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REDE SOCIAL DE APOIO NO LUTO: A QUEM CONFIAR MINHA TRISTEZA?!

RED SOCIAL DE APOYO EN EL DUELO: ¡¿EN QUIÉN DEBO CONFIAR MI TRISTEZA?!

RESUMO

Este artigo tem como objetivo compreender como ocorre o compartilhamento de vivências de perda e apoio social tecido nas redes sociais significativas de pessoas enlutadas. O estudo qualitativo foi desenvolvido com 12 pessoas que perderam um membro familiar. Para a coleta de dados utilizaram-se a entrevista semiestruturada e o mapa de redes, e para a organização e integração dos dados foram utilizados os procedimentos de codificação da Teoria Fundamentada. Destacam-se os diferentes atores envolvidos num macro e microssistema de relacionamentos formados em torno do apoio à expressão e compartilhamento de vivências de luto. Assim, familiares, amigos, profissionais de saúde, colegas de trabalho e estudo desenvolveram um processo relacional de dar e receber apoio emocional, companhia social e ajuda material à pessoa em luto. Por sua vez, as características dos vínculos interpessoais do enlutado com os membros de sua rede, como a multidimensionalidade, a história da relação, disponibilidade e reciprocidade, facilitaram o compartilhamento das vivências de luto. Sob a perspectiva da promoção da saúde, cabe aos profissionais potencializar o apoio social que é adequado a cada pessoa enlutada tendo em vista os recursos de apoio disponíveis na sua rede de relações significativas. Considera-se que é pelo protagonismo do enlutado e o apoio dado e percebido no contexto das redes sociais significativas que é possível ocorrer a integração psicossocial de pessoas enlutadas que vivem uma situação de luto na contemporaneidade.

Palavras-chave:
Rede social; luto; relações interpessoais

RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo entender cómo se comparten las experiencias de duelo de personas dolientes y el apoyo social brindado por importantes redes sociales. El estudio se desarrolló con 12 personas que perdieron a un familiar. Para la coleta de datos, se utilizaron una entrevista semiestructurada y mapa de red, y para la organización e integración de datos, se utilizaron los procedimientos de codificación de la Teoría Fundamentada. Se analizan los diferentes actores involucrados en un sistema de relación macro y micro formado para apoyar la expresión y compartir experiencias de duelo. Por lo tanto, familiares, amigos, profesionales de la salud, compañeros de trabajo y estudio desarrollaron un proceso relacional de dar y recibir apoyo emocional, compañía social y ayuda material en el duelo. A su vez, las características de los lazos interpersonales del doliente con los miembros de su red, como la multidimensionalidad, la historia de la relación, la disponibilidad y la reciprocidad, facilitó el intercambio de experiencias de duelo. Desde la perspectiva de la promoción de la salud, corresponde a los profesionales mejorar el apoyo social apropiado para cada persona en vista de los recursos de apoyo disponibles en su red de relaciones significativa. Se considera que es debido al protagonismo del doliente y al apoyo brindado en el contexto de redes sociales significativas que es posible que ocurra la integración psicosocial de personas afligidas que viven en una situación de duelo en los tiempos contemporáneos.

Palabras clave:
Redes de apoyo; luto; relaciones interpersonales

ABSTRACT

This article aims to understand the experiences of loss and social support in significant social networks of bereaved people. The qualitative study involved 12 people who lost a family member during their adult life. For the data collection, I used semi-structured interviews and network maps, and for the organization and integration of the data, we used the coding procedures of the Grounded Theory. The different actors involved in a macro and micro relationship system formed around supporting expression and sharing experiences of mourning for the bereaved people are analyzed. Thus, family members, friends, health professionals, co-workers and study developed a relational process of giving and receiving emotional support, social companionship and material help in grieving. In turn, the characteristics of the mourner's interpersonal bonds with members of his network, such as multidimensionality, the history of the relationship, availability and reciprocity, facilitated the sharing of mourning experiences. From the perspective of the promotion of health, it corresponds to the professionals who improve the appropriate social support for each person in view of the support resources available in their network of significativ relationships.It is considered that it is because of the protagonism of the mourner and the support given in the context of significant social networks that it is possible to occur the psychosocial integration of bereaved people who live in a situation of mourning in contemporary times.

Keywords:
Social networks; mourning; interpersonal relationships

Introdução

Vai fazer uma semana que morreu o filho e ele ainda não conversou direito com alguém sobre aquilo [...]. É preciso falar com método, lentamente [...] É preciso contar como o filho adoeceu, como padeceu, o que disse antes de morrer e como ele morreu. É preciso descrever o enterro e a ida ao hospital para buscar a roupa do defunto. Na aldeia, ficou a filha Aníssia [...] É preciso falar sobre ela também... De quantas coisas mais poderia falar agora? [...] o ouvinte deve soltar exclamações, suspirar, lamentar [...] (Tchekcov, 1999Tchekcov, A. P. (1999). Angústia. In A. P. Tcheckov. A dama do cachorrinho e outros contos (p. 132-138, Boris Scheiderman, trad.). São Paulo, SP: 34., p. 135).

A situação de luto pela perda do filho é descrita no conto de Tchekcov (1999Tchekcov, A. P. (1999). Angústia. In A. P. Tcheckov. A dama do cachorrinho e outros contos (p. 132-138, Boris Scheiderman, trad.). São Paulo, SP: 34.) ‘Angústia’. Neste conto é possível visualizar dois aspectos: a experiência subjetiva de sofrimento e os costumes fúnebres, crenças religiosas e regras sociais diante da morte, que possibilitam a expressão ativa dessa experiência. A distinção entre a dor da perda vivida subjetivamente e a expressão social desta é muito bem descrita na literatura em língua inglesa, pois lá se observa o uso de terminologias especificas como grief e mourning. Na literatura brasileira observa-se também essa diferenciação, pois Franco (2010Franco, M. H. P. (2010). Porque estudar o luto na atualidade? In M. H. P. Franco (Ed.), Formação e rompimento de vínculos: o dilema das perdas na atualidade (p.17-42). São Paulo, SP: Summus.), pesquisadora brasileira e tradutora do livro de Parkes (2009)Parkes, C. M. (2009). Amor e perda: as raízes do luto e suas complicações. São Paulo, SP: Summus editorial., traduziu grief como experiência de luto e mourning como enlutamento. Neste trabalho se usará preferencialmente o termo vivência de luto para se referir à experiência de luto.

