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Adaptação e validade de conteúdo do instrumento de percepção do contraste mínimo para a Língua de Sinais Chilena

RESUMO

Objetivo

Adaptar e validar um instrumento para avaliar a percepção de pares de contraste mínimo na língua de sinais chilena (ChSL).

Método

Este estudo foi desenvolvido em sete etapas, sendo a primeira delas a identificação dos pares de contraste mínimo na língua de sinais (Etapa 1). Posteriormente, esses pares foram avaliados por quatro juízes especialistas (Etapa 2). Na Etapa 3, um ilustrador profissional criou os desenhos correspondentes a cada par. Na Etapa 4, os pares foram avaliados por juízes não especialistas. A Etapa 5 envolveu o desenvolvimento de materiais do teste. Na Etapa 6, foi produzida uma gravação em vídeo dos estímulos-teste. Na Etapa 7, foi realizado um estudo piloto envolvendo seis crianças e adolescentes surdos.

Resultados

Na Etapa 1, foram identificados 69 pares de contraste mínimo. Na Etapa 2, os juízes alcançaram taxas de concordância aceitáveis em 46 (CVR ≥ 0,95; AC1=0,659, considerado substancial). Após avaliar sua relevância e presença no vocabulário infantil, os juízes selecionaram 29 pares. Isso foi seguido por uma avaliação de representatividade, que reduziu os estímulos a 24 pares. Na Etapa 3, foram elaborados desenhos para representar cada item dos 24 pares. Os juízes não especialistas (Etapa 4) revelaram a necessidade de redesenhar seis pares. Nas Etapas 5 e 6, as ilustrações foram ajustadas e um vídeo foi gravado para exibir as instruções do teste. Na Etapa 7, a amostra piloto entendeu o teste e o concluiu com sucesso em sua totalidade.

Conclusão

O instrumento para avaliação da percepção de pares de contraste mínimo em ChSL foi adaptado com sucesso e apresentou validade de conteúdo adequada.

Palavras-chave:
Psicometria; Língua de Sinais; Surdez; Criança; Adolescente

ABSTRACT

Purpose

to adapt and assess content validity of the the Minimal Contrasts Perception instrument to Chilean sign language (ChSL).

Methods

this study was conducted in seven stages: stage 1: identification of minimal contrast pairs in sign language. Stage 2: Jugment by four expert judges. Stage 3: Drawings creation. Stage 4: the pairs were assessed by non-expert judges. Stage 5: development of test materials. Stage 6: a video recording of the test stimuli was produced. Stage 7: a pilot study was conducted.

Results

in Stage 1, 69 minimal contrast pairs were identified. In Stage 2, the judges achieved acceptable agreement rates on 46 (CVR ≥ 0.95; AC1=0.659). After assessing their relevance and presence in children’s vocabulary, the judges selected 29 pairs. This was followed by an assessment of representativeness, which narrowed down the stimuli to 24 pairs. In Stage 3, drawings of the 24 pairs were created. Non-specialist judges in Stage 4 revealed the need for six pairs to be re-drawn. Stages 5 and 6, the illustrations were adjusted, and a video was recorded to display the test instructions. In Stage 7, the pilot sample understood and completed the test successfully.

Conclusion

the instrument was adapted and displayed adequate content validity.

Keywords:
Psychometrics; Sign Language; Deafness; Child, Adolescent

INTRODUÇÃO

A população surda tem sido investigada em diversos estudos, muitos dos quais focam na aquisição, compreensão e expressão da língua de sinais(11 Stokoe WC Jr. Sign language structure: an outline of the visual communication systems of the American deaf. J Deaf Stud Deaf Educ. 2005;10(1):3-37. http://doi.org/10.1093/deafed/eni001. PMid:15585746.
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2 Ortega G, Morgan G. Phonological development in hearing learners of a sign language: the influence of phonological parameters, sign complexity, and iconicity. Lang Learn. 2015;65(3):660-88. http://doi.org/10.1111/lang.12123.
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-33 Mann W, Roy P, Morgan G. Adaptation of a vocabulary test from British Sign Language to American Sign Language. Lang Test. 2016;33(1):3-22. http://doi.org/10.1177/0265532215575627.
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). Além de componentes visuais e gestuais significativos, a língua de sinais - como a maioria das outras línguas - possuem características linguísticas como fonologia, morfossintaxe, semântica e pragmática(44 Newman AJ, Supalla T, Hauser PC, Newport EL, Bavelier D. Prosodic and narrative processing in American Sign Language: an fMRI study. Neuroimage. 2010;52(2):669-76. http://doi.org/10.1016/j.neuroimage.2010.03.055. PMid:20347996.
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), tais características diferem entre as línguas de sinais existentes e devem, portanto, ser estudadas separadamente. Isso ocorre porque, assim como as línguas faladas, as línguas de sinais ao redor do mundo diferem na forma como representam ou sinalizam uma determinada palavra(55 Fenlon J, Schembri A, Rentelis R, Vinson D, Cormier K. Using conversational data to determine lexical frequency in British Sign Language: the influence of text type. Lingua. 2014;143:187-202. http://doi.org/10.1016/j.lingua.2014.02.003.
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).

