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PÓLO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE EM BOTUCATU RUMO A FLEXIBILIZAÇÃO

O Autor, quando Diretor da Faculdade de Medicina de Botucatu, (1984-19881 apresentou, aos órgãos colegiados da instituição e da UNESP, o Projeto de criação de um Pólo de Ciências de Saúde, cujas características básicas são: flexibilidade de estruturação e de atuação, dinâmica aberta para ação inter e multidisciplinar, com ampla possibilidade de intervenção no sistema de formação de recursos humanos (em nível superior e técnico) na área da saúde1 1 Houve estudo preliminar quanto aos cursos novos, dele participando também os Professores Zenshi Heshiki e Silvana A. Schellini. .

Aprovado em colegiados acadêmicos, o projeto não teve condições de ser implantado; o processo (2297/88) ainda tramita na Reitoria.

Considerando válida, pelo menos, a discussão mais ampla, como eventual subsídio para implantação de núcleos análogos, semelhantes ou até mesmo diferentes, apresenta-se o projeto proposto.

Para a devida análise, considera-se essencial a apresentação de um ''pano de fundo", situando devidamente o projeto

1.Pano de Fundo

1.1. Criação da F.C.MBB. (1963)

No início da década de 60, por solicitação do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, a Universidade de São Paulo criou uma comissão inter­disciplinar incumbida de elaborar propostas e projetos da Universidade e do sistema de ensino superior do Estado, para inclusão no Plano do Governo.

Na área biomédica foi sugerida (W.S.H) a criação de um núcleo experimental interdisciplinar de biologia básica e aplicada. A proposta visava levar à medicina, à veterinária, à odontologia, à enfermagem, à agronomia... enquanto áreas de biologia aplicada, os avanços ocorridos, na década de 50, na biologia básica, sobretudo no campo da biologia molecular.

Na ocasião, o município de Botucatu reivindicava a criação de uma Faculdade de Medicina, embasando a justificativa na existência de um Hospital recém construído (1957), destinado a ser Sanatório para tratamento de tuberculose, e que estava inativado.

Com base na proposta apresentada pelo grupo de trabalho, o Governo do Estado, ao invés de uma Faculdade de Medicina criou a Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas (F.C.M.B.B.), como Instituto Isolado de Ensino Superior. Tratava-se, na ocasião, de experiência pioneira no Brasil, instalando, em uma mesma Faculdade, os cursos de medicina, de Veterinária, de Agronomia (Enfermagem e Odontologia, embora previstos, não se instalaram), ao lado dos cursos de Biologia, (Bacharelado e licenciatura); buscava-se assim a integração da biologia aplicada com a básica, em esforço para incorporar os avanços da biologia molecular.

Desta integração resultaram duas características marcantes da Faculdade de Medicina de Botucatu; a) ênfase na pesquisa, ao lado do ensino intensivo e d a assistência contínua; b) formação de grupo de experimentação biomédica, iniciado principalmente pela Pós-Graduação em Cirurgia Experimental, primeiro no país e até recentemente o único na área.

1.2. Criação da UNESP

Em 1976, os antigos Institutos Isolados de Ensino Superior do Estado foram reunidos, com reformulações parciais, criando-se a UNESP.

A F.C.M.B.B. foi, então, dividida em Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Faculdade de Ciências Agronômicas e Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola (hoje Instituto de Biociências).

A Faculdade de Medicina, no momento, é constituída pelos Departamentos de aplicação, ficando o ciclo básico a cargo do Instituto de Biociências.

1.3. Faculdade de Medicina - Situação Atual

A antiga Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu instalou-se na fase inicial, no prédio destinado a Sanatório de Tuberculose, no distrito de Rubião Júnior.

Paulatinamente os cursos de Biologia, de Veterinária, de Zootecnia e de Agronomia foram se transferindo para novas áreas físicas, e a Faculdade de Medicina foi se acomodando, em sua parte acadêmica e assistencial, no prédio hospitalar.

