Resumo
Objetivo
Sintetizar o conhecimento sobre o uso da lock terapia na prevenção e no tratamento da infecção da corrente sanguínea associada ao dispositivo de acesso vascular central de longa permanência em pacientes adultos e idosos hospitalizados.
Métodos
Revisão integrativa com busca nas bases de dados CINAHL, Cochrane Central, Embase, LILACS, PubMed, Scopus e Web of Science, no período de 1º janeiro de 2010 a 28 de setembro de 2021 sem restrições de idioma. Os dados foram analisados de forma descritiva.
Resultados
Foram identificados 16 estudos sendo seis (37,5%) sobre o uso da lock terapia como prevenção de infecção associada ao dispositivo de acesso vascular central e dez (62,5%) sobre tratamento. Os artigos sobre prevenção relataram o uso de soluções não antibióticas. Nove dos dez estudos que abordaram a lock terapia como tratamento, utilizaram soluções antibióticas. Dois estudos avaliaram a eficácia da lock terapia em curta duração (de três a quatro dias), sete em maior duração (entre 10 e 14 dias) e um não especificou a duração. Cada estudo descreveu uma técnica de intervenção e o tempo de permanência da solução intraluminal. Em relação ao risco de viés, foram avaliados como baixo risco: cinco ensaios clínicos randomizados, dois ensaios clínicos sem randomização e oito estudos observacionais. Apenas um estudo observacional foi classificado como risco moderado.
Conclusão
Na prevenção, identificou-se o uso de soluções não antibióticas como o etanol. Para o tratamento, foi utilizada a daptomicina endovenosa. Enquanto os estudos incluídos nessa revisão sobre prevenção não demonstraram evidência estatística, os dez estudos sobre tratamento demonstraram que a lock terapia é um complemento eficaz ao tratamento sistêmico, apresentando boas taxas de salvamento do cateter.
Cateteres venosos centrais; Cateteres de demora; Dispositivos de acesso vascular; Infecções relacionadas ao cateter; Cuidados de enfermagem; Antibacterianos; Anti-Infecciosos; Lock terapia; Etanol
Resumen
Objetivo
Sintetizar el conocimiento sobre el uso de la terapia de bloqueo en la prevención y tratamiento de infecciones del torrente sanguíneo asociadas al dispositivo de acceso vascular central de larga permanencia en pacientes adultos y adultos mayores hospitalizados.
Métodos
Revisión integradora con búsqueda en las bases de datos CINAHL, Cochrane Central, Embase, LILACS, PubMed, Scopus y Web of Science, en el período del 1 de enero de 2010 al 28 de septiembre de 2021 sin restricción de idioma. Los datos fueron analizados de forma descriptiva.
Resultados
Se identificaron 16 estudios, de los cuales seis (37,5 %) trataban sobre el uso de la terapia de bloqueo como prevención de infecciones asociadas al dispositivo de acceso vascular central y diez (62,5 %) sobre tratamiento. En los artículos sobre prevención se relató el uso de soluciones no antibióticas. En nueve de los diez estudios que abordaban la terapia de bloqueo como tratamiento, se utilizaron soluciones antibióticas. En dos estudios se evaluó la eficacia de la terapia de bloqueo de corta duración (de tres a cuatro días), siete de mayor duración (entre 10 y 14 días) y uno sin especificar la duración. En cada estudio se describió una técnica de intervención y el tiempo de permanencia de la solución intraluminal. Con relación al riesgo de sesgo, fueron evaluados con riesgo bajo: cinco ensayos clínicos aleatorizados, dos ensayos clínicos no aleatorizados y ocho estudios observacionales. Solo un estudio observacional fue clasificado con riesgo moderado.
Conclusión
Para la prevención, se identificó el uso de soluciones no antibióticas como el etanol. Para el tratamiento, se utilizó la daptomicina intravenosa. Aunque los estudios incluidos en esta revisión sobre prevención no hayan demostrado evidencia estadística, los diez estudios sobre tratamiento demostraron que la terapia de bloqueo es un complemento eficaz para el tratamiento sistémico y presentó buenos índices de salvamento del catéter.
Catéteres venosos centrales; Catéteres de permanencia; Dispositivos de acceso vascular; Infecciones relacionadas con catéteres; Cuidados de enfermería; Antibacterianos; Anti-Infecciosos; Lock terapía; Etanol
Abstract
Objective
To synthesize knowledge on the use of lock therapy for prevention and treatment of long-term central vascular access devices-associated bloodstream infection in hospitalized adult and elderly patients.
Methods
Integrative review conducted in CINAHL, Cochrane Central, Embase, LILACS, PubMed, Scopus, and Web of Science databases, from January 1st, 2010 to September 28th, 2021, without language restrictions. Data were analyzed descriptively.