Em termos históricos, em meados do século XX, ocorre a transição quanto ao modo de enlutar-se, ou seja, do enlutamento público ao privado (Walter, 1997Walter, T. (1997). A secularização. In C. M. Parkes, P. Laungani, & B. Young (Eds.), Morte e luto através das culturas (p.195-220). Lisboa, PT: Climepsi Editores.). O primeiro implica na realização de rituais coletivos de luto e expressão pública da dor da perda e o segundo diz respeito a uma nova sensibilidade social que se configura diante do sofrimento publicamente expresso - a sua interdição social - e os sentidos de privacidade na expressão do sofrimento. O conto de Tchekcov (1999Tchekcov, A. P. (1999). Angústia. In A. P. Tcheckov. A dama do cachorrinho e outros contos (p. 132-138, Boris Scheiderman, trad.). São Paulo, SP: 34.) alude a essa transição, pois mostra, de um lado, a expectativa de Iona Poptapov em expressar e compartilhar o seu sofrimento com pessoas com quem cruza diariamente no seu ofício de cocheiro e, de outro, como efetivamente ocorre a expressão da sua dor.

Considerando a interdição social do sofrimento no âmbito social e os sentidos da privacidade na expressão do sofrimento na atualidade, visualiza-se que Luna e Moré (2013Luna, I. J., & Moré, C. L. O. (2013). O modo de enlutamento na contemporaneidade e o aporte do construcionismo social. Nova Perspectiva Sistêmica, 46, 20-35. Recuperado de: https://www.revistanps.com.br/nps/article/view/111
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) destacam a importância de se conhecer quais são os contextos relacionais que favorecem a expressão e compartilhamento de vivências de luto e os tipos de apoio social que são ofertados aos enlutados. Para compreender estes aspectos, buscaram-se pesquisas no âmbito da literatura que abordem especificamente a formação de redes sociais de apoio no luto.

Inicialmente, destaca-se o conceito de rede social como sendo as relações sociais formais ou informais a que as pessoas recorrem para receber ajuda e lidar com uma situação específica de crise ou estresse. Nesse sentido, encontram-se as denominações rede social de apoio ou rede social significativa e que, segundo Vega e Martinez (1996Vega, J. L., & Martinez, B. B. (1996). Desarrollo adulto y envejecimiento. Madri, ES: Editorial Síntesis.), consiste num grupo hierarquizado de pessoas que mantêm entre si laços de dar e receber. Para Sluzki (1997Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. ), a rede social significativa consiste na soma das relações percebidas e nomeadas por um indivíduo como significativas e capazes de desempenhar funções diante de situações estressantes, na medida em que contribuem para a promoção de experiências em torno da identidade, bem-estar, competência, agenciamento e autoria de um indivíduo.

Encontraram-se estudos brasileiros que constatam a formação de uma rede social de apoio no contexto de uma perda significativa, seja no âmbito das relações familiares ou de amizades, seja, com menor ocorrência, no âmbito das relações comunitárias, de serviço e de trabalho (Koury, 2014Koury, M. G. P. (2014). Luto no Brasil no final do século XX. Caderno CRH, 27 (72),593-612. Recuperado de:https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=347639244010
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; Luna, 2019Luna, I. J. (2019). Narrativas de homens viúvos diante da experiência de luto conjugal.Nova Perspectiva Sistêmica,28(64),32-46. https://dx.doi.org/10.21452/2594-3632019v28n64a03
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; Santos, Durães, Abreu, & Finelli, 2016Santos, F. P., Durães, M. M. A., Abreu, L. L. G., & Finelli, L. A. C. (2016). Luto na família. Humanidades, 5(2), 141-152. ; Franqueira & Magalhães, 2018Franqueira, A. M., & Magalhães, A. S. (2018). Compartilhando a dor: o papel das redes sociais no luto parental. Revista Pesquisa Qualitativa, 6(11), 373-389. https://www.researchgate.net/publication/340290729_
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; Franqueira, 2019; Gonçalvez & Bittar, 2016). Observa-se, assim, a busca pelos enlutados de apoios formais no contexto das redes sociais de apoio formadas, seja a espiritualidade, a realização de terapias de luto ou uso de literatura de autoajuda na busca pelo sentido sobre a perda vivida. Já os amigos e familiares que compõem as redes ofereceram apoios informais, por meio do oferecimento de conselhos, ajuda material e afetiva. Dessa forma, há na atualidade espaços de sociabilidade no luto que possibilitam vínculos de suporte e de confiança em torno da externalização e significação de um sofrimento.

A despeito dos resultados destacados no parágrafo anterior, entende-se também que há na atualidade poucos espaços de sociabilidade no luto. Essa discussão é referendada por Veras (2015Veras, L. (2015). A medicalização do luto e a mercantilização da morte na sociedade contemporânea. Fenomenologia & Psicologia, 3(1), 29-44.), quando destaca a efemeridade do apoio social tendo em vista a liquidez das relações sociais na pós-modernidade que precariza os sentimentos de confiança e a estabilidade dos relacionamentos entre as pessoas que vivem situações de crise. Neste sentido, entende-se que a liquidez das relações sociais na pós-modernidade conduz o enlutado a escolher cenários de relacionamentos idiossincráticos para partilhar o seu sofrimento. Para tanto, duas perguntas são fundamentais sobre a expressão e significação do sofrimento por adultos enlutados: A quem os enlutados confiam sua tristeza? A rede social significativa é o cenário do enlutamento público e dos apoios percebidos pelo enlutado?

Com base nestas perguntas, foi realizada uma pesquisa sustentada no pressuposto de que a rede social significativa constitui o cenário interpessoal em que se dá o enlutamento público e os apoios percebidos pelo enlutado. A pesquisa teve como objetivo compreender como ocorre o compartilhamento de vivências de luto e apoio social tecido nas redes sociais significativas de pessoas enlutadas. Este artigo apresenta os resultados desta pesquisa e, por isso, discute-se a dinâmica relacional desta rede em torno do processo de dar e receber apoio no luto e apontam-se os cenários interpessoais em que se constitui na atualidade a expressão do sofrimento e o apoio ao luto.

