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A estrutura de valores: sua estabilidade para além de instrumentos, teorias, idade e culturas

The structure of values: its stability across instruments, theories, age, and cultures

Resumos

Na literatura científica, existe somente concordância parcial sobre como definir e medir valores. Por isso, não se podem simplesmente comparar os resultados de investigação, e, por sua vez, os leitores não sabem se, e até que ponto, tais resultados podem ser generalizados. Por essa razão necessita-se de uma abordagem teoricamente sólida e empiricamente comprovada que possa servir de ponto de referência para comparar e integrar os resultados de pesquisa. Neste artigo, parte-se do pressuposto de que a teoria de Schwartz (1992) sobre o conteúdo e a estrutura de valores pode desempenhar esta função.

Estrutura de valores; Escalonamento multidimensional (EMD); Estabilidade estrutural; Teoria de valores de Schwartz; Comparações interculturais


There exists only partial agreement in the scientific literature about how to define values. Consequently, it is difficult to compare research results from different investigations, and the reader does not know whether and to what extent he may generalize the respective findings. Hence there is a need for a theoretically sound and empirically tested approach which may serve as a frame of reference for comparing and integrating research results. This article starts from the assumption that Schwartz (1992) theory about the content and structure of values can serve this function.

Values structure; Multidimensional scaling (MDS); Structural stability; Schwartz values theory; Cross-cultural comparisons


A estrutura de valores: sua estabilidade para além de instrumentos, teorias, idade e culturas1 1 O presente artigo originou-se de uma estada do autor como professor visitante na Universidade Mackenzie, São Paulo, em 2008. O autor é muito grato à professora Silvia Marcia Russi De Domenico, por ajudar na revisão do texto.

The structure of values: its stability across instruments, theories, age, and cultures

Wolfgang Bilsky

Doutor habilitado em Psicologia pela Faculdade de Filosofia da Universidade de Freiburg – Alemanha. Professor titular do Psychologisches Institut IV da Westfälische Wilhelms-Universität. Fliednerstrasse 21, Münster – Germany – CEP 48149 E-mail: bilsky@uni-muenster.de

RESUMO

Na literatura científica, existe somente concordância parcial sobre como definir e medir valores. Por isso, não se podem simplesmente comparar os resultados de investigação, e, por sua vez, os leitores não sabem se, e até que ponto, tais resultados podem ser generalizados. Por essa razão necessita-se de uma abordagem teoricamente sólida e empiricamente comprovada que possa servir de ponto de referência para comparar e integrar os resultados de pesquisa. Neste artigo, parte-se do pressuposto de que a teoria de Schwartz (1992) sobre o conteúdo e a estrutura de valores pode desempenhar esta função.

Palavras-chave: Estrutura de valores; Escalonamento multidimensional (EMD); Estabilidade estrutural; Teoria de valores de Schwartz; Comparações interculturais.

ABSTRACT

There exists only partial agreement in the scientific literature about how to define values. Consequently, it is difficult to compare research results from different investigations, and the reader does not know whether and to what extent he may generalize the respective findings. Hence there is a need for a theoretically sound and empirically tested approach which may serve as a frame of reference for comparing and integrating research results. This article starts from the assumption that Schwartz (1992) theory about the content and structure of values can serve this function.

Keywords: Values structure; Multidimensional scaling (MDS); Structural stability; Schwartz values theory; Cross-cultural comparisons.

1 INTRODUÇÃO

A mudança, o pluralismo ou ainda o declínio dos valores são temas centrais consolidados na discussão cotidiana. Nas ciências, diversas disciplinas ocupam-se desses temas e de temas afins, como antropologia cultural, economia política, sociologia e psicologia. No entanto, o diálogo intra e interdisciplinar é consideravelmente complicado em razão de uma terminologia parcialmente dissonante. Além disso, fica em aberto como lidar com o plural "valores" : enquanto o conjunto de todos os valores pareça indistinto e mal definido, fica difícil avaliar a importância relativa de um valor peculiar. Houve diversos esforços no passado a fim de clarificar esse assunto por meio de análises estruturais. Nesse contexto, a teoria de Schwartz (1992) vem assumindo cada vez mais impacto sobre a discussão interdisciplinar.