Results
Sixteen studies were identified, six (37.5%) on the use of lock therapy for prevention of bloodstream infection associated with central vascular access devices, and ten (62.5%) on treatment. The articles on prevention reported the use of non-antibiotic solutions. Nine of the ten studies that addressed lock therapy as treatment used antibiotic solutions. Two studies assessed the effectiveness of lock therapy in a short duration (three to four days), seven in a longer duration (between 10 and 14 days), and one did not specify the length of time. Each study described an intervention technique and the length of stay of the intraluminal solution. Regarding the risk of bias, five randomized clinical trials, two non-randomized clinical trials, and eight observational studies were rated as low risk. Only one observational study was classified as moderate risk.
Conclusion
The use of non-antibiotic solutions such as ethanol was identified for prevention of bloodstream infection. For treatment, intravenous daptomycin was used. While the studies included in this review on prevention did not show statistical evidence, the ten studies on treatment demonstrated that lock therapy is an effective complement to systemic treatment, showing good catheter salvage rates.
Central venous catheters; Catheters, indwelling; Vascular access device; Catheter-related infecions; Nursing care; Anti-bacterial agents; Anti-infective agents; Lock therapy; Ethanol
Introdução
Os dispositivos intravasculares são essenciais no manejo clínico de pacientes hospitalizados, particularmente, pacientes críticos ou cronicamente doentes. As principais indicações para a inserção dos dispositivos de acesso vascular central (DAVC) são instabilidade clínica do paciente e/ou múltiplas infusões; terapia de infusão contínua inadequada para infusão periférica (soluções vesicantes, nutrição parenteral, eletrólitos); monitorização hemodinâmica invasiva; terapia de infusão intermitente de longo prazo; e incapacidade de garantir outras formas de venopunção.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.,22. Jamshidi R. Central venous catheters: Indications, techniques, and complications. Semin Pediatr Surg. 2019;28(1):26–32.)
Ao indicar um DAVC para qualquer tipo de terapia de infusão, o benefício deve superar o risco de complicações.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.,33. Mermel LA, Allon M, Bouza E, Craven DE, Flynn P, O’Grady NP, et al. Clinical practice guidelines for the diagnosis and management of intravascular catheter-related infection: 2009 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2009;49(1):1–45.) Desse modo, deve-se reconhecer os riscos associados ao uso de cateteres em pacientes hospitalizados, incluindo a trombose venosa e o risco aumentado de Infecção da Corrente Sanguínea Associada ao Cateter (ICSAC), que geralmente acarretam em um prolongamento da internação hospitalar, aumento do custo e do risco de mortalidade.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.,44. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília (DF): ANVISA: 2017 [citado 2021 Abr 9]. Disponível em: http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2BR0%3D
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)
Existem duas principais rotas reconhecidas de ICSAC: migração de microrganismos da pele ao redor do sítio de inserção para o trato cutâneo e a superfície do cateter, que ocorre durante a inserção e no decorrer do tempo de permanência do cateter; e contaminação direta do cateter durante a administração da terapia intravenosa e manuseio inadequado do hub. A incidência de ICSAC varia conforme o tipo e material do cateter, número de lúmens, frequência de manipulação do dispositivo, local de inserção, tempo de permanência, técnica de inserção, cuidados de manutenção e fatores relacionados ao paciente, como doença subjacente e gravidade.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.,33. Mermel LA, Allon M, Bouza E, Craven DE, Flynn P, O’Grady NP, et al. Clinical practice guidelines for the diagnosis and management of intravascular catheter-related infection: 2009 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2009;49(1):1–45.)
Frente ao exposto, a lock terapia consiste na administração de uma solução de bloqueio nos cateteres que contém concentrações supraterapêuticas de antimicrobianos e que podem ser combinadas com anticoagulante, visando o tratamento (uso terapêutico) ou a prevenção (uso profilático) de ICSAC. A solução é utilizada para preencher o lúmen do cateter e, em seguida, permanecer por um período enquanto o cateter estiver inativo. A permanência da solução no interior do lúmen do cateter pode impedir a formação de biofilmes e eliminar os que existem, evitando o aparecimento de ICSAC.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.,44. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília (DF): ANVISA: 2017 [citado 2021 Abr 9]. Disponível em: http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2BR0%3D
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5. Buetti N, Timsit JF. Management and prevention of central venous catheter-related infections in the ICU. Semin Respir Crit Care Med. 2019;40(4):508–23.-66. Justo JA, Bookstaver PB. Antibiotic lock therapy: review of technique and logistical challenges. Infect Drug Resist. 2014;7:343–63.)
Segundo os padrões de práticas para a terapia infusional da Infusion Nurses Society (INS) de 2021, o uso da lock terapia em DAVC de longa permanência é recomendado nas seguintes circunstâncias: populações de pacientes de alto risco, com histórico de múltiplas ICSAC e em instituições com taxas inaceitavelmente altas de infecções da corrente sanguínea associado ao uso de DAVC, apesar da implementação de outros métodos de prevenção de infecção.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.)