Método

Realizou-se um estudo qualitativo, com delineamento de cunho exploratório e descritivo. A presente pesquisa se caracteriza, também, por ser de corte transversal, uma vez que os dados foram coletados em determinado momento do tempo (Minayo, 2017Minayo, M. C. S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista de Pesquisa Qualitativa, 5(7), 01-12. https://editora.sepq.org.br/index.php/rpq/article/view/82/59
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). Participaram do estudo 12 pessoas que perderam um membro familiar por morte. O critério para definir esse número baseou-se no parâmetro utilizado em pesquisas qualitativas quanto à saturação dos dados (Minayo, 2017Minayo, M. C. S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista de Pesquisa Qualitativa, 5(7), 01-12. https://editora.sepq.org.br/index.php/rpq/article/view/82/59
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). Critérios de inclusão também foram utilizados, sustentados na literatura, considerados pertinentes ao fenômeno problematizado no estudo como idade entre 20-59 anos; ter perdido um membro familiar há, no mínimo, um ano e, no máximo, cinco anos; a circunstância da perda ser repentina ou antecipada; residir em um dos municípios da grande Florianópolis, próximos ao contexto da investigação (Franco, Tinoco, & Mazorra, 2017Franco, M. H. P., Tinoco, V., & Mazorra, L. (2017). Reflexões sobre os cuidados éticos na pesquisa com enlutados. Revista M. Estudos Sobre a Morte e o Morrer, 2 (3), 138-151. doi.org./10.9789/2525-3050.2017.v2i3.p. 138-151
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).

A seleção dos participantes contou com a técnica bola de neve (snowball sampling): dez pessoas foram contatadas por meio da rede de contato profissional da pesquisadora e de duas pessoas pelos próprios participantes da pesquisa (Denzin & Lincoln, 1980Denzin, N. K., & Lincoln, Y. S. (1980). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens (2a ed.). Porto Alegre, RS: Artmed.). Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento principal o Mapa de Rede. Este consiste em um instrumento gráfico que foi desenvolvido por Sluzki (1997Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. ) para realizar intervenções em rede no âmbito da saúde mental comunitária. Por sua vez, este instrumento foi adaptado por Moré e Crepaldi (2012Moré, C. L. O. O., & Crepaldi, M. A. (2012). O mapa de rede social significativa como instrumento de investigação no contexto da pesquisa qualitativa. Nova Perspectiva Sistêmica, 43, 84-98. https://www.revistanps.com.br/nps/article/view/265
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) para a pesquisa qualitativa com o objetivo de evidenciar a percepção da pessoa quanto à qualidade do vínculo construído com os envolvidos na sua rede, seja numa determinada situação de crise ou num determinado momento do ciclo de vida individual ou familiar. No que se refere ao estudo aqui apresentado, utilizou-se o mapa de rede com objetivo de coletar dados sobre a dinâmica relacional da rede em torno do processo de dar e receber apoio no luto.

Destaca-se que a construção do mapa de rede ocorreu no contexto da entrevista qualitativa em profundidade e do tipo semiestruturada e que foi norteada por cinco questões principais (Olabuénaga, 2009Olabuénaga, J. I. R. (2009). Metodología de la investigación cualitativa. Bilbao, ES: Universidad de Deusto.): 1) quem é você, sua família e a pessoa que morreu?; 2) quais foram as experiências vividas desde a doença e/ou morte do membro familiar?; 3) quem foram as pessoas com quem você compartilhou momentos significativos no luto?; 4) como ocorreu o compartilhamento da sua experiência de luto?; e 5) o que facilitou o compartilhamento das vivências de luto?

O estudo foi aprovado sob parecer nº 01196912.50000.0121, pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Santa Catarina. Deste modo, os procedimentos éticos na condução da pesquisa contemplaram a resolução 466/12 e 510/16, do Conselho Nacional de Saúde, bem como as orientações gerais e específicas para a conduta ética na pesquisa da experiência de luto: a autonomia, beneficência, não maleficência; justiça e equidade, a fidelidade e a veracidade são requisitos fundamentais para a condução de uma pesquisa com ética (Franco et al., 2017Franco, M. H. P., Tinoco, V., & Mazorra, L. (2017). Reflexões sobre os cuidados éticos na pesquisa com enlutados. Revista M. Estudos Sobre a Morte e o Morrer, 2 (3), 138-151. doi.org./10.9789/2525-3050.2017.v2i3.p. 138-151
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).

O corpus de análise foi a rede social significativa de cada participante, de modo que as 12 redes foram analisadas em conjunto por intermédio da utilização do software Atlas ti 5.0 (Murh, 2004) e dos fundamentos da Teoria Fundamentada Empiricamente (Andrews, Mariano, Santos, Koerber-Timmons, & Silva, 2017Andrews, T., Mariano, G. J. S., Santos, J. L. G., Koerber-Timmons, K., & Silva, F. H. (2017). A metodologia da teoria fundamentada nos dados clássica: considerações sobre sua aplicação na pesquisa em enfermagem.Texto & Contexto - Enfermagem,26(4),156-167. https://doi.org/10.1590/0104-070720170001560017
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). As ferramentas analíticas principais - as perguntas e comparações - possibilitaram conduzir uma análise conceitual qualitativa, por meio de procedimentos típicos de codificação, como a aberta, a seletiva e a axial. Tendo em vista o processo qualitativo de análise dos dados três categorias se destacaram: 1) composição das redes sociais significativas; 2) funções de apoio das redes sociais significativas; 3) atributos dos vínculos das redes sociais significativas. Na sequência apresentam-se estes resultados, e que estão identificadas a partir do tipo de perda que o participante vivenciou, por exemplo, o que perdeu filho, cônjuge, pais (mãe ou pai) ou irmão foi denominado, respectivamente, com a letra F, C, P ou I, bem como por um número que se referiu à ordem em que este foi entrevistado, F1, C2, etc.