Este artigo visa mostrar que a abordagem estrutural dos valores individuais e sociais de Schwartz oferece um quadro efetivo para comparar e integrar os resultados de uma diversidade de pesquisas empíricas. Inicia-se com informações sobre a investigação de valores em geral e sobre a teoria de Schwartz, em particular. Em seguida, traz uma reflexão sobre a estabilidade da estrutura de valores, adotando diversas perspectivas. Na primeira delas, considera-se a independência estrutural de valores dos diversos instrumentos empregados em sua medição. Depois, discutem-se exemplos sobre concordâncias empíricas e conceituais entre a teoria de Schwartz e algumas abordagens alternativas, mais especificamente aquelas de Allport e Vernon (1931), Morris (1956) e O'Reilly III, Chatman e Caldwell (1991). Mostra-se que as dimensões básicas do modelo de Schwartz oferecem uma estrutura adequada para representar, comparar e integrar resultados de origem conceitualmente diferentes. Finalmente, pormenorizam-se alguns estudos que investigam a idade e a cultura como potenciais impactos na estrutura dos valores.

2 OS PRINCÍPIOS E O PERCURSO DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DE VALORES

A investigação científica de valores tem uma tradição quase centenária (URBAN, 1907). Depois de uma discussão inicial essencialmente filosófica (MÜNSTERBERG, 1908, 1909), a pesquisa científica de valores recebeu importantes impulsos mediante a publicação de A study of values [Um estudo de valores] de Allport e Vernon (1931). Esses autores desenvolveram um instrumento para medir preferências individuais em relação a 6 tipos de valores, deduzidos dos "tipos básicos ideais" da individualidade definidos por Spranger (1925). Tais tipos ideais são atemporais. Eles existem, conforme esse autor, porque o indivíduo acentua uma direção distinta de sentido e de valor na sua estrutura valorativa individual (SPRANGER, 1925). Spranger diferencia nesse contexto entre o homem teórico, econômico, estético, social, religioso e o homem de poder.

A partir dessa, surgiram, então, outras abordagens que possibilitaram medir empiricamente os valores individuais. A essas pertence, por exemplo, a de Morris (1956). Ele desenvolveu, no início, sete "Caminhos da vida" , tendo como base três componentes considerados básicos: budista, dionisíaco e prometeico. Esses se operacionalizaram por meio de descrições concisas, contendo cada uma cerca de cem palavras. Na verdade, essa abordagem teoricamente elaborada mostrou-se demasiado restrita quando aplicada a estudos empíricos. Por isso, Morris ampliou-a, definindo seis caminhos suplementares. O total de treze caminhos era, então, apresentado aos entrevistados, pedindo-lhes valorar a importância de cada um em uma combinação de ordenamento (ranking) e avaliação (rating).

No terceiro terço do século XX, assinalou-se um crescimento de estudos empíricos não só na psicologia, mas também em outras disciplinas como a sociologia e a economia política (cf. Klages; Kmieciak, 1979). É muito provável que diferentes fatores contribuíram para esse desenvolvimento além do espírito da época, sobretudo um progresso considerável na informática e na análise de dados e a disponibilidade de instrumentos flexíveis. Nesse contexto, necessita-se mencionar o trabalho de Rokeach (1973) que desenvolveu o Rokeach Value Survey (RVS), um instrumento universal e econômico que compreende duas listas de 18 valores cada – instrumentais e terminais. A tarefa do respondente é ordenar cada uma das listas conforme a importância de cada valor como guia na sua vida. Diferentemente de Allport e Vernon (1931) e Morris (1956), Rokeach (1973) não partiu de uma abordagem teórica na construção de seu instrumento, mas de um conjunto de suposições plausíveis, mais ou menos independentes.

De fato, houve vários pesquisadores depois dele que influenciaram e avançaram consideravelmente nas investigações sobre valores, tanto na psicologia social como em outras ciências sociais. Devem-se mencionar nesse contexto, por exemplo, Norman Feather, Geert Hofstede, Ronald Inglehart e Shalom Schwartz (cf. BRAITHWAITE; SCOTT, 1991; Seligman; Olson; Zanna, 1996; Rohan, 2000; Hitlin; Piliavin, 2004). Cada um deles influenciou individualmente e com vigor a pesquisa de valores. Com vistas à estrutura de valores, que é o foco deste artigo, a teoria de Schwartz parece especialmente interessante. Por isso, explica-se, a seguir, a sua abordagem com mais detalhe.