Destaca-se que os DAVC de longa permanência são aqueles que permanecem in situ por mais de 30 dias.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.) O desenvolvimento de protocolos institucionais padronizados sobre formulação e preparação das soluções de lock, indicações das situações de uso da terapia e cuidados, pode difundir a utilização e o sucesso da terapia.(66. Justo JA, Bookstaver PB. Antibiotic lock therapy: review of technique and logistical challenges. Infect Drug Resist. 2014;7:343–63.)
Justifica-se a presente revisão considerando que o conhecimento acerca da técnica de lock terapia ainda é incipiente, pois não há evidências suficientes para indicar a solução, a dose e o tempo de duração ideais de lock para DAVC de longo prazo. Dessa forma, essa revisão pretende sintetizar o conhecimento sobre o uso da lock terapia na prevenção e no tratamento da infecção da corrente sanguínea associada ao dispositivo de acesso vascular central de longa permanência em pacientes adultos e idosos hospitalizados.
Métodos
Trata-se de revisão integrativa da literatura realizada em seis etapas: identificação do tema, amostragem, categorização dos estudos, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e síntese do conhecimento.(77. Mendes KD, Silveira RC, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008;17(4):758–64.)
A pergunta da revisão integrativa foi elaborada segundo a estratégia PICOS, sendo a População (P), paciente adulto hospitalizado com DAVC de longa permanência, a Intervenção (I), lock terapia/terapia de bloqueio, a Comparação (C), não se aplica, o Desfecho/Outcome (O), a prevenção e tratamento da infecção da corrente sanguínea associada ao cateter de longa permanência e o Tipo de estudo (S), estudos originais com abordagem quantitativa, publicados entre 01/01/2010 e 28/09/2021, resultando em “Como realizar a lock terapia (terapia de bloqueio) nos dispositivos de acesso vascular central de longa permanência, de pacientes adultos hospitalizados, na prevenção e tratamento de infecção da corrente sanguínea associada ao cateter vascular?”.
Os critérios de inclusão foram estudos originais realizados com pacientes hospitalizados, com idade igual ou superior a 18 anos, que avaliaram a técnica de lock terapia em DAVC de longa permanência, na prevenção e/ou tratamento de ICSAC, considerando os diferentes agentes antimicrobianos (antibióticos/antifúngicos ou antissépticos), a dose, o método de aplicação e o tempo de permanência da substância no lúmen do cateter intravascular.
Os critérios de exclusão foram estudos realizados com cateter de hemodiálise ou cateter exclusivo para Nutrição Parenteral Total (NPT), estudos que avaliaram a lock terapia in vitro ou em animais e oriundos de literatura cinza.
A busca foi realizada no dia 28 de setembro de 2021, nas bases de dados CINAHL, Central Cochrane Library, Embase, LILACS, PubMed, Scopus e Web of Science. Não houve restrição de idiomas.
A estratégia de busca foi baseada na pergunta de pesquisa e adaptada para cada base de dados. Para a sua elaboração, utilizou-se os descritores controlados nas formas singular e plural, conforme exemplo da busca realizada no PubMed descrito a seguir: (((“central venous catheters”[Mesh] OR “central venous catheters” OR “central venous catheter” OR “catheterization, central venous”[Mesh] OR “catheterization, central venous” OR “central venous catheterization” OR “central venous catheterizations” OR “central venous access” OR “implantable vascular access” OR “catheters, indwelling”[Mesh] OR “catheters, indwelling” OR “indwelling catheter” OR “indwelling catheters” OR “in-dwelling catheters” OR “in-dwelling catheter” OR “hickman catheter” OR “hickman catheters” OR “broviac catheter” OR “broviac catheters” OR “cook catheter” OR “vascular access devices”[Mesh:NoExp] OR “vascular access devices” OR “vascular access device” OR “vascular catheters” OR “vascular catheter” OR “long-term catheters” OR “long-term catheter” OR “tunneled central venous catheters” OR “tunneled central venous catheter” OR “renal dialysis” [Mesh:noexp] OR “catheterization, peripheral”[Mesh] OR “catheterization, peripheral” OR “peripheral catheterization” OR “peripheral catheterizations” OR “peripherally inserted central catheter line insertion” OR “peripheral venous catheterization” OR “peripheral venous catheterizations”)) AND Lock*) AND (“catheter-related infections”[Mesh] OR “catheter related infections” OR “catheter related infection” OR “catheter-related bloodstream infection” OR “intravascular catheter-related bloodstream infection”).
Após a identificação das referências, essas foram exportadas para o gerenciador EndNote online e, após remoção das duplicatas, os estudos restantes foram transferidos para o aplicativo web Rayyan para a leitura dos títulos e resumos.(88. Mendes KD, Silveira RC, Galvão CM. Uso de gerenciador de referências bibliográficas na seleção dos estudos primários em revisão integrativa. Texto Contexto Enferm. 2019;28:e20170204.,99. Ouzzani M, Hammady H, Fedorowicz Z, Elmagarmid A. Rayyan-a web and mobile app for systematic reviews. Syst Rev. 2016;5(1):210.)