Resultados e discussão

Inicialmente caracterizam-se os participantes da pesquisa, tendo em vista os critérios de seleção. Participaram do estudo dez mulheres em períodos distintos do ciclo vital adulto (início, meio e final da meia idade). Da mesma forma se deu com os dois participantes do sexo masculino, que estão no início e na metade da vida adulta. Houve predomínio do ensino superior (10 participantes), seja completo e/ou incompleto, sendo que a profissão declarada pela maioria não corresponde à ocupação à época das entrevistas. Alguns residem em municípios próximos ao contexto da investigação propriamente dita. Dentre os 12 participantes selecionados, há uma distribuição equitativa quanto ao membro familiar falecido, três perderam o filho, três perderam o cônjuge, três perderam o irmão e três perderam o pai ou a mãe. Constatou-se que seis participantes se referiram à circunstância antecipada (aborto induzido, Parkinson, câncer ou infarto do miocárdio) e seis sobre evento repentino (acidente de carro, moto, afogamento ou assassinato). Na sequência apresentam-se os resultados do processo de análise conceitual qualitativa.

A categoria composição das redes sociais significativas aborda quais foram as pessoas que formaram o sistema relacional de apoio dos participantes e a quem eles confiaram a sua tristeza, ou seja, compartilharam as suas vivências de luto, conforme está descrito na Figura 1.

Na Figura 1, observa-se um quadro onde está descrito o somatório de 243 pessoas, e que compuseram os membros das 12 redes, sendo que 94 pessoas estão situadas na rede de relações familiares e são membros pertencentes tanto à família nuclear - pai, mãe, irmão, filho (a), cônjuge - quanto à família ampliada - enteado (a), sobrinho, cunhado, avós, tios, primos, sogro (a) e bisavós. Quanto à rede de relações de amizade, 84 pessoas foram citadas.

Figura 1
Composição das redes sociais significativas dos 12 participantes da pesquisa. Fonte: A autora.

Foi inexpressivo o número de vizinhos (3 pessoas) que compõe a rede de relações comunitárias. Percebe-se, por outro lado, que na rede de profissionais de apoio há 28 pessoas presentes, como profissionais de saúde, psicólogo, médico, enfermeira, fisioterapeuta, e profissionais da justiça, o advogado. De maneira semelhante, ocorre a presença de outras pessoas significativas que compuseram essa rede, como terapeuta holístico, orientador espiritual, pai de santo e padre. Assim sendo, percebe-se a inserção de pessoas afinadas com algum credo ou crença religiosa. Cabe destacar que não se observou relação entre os participantes da pesquisa e uma comunidade religiosa em específico, por isso essas pessoas citadas foram classificadas na rede de relações de serviços. Na Figura 1 também se observa uma rede de relações com colegas de trabalho/estudo composta por 34 pessoas.

As 12 redes sociais significativas estão compostas principalmente por familiares e amigos íntimos, de modo que este resultado se coaduna com o apontado por Rosenblatt (1997Rosenblatt, P. C. (1997). O luto em sociedades de pequenas escala. In C. M. Parkes, P. Laungani, & B. Young (Eds.), Morte e luto através das culturas (p. 41-68). Lisboa, PT: Climepsi Editores.), Franqueira e Magalhães (2018Franqueira, A. M., & Magalhães, A. S. (2018). Compartilhando a dor: o papel das redes sociais no luto parental. Revista Pesquisa Qualitativa, 6(11), 373-389. https://www.researchgate.net/publication/340290729_
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), Benkel e Molander (2009Benkel, I., & Molander, U. (2009). Family and friends provide most social support for the bereaved. Palliative Medicine, 3, 141-145. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18952747
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1895...
) e Luna e Moré (2013Luna, I. J., & Moré, C. L. O. (2013). O modo de enlutamento na contemporaneidade e o aporte do construcionismo social. Nova Perspectiva Sistêmica, 46, 20-35. Recuperado de: https://www.revistanps.com.br/nps/article/view/111
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, 2017) de que será na família e na rede de amizades íntimas e sociais que as vivências de luto por um membro familiar são reconhecidas e validadas como significativas. Esse resultado também é referendado por Nogueira (2001Nogueira, E. J. (2001). Rede de relações sociais: um estudo transversal com homens e mulheres pertencentes a três grupos etários (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/253597
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), quando investigou as relações sociais de apoio de adultos de meia-idade. Muito embora essa autora não tenha se detido no fenômeno que está em estudo, destaca que as relações de amizades são vistas como fonte de satisfação emocional, de troca de confidências, e isso implica compartilhar problemas e alegrias pessoais.

O apoio de amigos e membros familiares verificado no presente estudo também é corroborado por Koury (2014Koury, M. G. P. (2014). Luto no Brasil no final do século XX. Caderno CRH, 27 (72),593-612. Recuperado de:https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=347639244010
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). Esse autor demonstra que as relações de amizades, diferente das de parentesco, constituem-se sob um espectro mais individualista, e isso implica uma rede de sociabilidade determinada por afinidades no campo dos valores, das crenças e dos objetivos de vida. Quanto à inexpressiva rede de vizinhos presente neste estudo, Koury (2014Koury, M. G. P. (2014). Luto no Brasil no final do século XX. Caderno CRH, 27 (72),593-612. Recuperado de:https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=347639244010
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) demonstra a perda progressiva da força e da simbologia das tradições religiosas diante da morte. O referido autor destaca a privacidade do sofrimento, via precariedade da exposição pública dos sentimentos e do isolamento social do enlutado no âmbito das relações comunitárias.

No que diz respeito aos dados sobre as relações de serviço configuradas neste estudo, destacam-se as redes de suporte social institucionalizadas, que tem como objetivo oferecer apoio às problemáticas relacionadas à saúde ou a conflitos específicos. Os colegas de trabalho/estudo também foram incluídos na rede social significativa dos 12 enlutados e alude ao estudo de Koury (2014Koury, M. G. P. (2014). Luto no Brasil no final do século XX. Caderno CRH, 27 (72),593-612. Recuperado de:https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=347639244010
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), de modo que este autor aponta que o trabalho representa para uma oportunidade de fugir do sofrimento ou anestesiar a dor da perda.

