontados como temas centrais das disputas (McGuire et al., 2000; Prochaska & Prochaska, 1985). O relato dos irmãos raramente incluiu o relacionamento com os progenitores como fonte de conflito. A luta por ter a atenção e o amor dos progenitores, conflitos envolvendo o tratamento parental diferencial ou comparações, estiveram entre as causas menos frequentes de conflito relatadas pelos irmãos (Felson, 1983; McGuire et al., 2000; Prochaska & Prochaska, 1985).

Dunn (1995) corroborou esta perspectiva, ao afirmar que o conflito fraterno possuiria diversas causas, além da rivalidade e do ciúme. Em um livro voltado para o público leigo, com base em sua pesquisa longitudinal com famílias inglesas, a pesquisadora elencou os seguintes motivos pelos quais as crianças brigam: choque de personalidade (diferentes estilos de personalidade e interesses), tédio (as crianças provocam umas às outras para afastar o tédio da cena familiar), disputa por posses (dificuldade em dividir suas posses com os irmãos), territórios, espaços, regras (dificuldade em compartilhar espaços comuns e delimitar espaços privados), controle (manifestado em questões triviais como o canal da televisão ou quem irá sentar-se no banco da frente do carro), cansaço e fome. Com base nestes achados, os autores defenderam que haveria pouca evidência para o modelo teórico do ciúme entre irmãos, que associa o conflito e a agressão entre os irmãos necessarimente à disputa pelo amor parental (Felson, 1983). Ao contrário, os irmãos possuiriam seu próprio repertório de temas de conflito separado daqueles envolvendo os progenitores (McGuire et al., 2000).

Neste sentido, já na década de 80, Felson (1983) propôs o modelo realista de conflito, que implica que os irmãos brigam por assuntos reais e tangíveis. Segundo este modelo, a agressão existente entre os irmãos possui uma função instrumental, ou seja, visa a obter certas posses ou evitar tarefas desagradáveis compartilhadas, não sendo um meio para expressar unicamente sentimentos de ciúme.

Como pode ser notado através do exposto, o conflito, a competição, a rivalidade e o ciúme estão intimamente intrincados e sobrepostos em alguns momentos, contudo mantêm suas particularidades. Por exemplo, um conflito iniciado como uma competição por uma posse pode se tornar ciúme quando a mãe se envolve e afirma que uma criança deve abdicar do brinquedo para o irmão, particularmente se a criança interpretar a ação da mãe como favoritismo pelo irmão (Volling et al., 2010).

Considerações Finais

Percebe-se que, embora haja proposições teóricas já formuladas acerca dos conceitos envolvidos na rivalidade fraterna, para que este campo de investigação se expanda há ainda necessidade de melhor definir tais concepções. Enquanto o conceito de ciúme parece apresentar-se com mais clareza na literatura internacional, o mesmo não ocorre com o conceito de rivalidade fraterna.

Definir rivalidade fraterna como a competição entre irmãos em face de um terceiro não parece fazer jus a toda a gama de disputas envolvendo os irmãos. Acredita-se que a literatura da década de 1990, que propôs considerar a rivalidade como a competição ocorrida neste contexto, excluindo o conflito e a competição diádica, estaria respondendo a uma supervalorização do relacionamento parental em detrimento do relacionamento fraterno na família.

Frente a esta complexidade, muitos pesquisadores, explícita ou implicitamente, assumiram que a rivalidade fraterna se devia ao ciúme pela atenção e afeto parental. Esta afirmação esteve presente em muitos manuais dirigidos aos leigos desde a década de 80, mas não teve apoio nas pesquisas científicas que os sucederam. De fato, embora o ciúme faça parte do relacionamento fraterno em alguma medida, a maioria das disputas e competições fraternas não é atribuível à rivalidade pela atenção parental. Destaca-se que os irmãos rivalizam e sentemse ameaçados também pela perda de seu espaço vital. Irmãos são objeto de sentimentos passionais de amor e ódio, e isto se dá tanto em um terreno de suas vidas emocionais com energia própria, quanto no contexto das relações com os progenitores.

Frente a este panorama, propõe-se uma compreensão abrangente do conceito de rivalidade fraterna que inclua tanto as manifestações de ciúme quanto a dimensão de competição fraterna. Apesar de o ciúme ocorrer em um sistema interacional triádico, enquanto que o conflito e a competição ocorrem em um sistema interacional diádico, ambos correspondem às lutas por recursos, estabelecidas no universo das relações fraternas. No caso do ciúme, a rivalidade diz respeito aos progenitores. No caso das disputas e competições, a rivalidade refere-se, principalmente, às posses e aos espaços desfrutados.

Ressalta-se, por fim, a relevância de se investigar o relacionamento fraterno e, mais especificamente, a rivalidade entre irmãos. Com isso, chama-se atenção para um subsistema familiar bastante esquecido no campo da Psicologia, de modo especial na produção científica brasileira. A este respeito, destacase ainda a necessidade de novas investigações considerarem a complexificação de tais conceitos ao transpô-los à realidade das diferentes configurações familiares presentes na atualidade.

Recebido em 25. Fev. 2012

Revisado em 03. Abr. 2013

Aceito em 29. Abr. 2013

Caroline Rubin Rossato Pereira, doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ University of Michigan, é professora Adjunta na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Endereço para correspondência: Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Psicologia. Rua Marechal Floriano Peixoto, 1750, 3º Andar, sala 312 - Centro. CEP: 97015-372 - Santa Maria, RS - Brasil. Telefone: (55) 32209231. E-mail: carolinerrp@ufsm.br

Rita de Cássia Sobreira Lopes, doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de Londres, é professora associada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: sobreiralopes@portoweb.com.br

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Jul 2019
  • Data do Fascículo
    Jun 2013

Histórico

  • Recebido
    25 Fev 2012
  • Aceito
    29 Abr 2013
  • Revisado
    03 Abr 2013
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