Influência da qualidade do ambiente das creches no desenvolvimento motor de crianças entre seis e 15 meses

Resumo

Objetivos:

analisar a influência da qualidade do ambiente no desenvolvimento motor de crianças na faixa etária entre seis e 15 meses que frequentam centros de educação infantil.

Métodos

estudo de delineamento transversal e analítico sobre o desenvolvimento motor de crianças entre seis e 15 meses de idade, de ambos os sexos, matriculadas em turmas de berçário (0-12 meses) e maternal I (12-24 meses), com utilização das escalas validadas Affordances in the Home Environment for Motor Development-Infant Scale e Alberta Infant Motor Scale.

Resultados:

a amostra de 104 crianças e 30 centros de educação infantil apresentou idade média de 9,15 meses, 88% permanecia em período integral e 12% meio período (manhã ou tarde), um centro foi classificado como Affordance Fraca, 26 Suficiente e três Adequada. Das crianças participantes, 40% apresentaram desenvolvimento motor normal. Os maiores níveis de Affordance indicam melhor desenvolvimento motor e níveis menores de Affordance sinalizam suspeita de atraso motor.

Conclusão:

o ambiente de centros de educação infantil em que a criança está inserida exerce influência no desempenho motor, principalmente ligado às atividades diárias e uso de brinquedos. Quanto menor o nível de Affordance mais possibilidades de suspeita de atraso motor infantil.

Palavras-chave
Creches; Desenvolvimento de bebês; Criança

Abstract

Objectives:

to analyze the influence of the quality in the environment on children’s motor development between six to 15 months old attending early childhood education centers.

Methods:

a cross-sectional and analytical study addressing children’s motor development between six to 15 months old, both sexes, enrolled in nursery (0-12 months) and preschoolers (12-24 months). The Affordances in the Home Environment for Motor Development-Infant Scale and Alberta Infant Motor Scale were used in the Brazilian versions

Results:

the sample was comprised of 104 children and 30 early childhood education centers: presenting a mean age of 9.15 months, 88% attended full-time and 12% part-time schooling (mornings or afternoons). One center was classified with a low Affordances, 26 were considered Sufficient, and three were Adequate. Of the participating children, 40% presented typical motor development. The higher levels of Affordances suggest better motor development, and lower levels of suspected delayed motor development.

Conclusion:

the environments of early childhood education centers influence children’s motor performance, especially daily activities and the use of toys. The lower the Affordances level, more likely children are suspected of delayed motor development.

Key words
Day care centers; Babies’ development; Child

Introdução

Os primeiros anos de vida constituem uma fase do desenvolvimento humano significativa para a formação de estruturas e funções cerebrais, que apresentam maior plasticidade aos estímulos ambientais e possibilitam o aperfeiçoamento de habilidades e potencialidades da criança para a vida.¹-³ Habilidades de cognição, atenção, memória, capacidade de resolução de problemas e juízo crítico junto aos aspectos das interações socioemocionais estão relacionadas a uma gama de experiências que ocorrem ainda nos primeiros anos de vida.⁴-⁶

A aquisição de habilidades motoras está entre as mais notáveis conquistas no primeiro ano de vida das crianças3,7 e os atrasos em marcos motores requerem importante detecção, para predizer outras habilidades, particularmente relacionadas à cognição e à linguagem em outras etapas da vida.⁸,⁹

No processo de desenvolvimento infantil é vital que os ambientes de inserção da criança possam fornecer diferentes e enriquecedoras experiências nos primeiros anos de vida.¹⁰ A Educação Infantil de alta qualidade está relacionada com a ampliação do desenvolvimento das crianças e das experiências de aprendizagem, aliada às boas condições de saúde, nutrição, segurança, proteção e cuidado responsivo.¹¹ Estudo realizado em creches e pré-escolas brasileiras indica que os níveis mais comprometidos de qualidade foram relacionados às atividades, rotinas de cuidado pessoal e estrutura do programa educacional, apontando que mudanças em determinadas características das instituições poderiam levar à melhoria da qualidade da educação infantil.¹² Assim, a qualidade dos ambientes de inserção da criança pode promover o desenvolvimento infantil, e crianças que frequentam creches de alta qualidade têm mais oportunidades de alcançar bom desenvolvimento.¹³

As controvérsias acerca da influência da qualidade do ambiente da creche no desenvolvimento motor de crianças apontadas na literatura científica2,7,8 motivaram a realização do presente estudo, visto que é de extrema relevância a detecção precoce e oportuna de atrasos em marcos motores. Assim, a presente investigação teve por objetivo analisar a influência da qualidade do ambiente no desenvolvimento motor de crianças na faixa etária entre seis e 15 meses que frequentam centros de educação infantil.