Os estudos elegíveis para leitura na íntegra foram identificados por dois revisores independentes, seguindo os critérios de elegibilidade propostos. A resolução dos conflitos contou com um terceiro revisor.
As informações relevantes de cada artigo selecionado para a amostra final foram extraídas por dois revisores, de forma independente, e as divergências resolvidas com o terceiro revisor. O formulário da extração dos dados contemplou as características do estudo, da população, da intervenção e os resultados principais.
Para avaliação do risco de viés adotou-se três ferramentas de acordo com cada tipo de estudo. Para os ensaios clínicos randomizados foi utilizado o Risk-of-Bias Tool for Randomized Trials (RoB 2), proposto pela Colaboração Cochrane.(1010. Higgins JP, Thomas J, editors. Cochrane handbook for systematic reviews of interventions. 2nd ed. Hoboken: Wiley Blackwell; 2019. 728 p.) Para os ensaios clínicos sem randomização foi utilizada a ferramenta proposta pelo Joanna Briggs Institute (JBI).(1111. Aromataris E, Munn Z, editors. Joanna Briggs Institute 2017. JBI Manual for Evidence Synthesis. The Joanna Briggs Institute Critical Appraisal tools for use in JBI Systematic Reviews. Critical Appraisal Checklist for Systematic Reviews and Research Syntheses. Australia: Joanna Briggs Institute; 2020 [cited 2021 Apr 9]. Available from: https://jbi.global/sites/default/files/2019-05/JBI_Critical_Appraisal-Checklist_for_Systematic_Reviews2017_0.pdf
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) Para os estudos observacionais foi utilizada a ferramenta AXIS.(1212. Downes MJ, Brennan ML, Williams HC, Dean RS. Development of a critical appraisal tool to assess the quality of cross-sectional studies (AXIS). BMJ Open. 2016;6(12):e011458.) As análises foram realizadas por dois revisores independentes.
Destaca-se que para a classificação dos ensaios clínicos sem randomização e dos estudos observacionais, adotou-se a categorização de qualidade metodológica proposta por Polmann et al. (2019),(1313. Polmann H, Melo G, Conti Réus J, Domingos FL, Souza BD, Padilha AC, et al. Prevalence of dentofacial injuries among combat sports practitioners: A systematic review and meta-analysis. Dent Traumatol. 2020;36(2):124–40.) sendo considerado alto risco de viés quando o estudo alcançou o escore “sim” acima de 49%, moderado entre 50% a 69%, e baixo para acima de 70%.
Resultados
Após as buscas nas bases de dados eletrônicas, identificou-se 9.870 documentos, dos quais 661 foram removidos por serem duplicados. Após leitura de títulos e resumos de 9.209 documentos, foram selecionados 58 artigos para a leitura na íntegra. A partir da leitura na íntegra e considerando os critérios de seleção, 42 artigos foram excluídos, resultando em 16 artigos elegidos para compor a presente revisão integrativa. O fluxograma detalhado do processo de seleção é apresentado na figura 1. Nos quadros 1 e 2 estão a síntese dos estudos incluídos nesta revisão, divididos em prevenção de tratamento de ICSAC.(1515. Ahmad A, Moser C, Classen V, Hjerming M, Dahl A, Kjeldsen L, et al. Hydrochloric acid prolongs the lifetime of central venous catheters in haematologic patients with bacteraemia. Dan Med J. 2019;66(5):1–4.
16. Bookstaver PB, Gerrald KR, Moran RR. Clinical outcomes of antimicrobial lock solutions used in a treatment modality: a retrospective case series analysis. Clin Pharmacol. 2010;2(2):123–30.
17. Freire MP, Pierrotti LC, Zerati AE, Benites L, Motta-Leal Filho JM, Ibrahim KY, et al. Role of lock therapy for long-term catheter-related infections by multidrug-resistant bacteria. Antimicrob Agents Chemother. 2018;62(9):e00569–18.
18. Haag GM, Berger AK, Jäger D. Treatment of long-term catheter-related bloodstream infections with a taurolidine block: a single cancer center experience. J Vasc Access. 2011;12(3):244–7.
19. Soman R, Gupta N, Suthar M, Kothari J, Almeida A, Shetty A, et al. Antibiotic lock therapy in the era of gram-negative resistance. J Assoc Physicians India. 2016;64(2):32–7.
20. Tatarelli P, Parisini A, Del Bono V, Mikulska M, Viscoli C. Efficacy of daptomycin lock therapy in the treatment of bloodstream infections related to long-term catheter. Infection. 2015;43(1):107–9.