William Stokoe(11 Stokoe WC Jr. Sign language structure: an outline of the visual communication systems of the American deaf. J Deaf Stud Deaf Educ. 2005;10(1):3-37. http://doi.org/10.1093/deafed/eni001. PMid:15585746.
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) estudou a Língua de Sinais Americana (ASL) e forneceu uma base para sua descrição baseado em uma abordagem sublexical da língua de sinais que corresponde ao nível fonológico. O nível fonológico é composto por parâmetros visuais que funcionam sistematicamente para transmitir diferentes significados. As regras e restrições à combinação desses parâmetros são específicas de cada comunidade e sistema de língua de sinais(66 Simms L, Baker S, Clark MD. The standardized visual communication and sign language checklist for signing children. Sign Lang Stud. 2013;14(1):101-24. http://doi.org/10.1353/sls.2013.0029.
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).

Pares mínimos na língua oral são palavras que diferem por um único fonema, onde uma mudança em um ou dois traços distintivos (ex. /m/ x /b/, “mar” x “bar”) gera uma nova palavra(77 Cooper R. The method of meaningful minimal contrasts in functional articulation problems. J Speech Hear Assoc. 1968;10:17-22.). Devido à natureza visual e gestual da língua de sinais, pares mínimos neste meio são criados quando os sinais diferem em apenas um parâmetro formativo. Esses parâmetros são importantes porque criam contrastes fonológicos mínimos(88 Brentari D. Sign language phonology. Cambridge: Cambridge University Press; 2019. http://doi.org/10.1017/9781316286401.
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).

Os parâmetros formativos na lingua de sinais incluem o formato da mão (a forma que a mão assume ao executar o sinal); o movimento (forma como as mãos se movem ao realizar o sinal); a localização (a localização do sinal em relação ao corpo do signatário)(11 Stokoe WC Jr. Sign language structure: an outline of the visual communication systems of the American deaf. J Deaf Stud Deaf Educ. 2005;10(1):3-37. http://doi.org/10.1093/deafed/eni001. PMid:15585746.
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); orientação da mão (a direção da palma da mão em relação ao sinalizante)(99 Battison R. Lexical borrowing in American sign language. Washington: Linstok Press; 1978.); e o componente não manual (movimentos do corpo e da cabeça ou expressões faciais que devem ser realizados simultaneamente ao sinal)(1010 Liddell SK, Johnson RE. American sign language: the phonological base. Sign Lang Stud. 1989;64(1):195-277. http://doi.org/10.1353/sls.1989.0027.
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). A combinação dessas características cria sinais muito parecidos com os fonemas que se combinam para formar palavras na linguagem oral(1111 Saldías PA. Análisis descriptivo de la categoría gramatical de aspecto en la lengua de señas chilena [tesis]. Santiago: Universidad de Chile; 2015 [cited 2024 Feb 16]. Available from: https://repositorio.uchile.cl/handle/2250/137641
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).

Embora a língua de sinais compartilhe diversas características linguísticas com a fala, poucos instrumentos estão disponíveis para avaliar a língua visual-gestual(1212 Haug T, Mann W. Adapting tests of sign language assessment for other sign languages: a review of linguistic, cultural, and psychometric problems. J Deaf Stud Deaf Educ. 2007;13(1):138-47. http://doi.org/10.1093/deafed/enm027. PMid:17569751.
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,1313 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. O desenvolvimento da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais em um grupo de Codas. Rev CEFAC. 2016;18(4):835-42. http://doi.org/10.1590/1982-021620161842016.
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). Desta forma, existe a necessidade de uma investigação mais aprofundada dos diferentes componentes linguísticos da língua de sinais e do desenvolvimento de instrumentos que ajudem os clínicos a compreender os processos envolvidos na aquisição da língua de sinais em crianças.