Em 1984, a situação era de saturação total, sem espaço e sem condições para novas improvações.

A capacidade operacional dos 250 leitos (há 10 anos, sem possibilidade de aumento de leitos, apesar do aumento da demanda) estava seriamente comprometida por falta de material de consumo básico, por sucateamento dos aparelhos, por déficit de pessoal, aliados a distorções de estrutura e de funções administrativas. Tornava-se urgente e imprescindível o planejamento, em pelo menos 5 frentes: estrutura física, modernização de equipamentos, estrutura administrativa, formação e aprimoramento de recursos humanos, informatização médica.

ESTRUTURA FÍSICA - Através de convênio com o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT - SP), cinco arquitetos, um administrador de empresas, um desenhista e uma secretária formaram equipe especializada, a qual durante 8 meses, procedeu ao diagnóstico, e consequente apresentação de proposta de medidas de correção das patologias e da situação do Hospital das Clínicas (36.000m2).

Foi possível, então, não só recuperar espaços como ampliá-los, criando-se condições físicas (acompanhadas de novas contratações, dobrando-se o número de servidores de cerca de 600, em 22 anos, para 1.200) para expansão de mais 100 leitos hospitalares (de 250, há cerca de 10 anos, para 350 leitos), em 1987.

O estudo de área física prosseguiu, projetando-se a expansão da Faculdade de Medicina e seu Hospital das Clínicas.

Iniciou-se, em 1986, a construção de novo complexo didático-científico-assistencial (56.000m2).

Estabeleceu a Direção da Faculdade de Medicina o seguinte planejamento:

  • Restituir ao atual bloco hospitalar sua função básica, sanatorial. Deste modo, o mesmo deverá constituir um Núcleo Integrado de Recuperação de Saúde (240 leitos), abrigando doentes crônicos, doentes convalescentes, doentes terminais, ao lado de enfermaria de geriatria e gerontologia.

  • Neste núcleo se dará ênfase à recuperação física e psíquica da qualidade de vida e da saúde de pacientes habitualmente marginalizados ou até mesmo rejeitados nos grandes complexos hospitalares universitários.

  • Ampliar o complexo didático-científico-assistencial, a partir das áreas mais prementes, dentro de uma visão projetada de novo hospital (para 400 leitos) com facilidades acadêmicas (salas de aula, de reuniões, de estudos e de docentes).

MODERNIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS - Os grandes avanços da Medicina, sobretudo na área de equipamento, ocorrido nos últimos anos e faita de dotação de verba para a aquisição de aparelhos levaram a Faculdade de Medicina a um sucateamento de seu equipamento.

Mediante convênios a Faculdade de Medicina obteve recursos da ordem de 21 milhões de dólares para modernização de equipamento médico-hospitalar.

O equipamento já foi adquirido e grande parte já recebida; em linhas gerais, o equipamento permitirá a instalação do Centro de Diagnóstico por Imagem (Radiologia Digital, Tomografia, Ressonância Magnética Nuclear, Endoscopia, Medicina Nuclear, Registros Gráficos, Ultrassom), ao lado de equipamentos de Terapia Intensiva, ventiladores, respirômetros, centrífogas, etc.

ESTRUTURA ADMINISTRATIVA - Para analisar, corrigir e adequar a estrutura administrativa à nova realidade, estabeleceu-se convênio com a Faculdade de Administração da Universidade de São Paulo (Prof. Ruy Leme e Gonzalo Vecina).

Após cerca de 6 meses de trabalho, o projeto foi concluído, iniciando-se em 1988 a implantação.

FORMAÇÃO E APRIMORAMENTO DE RECURSOS HUMANOS - Estabeleceu-se convênio com a Companhia Energética de São Paulo (CESP), a qual, através do seu Núcleo de Recursos Humanos, iniciou as atividades de formação e aprimoramento do pessoal administrativo da Faculdade de Medicina, em setembro de 1987.

INFORMAT IZAÇÃO HOSPITALAR - Criou-se, em 1987, o Centro de Informática Médica (CIMED).

