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Síndrome do intestino curto na criança: tratamento com nutrição parenteral domiciliar

COMENTÁRIO

"Síndrome do intestino curto na criança - tratamento com nutrição parenteral domiciliar"

Várias doenças congênitas e adquiridas podem levar à necessidade de ampla ressecção cirúrgica do intestino delgado, provocando má absorção de nutrientes e caracterizando a síndrome do intestino curto (SIC). Tal situação sempre foi muito temida pelo mau prognóstico, principalmente e anteriormente à utilização da terapia nutricional parenteral domiciliar.

O artigo publicado nesta edição, pág. 330, é de grande importância no conhecimento desta síndrome, já que faz uma descrição completa da conduta terapêutica clínica hospitalar, complicações e terapia nutricional parenteral domiciliar. Outra parte importante do artigo é a descrição da experiência do autor, com uma casuística significativa e comparável a outras análises em grandes serviços de cirurgia pediátrica da Europa e dos Estados Unidos da América.

Alguns aspectos devem ser enfatizados na terapêutica e evolução da SIC que estão longe da resolução, apresentando várias situações que necessitam maior esclarecimento para minimizar a letalidade e morbidade da síndrome (elevada na casuística apresentada). A terapia nutricional domiciliar melhora o estado nutricional dos pacientes, trazendo qualidade de vida para a criança e tranqüilizando algumas expectativas dos familiares, até que o intestino apresente seu processo adaptativo caracterizado por: hiperplasia mucosa, alongamento das vilosidades, aumento e aprofundamento das criptas e dilatação das alças intestinais. As complicações infecciosas relacionadas ao cateter venoso são muito temidas, mas podem ser reduzidas quando os cuidados domiciliares são adequados comparativamente à utilização hospitalar. Com a modernização das soluções e das vias de administração, as complicações metabólicas e mecânicas diminuíram significativamente.

Nos casos de má evolução, com grande sofrimento do paciente, há necessidade de orientação contínua dos familiares sobre as múltiplas complicações e freqüentes reinternações.

A terapêutica medicamentosa vem sendo utilizada mais recentemente com hormônio do crescimento, glutamina e outras substâncias como o peptídeo II semelhante ao glucagon (GLP-II), que parece ser promissor no estímulo à hiperplasia e hipertrofia da mucosa, facilitando a introdução e aproveitamento de nutrientes da terapia nutricional enteral.

Artur Figueiredo Delgado

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Out 2004
  • Data do Fascículo
    Set 2004
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