Nesse sentido, Vargas et al.(1313 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. O desenvolvimento da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais em um grupo de Codas. Rev CEFAC. 2016;18(4):835-42. http://doi.org/10.1590/1982-021620161842016.
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) desenvolveram um protocolo para avaliar a percepção dos contrastes mínimos na Língua Brasileira de Sinais (Libras) em crianças surdas no Brasil. Este protocolo contém 35 pares de contraste mínimo que variam em um único parâmetro: formato da mão, localização, movimento da mão ou orientação. Os pares são representados por desenhos e mostrados às crianças em cartões contendo três alternativas de resposta. O primeiro pode conter dois desenhos idênticos (mapa x mapa), enquanto o segundo pode conter dois desenhos diferentes (mapa x tapete), e o terceiro, dois desenhos idênticos e diferentes do primeiro (tapete x tapete). Cada cartão contém um total de seis imagens. Ao longo do teste, é mostrado à criança um vídeo de intérpretes de língua de sinais realizando pares de sinais, que podem ser idênticos ou diferentes dependendo do item alvo. Após cada par ser mostrado, a criança recebe o cartão de resposta do item e é solicitada a identificar o par de desenhos aos quais os sinais correspondem.

Procedimentos semelhantes foram avaliados nas línguas de sinais brasileira(1414 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. A elaboração de um instrumento para investigar o domínio da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais. CoDAS. 2017;29(4):e20160234. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016234. PMid:28746464.
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) e turca(1515 Makaroğlu B, Uzun I, Arik E. Evidence for minimal pairs in Turkish Sign Language. Pozn Stud Contemp Linguist. 2014;50(3):207-30. http://doi.org/10.1515/psicl-2014-0015.
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). No entanto, nenhum estudo explorou a avaliação da percepção do par de contraste mínimo na Língua de Sinais Chilena (LSCh). Portanto, o objetivo deste estudo foi adaptar e validar um instrumento para avaliar a percepção de pares de contraste mínimo na LSCh.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal quali-quantitativo. Este estudo foi realizado como parte de um projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria, Brasil, sob protocolo 3.022.041. Todas as crianças e adolescentes que participaram da investigação, incluindo juízes especialistas e não especialistas, consentiram em participar conforme determina a resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde e receberam consentimento por escrito de seus pais ou responsáveis. Os autores do instrumento brasileiro também autorizaram sua adaptação ao ChSL, conforme recomendação da International Test Commission (ITC)(1616 International Test Comission. Guideliness for Translating and Adapting Tests [Internet]. 2nd ed. England: International Test Comission; 2017 [cited 2024 Feb 16]. Available from: www.intestcom.org
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). Além disso, cada etapa foi realizada seguindo as Diretrizes do ITC para Testes de Tradução e Adaptação(1616 International Test Comission. Guideliness for Translating and Adapting Tests [Internet]. 2nd ed. England: International Test Comission; 2017 [cited 2024 Feb 16]. Available from: www.intestcom.org
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).

Participantes e procedimentos

Este estudo foi realizado em 7 etapas: Etapa 1 - Identificação de pares de contraste mínimo na LSCh; Etapa 2 – Análise do juizes especialistas; Etapa 3 – Ilustração de pares de contraste mínimo; Etapa 4 – Análise do juizes não especialistas; Etapa 5 – Desenvolvimento de materiais de teste; Etapa 6 – Gravação do vídeo; Etapa 7- Estudo piloto. O Quadro 1 descreve os critérios de seleção da amostra empregados em cada etapa do estudo.

Quadro 1
Descrição dos participantes e critérios de seleção para cada etapa do desenvolvimento do teste de percepção do contrstate mínimo na Língua de Sinais Chilena

A seção a seguir contém a descrição de cada uma das 7 etapas da adaptação e validação do instrumento para avaliar a percepção de contrastes mínimos na LSCh.