2. Projeto Pólo de Ciências da Saúde

O Projeto tem por apoio o "pano de fundo" apresentado e surge como consequência natural do planejamento iniciado.

A ideia básica do projeto está relacionada com a criação de novos cursos, de diferentes níveis, visando estruturar, com base na vivência já adquirida, um Polo de Ciências da Saúde (Organograma anexo) onde, com mínimo de estrutura e máximo de flexibilidade, se possa formar recursos humanos como equipe de saúde, articulada e integrada desde o início da formação e onde se possa recuperar, dentro de nova ótica, a integração com a biologia molecular. Pretende-se não repetir a história (no caso a F.C.M.B.B.) mas resgatá-la, atualizando as ideias originariamente endossadas.

O organograma do Polo de Ciências da Saúde prevê a existência de duas novas unidades universitárias (Faculdade de Enfermagem e Faculdade de Reabilitação, uma nova Unidade Auxiliar (Centro de Reabilitação) e um Centro Interunidades (Centro de Apoio às Ciências da Saúde), ao qual vinculados várias atividades (módulos).

ORGANOGRAMA
PÓLO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

2.1. Novas Unidades: Faculdade de Enfermagem e Faculdade de Reabilitação

Existem, atualmente, a Faculdade de Medicina (como Unidade Universitária) e o Hospital das Clínicas (como unidade auxiliar).

O Curso de Enfermagem instalado em 1989 está, no momento, agregado à Faculdade de Medicina, embora estivesse prevista a criação, de imediato, da Faculdade de Enfermagem, aliás, caminho institucional absolutamente indispensável para o desenvolvimento da área.

O que se propõe, neste Projeto é exatamente o que a experiência mundial indica como adequado: integração de Enfermagem com a Medicina, cada uma com seu corpo de doutrina, com sua estruturação e sua autonomia institucional, porém adequada e harmonicamente entrosadas.

Quanto à Faculdade de Reabilitação, a estruturação proposta tem por base uma concepção voltada para a Reabilitação, desde prevenção até cuidados quaternários, com entrosamento entre os vários cursos voltados para tal fim.

Deste modo, ao invés dos cursos de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Ortóptica serem agregados à Faculdade de Medicina ou então dispersos entre si (como cursos isolados) propõe-se sua estruturação em uma Faculdade de Reabilitação, à qual, no futuro, poder-se-à agregar um Centro de Reabilitação (com oficinas e serviços especializados).

Pretende-se dar enfoque interdisciplinar a estes cursos, bem como utilizar conhecimento de outras áreas para a formação mais ampla e inovadora dos profissio­nais da área de reabilitação (por exemplo, artes ciências e artes plásticas, voltadas para a reabilitação).

A análise histórica revela que estas áreas, de tradição universitária recente, precisam ser apoiadas de modo firme, tendo em vista que até recentemente eram tidas como de nível técnico, mas que na realidade já dispõem de corpo de doutrina amplo, em franca expansão e evolução.

Nas instituições em que figuram como "cursos" na Faculdade de Medicina seu desenvolvimento não se tem dado ao nível desejado e, paradoxalmente, nos casos em que dispõem de certa autonomia, (mesmo sem a existência de curso médico) o desenvolvimento tem sido melhor (ao menos na fase inicial, ressentindo-se, depois, é verdade da falta de entrosamento com a área médica).

É imperativa a criação de condições universitárias, com apoio decisivo da área médica, para a implantação dos currículos acadêmicos específicos, nessas áreas.

É indispensável, pois a criação de condições de autonomia e de liberdade para o desenvolvimento destas áreas, que precisam ter o poder de atuação para atrair, inclusive, profissionais docentes de fora do país.

2.2. Centro de Apoio às Ciências da Saúde

A implantação do Centro, (Centro Interunidades) representa ponto fundamental dentro do Projeto.