3 A TEORIA DE VALORES DE SCHWARTZ

Conforme Schwartz (1992; SCHWARTZ; BILSKY, 1987) e em sintonia com a bibliografia científica, valores são crenças e metas conscientes que guiam a seleção e avaliação de ações, objetivos, pessoas e situações. Podem ser interpretados como construtos motivacionais que transcendem situações e ações específicas. Além disso, são ordenados pela importância relativa aos demais. Em relação ao conteúdo e à função, os valores representam respostas que indivíduos e sociedades devem dar a três exigências e tarefas universais: as necessidades dos indivíduos como organismos biológicos, as exigências da interação social coordenada e os requisitos para o bem-estar e a sobrevivência da coletividade.

Em princípio, pode-se identificar grande número de valores mais ou menos diferentes. Por isso parece adequado e funcional agrupá-los em categorias. Conforme a definição esboçada anteriormente, destaca-se o conteúdo motivacional como critério para diferenciar tais categorias ou tipos de valores. No total, Schwartz (1992) distingue 10 tipos motivacionais de valor: poder, realização, hedonismo, estimulação, autodeterminação, universalismo, benevolência, tradição, conformidade e segurança. O Quadro 1 mostra uma breve caracterização desses tipos.


Schwartz, no entanto, não considerou os tipos motivacionais como categorias qualitativas independentes. Pelo contrário, destacou a dinâmica entre os tipos de valores que resulta das compatibilidades e incompatibilidades motivacionais entre eles. O total de relações de conflito e compatibilidade entre os tipos de valores resulta numa estrutura como a representada na Figura 1. Tal padrão motivacional pode caracterizar-se mais parcimoniosamente por meio de duas dimensões básicas bipolares. Schwartz (1992) designou-as como "abertura à mudança versus conservação" e "autotranscendência versus autopromoção" (ver SCHWARTZ (2006) para uma descrição mais detalhada).


4 A ESTABILIDADE DA ESTRUTURA DE VALORES

Para avaliar a validade de uma teoria, espera-se que seus pressupostos mostrem-se acertados, independentemente do método aplicado. Além disso, em relação aos critérios de parcimônia e versatilidade de uso, espera-se que a teoria possa explicar e integrar também os resultados que derivam de abordagens teóricas alternativas. Enfim, são a aplicabilidade e a utilidade que interessam na avaliação de uma teoria. Nesse sentido, ilustra-se em seguida a estabilidade da estrutura de valores como delineado por Schwartz para além de instrumentos, teorias, idade e culturas, empregando-se exemplos de nossas próprias investigações.

4.1 ESTABILIDADE COM RESPEITO AOS INSTRUMENTOS APLICADOS

4.1.1 A escala de valores de Schwartz (SVS)

Em nossos primeiros estudos, nos quais se investigaram as estruturas de valores por meio da escala de valores de Rokeach (RVS), o RVS mostrou-se incompleto com respeito à diversidade de valores (SCHWARTZ; BILSKY, 1987, 1990; BILSKY; SCHWARTZ, 1994). Por isso, Schwartz (1992) delineou um instrumento novo, a escala de valores de Schwartz (SVS). Esse instrumento baseia-se no RVS, porém completando-o nos setores subrepresentados. Além disso, Schwartz desenvolveu uma forma de resposta mais diferenciada para avaliar os itens de valores individuais. Desde o princípio dos anos 1990, o SVS foi empregado num grande número de investigações internacionais, nas quais se puderam verificar essencialmente os pressupostos teóricos de Schwartz (SCHWARTZ; SAGIV, 1995). Neste contexto, empregou-se a análise da estrutura de similaridades (SSA), uma forma não métrica de análises de escalonamento multidimensional (EMD). A Figura 2 mostra um exemplo desse tipo de análise. Provém de um estudo realizado no México, aplicando-se uma versão do SVS de 56 itens em uma amostra de 168 estudantes (BILSKY; PETERS, 1999).


Uma desvantagem do SVS está no nível de abstração que, pressupõe-se, tenha o participante. Por isso, não se pode empregar o SVS em amostras intelectualmente muito heterogêneas. Em razão disso, Schwartz desenvolveu outra medida para investigar valores: o perfil de valores pessoais (SCHWARTZ et al., 2001).