Métodos

Estudo de delineamento transversal e analítico sobre a avaliação do desenvolvimento motor de crianças entre seis e 15 meses de idade, de ambos os sexos, matriculadas em centros de educação infantil (CEI), em turma de berçário (0-12 meses) e Maternal I (1224 meses), na cidade de Cascavel-PR.

Critérios de inclusão: criança de ambos os sexos entre seis e 15 meses de idade, residente no município de Cascavel-PR, sem participação em programas específicos de acompanhamento e intervenção relacionada ao desenvolvimento infantil. Foram excluídas as crianças com diagnóstico de disfunções cognitivas, motoras, sensoriais ou comportamentais, e com malformações congênitas, síndromes genéticas, comprometimento neurológico, déficit visual e auditivo. As crianças que não conseguiram finalizar a avaliação por choro ou indisposição foram consideradas como perdas.

A amostra do estudo foi de conveniência, de acordo com o número de crianças matriculadas nas creches. Em cada Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) foi avaliado o desenvolvimento motor das quatro primeiras crianças que os cuidadores parentais e/ou responsáveis autorizaram a participar do estudo. Dos 37 CMEI existentes no local do estudo, com turmas de berçário, maternal I ou turmas mistas, 30 atenderam aos critérios de inclusão. A coleta de dados ocorreu de abril a dezembro de 2018.

Para a avaliação da qualidade do ambiente foi utilizada a escala Affordances in the Home Environment for Motor Development - Infant Scale (AHEMD-IS), validada para a população brasileira.¹⁴ Inicialmente, foi desenvolvida para avaliar a influência do contexto familiar no desempenho motor da criança e, recentemente, foi adaptada e o seu uso foi sugerido também aos ambientes de creches.¹⁵ A avaliação foca as oportunidades ao desenvolvimento motor por meio da análise da caracterização da creche quanto ao espaço físico externo (três questões do tipo dicotômica) e interno (três questões do tipo dicotômica), variedades da estimulação diária (cinco questões do tipo Likert), brinquedos e materiais existentes na creche (15 questões - nove questões do tipo Likert sobre brinquedos de motricidade fina e seis questões do tipo Likert sobre brinquedos de motricidade grossa).

A pontuação do espaço físico é do tipo dicotômica (não = 0 pontos; sim = 1 ponto); para as atividades diárias do tipo Likert (nunca:0, às vezes:1, quase sempre:2, sempre:3), e para brinquedos (nenhum:0, um ou dois:1, três ou quatro:2, cinco ou mais:3). A soma total dos itens é categorizada em oportunidades: Affordance Fraca (0-20 para crianças menores que 12 meses e 0-22 para crianças maiores de 12 meses), Affordance Suficiente (21-40 para crianças menores que 12 meses e 23-44 para crianças maiores de 12 meses) ou Affordance Adequada (4160 para crianças menores que 12 meses e 45-66 para crianças maiores de 12 meses). Para as crianças menores de 12 meses é aplicada até a questão número 19, e as questões 20 a 26 para as maiores.¹⁴

Na coleta de dados, duas pesquisadoras permaneceram em cada CMEI para observar o ambiente (estrutura física interna e externa), a equipe (diretoras, professoras e cuidadoras), as crianças, a organização do tempo, dos espaços e das atividades. Em cada CMEI, a duração da coleta dos dados foi de aproximadamente três horas.