A criação do Centro obedece a uma concepção inovadora, no âmbito da UNESP e que abre amplo leque de atividades criativas. A instalação do Centro permitirá a integração das áreas de saúde entre si e com a Comunidade, de maneira profunda e abrangente e abrirá possibilidade para o desenvolvimento de atividades não convencionais, ensejando condições para a evolução das áreas de saúde e sua inter-relação com outros campos (humanístico, tecnológico etc.) do saber.

A criação de Centro representará abertura para amplas realizações, sem riscos de desgastes institucionais. Através do Centro poderão se desenvolver programas e atividades de todos os tipos, indo do aprimoramento de pessoal à formação de novos elementos de disciplinas em nível de especialização, extensão. Aperfeiçoamento ou pós-graduação, à criação de grupos interdisciplinares novos, indo da complementação humanística e ou técnica dos alunos das unidades universitárias ao oferecimento de habilitações específicas. E, tudo isto, planejado e executado sem a marras, com possibilidades, porém, de avaliação constante dos resultados.

A descrição de algumas das atividades previstas, (conforme organograma), reforça a necessidade da implantação do Centro, de imediato, em conjunto com os novos cursos.

A Atividade de Formação de Pessoal de Nível Técnico (vide organograma) na área de saúde não terá corpo técnico permanente, além do administrativo mínimo. Não haverá estrutura de "Escola", como instituição. A ideia é a de montar cursos e contratar pessoal específico para cada curso; o pagamento se fará durante o período de duração do curso (contrato por tempo determinado pagamento por prestação de serviços, bolsa...).

O leque de cursos poderá ser o mais completo e abrangente possível, à medida das necessidades (ver item: Cursos e Capacitações); serão sempre instalados, porém, dentro das normas de legislação de ensino de 2º grau, de modo a oferecer diploma reconhecido e válido para fins de carreira profissional.

Os alunos serão selecionados após terem completado, em outra Instituição de 2° grau, os créditos necessários; a atuação do Centro se fará apenas na parte específica da habilitação. O oferecimento de cursos se fará quando necessário, evitando-se atividade ociosa.

A Atividade denominada "Treinamento em Serviço" na área de Saúde se fará em estreita colaboração com as Unidades Universitárias, a pedido das mesmas e, sobretudo, quando o treinamento seja de caráter interdisciplinar, ultrapassando o âmbito de atuação de cada unidade.

Aqui também não se prevê a existência de corpo de servidores permanente; estes serão contratados quando necessário e por tempo determinado para a execução do Projeto aprovado pelo Centro.

A Atividade de "Apoio Interdisciplinar" permitirá a integração de áreas afins, aglutinadas em torno de projetos de atividades, oferecendo ''ciclo" adequado para colegas de outras áreas, permitindo o seu desenvolvimento e sua carreira acadêmica própria. O avanço de conhecimento na área da saúde vem ocorrendo em ritmo acelerado, abrindo-se novas fronteiras de conexão interdisciplinar que exigem a estreita colaboração entre diferentes profissionais especializados. Para o desenvolvimento de projetos de pesquisa ou mesmo para o simples acompanhamento de evolução dos conhecimentos nestas fronteiras, se faz necessário contar com pesquisadores cuja formação e atuação extrapolam os limites de uma disciplina ou campo da Faculdade de Medicina ou de outras Unidades; estes elementos trabalham em áreas de intersecção.

A ideia é a de atraí-los para as atividades do Centro, contratando-os para o desenvolvimento, em conjunto, de projetos específicos de pesquisa e ou de atividades coordenadas de extensão universitária.

A contratação se fará também, para fins específicos bem planejados, e por tempo determinado.

No "4° espaço" serão desenvolvidas atividades extra curriculares de diferentes matrizes. A Universidade tem se fincado em um tripé de atividades: de ensino, de pesquisa e de extensão. A atividade de extensão engloba grande gama de ações, desde cursos de aperfeiçoamento e de atualização até prestação de serviço à comunidade. Os cursos de extensão são mais os menos bem regulamentados e normatizados; a prestação de serviço se tem feito, em algumas áreas (como medicina) de forma sistematizada e assistencial e em outras (tecnológicas, por exemplo) de forma esporádica como trabalho de assessoria.