4.1.2 O perfil de valores pessoais (PVQ)

O PVQ é um instrumento no qual a tarefa do respondente é comparar-se com outras pessoas de mesmo sexo. Essas pessoas são descritas mediante breves vinhetas, enfatizando-se cada vez uma orientação valorativa particular nos termos da teoria de Schwartz. Um exemplo de item do inventário relativo à operacionalização do tipo motivacional "autodeterminação" é: "Pensar em novas ideias e ser criativa é importante para ela. Ela gosta de fazer coisas de maneira própria e original" . Para compararem-se com essa pessoa, os respondentes utilizam uma escala de seis graus, estendendo-se de "Parece-se muito comigo" a "Não se parece nada comigo" .

Existem várias versões do PVQ, as mais recentes abrangendo 40 (versão regular) e 21 (versão breve) itens, respectivamente. Mais recentemente, tem-se também aplicado esse instrumento em um grande número de estudos internacionais. O exemplo seguinte (ver Figura 3) resultou de uma investigação realizada em 2005 com estudantes da Universidade de Münster (N = 363). Para a coleta dos dados, aplicou-se a versão regular do PVQ 40. A análise da estrutura foi realizada por SPSS-Proxscal, que permite definir configurações iniciais, baseadas na teoria de Schwartz, para efetuar uma EMD confirmatória (BILSKY; GOLLAN; DÖRING, 2008). Em favor da clareza da representação, reproduzem-se os 40 itens do PVQ na Figura 3 somente pelos tipos correspondentes de valores.


Vê-se que, apesar da troca de posição entre os tipos poder (6) e realização (7), os itens correspondem muito bem à ordem dos valores no espaço bidimensional prognosticada por Schwartz. De fato, podem-se observar, ocasionalmente, permutações entre esses tipos de valores. Caso tais desvios apresentem-se regularmente, poderão indicar diferenças culturais ou temporais, fundamentadas em conotações diferentes dos respectivos valores. Assim, é concebível que a localização de "realização" ao lado de "segurança" em vez de "hedonismo" possa decorrer de diferenças ou mudanças socioeconômicas (recentes ou de longa data).

4.1.3 Comparação computadorizada entre pares de valores (CPCV)

Anteriormente, esboçou-se que os valores são variáveis ordenadas pela importância relativa às demais. Para identificar a ordem de um número limitado de variáveis, pode-se aplicar, além da avaliação (rating) e do ordenamento (ranking), outro método muito efetivo: a comparação entre pares. Evidentemente, não se aplica esse procedimento aos itens individuais do SVS ou PVQ porque o número de comparações resultaria grande demais. Contudo, no caso de tipos de valores, resultam somente 45 comparações diferentes que proporcionam um ordenamento de valores bem diferenciado.

Aplicou-se recentemente esse método em estudo on-line (BILSKY; BROCKE; GOLLAN, 2008). Para validar essa abordagem, denominada comparação computadorizada entre pares de valores (computerised paired comparison of values – CPCV), empregou-se no mesmo estudo também a versão regular do PVQ em uma amostra de estudantes alemães (N = 321). Calcularam-se as correlações entre todos os itens do CPCV e do PVQ para obter uma matriz multiatributo-multimétodo (multi-trait-multi-method, MTMM) e submeteu-se essa matriz a uma análise confirmatória EMD. Como se vê na Figura 4, obtiveram-se estruturas muito semelhantes para ambos os instrumentos, a despeito das diferenças com essa nova forma de levantamento de dados.


Em resumo, foi possível identificar a estrutura de valores pressuposta por Schwartz, independentemente do instrumento empregado, isto é, do SVS, do PVQ ou do CPCV.

4.2 ESTABILIDADE COM RESPEITO A ABORDAGENS TEORICAMENTE DIFERENTES

É importante que se possa verificar a estabilidade estrutural de valores por meio de diferentes métodos de mesma origem teórica, o que sugere a independência metodológica dos resultados obtidos. Além disso, com vistas ao alcance de uma teoria, é interessante saber até onde esta pode descrever e integrar resultados de origens teoricamente diferentes. As seguintes investigações relacionam-se com esse tema.