Para a avaliação do desenvolvimento motor das crianças foi utilizada a Escala Motora Infantil de Alberta (Alberta Infant Motor Scale-AIMS), validada para a população brasileira.¹⁶ Destaca-se que a escala AIMS, elaborada no Canadá, tem a finalidade de verificar a maturação motora de crianças do nascimento até a fase de locomoção independente, por volta dos 18 meses de idade. É composta por 58 itens que descrevem o desenvolvimento da movimentação espontânea e de habilidades motoras em quatro posições básicas: prono (21 itens), supino (nove itens), sentado (12 itens) e em pé (16 itens). Os itens são apresentados em forma de desenhos, dispostos em ordem prospectiva de desenvolvimento em cada postura, e são acompanhados de critérios específicos que levam em consideração a base de suporte de peso, a postura e os movimentos ante gravitacionais apresentados pela criança.¹⁷

Na presente investigação, a AIMS foi aplicada por três fisioterapeutas treinadas para a utilização da escala, por meio da confiabilidade inter e intra examinadores. O tempo de aplicação da AIMS foi de 20 a 30 minutos, sendo uma parte desse tempo utilizada para que a criança pudesse se adaptar à situação do exame.

A pontuação dos itens inicia-se com a determinação do item menos maduro (ou menos desenvolvido) e do item mais maduro (mais desenvolvido), em cada uma das quatro posturas, definindo-se os limites da “janela de habilidades motoras” da criança. Dentro da janela, os itens são marcados como: Observado (O - escore 1) e Não Observado (NO - escore 0). Todos os itens localizados anteriormente ao início da janela recebem um ponto cada. Para o cálculo dos escores de cada subescala são considerados os itens creditados anteriormente somados aos itens creditados na janela. A soma dos itens resulta em um escore para cada uma das quatro subescalas e a soma dos escores delas resulta no escore total bruto. O escore total bruto e a idade da criança foram colocados em um gráfico, disponível na folha do teste, para identificação do percentil de desempenho motor grosso da criança. Os itens observados em cada uma das posturas foram somados, resultando no escore total (0 a 58 pontos). Em seguida, de acordo com a idade da criança em meses, os escores foram repassados para o gráfico da AIMS, verificando o percentil de desenvolvimento motor, seguindo os seguintes critérios de classificação: inferior a 25% (suspeito de atraso no desenvolvimento, especialmente em valores de percentil de 5% e 10%), acima de 25% (desenvolvimento motor adequado), sendo 50% e 75% normal para excelente e acima de 90% excelente, realizando todos os movimentos descritos na escala.¹⁷

Os dados referentes à caracterização dos CMEI foram analisados por meio de estatísticas descritivas para melhor reconhecimento dos ambientes em estudo. Aplicado o teste de qui-quadrado para independência, seguido do teste de acompanhamento de resíduos, ajustados para a análise das frequências das classes de desenvolvimento motor, e a correlação linear para avaliar as Affordances dos CMEI. As análises foram realizadas com auxílio do programa XLStat-versão 2016, considerando o nível de significância de 5%.

A investigação foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, sob parecer 66265617.2.0000.5393.

Resultados

A amostra foi constituída por 104 crianças, sendo 57% do sexo feminino, com idade média de 9,15 meses. Das crianças que frequentavam CMEI, 88% permanecia em período integral e 22% meio período (manhã ou tarde). Dos 30 CMEI participantes, um foi classificado como Affordance Fraca, 26 Suficiente e três Adequada.

A Tabela 1 traz a caracterização dos CMEI em relação ao número de dependências (exceto banheiro, sala dos professores e cozinha), número de professores e auxiliares envolvidos nos cuidados diários das crianças por sala, grau de escolaridade do professor e do auxiliar e o número total de crianças na sala analisado.

Ao comparar as Affordance dos CMEI em relação à pontuação do espaço físico, atividades diárias e brinquedos, foi observado que quanto maior a pontuação melhor as dimensões. Houve diferença estatisticamente significante entre as dimensões de atividades diária (R = 0,87, p = 6,7-10) e de brinquedos (R = 0,7, p = 1,7-0,5). Não foi observada diferença estatisticamente significante para a dimensão espaço físico (R = 0,3, p = 0,1), conforme a Figura 1.

Os fatores mais influentes para a qualidade do ambiente das creches foram as atividades diárias e os brinquedos (motricidade fina e grossa). O espaço físico (ambiente interno e externo) teve pouca influência.

Em relação ao desenvolvimento motor das crianças que frequentam é possível identificar que 40% apresentava desenvolvimento motor normal, conforme a Figura 2. Ao avaliar o desenvolvimento motor das crianças em função das classificações de Affordance dos CMEI, foi verificado que houve diferença estatisticamente significante entre as categorias suspeito e excelente (χ² = 9,058; p = 0,026).