Definem-se assim, 3 compartimentos ou 3 espaços (ensino, pesquisa, extensão). Na realidade, caberia um "4° espaço", extremamente aberto e até difícil de conceituar; este espaço não tem sido devidamente aproveitado. Seria um espaço livre de amarras e de regulamentos, comprometido com ideias criativas e suficientemente descompromissado com estruturas. Neste espaço se situariam atividades que tanto podem ser de ensino, de pesquisa, de prestação de serviços, entrosadas ou isoladas. Seriam atividades que têm um início bem estabelecido, sério e profundo, e um término não necessariamente delimitado. A atividade se esgotaria dentro das potencialidades de sua realização. Sua morte ou sobrevida, bem como sua duração, seriam' 'naturais'' e não artificiais.

As atividades do" 4° espaço" serão propostas pela Coordenação do Centro, pelas Unidades ou por docentes. Pode-se para efeito de melhor esclarecimento deste tipo de atividades, citar, por exemplo, a criação de um grupo interdisciplinar trabalhando em conforto higrotérmico habitacional. Este grupo reuniria fisiólogos, arquitetos, engenheiros, sociólogos, urbanistas, médicos, enfermeiros, economistas, interessados neste campo, de grande importância e pouco estudado no país. O grupo faria o quê? O que fosse capaz de fazer em termos de ensino, de pesquisa, de extensão etc. Para chegar até onde? Até onde fosse capaz de chegar. Dentro da mesma orientação já referida, não se criaria uma estrutura prévia para este tipo de atividade. As estruturas, se e quando necessárias, iriam sendo criadas ou não.

Existe amplo espaço entre as Ciências Humanas e as Ciências da Saúde no qual várias atividades podem se desenvolver; na realidade trata-se de uma lacuna, de interesse e alcance bilateral, que precisa ser preenchida. Em grande parte as atividades desta interação, à falta de mecanismos institucionais próprios para tal fim, se desenvolvem em caráter esporádico e isolado, e em esfera muito limitada.

Por outro lado, a criação de início, de novas Unidades Universitária atuando na área das Humanas, ao lado das Faculdades de área da saúde não assegura a instalação dos mecanismos necessários à interação; em pouco tempo, os encargos específicos de cada uma das Instituições acabam absorvendo os esforços, ocorrendo compartimentalizações estanques em cada unidade.

O projeto ora proposto objetiva exatamente a criação das pontes entre as duas áreas; a ligação se fará de modo firme, estruturado a partir de definições claras e com recursos humanos especializados e interessados na interação.

Algumas situações, já planejadas aliás, exemplificam as várias possibilidades de atuação:

  • não obstante a importância médico-social do as­sunto, inexistem núcleos ou grupos de estudo e ou pes­quisa em Direito Sanitário, à exceção da Faculdade de Saúde Pública da USP. Contatos preliminares feitos com colegas da Faculdade de Direito e da Faculdade de Saú­de Pública da Universidade de São Paulo encontraram a mais entusiástica acolhida à ideia de, através do Centro de Apoio, desenvolver-se esta área.

  • da mesma forma, a proposta de execução de atividades na área da educação sanitária, com enfoques novos, encontrou também o maior interesse por parte de docentes da Faculdade de Saúde Pública.

  • com a colaboração da Escola de Comunicações e Artes, é possível estabelecer criativa e inovadora para ambas as partes, com o oferecimento de disciplinas, tais como artes cênicas, artes plásticas, música, comunicação visual, para as áreas de Reabilitação.

Deste modo, se enriquece a formação do fisioterapeuta, do terapeuta ocupacional, do fonoaudiólogo e abre-se novo campo para as próprias disciplinas da Escola de Comunicação e Artes.