Quanto ao tamanho da rede por participante, na Tabela 1 visualiza-se que os participantes C1, F1, C2, I1, C3 e F3 definiram redes compostas por 21 a 35 membros. Além disso, há o predomínio de membros familiares, amigos, profissionais de saúde, da justiça e colegas de trabalho e estudo. As redes dos participantes P1, P2, P3, I2 e I3 foram compostas por 11 a 14 membros e se remeteram a membros familiares, amigos, profissionais de saúde e colegas de trabalho/estudo. Na rede da participante F2, com apenas nove membros, ocorre a inclusão de mais pessoas fora do âmbito das relações familiares, como dois psicólogos, um médico psiquiatra e uma patroa.

A predominância de redes com muitas pessoas é discutida por meio dos trabalhos de Sluzki (1997Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. ) e Nogueira (2001Nogueira, E. J. (2001). Rede de relações sociais: um estudo transversal com homens e mulheres pertencentes a três grupos etários (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/253597
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), respectivamente. O primeiro autor aponta que redes de tamanho médio, ou seja, com até oito membros são as mais efetivas, já que favorecem a densidade, ou seja, a conexão entre seus membros independentemente do informante, podendo eles se comunicar e dividir os cuidados necessários, sem o risco de sobrecarga. Já Nogueira (2001Nogueira, E. J. (2001). Rede de relações sociais: um estudo transversal com homens e mulheres pertencentes a três grupos etários (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/253597
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) aponta que a configuração da rede, em termos de tamanho, está relacionada ao contexto e às circunstâncias vividas pela pessoa, seus valores, preferências e momento no ciclo vital. Salienta-se neste estudo que os participantes, cujas redes foram muito grandes, vivenciaram a perda de filho ou do cônjuge, além disso, as circunstâncias da perda desses participantes foram repentinas e traumáticas, o que demanda diferentes tipos de apoio aos participantes.

Esta categoria aborda o sistema relacional significativo dos participantes da pesquisa, pois designaram os membros que foram suportivos à expressão pública do sofrimento. Para responder à pergunta sobre como ocorreu o compartilhamento das vivências de luto, ou seja, o processo relacional de dar e receber apoio no luto destacam-se, segundo a categoria deste estudo, as funções de apoio das redes. Esta categoria designa as trocas interpessoais quanto à ajuda emocional, companhia social, ajuda cognitiva, ajuda material, regulação social e acesso a novos contatos e que envolveram os enlutados e os membros da sua rede no processo relacional de dar e receber apoio em distintos momentos de luto, como na notícia do diagnóstico, no percurso do tratamento de saúde, na notícia da iminência da morte do ente querido/no momento da notícia da morte repentina, diante da participação nos rituais coletivos de luto, na primeira semana de luto, nos dois primeiros meses de luto e após três meses de luto.

Na Figura 2, observam-se as seis funções de apoio atribuídas aos membros da rede pelos participantes da pesquisa e se referem à frequência das funções das redes dos 12 participantes considerando os quatro quadrantes.

Figura 2
Frequência dos diferentes tipos de funções das redes sociais significativas.

De acordo com a Figura 2, os membros da rede de relações familiares, de amizade e de trabalho/estudo dos participantes ofereceram três principais tipos de apoio: ajuda emocional, companhia social e ajuda material. Já na rede de profissionais de apoio destaca-se a ajuda cognitiva, que foi seguida pelo apoio emocional. É importante assinalar que a função regulação social obteve baixo percentual de frequência em todos os quadrantes, porém esteve presente em todas as relações tal qual a função novos contatos.

Destaca-se também que os participantes descreveram o processo de dar e receber apoio no luto em distintos momentos de luto. Sendo assim, a ajuda material provinda da rede de relações de amizade ocorreu mediante ajuda na organização dos rituais de luto e nas tarefas cotidianas na primeira semana de luto. Exemplifica-se esta questão por meio da narrativa da participante C2: “[...] a parte financeira, esses amigos todos se encarregaram de providenciar, suporte da minha família, as minhas tias são todas de lá, deram um suporte legal no momento do velório e enterro [...]” (C2). No âmbito das relações de trabalho/estudo também se visualiza a ajuda material e que consistiu no transporte e alimentação oferecidos à participante P3 nos momentos de visita à mãe hospitalizada: “[...] Nesse período de luto eu tive muito apoio do pessoal do serviço. Tem um amigo meu do serviço que todo dia, meio dia me levava pra ver a mãe, quando ela estava internada [...]” (P3).

Estes dados são corroborados pelos estudos de Breen e O´Connor (2011Breen, L. J., & O’Connor, M. (2011). Family and social networks after bereavement experiences of support, change and isolation. Journal of Family Therapy, 33, 98-120. http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.1010.6726&rep=rep1&type=pdf
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) que apontaram no trabalho colegas que ofereceram ajuda material tendo em vista o reconhecimento do tratamento de saúde e perda iminente de uma pessoa significativa para seu colega. As narrativas em torno da companhia social recebida na primeira semana de luto foram referidas por todos os participantes da pesquisa como uma dinâmica de apoio da rede familiar e de amizade, como se vê em C3: “[...] depois do enterro eu fui pro quarto, fiquei lá [...] Minha mãe meio angustiada, eu lembro que a noite eu não queria dormir sozinha, aí dormi com a minha mãe e com a B. (enteada) junto, na mesma cama, a gente dormiu junto [...]”. Diante dessa narrativa, pode-se verificar a importância da aproximação física dos membros da rede familiar dos enlutados, tendo em vista o reconhecimento do vazio deixado pela perda de uma pessoa importante no cenário familiar.

Atenta-se também que a dinâmica de apoio em torno da companhia social difere do apoio emocional, pois, como nos informa Sluzki (1997Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. ), as pessoas podem ser interatores frequentes, mas não íntimos, de modo que a ajuda emocional implicou em conversar sobre a perda, conforme a narrativa de C1: “[...] ah, eu falava muito, eu nos primeiros tempos eu falava muito, me referia a ele como se estivesse vivo: - ‘o R. (cônjuge) gosta disso, ele faz isso [...]’” (C1). Esta narrativa aponta que a dinâmica de apoio emocional e que enfatizou o conversar sobre a perda preponderou nas relações íntimas circunscritas a determinados familiares, ou seja, foram eles que proporcionaram maior clima de compreensão, empatia e estímulo para falar sobre a pessoa perdida (Sluzki, 1997Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. ).