  • Etapa 1. Identificação de pares de contraste mínimo na LSCh

O instrumento criado por Vargas et al.(1414 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. A elaboração de um instrumento para investigar o domínio da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais. CoDAS. 2017;29(4):e20160234. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016234. PMid:28746464.
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) avalia pares de contraste mínimo em Libras e contém 35 pares de sinais que diferem por um único parâmetro formacional. Os mesmos estímulos não poderiam ser utilizados no instrumento chileno, uma vez que a LSCh e a Libras diferem em diversos aspectos linguísticos e culturais. Este é aspecto importante a ser considerado na adaptação de testes em língua de sinais(1212 Haug T, Mann W. Adapting tests of sign language assessment for other sign languages: a review of linguistic, cultural, and psychometric problems. J Deaf Stud Deaf Educ. 2007;13(1):138-47. http://doi.org/10.1093/deafed/enm027. PMid:17569751.
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). O primeiro autor deste estudo, que tem experiência com LSCh, identificou, portanto, novos pares de contraste mínimo através de uma extensa pesquisa em um dicionário de LSCh(1717 Quintela DA, Robterson XA, Ramírez IC. Diccionario bilingüe lengua de señas chilena/español: un desafío lexicográfico. RLA Rev Linguist Teor Apl. 2013;51(2):173-92. http://doi.org/10.4067/S0718-48832013000200009.
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). Foram considerados os seguintes parâmetros formativos: formato da mão, localização, movimento e orientação da mão. Assim como no teste original(1414 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. A elaboração de um instrumento para investigar o domínio da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais. CoDAS. 2017;29(4):e20160234. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016234. PMid:28746464.
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), não foram consideradas expressões não manuais, pois geralmente refletem emoções e são difíceis de representar por meio de imagens. Um objetivo adicional desse processo foi selecionar palavras que estivessem presentes no vocabulário de crianças de 6 anos e pudessem ser representadas por meio de figuras.

  • Etapa 2. Análise de juízes especialistas

Uma vez identificados os pares de contraste mínimo, a validade de conteúdo foi avaliada por quatro juízes especialistas (três homens e uma mulher), compostos por dois adultos surdos congênitos (50%) e dois intérpretes não surdos da LSCh (50%), com idades entre 29 e 42 anos. Um dos juízes possuía formação em licenciatura (25%) e os outros três eram bacharéis (75%). Os participantes foram recrutados por amostragem não probabilística de conveniência nas cidades de Talca (75%) e Santiago (25%).

Os juízes foram contatados e convidados a participar deste estudo por meio de mensagem de e-mail que também forneceu informações sobre os objetivos do estudo. Os juízes foram solicitados a avaliar se os pares de contraste mínimo selecionados pelo investigador diferiam em apenas um parâmetro formativo (formato da mão, localização, movimento e orientação da mão); isto é, se as palavras selecionadas pelo autor do estudo correspondiam a pares de contraste mínimo na LSCh.

Os juízes foram solicitados a classificar cada par como adequado ou inadequado. A análise dos dados foi realizada por meio do cálculo da razão de validade de conteúdo (RVC) de cada item. O RVC foi obtido por meio da fórmula RVC = (ne – N/2) / (N/2), onde ne corresponde ao número de juízes que avaliaram o item como ‘adequado’ e N representa o número total de juízes. Os itens só seriam mantidos se atingissem um RVC mínimo de 0,95. A concordância entre avaliadores foi avaliada pelo first-order agreement coefficient de Gwet (AC1). O AC1 foi interpretado conforme recomendado por Landis e Koch(1818 Landis JR, Koch GG. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics. 1977;33(1):159-74. http://doi.org/10.2307/2529310. PMid:843571.
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), sendo valores > 0,8 considerados indicativos de concordância quase perfeita; valores de 0,61 a 0,8 indicativos de concordância substancial; e valores de 0,41-0,6, 0,21-0,4 e < 0,2 como indicativos de concordância moderada, regular e ruim, respectivamente.

Posteriormente, foi solicitado aos juízes que determinassem se as palavras estariam presentes no vocabulário das crianças com 6 anos ou mais. Por fim, os juízes indicaram se as palavras poderiam ser representadas como desenhos, respondendo a uma pergunta dicotômica (sim/não) para cada item. Esses resultados foram analisados ​​pelo coeficiente AC1 de Gwet. Apenas as palavras com RVC = 1 foram consideradas para inclusão no instrumento.

  • Estapa 3. Ilustração dos pares de contraste mínimo

Após a análise dos juízes especialistas, um desenhista profissional criou e desenhou uma figura para cada palavra. Todos os desenhos foram produzidos em cores conforme proposto no instrumento original de Vargas et al.(1414 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. A elaboração de um instrumento para investigar o domínio da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais. CoDAS. 2017;29(4):e20160234. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016234. PMid:28746464.
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).