  • na área da saúde, existe grande preocupação com a elevação progressiva dos custos de atendimento, derivados da sofisticação dos novos métodos diagnósticos e das novas terapêuticas. No entanto, em nenhuma Escola de área médica se ministra uma disciplina do tipo "Economia em Saúde". Através do Centro se torna pos­sível buscar a colaboração de economistas interessados em criar uma grupo nesta área e transmitir aos médicos, enfermeiros etc., noções fundamentais sobre custos e economia dos procedimentos em saúde.

  • na área da Administração, a legislação federal prevê a existência de 3 tipos de habilitação: graduação em administração (obras públicas ou empresas), gra­duação em comércio exterior e graduação em adminis­tração hospitalar. De acordo com o catálogo de cursos do MEC, não existe nenhuma entidade pública minis­trando o curso de administração hospitalar, em nível de graduação.

Esta área se torna cada vez mais importante, havendo necessidade de boa formação de elementos humanos a nível de graduação, permitindo-se que os cursos após a graduação (poucos, no país) se dediquem mais efetivamente à especialização e à pesquisa. As boas Faculdades de Administração têm interesse em criar a habilitação na área hospitalar; não dispõem, em geral, da estrutura e ou apoio da área hospitalar.

Diante desta situação, as atividades do Centro de Apoio poderão trazer grandes contribuições para a solução inteligente do problema. Assim, através do Centro pode-se oferecer o núcleo de disciplinas específicas da administração hospitalar, aceitando-se os alunos que já tenham completado os créditos do núcleo comum de administração em outras instituições (USP, UNESP, UNICAMP e outras). Deste modo, será possível reunir no Centro bons docentes especializados na área de seu próprio interesse, interagindo entre si, em termos de ensino e de pesquisa. Por outro lado, não haverá dispêndio de recursos para instalação de uma Faculdade de Administração; o "vestibular" seria para os alunos da quarta série das Escola de Administração.

Situação semelhante ocorre nas áreas de Ciências Sociais; poucas escolas oferecem habilitação em antropologia. O Centro poderá reunir antropólogos para oferecer a habilitação apenas em antropologia médica, abrindo-se o curso aos alunos de Ciências Sociais que tenham completado os créditos do currículo mínimo em Ciências Sociais.

O grupo de antropólogos, além desta atividade em nível de graduação, poderá oferecer cursos extra curriculares e desenvolver pesquisa em Antropologia Cognitiva, Antropologia Médica, áreas nas quais muito pouco se faz no país.

Muitas outras situações poderiam ser citadas (Arquitetura Hospitalar, Evolução Humana, Bioética); na verdade, com resultados entusiasmantes, foram feitos contactos com vários professores de prestígio internacional, nessas áreas.

Importa ressaltar que todas estas atividades deverão se desenvolver sem estruturas fixas, onerosas, sem rigidez, sem ociosidade, sem empreguismo. A filosofia básica é sempre a mesma: execução de programas, com recursos em grande parte extra-orçamentários, com duração condicionada à vida e evolução do próprio programa, sem estrutura burocrática ou administrativa permanente.

Obviamente, se a experiência demonstrar necessidade permanente de criação de cursos fixos de graduação, dever-se-á, então, cogitar da criação de uma estrutura outra, fora do Centro.

Verifica-se, pois, outra vantagem da ideia proposta: testar e acumular experiência antes de se pensar em criar novas estruturas universitárias.

Outra atividade que poderá ser coordenada pelo Centro diz respeito à manutenção e reparo de equipamentos. A Faculdade de Medicina acaba de adquirir, via convênios, grande número de equipamentos, cuja manutenção exige cuidados especiais, sendo os reparos de custo muito elevado. Pretende-se que o Centro cuide de instalar um ambiente adequado para tal fim e, eventualmente, para a realização de pesquisas e ou desenvolvimento de equipamentos.

Os custos de consertos serão amplamente reduzidos; ao mesmo tempo, lançam-se as sementes de eventual núcleo de Engenharia Bio Médica, área ainda incipiente no país. Vale referir que o Campus de Botucatu tem tradição em pesquisa experimental, existindo facili­dades, na área biológica, para testar novas tecnologias de equipamento médico.