21. Vassallo M, Genillier PL, Dunais B, Kaphan R, Saudes L, Duval Y, et al. Short-course daptomycin lock and systemic therapy for catheter-related bloodstream infections: a retrospective cohort study in cancer patients with surgically implanted devices. J Chemother. 2017;29(4):232–7.
22. Zanwar S, Jain P, Gokarn A, Devadas SK, Punatar S, Khurana S, et al. Antibiotic lock therapy for salvage of tunneled central venous catheters with catheter colonization and catheter-related bloodstream infection. Transpl Infect Dis. 2019;21(1):e13017.
23. Slobbe L, Doorduijn JK, Lugtenburg PJ, El Barzouhi A, Boersma E, van Leeuwen WB, et al. Prevention of catheter-related bacteremia with a daily ethanol lock in patients with tunnelled catheters: a randomized, placebo-controlled trial. PLoS One. 2010;5(5):e10840.
24. Boersma RS, Jie KS, Voogd AC, Hamulyak K, Verbon A, Schouten HC. Concentrated citrate locking in order to reduce the long-term complications of central venous catheters: a randomized controlled trial in patients with hematological malignancies. Support Care Cancer. 2015;23(1):37–45.
25. Worth LJ, Slavin MA, Heath S, Szer J, Grigg AP. Ethanol versus heparin locks for the prevention of central venous catheter-associated bloodstream infections: a randomized trial in adult haematology patients with Hickman devices. J Hosp Infect. 2014;88(1):48–51.
26. Gudiol C, Arnan M, Aguilar-Guisado M, Royo-Cebrecos C, Sánchez-Ortega I, Montero I, et al. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial (TAURCAT study) of citrate lock solution for prevention of endoluminal central venous catheter infection in neutropenic hematological patients. Antimicrob Agents Chemother. 2020;64(2):e01521–19.
27. Longo R, Llorens M, Goetz C, Platini C, Eid N, Sellies J, et al. Taurolidine/Citrate lock therapy for primary prevention of catheter-related infections in cancer patients: results of a prospective, randomized, phase IV trial (ATAPAC). Oncology. 2017;93(2):99–105.
28. Raad I, Chaftari AM, Zakhour R, Jordan M, Al Hamal Z, Jiang Y, et al. Successful salvage of central venous catheters in patients with catheter-related or central line-associated bloodstream infections by using a catheter lock solution consisting of Minocycline, EDTA, and 25% Ethanol. Antimicrob Agents Chemother. 2016;60(6):3426–32.
29. Chaftari AM, Hachem R, Szvalb A, Taremi M, Granwehr B, Viola GM, et al. A novel nonantibiotic nitroglycerin-based catheter lock solution for prevention of intraluminal central venous catheter infections in cancer patients. Antimicrob Agents Chemother. 2017;61(7):e00091–17.-3030. Alonso B, Fernández-Cruz A, Díaz M, Sánchez-Carrillo C, Martín-Rabadán P, Bouza E, et al. Can vancomycin lock therapy extend the retention time of infected long-term catheters? APMIS. 2020;128(6):433–9.) Em relação ao país de origem, três estudos eram oriundos dos EUA. Holanda, França, Índia e Espanha possuíram dois estudos cada. Dinamarca, Itália, Alemanha, Austrália e Brasil com um estudo cada. Todos os estudos que compõem esta revisão foram divulgados em periódicos médicos, tendo quatro estudos (26,7%) provenientes do periódico americano “Antimicrobial Agents and Chemotherapy”. Sobre o método utilizado para avaliar a eficácia da lock terapia na prevenção e tratamento de ICSAC, observa-se que 56,3% (n= 9) dos estudos utilizaram métodos observacionais.(1515. Ahmad A, Moser C, Classen V, Hjerming M, Dahl A, Kjeldsen L, et al. Hydrochloric acid prolongs the lifetime of central venous catheters in haematologic patients with bacteraemia. Dan Med J. 2019;66(5):1–4.
16. Bookstaver PB, Gerrald KR, Moran RR. Clinical outcomes of antimicrobial lock solutions used in a treatment modality: a retrospective case series analysis. Clin Pharmacol. 2010;2(2):123–30.
17. Freire MP, Pierrotti LC, Zerati AE, Benites L, Motta-Leal Filho JM, Ibrahim KY, et al. Role of lock therapy for long-term catheter-related infections by multidrug-resistant bacteria. Antimicrob Agents Chemother. 2018;62(9):e00569–18.
18. Haag GM, Berger AK, Jäger D. Treatment of long-term catheter-related bloodstream infections with a taurolidine block: a single cancer center experience. J Vasc Access. 2011;12(3):244–7.
19. Soman R, Gupta N, Suthar M, Kothari J, Almeida A, Shetty A, et al. Antibiotic lock therapy in the era of gram-negative resistance. J Assoc Physicians India. 2016;64(2):32–7.