4.2.1 "Estudo de valores"

O "Estudo de valores" de Allport e Vernon (1931) foi o primeiro instrumento com base teórica para abranger as hierarquias individuais de valores. Apesar do conteúdo muito conservador e elitista dos itens, e, por isso, com campo de aplicação limitado, obteve notoriedade e utilização considerável. O que é de principal interesse nesse contexto é a similaridade entre os "tipos básicos ideais" de Spranger (1925) e os tipos de valores de Schwartz (1992). Assim, os valores políticos no "Estudo de valores" têm características comuns com "poder" como concebido por Schwartz; os valores sociais correspondem em conteúdo aos tipos benevolência e universalismo de Schwartz; os valores econômicos sugerem elementos comuns com realização, mas também com poder; os valores teóricos se assemelham à autodeterminação, e os religiosos à tradição; por fim, os valores estéticos mostram um paralelismo com universalismo (BILSKY; SCHWARTZ, 1994).

Ainda que não houvesse comparações empíricas entre ambos os instrumentos no passado, dispõe-se de uma comparação indireta. Em seu livro The psychology of politics, Eysenck (1954) cita uma pesquisa de George, na qual foram investigadas características individuais em conjunto com os valores operacionalizados por Allport e Vernon (1931). Essa análise foi realizada em relação às duas dimensões políticas "radicalismo versus conservadorismo" (radicalism versus conservatism) e "imposição versus bondade" (tough-mindedness versus tender-mindedness) de Eysenck (1954). Acrescentamos à configuração empírica apresentada por Eysenck a projeção dos 10 tipos de valores da teoria de Schwartz (BILSKY; SCHWARTZ, 1994). Como se vê na Figura 5, essa projeção confirma amplamente nossa comparação entre os tipos básicos ideais de Spranger (1925) e os tipos de valores concebidos por Schwartz (1992).


4.2.2 " Caminhos da vida"

Os "Caminhos da vida" de Morris (1956) foram também bastante empregados na pesquisa de valores. Por esse motivo, parece interessante conhecer a sobreposição dessa abordagem com aquela de Schwartz (1992). Num estudo realizado no Canadá (N = 144; BILSKY; KOCH, 2002), pudemos investigar se é possível descrever dados levantados com os "Caminhos da vida" , numa amostra de estudantes de marketing, por meio das dimensões básicas de Schwartz. Nesse estudo, aplicamos uma versão breve desse instrumento, elaborado por Dempsey e Dukes (1966). O Quadro 2 reproduz a descrição dos caminhos conforme esses autores.


Com se vê na Figura 6, uma EMD não métrica em duas dimensões resultou numa configuração circular. Pode-se observar uma separação dos caminhos conforme a dimensão "abertura à mudança versus conservação" de Schwartz (1992). Assim, podem-se classificar os caminhos 2, 4, 7, 11 e 12 como "abertura" . Do mesmo modo, qualificam-se os caminhos 1, 9 e 10, respectivamente, como "conservação" , e – menos manifestos – os 6, 8 e 13 também. Essa interpretação implica que a abordagem de Morris (1956) representa somente uma das duas dimensões básicas de valores proposta por Schwartz (BILSKY, 2008a).


4.2.3 " Perfil de cultura organizacional"

O terceiro exemplo de abordagem alternativa relacionada à teoria de Schwartz (1992) refere-se a um instrumento para estudar a adequação de valores indivíduo-organização, denominado "Perfil de cultura organizacional" (OCP: Organizational Culture Profile). O'Reilly III desenvolveu esse instrumento com seus colegas (cf. O'REILLY III; CHATMAN; CALDWELL, 1991). Segundo esses autores, o OCP

contém um conjunto de enunciados de valor que pode ser utilizado para mensurar, ideograficamente, não só até onde certos valores definem uma organização-alvo como também a preferência de um indivíduo por esta configuração de valores (O'REILLY III; CHATMAN; CALDWELL, 1991 apud BILSKY; JEHN, 2008, p. 226, grifo nosso).

O OCP requer que os respondentes classifiquem 54 itens segundo a metodologia Q.

A análise original de componentes principais dos dados recolhidos de uma amostra de estudantes de MBA e de contadores recém-formados (N = 395) resultou em oito fatores, tentativamente denominados inovação e tomada de risco (fator 1), atenção aos detalhes (fator 2), priorização de resultados (fator 3), agressividade e competitividade (fator 4), apoio (fator 5), ênfase em crescimento e remuneração (fator 6), priorização do trabalho em equipe e colaboração (fator 7) e decisividade (fator 8).