2.3. Cursos e Capacitações - Quadro Geral

- Nas Unidades Universitárias

O Projeto, no referente à graduação, (Enfermagem, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Ortóptica) terá vários objetivos, inter-relacionados entre si:

  • Formação de pessoal, em nível superior e em nível técnico, utilizando estrutura hospitalar já existente, ampliando-se as opções, reduzem-se custos e formam-se elementos humanos dentro do espírito de equipe de saúde. O investimento será pequeno, com retorno assegurado.

  • Atendimento das necessidades de novo complexo didático-científico-assistencial. Assim, por exemplo, é imprescindível a formação de recursos para o Centro de Diagnóstico por Imagem, para as novas enfer­marias, para os novos serviços.

  • Atendimento d as necessidades de rede de saúde pública. Com o advento do SUS torna-se indispensá­vel o maior entrosamentos dos hospitais universitários à rede de saúde. A estruturação proposta visa assegurar a participação efetiva do Hospital Universitário, sem perda das suas individualidades, características e responsabilidades universitárias. Ao mesmo tempo, a Universidade estará formando e reciclando os recursos humanos, na área de saúde, para a rede pública.

A implantação dos cursos propostos além de atender às necessidades, a curto prazo, do Hospital das Clínicas, permitirá planejar e formar os recursos humanos para o Centro Integrado de Recuperação da Saúde já referido, cujas atividades estarão, em grande parte, centradas na Reabilitação.

No Centro de Apoio às Ciências da Saúde

As possibilidades são amplas, condicionadas às necessidades. Pode-se prever as seguintes capacitações:

- A Nível Técnico

Auxiliar de Enfermagem

Técnico de Enfermagem

Auxiliar de Administração Hospitalar

Auxiliar de Documentação Médica

Auxiliar de Fisioterapia

Auxiliar de Reabilitação

Secretário de Unidade de Internação

Auxiliar de Nutrição e Dietética

Visitador Sanitário

Técnico em Radiologia Médica (Radiodiagnóstico)

Técnico em Radiologia Médica (Radioterapia)

Técnico em Processamento de Dados

Técnico em Proteção Radiológica

Técnico em Operação de Reator

Técnico em Patologia Clínica

Técnico em Histologia

Técnico em Relações Públicas

Oficial de Farmácia

Técnico de Laboratório Médico

Auxiliar Técnico em Banco de Sangue

Técnico em Eletrônica Médica

- A Nível de Especialização ou Módulos de Pós-Graduação

Administração Hospitalar

Arquitetura em Ambientes Confinados

Artes Cênicas em Reabilitação

Música em Reabilitação

Cinema em Reabilitação

Relações Públicas em Saúde

Computação e Informática em Saúde

Economia Sanitária

Sociologia da Saúde

Antropologia Médica

Evolução Humana

Ecologia Humana e Adaptação Sociologia

Direito Sanitário

Educação Física em Reabilitação

Enfermagem em Saúde Pública

Enfermagem Sanitária

Física Médica

Filosofia da Ciência

História da Medicina

Psicolinguística

Neolinguística

Linguística em Reabilitação

Letras e Ciências

Educação em Saúde

Serviço Social em Saúde

- A Nível de Habilitação Específica

Esta atividade se refere à formação específica de alunos de outras unidades, que tenham obtido os créditos correspondentes ao currículo mínimo da Graduação própria.

Algumas destas atividades, em nível de especialização ou de 4° espaço poderiam, a médio prazo, dependendo do desenvolvimento e interesse pelas mesmas, levar à proposta de cursos de graduação superior, criando-se novas unidades universitárias (por exemplo, Faculdade de Saúde Pública, Instituto de Educação em Saúde).

  • 1
    Houve estudo preliminar quanto aos cursos novos, dele participando também os Professores Zenshi Heshiki e Silvana A. Schellini.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Dec 1989
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