20. Tatarelli P, Parisini A, Del Bono V, Mikulska M, Viscoli C. Efficacy of daptomycin lock therapy in the treatment of bloodstream infections related to long-term catheter. Infection. 2015;43(1):107–9.
21. Vassallo M, Genillier PL, Dunais B, Kaphan R, Saudes L, Duval Y, et al. Short-course daptomycin lock and systemic therapy for catheter-related bloodstream infections: a retrospective cohort study in cancer patients with surgically implanted devices. J Chemother. 2017;29(4):232–7.-2222. Zanwar S, Jain P, Gokarn A, Devadas SK, Punatar S, Khurana S, et al. Antibiotic lock therapy for salvage of tunneled central venous catheters with catheter colonization and catheter-related bloodstream infection. Transpl Infect Dis. 2019;21(1):e13017.,3030. Alonso B, Fernández-Cruz A, Díaz M, Sánchez-Carrillo C, Martín-Rabadán P, Bouza E, et al. Can vancomycin lock therapy extend the retention time of infected long-term catheters? APMIS. 2020;128(6):433–9.) Os estudos de intervenção somaram 43,7% (n=7), sendo cinco ensaios clínicos randomizados(2323. Slobbe L, Doorduijn JK, Lugtenburg PJ, El Barzouhi A, Boersma E, van Leeuwen WB, et al. Prevention of catheter-related bacteremia with a daily ethanol lock in patients with tunnelled catheters: a randomized, placebo-controlled trial. PLoS One. 2010;5(5):e10840.
24. Boersma RS, Jie KS, Voogd AC, Hamulyak K, Verbon A, Schouten HC. Concentrated citrate locking in order to reduce the long-term complications of central venous catheters: a randomized controlled trial in patients with hematological malignancies. Support Care Cancer. 2015;23(1):37–45.
25. Worth LJ, Slavin MA, Heath S, Szer J, Grigg AP. Ethanol versus heparin locks for the prevention of central venous catheter-associated bloodstream infections: a randomized trial in adult haematology patients with Hickman devices. J Hosp Infect. 2014;88(1):48–51.
26. Gudiol C, Arnan M, Aguilar-Guisado M, Royo-Cebrecos C, Sánchez-Ortega I, Montero I, et al. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial (TAURCAT study) of citrate lock solution for prevention of endoluminal central venous catheter infection in neutropenic hematological patients. Antimicrob Agents Chemother. 2020;64(2):e01521–19.-2727. Longo R, Llorens M, Goetz C, Platini C, Eid N, Sellies J, et al. Taurolidine/Citrate lock therapy for primary prevention of catheter-related infections in cancer patients: results of a prospective, randomized, phase IV trial (ATAPAC). Oncology. 2017;93(2):99–105.) e dois ensaios clínicos sem randomização.(2828. Raad I, Chaftari AM, Zakhour R, Jordan M, Al Hamal Z, Jiang Y, et al. Successful salvage of central venous catheters in patients with catheter-related or central line-associated bloodstream infections by using a catheter lock solution consisting of Minocycline, EDTA, and 25% Ethanol. Antimicrob Agents Chemother. 2016;60(6):3426–32.,2929. Chaftari AM, Hachem R, Szvalb A, Taremi M, Granwehr B, Viola GM, et al. A novel nonantibiotic nitroglycerin-based catheter lock solution for prevention of intraluminal central venous catheter infections in cancer patients. Antimicrob Agents Chemother. 2017;61(7):e00091–17.)
Em relação ao risco de viés dos nove estudos observacionais incluídos nesta revisão, oito foram classificados como baixo risco e um foi classificado como risco de viés moderado (Figura 2).
Avaliação da qualidade metodológica utilizando a ferramenta do AXIS para estudos observacionais categorizados pelos autores, sendo considerado alto risco de viés quando o estudo alcançou o escore “sim” abaixo de 49%, moderado entre 50% a 69%, e baixo para acima de 70%
O risco de viés dos dois ensaios clínicos sem randomização(2828. Raad I, Chaftari AM, Zakhour R, Jordan M, Al Hamal Z, Jiang Y, et al. Successful salvage of central venous catheters in patients with catheter-related or central line-associated bloodstream infections by using a catheter lock solution consisting of Minocycline, EDTA, and 25% Ethanol. Antimicrob Agents Chemother. 2016;60(6):3426–32.,2929. Chaftari AM, Hachem R, Szvalb A, Taremi M, Granwehr B, Viola GM, et al. A novel nonantibiotic nitroglycerin-based catheter lock solution for prevention of intraluminal central venous catheter infections in cancer patients. Antimicrob Agents Chemother. 2017;61(7):e00091–17.) foi classificado com risco de viés baixo. Os estudos atenderam às categorias de clareza sobre a “causa” e o “efeito” das variáveis, inclusão dos participantes de acordo com alguma comparação semelhante, medições do resultado antes e depois da intervenção, acompanhamento completo e, caso isso não fosse possível, a descrição e análise das diferenças entre os grupos em termos de acompanhamento, forma e confiabilidade de medição dos resultados, e análise estatística. Os cinco ensaios clínicos randomizados(2323. Slobbe L, Doorduijn JK, Lugtenburg PJ, El Barzouhi A, Boersma E, van Leeuwen WB, et al. Prevention of catheter-related bacteremia with a daily ethanol lock in patients with tunnelled catheters: a randomized, placebo-controlled trial. PLoS One. 2010;5(5):e10840.