Nosso estudo, entre outros, teve como objetivo investigar até que ponto os fatores (categorias) do OCP podem ser mapeados nas duas dimensões bipolares de Schwartz. Os dados analisados para testar essa questão foram gerados por um estudo quasi-experimental de 88 equipes de trabalho (BILSKY; JEHN, 2008). Foi feita uma EMD bidimensional, baseada nas intercorrelações das nove categorias (fatores) do OCP calculadas por Jehn, Chadwick e Thatcher (1997). Sua taxonomia de valores foi, basicamente, a mesma proposta por O'Reilly III, Chatman e Caldwell (1991), no entanto é necessário destacar uma diferença: "inovação" é representada, agora, por dois fatores complementares chamados "estabilidade" e "inovação" . A Figura 7 resume os resultados de nossa EMD. Como se vê, obteve-se uma solução facilmente interpretada com vistas às duas dimensões básicas de Schwartz. Assim, inovação (abertura à mudança) fica oposta à priorização de detalhes, estabilidade e determinação (conservação), enquanto priorização das equipes e apoio (autotranscendência) ficam opostos à agressividade, priorização dos resultados e recompensa (autopromoção). Duas EMD complementares e metodologicamente diferentes dos 54 itens confirmaram esses resultados e, em vista disso, também nossa suposição de que as dimensões básicas de Schwartz sejam uma taxonomia adequada para descrever o OCP (BILSKY; JEHN, 2008; BORG et al., 2004).


Esses são somente exemplos para a aplicabilidade da teoria de Schwartz a outras abordagens convergindo sobre os aspectos estruturais de valores. O mesmo acontece com as abordagens de Kilmann (1975) e McClelland (1991) (ver também BILSKY; KOCH, 2002; BILSKY, 2008a). Além disso, é possível mostrar que a teoria de Schwartz pode atuar como uma taxonomia geral para estruturar também os motivos humanos (BILSKY, 2006; BILSKY; SCHWARTZ, 2008).

4.3 ESTABILIDADE COM RESPEITO À IDADE DAS PESSOAS

A maioria dos estudos empíricos trata dos valores de adultos. Todavia, com relação ao nascimento e ao desenvolvimento de valores, são necessárias também investigações com adolescentes e crianças. Por esse motivo, realizamos um grande estudo (N = 1.555) com pré-adolescentes e adolescentes de 10 a 17 anos (BUBECK; BILSKY, 2004). Surpreendentemente, encontramos estruturas muito diferenciadas em todos os grupos etários. Já no grupo dos pré-adolescentes de 10 a 12 anos, manifestou-se uma estrutura muito clara, ainda que desviasse parcialmente da estrutura prognosticada (ver Figura 8). Pudemos confirmar esses resultados em várias investigações seguintes, analisando amostras comparáveis da Alemanha, do Chile e de Portugal (BILSKY et al., 2005).


Em consequência, esses resultados implicam que são necessárias informações sobre o desenvolvimento dos valores nas crianças de idade abaixo de 12 anos. Até hoje não existiam instrumentos para medir valores nessa idade. Por isso, nos últimos tempos, concentramo-nos na construção e na validação de um instrumento baseado em desenhos em lugar de itens escritos para evitar problemas que resultam de uma insuficiente competência linguística (DÖRING, 2008). Na versão atual, cada desenho é acompanhado por um título conciso e muito breve (DÖRING et al., 2008). Os itens nesse instrumento cobrem o espectro de valores como definido por Schwartz (1992). No total, há 20 itens, sendo 2 para cada um dos 10 tipos de valores. A tarefa das crianças está em ordenar os 20 desenhos conforme a importância subjetiva de cada um, colando os itens, apresentados sob forma de autoadesivos, sobre um esquema que reúne as vantagens do ordenamento e da metodologia Q.

Acabamos de finalizar três estudos com esse instrumento, nos quais analisamos amostras de crianças com a idade de 6 a 12 anos. Em todos os grupos etários, pode-se identificar a estrutura básica, prognosticada pela teoria de Schwartz, isto é, autopromoção em oposição a autotranscendência e abertura à mudança em oposição a conservação. A Figura 9 mostra a EMD confirmatória e não métrica (BILSKY; GOLLAN; DÖRING, 2008) de uma amostra (N = 421) considerando-se respondentes na idade de 8 a 12 anos. Nesta EMD já se delineia a estrutura completa de valores como prognosticada por Schwartz. Em resumo, nossos estudos comprovam a validade da sua teoria sobre gerações, incluindo crianças abaixo de 10 anos.