Ao comparar as classificações, houve predomínio da frequência de crianças com desenvolvimento motor excelente entre as creches classificadas como Affordance Adequada, e maior frequência de crianças com suspeita de atraso motor entre as creches classificadas como Fraca-Suficiente (p = 0,01). As demais categorias não apresentaram diferenças estatisticamente significantes (p=0,13) (Figura 3).

Discussão

Dos 30 CMEI participantes, a maioria apresentou Affordance Suficiente, com boas condições físicas e de estimulação, sugerindo que há oportunidades para as crianças no âmbito do desenvolvimento motor.

Os fatores mais influentes para a qualidade do ambiente das creches avaliadas foram as atividades diárias e os brinquedos, relacionados à motricidade fina e grossa. Quanto ao espaço físico, para ambiente interno e externo, houve pouca influência.

O ambiente das creches é considerado um fator importante, como um espaço para proporcionar o desenvolvimento nos primeiros anos de vida, e muitos países estão ampliando o acesso aos CEI para as crianças.¹¹,¹⁸ Ambientes com boas condições físicas e de estimulação são importantes para as crianças se desenvolverem adequadamente, no que se refere ao brincar, alimentação, higiene e contato com outras crianças.¹⁹ Outro aspecto de destaque das propostas de qualidade da educação infantil é o respeito aos direitos fundamentais das crianças,²⁰ que são de extrema relevância para buscar assegurar o seu pleno desenvolvimento.

A qualidade das instituições de educação infantil tem diferentes dimensões, referentes ao ambiente físico, tamanho da turma, proporção educadorescrianças e a qualificação dos professores, que remetem à promoção da segurança.²¹,²² No presente estudo, o número de dependências nas instituições analisadas e a proporção educadores-crianças estavam adequados.

Na pesquisa realizada, o ambiente físico teve pouca influência estatisticamente significante na qualidade do ambiente das creches, uma vez que a escala utilizada aborda apenas três questões de espaço interno e três questões de espaço externo. O espaço físico interior deve estar dividido em berçário, sala de atividades com brinquedos adequados e seguros, área de convívio e refeição, e o espaço exterior deve ter uma zona coberta para uso de brinquedos com rodas, brinquedos suspensos, cadeirinhas de balanço, bolas e um espaço aberto com equipamentos que permitam escalar, subir e escorregar, para ofertar às crianças estímulos para explorar o espaço e os brinquedos.²³

Tabela 1
Caracterização dos CMEI de acordo com o número de dependências, equipe de profissionais, escolaridade e número de crianças. Cascavel, 2018.

Características CMEI	Fraca - 1	Suficiente - 26	Adequada - 3
Número de dependências (m)	5	3,6	5,6
Número de professores (m)	1	1,6	1
Número de auxiliares (m)	1	1,7	2
Escolaridade Professor	1 SC	20 PG	1 PG
		23 SC	2 SC
Escolaridade auxiliar	1 SC	30 SI	2 SI
		16 SC	1 SC
Número total de crianças na sala (m)	15	17,6	14,6

• CMEI = Centro Municipal de Educação Infantil; m = média; PG=- Pós-Graduação; SC = Superior Completo; SI = Superior Incompleto.

Figura 1
Affordances dos CMEI em relação as dimensões (espaço físico, atividades diárias e brinquedos). Cascavel, 2018.

Diferença estatisticamente significativa (p<0,05). CMEI = Centro Municipal de Educação Infantil.

Figura 2
Classificação do desenvolvimento motor das crianças matriculadas nos CMEI. Cascavel, 2018.

Ponto de corte: percentil inferior a 25 (suspeito de atraso no desenvolvimento, especialmente valores de percentil 5 e 10) e percentil acima de 25 (desenvolvimento motor adequado, normal e excelente). CMEI = Centro Municipal de Educação Infantil.

Figura 3
Desenvolvimento motor das crianças conforme a classificação das Affordances dos CMEI. Cascavel, 2018.

