Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

Um dos projetos mais arrojados e bem sucedidos da Sociedade Brasileira de Química nos seus 25 anos de vida, que este ano está sendo comemorado, foi a criação do Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS), cujo primeiro número foi publicado em janeiro de 1990.

Fruto de edital do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), um dos instrumentos de política científica mais importantes da história da ciência brasileira e o principal responsável pelo crescimento da área de Química, o JBCS foi criado mais pela vontade de Eduardo Motta Alves Peixoto do que da comunidade química brasileira. A filosofia da revista sempre foi ser universal sem querer ser européia ou norte-americana. Voltado desde sua criação para o pesquisador jovem, que o tem apoiado, mesmo quando é avaliado pelos comitês científicos das agências financiadoras pelos ditos parâmetros internacionais (quando ser internacional é situar-se nos centros do mundo), o JBCS foi conquistando a credibilidade da comunidade química brasileira e ocupando espaço na América Latina e entre os pesquisadores dos países em desenvolvimento, que vêem a revista como uma das mais importantes da área de Química.

Nem por isso a sobrevivência do JBCS tem sido fácil. Ocupar espaço e sobreviver no mercado editorial dominado pelas grandes corporações de editoras internacionais, para as quais mais importante do que o avanço da ciência é a venda de suas revistas, só tem sido possível com o apoio da comunidade química brasileira e graças ao trabalho voluntário e dedicado daqueles que acreditam que o Brasil tem condições de ter uma revista de química com o padrão das publicadas pelas sociedades científicas dos países industrializados. Em 12 anos muito se fez, mais muito mais está para ser feito. O JBCS continuará a conquistar espaço e a ter a credibilidade que já tem, se mantiver sua identidade. Nada de copiar as revistas norte-americanas e européias, a história da ciência brasileira é diferente das desses países, mas nem por isso menos importante. Os exemplos de cópias mal feitas no Brasil são muitos. Revistas científicas brasileiras que trilharam esse caminho, hoje não são mais publicadas.

O futuro do JBCS só depende dos químicos brasileiros. De fato, se todos os pesquisadores com bolsa de produtividade de pesquisa do CNPq submeterem pelo menos um artigo de qualidade por ano ao JBCS e se isso acontecer com os pesquisadores que, apesar do mérito não têm bolsa de produtividade porque o número de bolsas do CNPq na área de Química é o mesmo de há 10 anos, o número de artigos submetidos ao JBCS eqüivaleria àquele de trabalhos submetidos às melhores revistas de química do mundo. Nesse cenário não estão sendo levados em consideração os trabalhos do exterior que são submetidos à revista, número esse que cresce a cada ano. Tudo ficaria mais fácil e se concretizaria em menos tempo se alguns comitês científicos assumissem o papel que lhes cabe na implementação de políticas cientificas para acelerar o crescimento e consolidar a química brasileira. Buscar no fator de impacto e nas indexações internacionais a importância de uma revista científica ou a qualidade de um trabalho científico é o mesmo que reiterar a máxima de que estamos condenados ao subdesenvolvimento científico se não reproduzirmos o que acontece do outro lado do Atlântico.

Angelo C. Pinto

Editorial

One of the boldest and most successful projects of the Brazilian Chemical Society, as it celebrates 25 years of existence, is the Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS), whose first edition was published in January 1990.

Fruit of the Support Program for Scientific and Technologic Development (PADCT), one of the most important instruments of scientific policy in the history of Brazilian science and the most responsible for the growth in the field of chemistry, the JBCS was created more through the desires of Eduardo Motta Alves Peixoto than by those of the Brazilian chemistry community. The philosophy of this publication has always been to try to be universal, rather than European or North American. Since its creation, it has been devoted mainly to the young researcher, who has supported it, even when it is evaluated by the financing agencies of scientific commitees according to international parameters (when being international is to be in the world centers), the JBCS has earned the credibility of the Brazilian chemistry community and come to occupy a place in Latin America, as well as among the researchers of developing countries, which view the periodical as one of the most important in the area of chemistry.

Nevertheless, the survival of the JBCS has not been easy. Occupying a place and surviving in an editorial market dominated by great corporations of international publishers, for whom the sale of periodicals is more important than the advance of science, has only been possible with the support of the Brazilian chemistry community and thanks to the dedicated volunteer work of those who believe that Brazil can have its own chemistry publication of a standard equal to those published by scientific societies of industrialized countries.

Much has been done over 12 years, while much more remains to be done. The JBCS will continue to gain footing, establish itself, as well as to hold on to the credibility it has had, if it can maintain its identity. We should not copy North American or European periodicals: the history of Brazilian science is different from that of those countries, although no less important. Examples of poorly done copies in Brazil are many. Brazilian scientific periodicals, which have taken this path, are no longer published today.

The future of the JBCS depends only on Brazilian chemists. Indeed, if all those qualified in the category of CNPq researchers submitted at least one good article per year to the JBCS, and if this were also the case for those who, in spite of their worth, are not yet CNPq researchers (as the number of grants for chemistry has been the same for the past 10 years), the number of articles submitted to the JBCS would be the same as the total number submitted to the best chemistry periodicals in the world. Within this scenario, we have not taken into account the manuscripts submitted for publication from abroad, whose number has risen yearly. It would be easier and sooner done if certain scientific committees assumed their appropriate role in implementing the scientific policy to accelerate the growth of and consolidate Brazilian chemistry. Weighing the importance of a scientific publication or the quality of a scientific study by its impact factor and international ratings is the same as reiterating the maxim that we are condemned to scientific underdevelopment if we do not reproduce what happens on the other side of the Atlantic ocean.

Angelo C. Pinto

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jul 2002
  • Data do Fascículo
    Jun 2002
Sociedade Brasileira de Química Instituto de Química - UNICAMP, Caixa Postal 6154, 13083-970 Campinas SP - Brazil, Tel./FAX.: +55 19 3521-3151 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: office@jbcs.sbq.org.br