Acessibilidade / Reportar erro

Sensibilidade in vitro de Sclerotium rolfsii a fungicidas

O fungo Sclerotium rolfsii Sacc. é um patógeno necrotrófico de diversas culturas de interesse agrícola. Os sintomas iniciam com necrose na região das raízes e do colo das plantas e, consequentemente, murcha da parte aérea. Os tecidos vegetais mortos na superfície do solo servem como substrato para o desenvolvimento do micélio e, posteriormente, dos escleródios do fungo, sendo esses responsáveis pela sua sobrevivência (33 Marcuzzo, L.L.; Schuller, A. Sobrevivência e viabilidade de escleródios de Sclerotium rolfsii no solo. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.40, n.3, p.281-283, 2014.). Os fungicidas estão entre as opções de controle deste patógeno, já que reduzem a intensidade da doença e inibem a germinação dos escleródios (22 Keinath, A.P.; Dubose, V.B. Management of southern blight on tomato with SDHI fungicides. Crop Protection, Guildford, v.101, p.29-34, 2017., 44 Siddique, M.N.A.; Ahmmed, A.N.F.; Jahan, N.; Mazumder, M.G.H.; Islam, M.R. Management of foot and root rot disease of eggplant (Solanum melongena L.) caused by Sclerotium rolfsii under in vivo condition. The Agriculturists, Bangladesh, v.16, n.1, p.78-86, 2018.). Embora sua utilização possa selecionar variantes do fungo menos sensíveis às moléculas do fungicida, a sensibilidade do fungo aos ingredientes ativos pode ser monitorada com testes in vitro (11 Ghini, R.; Kimati, H. Resistência de fungos a fungicidas. Juaguariúna - SP: Embrapa Meio Ambiente, 2000. 78p.). Não obstante, a sensibilidade do fungo às moléculas do fungicida varia de acordo com o meio de cultura utilizado, por exemplo, em meios sólidos S. rolfsii é menos sensível devido à redução de contato do micélio ao meio de cultura acrescido de fungicidas (55 Waterfield, W.F.; Sisler, H.D. Effect of propiconazole on growth and sterol biosynthesis by Sclerotium rolfsii. Netherlands Journal of Plant Pathology, Dordrecht, v.95, n.S1, p.187-195, 1989.).

A sensibilidade de S. rolfsii foi avaliada a dez fungicidas que constam listados na tabela 1. Os fungicidas foram diluídos em água destilada esterilizada até obter soluções estoque de concentração 104 µg i.a.mL-1, para posterior diluição e incorporação em meio de cultura BDA ¼ tamponado a pH 5,5 com tampão citrato-fosfato. As concentrações finais adicionadas aos meios de cultura foram de 10-3 a 104 µg.mL-1 de acordo com o fungicida testado, diluindo a concentração do fungicida em intervalos 1/10, a partir da solução de estoque. Para cada dose foram avaliadas cinco repetições com 12 escleródios do fungo por placa de Petri, e um tratamento sem adição de fungicidas como controle da germinação dos escleródios. As placas de Petri foram mantidas em câmara de crescimento na temperatura de 27 ±2 ºC e fotoperíodo de 12 horas. A verificação da germinação dos escleródios foi realizada em microscópio com ampliação de 400x após 24 horas de incubação. A eficiência do fungicida (Efung) foi determinada conforme a equação:

E FUNG = germinação   sem   Fungicida - germinação   com   Fungicida germinação   com   Fungicida   ×   100
Tabela 1
DL50 de inibição da germinação de escleródios de Sclerotium rolfsii por fungicidas.

A DL50 foi calculada para cada um dos fungicidas pela regressão entre a eficiência de germinação e a log das doses avaliadas (Tabela 1) usando o programa SAS. Para efeito de análise estatística, cada um dos fungicidas foi analisado separadamente.

Foi possível calcular a DL50 para os fungicidas, com exceção do Silicato de potássio e Carbendazim. A mistura contendo fungicida com sítio de ação na respiração, como Azoxistrobina + Benzovindiflupir, teve DL50 com 0,24 µg.mL-1. A dose de menor concentração que alcançou a DL50 encontra-se nessa mistura. O sítio de ação da Azoxistrobina é no complexo III, enquanto do Benzovindiflupir é no complexo II, ambos na respiração, essa ação múltipla na respiração pode ter conferido o efeito fungicida pronunciado desta mistura. Piraclostrobina + Epoxiconazol teve DL50 de 94 µg.mL-1. Trifloxistrobina + Protioconazol de 170 µg.mL-1. Azoxistrobina + Ciproconazol com 220 µg.mL-1 e somente Difenoconazol com DL50 de 220 µg.mL-1.

Os dados apresentados mostram que o S. rolfsii é sensível aos princípios ativos dos grupos das estrobilurinas, triazóis e ao benzovindiflupir quando avaliado em condições controladas, portanto, estes fungicidas apresentam potencial para uso no manejo deste patógeno, porém devem ser consideradas outras variáveis, principalmente a viabilidade econômica da aplicação destes produtos e a forma de aplicação para atingir o alvo. Por outro lado, S. rolfsii foi pouco sensível aos fungicidas Tiofanato Metílico e Carbendazin quando avaliado in vitro, isso indica que a utilização destes dois produtos apresentará baixa eficiência do controle deste patógeno.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Ghini, R.; Kimati, H. Resistência de fungos a fungicidas Juaguariúna - SP: Embrapa Meio Ambiente, 2000. 78p.
  • 2
    Keinath, A.P.; Dubose, V.B. Management of southern blight on tomato with SDHI fungicides. Crop Protection, Guildford, v.101, p.29-34, 2017.
  • 3
    Marcuzzo, L.L.; Schuller, A. Sobrevivência e viabilidade de escleródios de Sclerotium rolfsii no solo. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.40, n.3, p.281-283, 2014.
  • 4
    Siddique, M.N.A.; Ahmmed, A.N.F.; Jahan, N.; Mazumder, M.G.H.; Islam, M.R. Management of foot and root rot disease of eggplant (Solanum melongena L.) caused by Sclerotium rolfsii under in vivo condition. The Agriculturists, Bangladesh, v.16, n.1, p.78-86, 2018.
  • 5
    Waterfield, W.F.; Sisler, H.D. Effect of propiconazole on growth and sterol biosynthesis by Sclerotium rolfsii Netherlands Journal of Plant Pathology, Dordrecht, v.95, n.S1, p.187-195, 1989.

Publication Dates

  • Publication in this collection
    13 Feb 2023
  • Date of issue
    Oct-Dec 2022

History

  • Received
    21 Sept 2020
  • Accepted
    03 Oct 2022
Grupo Paulista de Fitopatologia FCA/UNESP - Depto. De Produção Vegetal, Caixa Postal 237, 18603-970 - Botucatu, SP Brasil, Tel.: (55 14) 3811 7262, Fax: (55 14) 3811 7206 - Botucatu - SP - Brazil
E-mail: summa.phyto@gmail.com