Observa-se que a ajuda cognitiva provinda da rede de relações familiares e de amizade se deu no sentido de orientar o participante da pesquisa a conduzir ações que deveriam ser tomadas na primeira semana de luto, como se percebe no relato de C2: “[...] uma das minhas amigas é advogada e ela foi uma pessoa muito importante, ela foi agilizando, foi dizendo o que fazer para os amigos, mas todos estavam em estado de choque também [...]” (C2).

A ajuda cognitiva também foi caracterizada no âmbito das relações de serviço e sua dinâmica se deu no sentido de validar a experiência de luto, ou seja, as vivências emocionais e físicas de perda no primeiro mês de luto. Na narrativa da participante C1, observa-se essa questão: “[...] eu tinha no peito, esse buraco, o meu mestre em reike me disse que eu tinha perdido um pedaço da minha alma, segundo uns xamãs, quando a gente tem um trauma muito grande na vida, rompe [...]” (C1). A ajuda cognitiva é denominada por Stroebe e Stroebe (1994Stroebe, M., & Stroebe, W. (1994). Reducing the risk of poor bereavement outcome. In M. Stroebe, & W. Stroebe (Eds.), Bereavement and health: the psychological and physical consequences of partner loss (p. 224 - 249). Cambridge, UK: Cambridge University Press.) de suporte validacional (validational support), ou seja, aquele que possibilita ao enlutado compreender as suas reações à morte e verificar a normalidade do que estão vivenciando.

Outra ajuda cognitiva observada foi no sentido da autorização dada pela rede de relações de serviços e de trabalho/estudo a fazer mudanças necessárias na vida, ou seja, buscar novos projetos de vida e sair do luto, conforme se observa na narrativa da participante C2: “[...] fui buscar recursos, dentro da própria terapia eu fui, principalmente quando foi para sair do luto e iniciar outro relacionamento e a tendência era negar aquilo, aquilo, como se fosse uma traição, como se fosse esquecer a pessoa [...]” (C2).

Percebe-se que a dinâmica do processo de dar e receber apoio no luto também esteve ligada à função regulação social, sendo esta desempenhada pelas relações familiares no sentido de inibir a expressão do sofrimento advindo da experiência de separação, seja nos rituais de luto e após os eventos que se seguiram à morte (Santos et al., 2016Santos, F. P., Durães, M. M. A., Abreu, L. L. G., & Finelli, L. A. C. (2016). Luto na família. Humanidades, 5(2), 141-152. ). Essa questão pode ser percebida na narrativa da participante F3: “[...] lá no velório eu lembro que eu chorei quando eu vi, porque até tu chegares... é difícil, frieza assim [...] aí vem um monte de gente te agarra segura, ninguém deixa tu chorar [...]” (F3).

A função regulação social também esteve presente nas relações de serviço e se deu na direção de afirmar a identidade dos participantes durante o percurso do tratamento de saúde do familiar que estava doente. Esta função reforça a visão positiva que se tem da pessoa enlutada, conforme é exemplificado na narrativa de F1: “[...] a M. (empregada doméstica), que é uma pessoa que [...] é a minha segunda mãe, ela dizia para mim: ‘[...] você é outra pessoa desde que você ficou sabendo da doença do seu pai, vejo outro homem, outra pessoa assim, aí eu parava e pensava [...]’” (P1).

Já a dinâmica de apoio em torno do acesso a novos contatos se deu nas relações de amizade e significou apresentar outras pessoas após três meses de luto, como pode ser observado na narrativa da participante F3: “[...] nesse meio tempo uma amiga minha, uma conhecida, uma colega, ela ligou para mim, insistiu, insistiu, queria, queria me levar para igreja, daí eu aceitei e fui com ela [...]” (F3).

A categoria funções de apoio das redes de relações familiares, de amizade, serviços e de trabalho/estudo contemplaram dinâmicas em torno do processo de dar e receber apoio no luto em distintos momentos e que proporcionaram ao participante o contato com a realidade da perda e o afastamento dessa realidade, ou ainda, encorajando-o na reorganização de sua vida após a perda.

Por sua vez, visualiza-se que a expressão do sofrimento e o seu compartilhamento no processo de dar e receber apoio foi facilitada pelas características do vínculo que os participantes tinham com os membros da sua rede social significativa. Nesse sentido, na sequência, apresentam-se a terceira categoria de análise e os atributos do vínculo das redes sociais significativas, como ‘intensidade/multidimensionalidade’, ‘função predominante’, ‘história da relação’, ‘‘frequência de contatos’ e ‘reciprocidade’.

O dado referente ao atributo ‘intensidade/multidimensionalidade dos vínculos’ pode ser visualizado na Figura 3.

Figura 3
Intensidade/Multidimensionalidade dos vínculos.

De acordo com a Figura 3, o atributo ‘intensidade/multidimensionalidade’ dos vínculos significa que houve pessoas da rede que desenvolveram mais de uma função de apoio ao participante, por exemplo, os membros familiares mais próximos desenvolveram ajuda emocional e material e a companhia social. Deste modo, a muldimensionalidade do vínculo pode ser verificada quando se divide o total de funções de apoio (547) pelo total de pessoas presentes nas redes, considerado o número total nos três círculos (248).

Outra característica do vínculo que facilitou o compartilhamento e apoio às vivências de luto foi a ‘função predominante’. Assim, houve pessoas da rede cujo atributo do vínculo significou que um tipo de apoio foi mais importante ou predominou na relação de apoio com o participante da pesquisa. Por exemplo, para a participante P3 a ajuda material foi um apoio muito importante oriundo de um colega de trabalho durante o tratamento de saúde e perda iminente da mãe: “[...] Tem um colega meu do serviço que todo dia, meio dia, me levava pra ver a mãe, quando ela estava internada [...]” (P3). Observa-se que a função regulação social predominou na relação da participante C3 com sua mãe, como pode ser percebido pela seguinte narrativa: “[...] A minha mãe cobrava muito de mim: - ‘Ah você não pode ficar triste, porque não sei o que, você tem que ficar bem!’ [...]” C3.

