Treinamento muscular na doença pulmonar obstrutiva crônica

CARTA AO EDITOR

Treinamento muscular na doença pulmonar obstrutiva crônica

Patrícia da Silveira Bavaresco^I; Luiz Alberto Forgiarini Júnior^{I, II}; Mariane Borba Monteiro^{I, III}; Alexandre Simões Dias^{I, IV}

^IGrupo de pesquisa em Programas Especiais em Saúde, Centro Universitário Metodista - IPA, Porto Alegre, RS - Brasil

^IIPrograma de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS - Brasil

^IIIPrograma de Pós-Graduação em Pneumologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS - Brasil

^IVPrograma de Pós-Graduação em Reabilitação e Inclusão, IPA

^{Correspondência para}

Parabenizamos os autores pelo artigo intitulado "Efeitos de três programas de fisioterapia respiratória em portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)", recentemente publicado nesta revista¹. O assunto é de suma importância para que um programa de reabilitação pulmonar seja efetivo em determinada população.

Na literatura, existe uma diversidade de estudos relatando os benefícios do treinamento muscular respiratório (TMR). Weiner et al.² comparam um grupo que treinou durante o período de três meses com indivíduos que se submeteram ao TMR pelo tempo de doze meses. Evidenciou-se um aumento no desempenho e na capacidade ao exercício, bem como uma diminuição na percepção da dispnéia. Os efeitos benéficos obtidos durante os três meses de treino declinaram gradualmente após um ano de acompanhamento. No estudo de Giuseppina et al.³, foi analisada a efetividade de um programa de reabilitação pulmonar (RP) em indivíduos portadores de DPOC. Os indivíduos foram divididos em dois grupos: os que realizaram 10 sessões e aqueles com 20 sessões de RP. Os resultados demonstraram que os pacientes que realizaram 20 sessões apresentaram melhoras clínicas significativas quando comparados aos das 10 sessões.

Portanto, ainda não existe um consenso na literatura sobre o tempo de seguimento em relação aos programas de treinamento muscular. No artigo de Kunikoshita et al.¹, o programa de fisioterapia respiratória utilizado foi de 3 sessões semanais por 6 semanas consecutivas e foram encontrados benefícios clínicos significativos.

Os resultados obtidos em relação ao nível plasmático de lactato, que permite avaliar indiretamente a acidose metabólica no exercício, demonstram que o grupo submetido ao treinamento físico e muscular respiratório diminuiu a concentração sanguínea, assim retardando o limiar anaeróbico, indicando a melhora no desempenho dos indivíduos com doença pulmonar. Esses achados indicam que o nível plasmático de lactato pode ser um método utilizado na avaliação desses pacientes.

Embora ainda não esteja consagrado na literatura o melhor protocolo de treinamento físico e muscular ventilatório em pacientes portadores de DPOC ⁴, este artigo apresenta informações clinicamente relevantes para esta população.

• 1. Kunikoshita LN, Silva YP, Silva TLP, Jamami M. Efeitos de três programas de fisioterapia respiratória em portadores de DPOC. Rev Bras Fisioter. 2006;10(4):449-55.
• 2. Weiner P, Magadle R, Beckerman M, Weiner M, Berar-Yanay N. Maintenance of inspiratory muscle training in COPD patients: one year follow-up. Eur Respir J. 2004;23:61-5.
• 3. Giuseppina R, Florini F, Romagnoli M, Bellantone T, Lucic S, Lugli D, et al. Length and clinical effectiveness of pulmonary rehabilitation in outpatients with chronic airway obstruction. Chest. 2005;127(1):105-9.
• 4. Weiner P, Magadle R, Beckerman M, Weiner M, Berar-Yanay N. Training programs in COPD comparison of specific expiratory, inspiratory and combined muscle. Chest. 2003;124:1357-64.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  16 Jan 2008
• Data do Fascículo
  Ago 2007