  • Etapa 4. Analise de juízes não especialistas

Seis crianças e adolescentes surdos que frequentam uma escola especial para crianças surdas na cidade de Santiago do Chile foram selecionados para esta etapa do estudo. Três dos participantes eram do sexo masculino (50%) e três do sexo feminino (50%). Os meninos tinham de 7 a 13 anos e as meninas de 8 a 14 anos. Todos os participantes apresentavam perda auditiva congênita e nenhum outro diagnóstico. Os participantes foram recrutados por meio de amostragem de conveniência, eram todos nativos de Santiago do Chile e tinham no mínimo quatro anos de experiência com LSCh.

Os juízes não especialistas analisaram os desenhos para determinar o quão bem representavam cada palavra. Os desenhos foram impressos coloridos em cartões de 216 x 279 mm e mostrados um a um aos participantes, que foram solicitados a realizar o sinal da palavra correspondente a cada imagem apresentada. Os resultados desse procedimento foram analisados ​​por meio do AC1 de Gwet e do RVC de cada item. Os itens só seriam mantido se atingissem RVC mínimo de 0,95.

  • Etapa 5. Desenvolvimento dos materiais do teste

Os materiais de teste foram desenvolvidos conforme descrito por Vargas et al.(1414 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. A elaboração de um instrumento para investigar o domínio da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais. CoDAS. 2017;29(4):e20160234. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016234. PMid:28746464.
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). O conjunto final de estímulos consistiu em folhas de papel com pares de desenhos distribuídos em colunas. Cada folha continha três pares, totalizando seis ilustrações por página. Os itens de cada coluna podem ser iguais ou diferentes (Figura 1). Os desenhos foram distribuídos aleatoriamente em random.org para evitar respostas perseverantes. Este método foi baseado no Teste de Discriminação Auditiva por Imagem desenvolvido na Universidade de Boston(1919 Kaplan E, Goodglass H, Weintraub S. Boston naming test. USA: Lippincott Williams & Wilkins; 2001.).

Figura 1
Formato de página do teste de percepção dos contrastes mínimos na Língua de Sinais Brasileira
  • Etapa 6. Gravação do video

Posteriormente, foi feita uma gravação de vídeo contendo os pares de mínimo de contraste na ordem de aplicação do teste. No vídeo, um intérprete de LSCh certificado pelo Ministério da Educação do Chile forneceu as instruções do teste e exibiu os sinais para os pares de contraste mínimo. O vídeo foi editado para mostrar um par mínimo por vez, para que os avaliadores que administrem o teste possamm fazer uma pausa após cada item e permitir que os participantes respondam, apontando sua resposta no cartão de resposta correspondente. Os itens contendo sinais iguais versus diferentes foram distribuídos aleatoriamente ao longo do teste usando o site random.org.

  • Etapa 7. Estudo piloto

Foi realizado um estudo piloto para testar a aplicação do instrumento em um cenário real de coleta de dados e identificar eventuais dificuldades na sua adaptação. A amostra piloto envolveu os mesmos participantes recrutados para a Etapa 4 do estudo (6 crianças e adolescentes surdos, incluindo meninos e meninas). Nesta etapa da investigação, os participantes foram avaliados individualmente com a versão completa do teste de percepção de contraste mínimo na LSCh. O estudo piloto foi aplicado pelo primeiro autor deste estudo. Os resultados desse procedimento foram analisados descritivamente.

RESULTADOS

Os resultados de cada etapa do estudo serão apresentados separadamente nas seções seguintes.

  • Etapa 1. Identificação de pares de contraste mínimo na LSCh

A investigação inicial identificou 69 pares de contraste mínimo na LSCh que diferiam quanto ao formato da mão (n = 15), localização (n = 8), movimento (n = 29) ou orientação (n = 17) (Quadro 2).

Quadro 2
Pares de contraste mínimo que diferem por um único parâmetro formacional
  • Etapa 2. Analise de juízes especialistas

Quarenta e quatro dos 69 pares de contraste mínimo identificados na Etapa 1 atingiram RVC ≥ 0,95. Doze deles diferiam pelo formato da mão, 7 pela localização, 21 pelo movimento e 4 pela orientação. A estatística AC1 de Gwet revelou concordância substancial em todos os itens (AC1 = 0,659). Os juízes tiveram concordância perfeita para pares que diferiam em formato de mão e concordância substancial para pares que diferiam em localização e movimento. Os níveis de concordância para os pares que diferiram por orientação foram classificados como regulares (Tabela 1).