Outro atributo do vínculo que facilitou a expressão e o apoio ao sofrimento é a ‘história da relação’ dos participantes com os membros da sua rede social significativa, e isto significa ter recebido apoio em vários outros momentos de crise, como destacou a participante F3 em relação ao seu pai de santo: “[...] o H. (pai de santo), que morava aqui atrás, a mesma coisa, ele vinha todos os dias aqui, mesmo final semana assim, mesmo antes do meu filho falecer, ela me ajudava antes mesmo de tudo acontecer [...]”. Deste modo, destaca-se a história de amizade que contribuiu para que os participantes expressassem o sofrimento e recebessem a ajuda de amigos na primeira semana de luto, conforme relata a participante C1: “[...] ah, tinham alguns amigos que me ouviam muito, eu falava muito, eu nos primeiros tempos, me referia a ele como se estivesse vivo [...]” (C1).

O atributo do vínculo ‘frequência de contatos’ também facilitou o processo de compartilhar o sofrimento e receber apoio. Este atributo significa a disponibilidade dos membros da rede em sustentar relacionamentos de apoio e permitir a expressão do sofrimento em distintos momentos do luto, como já assinalado na primeira categoria discutida. Nesse sentido, vê-se na narrativa da participante F3 que os contatos oriundos da família e dos amigos perduraram de forma frequente até os dois primeiros meses, como aponta F3: “[...] acho que foi uns dois anos, mas direto foi só uns 2 meses [...]” (F3).

O atributo do vínculo ‘frequência do contato’ pode também ser visto após os dois primeiros meses de luto, quando os participantes expressaram o seu sofrimento e receberam apoio de outros relacionamentos de apoio, como os oriundos da rede de relações de serviço, conforme relata a participante C2 e C10, respectivamente: “[...] mas depois de um tempo a parte de suporte ficou por conta de nós três (a participante e os 02 filhos)... teve um período que eu fiz terapia [...] eu tive um período de depressão [...]”; C10: “[...] Não adianta a família, eu pergunto muito, eu sempre procuro um psicólogo para explicar, como foi o meu processo com a M. (psicóloga), me ajudou bastante, a minha busca para tentar ficar bem [...]”. Esse aspecto coincide com os dados de pesquisa de Benkel e Molander (2009Benkel, I., & Molander, U. (2009). Family and friends provide most social support for the bereaved. Palliative Medicine, 3, 141-145. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18952747
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) que destacam que o suporte dos profissionais de saúde era requerido quando o enlutado não queria sobrecarregar a sua rede. Nas pesquisas de Gonçalves e Bittar (2016Gonçalves, P. C., & Bittar, C. M. L. (2016). Estratégias de enfrentamento no luto. Mudanças - Psicologia da Saúde, 24(1), 39-44. doi.org/10.15603/2176-1019/mud.v24n1p39-44
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) e Thuen (1997Thuen, F. (1997). Received social support from informal networks and professionals in bereavement. Psychology, Health & Medicine, 2(1), 51 -63.), observa-se que a busca por especialista do luto está associada a muitos sintomas psicológicos apresentados pelos enlutados, após alguns meses da perda.

Outro atributo do vínculo dos participantes com os membros da sua rede social significativa e que facilitou a expressão do sofrimento e o processo de dar e receber apoio foi a ‘reciprocidade’. Este atributo significa a confiança recíproca e validacional entre os participantes e os membros da sua rede, por exemplo, foi no momento da notícia da morte que a participante C2 desenvolveu este atributo com os amigos: “[...] quando eu soube da notícia da morte, as pessoas foram dando uma força, as pessoas chegavam eu ia conversar com elas e as pessoas diziam: - ‘mas é você que está consolando a gente! [...]’”.

No que diz respeito ao atributo ‘reciprocidade’ com pessoas oriundas das redes de serviço, destaca-se também o vínculo de confiança recíproca e validacional às vivências partilhadas pelos participantes, sobretudo, quando a frequência dos contatos de apoio oriundos de familiares e amigos diminuíram depois dos três primeiros meses de perda. Este aspecto pode ser observado na narrativa da participante I1 “[...] a médica me entendeu direitinho quando falou assim: - não sofre por isso, o fogo não contém oxigênio [...] - aí a partir do momento que houve a batida provavelmente alguém ficou ali, quem não ficou tava meio tonto devido a batida, devido o susto e na hora que o carro explodiu [...]”.

Posto isso, destaca-se a diminuição gradativa da confiança recíproca e validacional e a frequência dos contatos na rede familiar e de amigos mas, em contrapartida, estes requisitos ocorreram nas relações com profissionais de apoio, colegas de estudo e/ou trabalho ao longo do primeiro ano de luto. Este dado pode significar que os atributos do vínculo reciprocidade e a frequência dos contatos da rede de serviços e de colegas de trabalho e/ou estudo são facilitadores da partilha das vivências de luto e, consequentemente, favorecem a percepção do apoio recebido pelos participantes no contexto destas redes. Essa discussão também é referendada por Parkes (2009Parkes, C. M. (2009). Amor e perda: as raízes do luto e suas complicações. São Paulo, SP: Summus editorial.), quando discute a percepção de apoio social em momentos de crise e que requer a partilha de uma história, seja porque se é da mesma família, tem interesses em comum ou ainda desempenham funções de ajuda ao longo do tempo.

Por sua vez, Machado e Menezes (2018Machado, R., & Menezes, R. A. (2018). Gestão emocional do luto. Revista Ciências da Sociedade (RCS), 2(3), 65-94. doi.org/10.30810/rcs.v2i3.622
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), Faria e Lerner (2019Faria, A. F., & Lerner, K. (2019). Luto e medicalização: gestão do sofrimento entre mães que perderam filhos.Physis: Revista de Saúde Coletiva , 29(3), 290-317. doi.org/10.1590/s0103-73312019290317.
https://doi.org/10.1590/s0103-7331201929...
) e Koury (2014Koury, M. G. P. (2014). Luto no Brasil no final do século XX. Caderno CRH, 27 (72),593-612. Recuperado de:https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=347639244010
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) entendem que a percepção do apoio nessas redes é importante para a partilha do sofrimento pelo enlutado, contudo, defendem que as relações com profissionais podem favorecer um olhar medicalizador sobre a experiência de luto, e que está relacionado à ideia de manter a dor em um nível tolerável para não ofuscar o ideal de felicidade e hedonismo presente em nossa sociedade (Veras, 2015Veras, L. (2015). A medicalização do luto e a mercantilização da morte na sociedade contemporânea. Fenomenologia & Psicologia, 3(1), 29-44.). Como foi descrito na apresentação da segunda categoria, a função prioritária das redes de serviço foi a ajuda cognitiva e que auxiliou os participantes a validar a sua busca por novos arranjos de vida e manter sob controle a expressão pública do sofrimento para não onerar as redes familiares e de amigos com demandas de luto que não são capazes de apoiar.