24. Boersma RS, Jie KS, Voogd AC, Hamulyak K, Verbon A, Schouten HC. Concentrated citrate locking in order to reduce the long-term complications of central venous catheters: a randomized controlled trial in patients with hematological malignancies. Support Care Cancer. 2015;23(1):37–45.
25. Worth LJ, Slavin MA, Heath S, Szer J, Grigg AP. Ethanol versus heparin locks for the prevention of central venous catheter-associated bloodstream infections: a randomized trial in adult haematology patients with Hickman devices. J Hosp Infect. 2014;88(1):48–51.
26. Gudiol C, Arnan M, Aguilar-Guisado M, Royo-Cebrecos C, Sánchez-Ortega I, Montero I, et al. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial (TAURCAT study) of citrate lock solution for prevention of endoluminal central venous catheter infection in neutropenic hematological patients. Antimicrob Agents Chemother. 2020;64(2):e01521–19.-2727. Longo R, Llorens M, Goetz C, Platini C, Eid N, Sellies J, et al. Taurolidine/Citrate lock therapy for primary prevention of catheter-related infections in cancer patients: results of a prospective, randomized, phase IV trial (ATAPAC). Oncology. 2017;93(2):99–105.) foram avaliados como de baixo risco de viés nas cinco categorias avaliadas: processo de randomização, desvios das intervenções designadas, falta de dados do resultado, mensuração dos resultados e seleção do resultado relatado.
Discussão
O uso de dispositivos de acesso vascular central de longa permanência aumentou nas últimas décadas, como resultado das necessidades de manejo de pacientes críticos, onco-hematológicos, bem como pacientes com necessidades de NPT e hemodiálise. Observa-se que os casos de ICSAC impactam consideravelmente esta população, acarretando no aumento da mortalidade, no aumento do tempo de internação, piora da qualidade de vida do paciente, que muitas vezes significa a perda do único acesso intravascular possível, e consequentemente eleva os custos hospitalares.(3131. Casimero C, Ruddock T, Hegarty C, Barber R, Devine A, Davis J. Minimising blood stream infection: developing new materials for intravascular catheters. Medicines (Basel). 2020;7(9):49.
32. van den Bosch CH, van Woensel J, van de Wetering MD. Prophylactic antibiotics for preventing gram-positive infections associated with long-term central venous catheters in adults and children receiving treatment for cancer. Cochrane Database Syst Rev. 2021;10(10):CD003295.-3333. Shahar S, Mustafar R, Kamaruzaman L, Periyasamy P, Pau KB, Ramli R. Catheter-related bloodstream infections and catheter colonization among haemodialysis patients: prevalence, risk factors, and outcomes. Int J Nephrol. 2021;2021:5562690.)
Os casos de ICSAC frequentemente requerem a retirada do DAVC, entretanto, em alguns casos, a retirada do cateter não é possível como em casos de acesso vascular alternativo extremamente limitado ou complicações associadas à remoção do cateter e à inserção de um novo dispositivo. Nestes casos, o salvamento do cateter é desejado. Desta forma, a lock terapia antimicrobiana é recomendada em complemento à terapêutica antimicrobiana parenteral para realizar o salvamento do cateter, devendo ser utilizada de 10 a 14 dias.(2222. Zanwar S, Jain P, Gokarn A, Devadas SK, Punatar S, Khurana S, et al. Antibiotic lock therapy for salvage of tunneled central venous catheters with catheter colonization and catheter-related bloodstream infection. Transpl Infect Dis. 2019;21(1):e13017.,3434. Rupp ME, Karnatak R. Intravascular catheter-related bloodstream infections. Infect Dis Clin North Am. 2018;32(4):765–87.) A lock terapia também é indicada na profilaxia de ICSAC para pacientes com cateteres de longa permanência, histórico de múltiplas ICSAC, em especial pacientes oncológicos e dialíticos. Neste estudo, não avaliamos as diferentes técnicas de lock terapia que variam entre populações específicas, como em pacientes que utilizam DAVC para hemodiálise.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.)