Tabela 1
Concordância entre os juízes espcialistas em cada item do instrumento

A segunda questão respondida pelos juízes foi se as palavras de cada um dos 44 pares estariam presentes no vocabulário de crianças e adolescentes surdos. Vinte e nove dos 44 pares de contraste mínimo atingiram RVC ≥ 0,95 para esta questão. Os resultados mostraram concordância substancial entre os avaliadores (AC1=0,686 [IC = 0,555 - 0,818]). Por último, os juízes avaliaram a representatividade por desenhos, dos 29 pares de contraste mínimo. Vinte e dois pares atingiram RVC ≥ 0,95, e o nível de concordância geral foi classificado como moderado (AC1 = 0,597 [IC = 0,451 – 0,740]). Um dos juízes surdos sugeriu a inclusão de dois pares adicionais de contraste mínimo: Quarta-feira – Brincadeira e Exemplo – Língua de sinais, que diferem pelo formato da mão e pela orientação, respectivamente. Esses pares foram submetidos a analise de juízes especialistas e obtiveram RVC = 1. A seleção dos pares que alcançaram RVC = 1 resultou num total de 24 pares no instrumento.

  • Etapa 3. Ilustração dos pares de contraste mínimo

A Figura 2 mostra um exemplo de desenho de um par de contraste mínimo em LSCh. Os pares em questão (tartaruga – caracol) diferem no formato da mão. Os desenhos foram então submetidos à análise de juízes não especialistas (Etapa 4).

Figura 2
Formato de página do teste de percepção dos contrastes mínimos na Língua de Sinais Chilena
  • Etapa 4. Análise de juízes não especialistas

Os juízes apresentaram concordância quase perfeita nos 24 pares (AC1=0,848 [IC=0,726 – 0,970]. No entanto, alguns itens apresentaram RVC < 1 e, portanto, tiveram que ser redesenhados (janeiro – fevereiro; amarelo – verde; próximo – longe; jovem – sofrer; o quê? – ocupado e exemplo – Língua de Sinais).

  • Etapa 5. Desenvolvimento dos materiais do teste

As ilustrações foram criadas conforme explicado na seção de métodos e separadas em 24 pares (8 diferindo pelo formato da mão, 5 pela localização, 8 pelo movimento e 3 pela orientação). Dois dos 24 pares foram selecionados como exemplos (janeiro – fevereiro e jovem – sofrer). Nessa etapa, também foi criado um formulário de registro das respostas dos participantes, utilizando formato semelhante ao proposto por Vargas et al.(1414 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. A elaboração de um instrumento para investigar o domínio da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais. CoDAS. 2017;29(4):e20160234. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016234. PMid:28746464.
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), onde as respostas podem receber pontuação 0 (incorreta) ou 1 (correta). A pontuação máxima na prova é de 22 pontos.

  • Etapa 6. Gravação do vídeo

O vídeo foi gravado com câmera profissional em uma sala silenciosa. O intérprete foi solicitado a usar camisa preta para contrastar com o fundo branco e mangas curtas para garantir a visibilidade das mãos. O vídeo teve 7 minutos e 34 segundos de duração e foi gravado em CD-ROM.

  • Etapa 7. Estudo piloto

O teste de percepção de contraste mínimo foi aplicado a uma amostra piloto para avaliar seu desempenho em um cenário de avaliação realista. Os participantes assistiram às instruções do vídeo e receberam explicações adicionais do examinador em língua de sinais para garantir a compreensão das instruções do teste, que foram as seguintes: “O intérprete mostrará 2 sinais. Por favor, identifique-os neste livreto e indique-os para mim, entendeu? Vamos começar." O vídeo foi pausado após cada item para garantir um ritmo constante durante todo o teste. Todas as crianças conseguiram completar todo o teste, confirmando a adequação dos itens.