Um dos fatores que mais influencia a qualidade da educação é a qualificação dos profissionais que trabalham com as crianças. No presente estudo, os professores apresentavam educação superior completa, já os auxiliares a maioria com educação superior incompleta. Educadores adequadamente capacitados, com salários dignos, que contam com o apoio da direção, da coordenação pedagógica e dos demais profissionais e com um processo de trabalho em equipe, reflexivo e com aprimoramento de suas práticas são fundamentais na construção de instituições de educação infantil de qualidade.²⁴

A realidade brasileira necessita de um olhar mais minucioso para as diferentes situações das instituições de educação infantil, para verificar as dificuldades relativas aos recursos físicos, materiais e pessoal, que são aspectos que interferem diretamente na rotina das creches,²⁵ corroborando os resultados da presente investigação em que os fatores mais influentes para a qualidade do ambiente das creches foram as atividades diárias e a utilização de brinquedos para estimulação da motricidade fina e grossa.

Uma questão importante na agenda política de muitos países desenvolvidos é a intensa margem de atenção formal à criança e, consequentemente, os efeitos da expansão das horas de funcionamento das instituições de cuidado infantil.²⁶ Nos CMEI analisados, 88% das crianças permanecia em período integral (durante oito horas) e 22% meio período (manhã ou tarde, durante quatro horas), em cinco dias na semana. O aumento de horas semanais nas creches é apontado como fator que diminui a prevalência de riscos no desenvolvimento motor, principalmente, de crianças em situações de vulnerabilidade social, porém podem apresentar efeitos negativos no bem-estar socioemocional e propensão aos problemas respiratórios.²⁷

Ao avaliar o desenvolvimento motor das crianças em função das classificações de Affordance das instituições educacionais, foi verificado que crianças que frequentavam CMEI de alta qualidade apresentaram desenvolvimento motor excelente e um menor risco de apresentar suspeita de atraso no desenvolvimento motor.

Portanto, é importante que as crianças frequentadoras de creches públicas ou particulares recebam estímulos de boa qualidade para a promoção do desenvolvimento infantil. Estudo identificou que ambientes estimulantes em que as crianças encontram outras crianças regularmente e são cuidadas por pessoal pedagógico certificado trazem benefícios ao desenvolvimento de habilidades motoras, bem como ajudou crianças imigrantes a recuperar o atraso em termos de competências lingüísticas.¹⁸

A presente investigação esteve centrada no ambiente dos CMEI, e as limitações estão relacionadas à necessidade de analisar as características sociodemográficas familiares, referentes aos antecedentes maternos, retorno da mulher ao trabalho, à qualidade do ambiente doméstico de cada criança que não está matriculada nas creches, à qualidade da atenção e estímulos dispensados às crianças em diferentes momentos do seu cotidiano, que também estão interrelacionados ao desenvolvimento motor das crianças.

Cabe ressaltar que a análise dos resultados numéricos de instrumentos para a avaliação da qualidade do ambiente, por si só, não fornece uma caracterização fidedigna e minuciosa da qualidade das turmas, sendo importante considerar os detalhes e a descrição de cada um dos indicadores avaliados e o processo de aplicação do instrumento para planejamento e progressão da qualidade.

O presente estudo encontrou que maiores níveis de Affordance indicam melhor desenvolvimento motor e que níveis menores de Affordance sinalizam suspeita de atraso motor, sugerindo que o ambiente em que a criança está inserida exerce influência no desempenho motor, principalmente ligado às atividades diárias e uso de brinquedos. Locais com boas condições físicas e de estimulação das crianças na faixa etária investigada foram importantes para o desenvolvimento motor, e a qualidade do ambiente é um fator preditivo.

As crianças que frequentavam os CMEI apresentaram um excelente desenvolvimento motor, os professores e auxiliares apresentam um currículo adequado, a infraestrutura apropriada e uma boa interação educadores-crianças. No entanto, houve situações de ambientes com possibilidade de apresentar maior risco para a suspeita de atraso no desenvolvimento motor.

É extremamente importante promover o desenvolvimento motor integrado às habilidades socioemocionais e cognitivas, qualificar os ambientes de educação infantil e capacitar os profissionais que atuam na primeira infância.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  25 Out 2021
• Data do Fascículo
  Jul-Sep 2021

Histórico

• Recebido
  31 Ago 2020
• Revisado
  10 Maio 2021
• Aceito
  18 Jun 2021