4.4 ESTABILIDADE COM RESPEITO ÀS CULTURAS

De fato, os mais rigorosos critérios para avaliar a validade e o alcance de uma teoria são os estudos representativos e interculturais. Em virtude da sua notoriedade e divulgação internacional, o PVQ 21 foi integrado ao European Social Survey (ESS), uma pesquisa representativa, bianual, tipo survey, realizada nos países europeus (SCHWARTZ, 2005). Dessa maneira, passa a existir – e cresce ao longo dos anos – uma base de dados a qual permite responder a uma grande variedade de perguntas sobre a estrutura e a mudança de valores humanos.

Nosso esforço de propor e estabelecer um procedimento padronizado sobre como efetuar análises estruturais de valores por meio da EMD (BILSKY; GOLLAN; DÖRING, 2008) tem nos levado recentemente a investigar a estabilidade das estruturas avaliativas tomando como base a primeira onda do ESS (ESS1). Para finalizar esta visão geral sobre as pesquisas relativas à estabilidade estrutural dos valores, apresentam-se na Tabela 1 os resultados de nossas análises confirmatórias EMD em 20 países europeus (JANIK, 2008; BILSKY, 2008b).

Somente três países – Grécia, Hungria e Portugal – apresentaram desvios maiores na sequência dos tipos de valores, o que requer apreciação mais aprofundada, considerando-se tanto fatores metodológicos como interculturais. Em todos os demais, comprova-se, de forma muito significativa, a estrutura de valores como prognosticada pela teoria de Schwartz.

5 CONCLUSÃO

Neste artigo, abordamos a estabilidade estrutural de valores com referência à teoria de Schwartz (1992), contemplando-se o tema sob diferentes perspectivas e ilustrando nossas proposições com uma variedade de investigações próprias. Demos particular atenção à concordância das estruturas. Pudemos observar que existe, em geral, uma estrutura muito estável de valores, o que é certo tanto com relação aos métodos aplicados como no que se refere às variáveis temáticas investigadas.

Como sempre, tais constatações respondem a muitas perguntas, mas deixam outras sem reposta – ou, mais além, levantam questões imprevistas. Assim, parece interessante comprovar se o uso de desenhos, como utilizado em nossas investigações com crianças, pode servir de alternativa para medir, de forma prática, as preferências e a estrutura de valores de pessoas menos instruídas e até analfabetas. Além disso, é preciso aclarar as anomalias estruturais encontradas em nossos estudos. Por exemplo, as trocas na localização de tipos de valores adjacentes como aquela entre "poder" e "realização" ou então o deslocamento de alguns tipos em certos países como Grécia, Hungria e Portugal. Em qualquer caso, é necessário eliminar causas de cunho metodológico (por exemplo, uma confiabilidade insuficiente ou uma amostra distorcida) e impactos temporais antes de atribuir as anomalias encontradas a características individuais, sociais ou culturais.

Por fim, aponta-se para outro problema que temos de considerar com mais atenção no futuro – a relação entre valores e motivos. Nossos estudos com jovens e crianças têm mostrado, de forma muito impressionante, que já existem estruturas valorativas em idade pouco avançada. De fato, foi na idade de 6 a 8 anos que encontramos estruturas muito diferenciadas. Contudo, nessa idade, a percepção do tempo, a antecipação de eventos e a orientação estável por alvos e objetivos distantes são pouco desenvolvidas. Consequentemente, é difícil – ou impossível – diferenciar com confiabilidade entre interesses passageiros, motivos e valores. Mesmo assim, esses problemas precisam de respostas válidas. Para resolvê-los, são necessários esforços comuns de várias disciplinas da psicologia, tais como a psicologia cognitiva, motivacional, social e, especialmente, a psicologia do desenvolvimento infantil.

Submissão: 8 jan. 2009.

Aceitação: 2 abr. 2009.

Sistema de avaliação: às cegas tripla.

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    O presente artigo originou-se de uma estada do autor como professor visitante na Universidade Mackenzie, São Paulo, em 2008. O autor é muito grato à professora Silvia Marcia Russi De Domenico, por ajudar na revisão do texto.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Fev 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2009

    Histórico

    • Aceito
      02 Abr 2009
    • Recebido
      08 Jan 2009
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