DISCUSSÃO

A adaptação e validação de qualquer instrumento deve seguir uma abordagem rigorosa e considerar as características e diferenças linguísticas e culturais de cada país onde o instrumento é utilizado(2020 Astepe BS, Köleli I. Translation, cultural adaptation, and validation of Australian pelvic floor questionnaire in a Turkish population. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2019;234:71-4. http://doi.org/10.1016/j.ejogrb.2019.01.004. PMid:30665079.
http://doi.org/10.1016/j.ejogrb.2019.01....
). Isto também se aplica aos instrumentos desenvolvidos para a população surda, uma vez que a língua de sinais apresenta variações linguísticas e culturais por país(1313 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. O desenvolvimento da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais em um grupo de Codas. Rev CEFAC. 2016;18(4):835-42. http://doi.org/10.1590/1982-021620161842016.
http://doi.org/10.1590/1982-021620161842...
). Durante o processo de adaptação podem surgir problemas devido a diferenças linguísticas entre as línguas de origem e de destino, bem como diferenças entre a cultura de origem e a cultura de destino(2121 Fonseca MS, Pérez A, Pineda MI, Lemus FJ. Comunicación oral y escrita. London: Pearson Education; 2011.,2222 Khouri NDMAA, Silva JC. Revisão narrativa: metodologias de adaptação e validação de instrumentos psicológicos. Rev Eixo. 2019;8(2):220-9.). Ambos os aspectos devem ser considerados na adaptação de instrumentos entre diferentes línguas de sinas(2323 Haug T. Methodological and theoretical issues in the adaptation of sign language tests: an example from the adaptation of a test to German Sign Language. Lang Test. 2012;29(2):181-201. http://doi.org/10.1177/0265532211421509.
http://doi.org/10.1177/0265532211421509...
) . O presente estudo adaptou um instrumento originalmente desenvolvido em língua latina, o que facilitou o processo de adaptação e resultou em um instrumento cuja validade de conteúdo foi satisfatória e semelhante ao instrumento original.

O número de pares de contraste mínimo que diferiram por formato de mão no teste chilneno foi igual ao de itens que diferiram por movimento no instrumento desenvolvido por Vargas et al.(1515 Makaroğlu B, Uzun I, Arik E. Evidence for minimal pairs in Turkish Sign Language. Pozn Stud Contemp Linguist. 2014;50(3):207-30. http://doi.org/10.1515/psicl-2014-0015.
http://doi.org/10.1515/psicl-2014-0015...
). Adicionalmente, em ambos os estudos, os juízes especialistas trouxeram contribuições significativas ao processo, principalmente na etapa de validação de conteúdo, onde fizeram observações importantes e sugeriram a retirada de determinados estímulos. Neste estudo também incluímos a análise de juízes não especialistas (crianças e adolescentes surdos) que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do teste ao identificar seis pares mínimos de contraste que precisavam ser redesenhados (Etapa 4). O estudo piloto demonstrou que crianças e adolescentes surdos conseguiram completar todo o teste. As instruções e estímulos do teste foram claramente compreendidos por todos os participantes e não foram necessários ajustes.

Conforme observado na Etapa 2 deste estudo, os juízes especialistas alcançaram um nível de concordância quase perfeito em relação aos pares de contraste mínimo que diferiam por formato de mão, possivelmente porque esses pares eram mais fáceis de identificar no LSCh. Os sinais que diferiam por movimento e localização apresentaram níveis de concordância substanciais, o que é satisfatório, mas não ideal. Por último, os sinais que diferiam na orientação apresentaram níveis de concordância regulares, pois o seu significado depende do contexto em que são apresentados.

Em estudo realizado com profissionais da educação na Alemanha sobre a percepção a respeito a avaliação da linguagem em crianças surdas, um estudo(1212 Haug T, Mann W. Adapting tests of sign language assessment for other sign languages: a review of linguistic, cultural, and psychometric problems. J Deaf Stud Deaf Educ. 2007;13(1):138-47. http://doi.org/10.1093/deafed/enm027. PMid:17569751.
http://doi.org/10.1093/deafed/enm027...
) constatou que a maioria dos entrevistados identificou limitações nos instrumentos de avaliação disponíveis para esta população. Os profissionais relataram que os testes existentes não eram suficientemente abrangentes e não avaliavam as características linguísticas da língua gestual, o que é especialmente problemático para as crianças que a têm como primeira língua. Tais achados ressaltam a importância da avaliação da percepção de contraste mínimo na língua de sinais, pois proporciona uma avaliação visual e gestual crucial para a população surda. Em segundo lugar, este instrumento ajudará a expandir o conhecimento sobre o desenvolvimento da percepção de contraste mínimo na linguagem gestual e sobre o desenvolvimento da própria linguagem gestual. Além disso, permitirá que clínicos e educadores identifiquem aspectos que as crianças podem achar especialmente difíceis, facilitando a implementação de intervenções linguísticas diretas.