Nesse sentido, ressalta-se o caráter produtivo que a expressão pública do luto teve aos participantes a partir dos três meses da perda, sobretudo, porque a dinâmica do apoio ao luto se concentrou nas relações interpessoais das redes de serviço, bem como nas relações com colegas de trabalho e estudo que se corresponsabilizaram pelo sofrimento dos participantes e lhes ofereceram ajuda cognitiva. Deste modo, pode-se pensar que o apoio social provindo das redes de serviços também teve caráter produtivo de tolerar e modular o sofrimento do enlutado.

Considerações finais

Diante dos dados apresentados, responde-se ao objetivo principal da pesquisa que foi o de compreender como ocorre o compartilhamento de vivências de perda e apoio social tecido nas redes sociais significativas de pessoas enlutadas. Nesse sentido, destaca-se que os 12 participantes da pesquisa compartilharam suas vivências de luto com pessoas e relacionamentos muito específicos da família - pai, mãe, irmão, filhos, cônjuges - bem como com a família ampliada - enteados, sobrinhos, cunhados, avós, tios, primos, sogros, bisavós. Além disso, expressaram o seu sofrimento fora do núcleo familiar, com pessoas das redes de serviços e de trabalho e/ou de estudo. As redes de serviços estão compostas por profissionais de apoio, como amigos, médicos, advogados, padres, pastores, psicólogos.

Na rede familiar e de amigos destacam-se as relações de apoio em momentos muito específicos de luto, como na notícia da doença do familiar, na luta contra a doença do familiar, na notícia da morte iminente ou repentina do familiar e nos rituais de luto. No que se refere aos momentos subsequentes à perda, nas primeiras semanas e meses, o apoio também foi oriundo da rede de serviços e esteve relacionado à organização das pendências da perda, cuidados com a saúde e a volta ao trabalho, sendo que colegas de estudo e de trabalho também foram protagonistas. Visualiza-se também que o compartilhamento das vivências de luto e o apoio tecido foi mudando ao longo do primeiro ano de luto no contexto das redes sociais significativas. Nos dois primeiros meses, o processo de apoio esteve centrado na família e nos amigos, sobretudo, visando garantir a expressão pública dos sentimentos de perda e, a partir dos três meses de perda, este processo se deslocou para a rede de profissionais de apoio e com colegas de trabalho e/ou estudo que imprimiram caráter produtivo à expressão pública do sofrimento, pois estavam direcionados a apoiar as demandas relacionadas à organização das pendências da perda, os cuidados com a saúde e a volta ao trabalho, encorajando os participantes na reorganização de sua vida e retomada do cotidiano.

A partir destes resultados, respondem-se às duas questões principais que nortearam este estudo apresentadas na introdução: os participantes da pesquisa confiaram a sua tristeza e expressaram o seu sofrimento às suas redes sociais significativas que desempenharam funções de apoio no luto, como ajuda emocional, cognitiva, material, companhia social, acesso a novos contatos e regulação social. Ademais, foram os atributos do vínculo entre os participantes e os membros da sua rede que favoreceram a expressão pública do sofrimento e o processo relacional de dar e receber apoio, como a intensidade/multidimensionalidade, função predominante, história da relação, frequência do contato e reciprocidade. Nesse sentido, entende-se que as redes sociais significativas formadas a partir de uma perda na vida adulta é o cenário interpessoal para o enlutamento público e os apoios percebidos pelo enlutado.

Por meio deste resultado, sugere-se que os profissionais que atuam sob a perspectiva da promoção à saúde em contextos de assistência social, educacional ou de trabalho considerem quais sãos os tipos de apoio social disponíveis à pessoa enlutada no contexto de sua rede social significativa. Além disso, observem a percepção do enlutado quanto à qualidade do apoio social oriundo da sua rede, quer seja mediante a avaliação de sua satisfação, autoestima e senso de pertencimento à rede ou a avaliação das funções de apoio tecidas diante de suas vivências de luto externalizadas em momentos distintos do luto.

Não obstante, o estudo apresentado limitou o aprofundamento quanto ao protagonismo do enlutado e de suas redes sociais significativas considerando o tipo de perda vivida e sua especificidade, como a perda de filho, cônjuge, irmão ou pais etc. Deste modo, sugere-se a realização de estudos sobre as redes sociais significativas de enlutados em diferentes condições e tempo de perda, bem como a realização de estudos sobre a precariedade de redes de apoio comunitárias. Nessa direção, há necessidade de diferenciar os estudos que investigam a expressão do sofrimento do luto no âmbito das redes sociais virtuais, tendo em contrapartida a escassez do processo de dar e receber apoio no luto no âmbito de relações comunitárias presenciais.

Ademais, em tempos de pandemia pelo coronavírus, e que foi deflagrada mundialmente em março de 2020, coloca-se em evidência a necessidade de se pesquisar quais são as redes sociais significativas de enlutados que perderam um ente querido em razão das complicações da Covid-19, considerando também o papel destas redes em distintos momentos do luto e, sobretudo, levando em conta as restrições sanitárias que impuseram modificações no apoio dado aos familiares, seja no percurso do tratamento de saúde, na notícia da morte ou rituais de despedida.

Conclui-se este estudo com o entendimento de que o enlutamento na atualidade envolve tanto o protagonismo dos enlutados quanto de pessoas das redes sociais significativas que inspiraram confiança e corresponderam à sua partilha de vivências de luto ao dar apoios específicos ao seu luto. Sendo assim, é por meio do processo relacional de dar e receber apoio no luto que é possível observar a integração psicossocial de pessoas enlutadas, como a satisfação, autoestima, senso de pertencimento, sentimento de apego ou aliança forte quando vivem a perda de um familiar na vida adulta.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    08 Jul 2020
  • Aceito
    08 Maio 2021
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