Embora outros estudos também tenham avaliado as características mencionadas(2424 Mann W, Prinz P. An investigation of the need for sign language assessment in deaf education. Am Ann Deaf. 2006;151(3):356-70. http://doi.org/10.1353/aad.2006.0036. PMid:17087446.
http://doi.org/10.1353/aad.2006.0036...
), também constataram diversas limitações, incluindo o uso de testes com faixa etária alvo estreita, falta de dados normativos ou propriedades psicométricas pouco estudadas e a dependência de instrumentos inadequados para ambientes educacionais (devido à duração da aplicação, por exemplo). Nesse contexto, estudos como o de Vargas et al.(1414 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. A elaboração de um instrumento para investigar o domínio da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais. CoDAS. 2017;29(4):e20160234. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016234. PMid:28746464.
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) e a presente investigação são especialmente importantes, pois fornecem evidências de validade de instrumentos e base para futuras intervenções clínicas.

Estudos futuros deverão concentrar-se, em primeiro lugar, na expansão da amostra, uma vez que este estudo foi realizado no auge da pandemia de COVID-19 e da emergência de saúde pública associada, e teve de aderir a diversas precauções (por exemplo, uso de máscaras, protetores faciais, higienização das mãos), o que pode ter interferido na comunicação de crianças e adolescentes surdos. Além disso, a mesma amostra foi utilizada em duas etapas (análise de juízes não especialistas e estudo piloto), o que pode ter contribuído para resultados positivos no estudo piloto, pois já conheciam as figuras do instrumento.

Estudos futuros também devem buscar evidências de percepção de pares de mínimo contraste em componentes formacionais não manuais. Na língua gestual turca, por exemplo, o estudo destes componentes produziu resultados significativos(1616 International Test Comission. Guideliness for Translating and Adapting Tests [Internet]. 2nd ed. England: International Test Comission; 2017 [cited 2024 Feb 16]. Available from: www.intestcom.org
www.intestcom.org...
). Além disso, em Libras, um estudo confirmou que o movimento é o parâmetro mais facilmente percebido entre os filhos de adultos surdos, seguido pela localização e formato da mão, enquanto a orientação foi o mais difícil de ser percebido(1313 Vargas DZ, Mezzomo CL, Kessler TM. O desenvolvimento da percepção dos contrastes mínimos na língua brasileira de sinais em um grupo de Codas. Rev CEFAC. 2016;18(4):835-42. http://doi.org/10.1590/1982-021620161842016.
http://doi.org/10.1590/1982-021620161842...
). Esses achados são semelhantes aos obtidos através da análise descritiva em nosso estudo piloto. No entanto, o presente protocolo contém apenas três pares que diferem por orientação, pois estes foram mais difíceis de identificar na LSCh. O teste contém um número muito maior de pares (oito) que diferem pelo formato da mão e pelo movimento, que a literatura afirma serem mais difíceis de serem percebidos pelas crianças(2525 Bochner JH, Christie K, Hauser PC, Searls JM. When is a difference really different? Learners’ discrimination of linguistic contrasts in American sign language. Lang Learn. 2011;61(4):1302-27. http://doi.org/10.1111/j.1467-9922.2011.00671.x.
http://doi.org/10.1111/j.1467-9922.2011....
,2626 Napoli DJ, Ferrara C. Correlations between handshape and movement in sign languages. Cogn Sci. 2021;45(5):e12944. http://doi.org/10.1111/cogs.12944. PMid:34018242.
http://doi.org/10.1111/cogs.12944...
). Portanto, a aplicação do Teste de Percepção de Pares de Contraste Mínimo na LSCh proporcionará aos clínicos e educadores mais oportunidades para avaliar a percepção de crianças e adolescentes em relação a esses parâmetros formativos.

CONCLUSÃO

Este estudo foi desenvolvido para suprir uma grande lacuna na literatura sobre a avaliação de crianças e adolescentes que se comunicam por meio do LSCh. Os resultados indicaram que o Teste de Percepção de Contraste Mínimo na LSCh possui validade de conteúdo adequada. Mais estudos devem ser realizados para coletar evidências de validade de construto e de critério, bem como de confiabilidade.

  • Trabalho realizado na Universidade de Talca – UTALCA, Talca (VII región del Maule), Chile.
  • Financiamento:

    Nada a declarar.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    16 Fev 2024
  • Aceito
    26 Jun 2024
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