Cabe destacar que o DAVC deve ser removido em pacientes com suspeita de ICSAC com instabilidade hemodinâmica; sepse grave; endocardite; tromboflebite séptica; bacteremia persistente após mais de 72 horas de terapia antimicrobiana adequada; ICSAC devido a Staphylococcus aureus, bacilos gram-negativos multirresistentes, Micrococcusspp, Propionibacterium, micobactérias ou fungos. As infecções que ocorrem logo após a inserção do cateter (menos de 2 semanas) costumam ser extraluminais, por consequência a lock terapia pode não apresentar o efeito esperado no tratamento da ICSAC.(2222. Zanwar S, Jain P, Gokarn A, Devadas SK, Punatar S, Khurana S, et al. Antibiotic lock therapy for salvage of tunneled central venous catheters with catheter colonization and catheter-related bloodstream infection. Transpl Infect Dis. 2019;21(1):e13017.,3434. Rupp ME, Karnatak R. Intravascular catheter-related bloodstream infections. Infect Dis Clin North Am. 2018;32(4):765–87.)
As propriedades de uma solução ideal de lock terapia com antibióticos incluem atividade antimicrobiana intrínseca contra o microrganismo causador da ICSAC, capacidade de penetrar e romper células de biofilme, compatibilidade com o agente anticoagulante de escolha, estabilidade prolongada, risco mínimo de toxicidade, baixo potencial de resistência, compatibilidade com cateter materiais e custo-efetividade.(66. Justo JA, Bookstaver PB. Antibiotic lock therapy: review of technique and logistical challenges. Infect Drug Resist. 2014;7:343–63.)
Em relação ao tratamento do cateter com a lock terapia, a Infusion Nurses Society (INS) recomenda iniciar as soluções de lock terapia com antibióticos para o tratamento de ICSAC dentro de 48 a 72 horas após o diagnóstico. Orienta também que o período de tempo que as soluções de lock terapia antimicrobiana devem permanecer dentro do lúmen do DAVC é inconclusivo, podendo ser necessário até 12 horas por dia, limitando o uso em pacientes que recebem infusões intermitentes. No entanto, a duração ideal de uso não foi estabelecida.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.)
Alguns estudos e protocolos institucionais sugerem utilizar um volume da solução da lock terapia suficiente para preencher o lúmen do cateter e que o tempo mínimo de permanência deve ser de duas a quatro horas. Ao realizar a lock terapia para tratamento do cateter, deve-se considerar o fato de que a concentração do antibiótico pode diminuir substancialmente com o tempo, desta forma, a solução de bloqueio de antibiótico deve ser trocada pelo menos a cada 48 horas.(3434. Rupp ME, Karnatak R. Intravascular catheter-related bloodstream infections. Infect Dis Clin North Am. 2018;32(4):765–87.)
Antibióticos como a vancomicina e a gentamicina geralmente são utilizados para medidas terapêuticas, uma vez que a ICSAC é diagnosticada. Em contraste, soluções antissépticas como o etanol, citrato, ácido etilenodiamino tetraacético (EDTA) e, cada vez mais, a taurolidina são empregadas para a profilaxia. Cada vez mais experiência vem sendo adquirida para realizar tratamento e a prevenção das infecções dos DAVC utilizando a lock terapia.(3131. Casimero C, Ruddock T, Hegarty C, Barber R, Devine A, Davis J. Minimising blood stream infection: developing new materials for intravascular catheters. Medicines (Basel). 2020;7(9):49.)
Análise de custo-benefício da lock terapia antimicrobiana comparada à lock terapia com heparina na prevenção de ICSAC demonstrou que a lock terapia com soluções antimicrobianas (soluções antibióticas ou antissépticas) tem cerca de 88% de chances de ser econômica entre pacientes no setor oncológico. Isto denota que a lock terapia associada às intervenções eficazes de prevenção já adotadas pelos serviços de saúde, como escolha adequada do local de inserção do cateter, escolha do cateter apropriado, técnica asséptica de inserção do cateter e técnicas adequadas de manipulação deste, podem reduzir ainda mais as taxas de infecção.(3535. Pliakos EE, Andreatos N, Ziakas PD, Mylonakis E. The cost-effectiveness of antimicrobial lock solutions for the prevention of central line-associated bloodstream infections. Clin Infect Dis. 2019;68(3):419–25.) Ademais, a heparina pode estimular a formação de biofilme de Staphylococcus aureus.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.)
O etanol é um antisséptico eficaz contra ampla gama de microrganismos, incluindo bactérias e fungos, sem resistência adquirida conhecida. Porém, existem poucos estudos prospectivos randomizados que avaliem sua eficácia e segurança. Assim, embora a solução de lock com etanol tenha se mostrado eficaz na eliminação de crescimento bacteriano, ainda não há conhecimento do perfil de segurança para sua utilização, como o efeito do etanol sobre as proteínas plasmáticas e eritrócitos no sangue total ou na integridade dos cateteres. O etanol pode aumentar o risco de hemólise, assim como precipitar proteínas plasmáticas de forma dependente da dose, acarretando na obstrução do cateter. Concentrações maiores de 40% de etanol estão correlacionadas com aumento de biofilme de Sthaphylococcus aureus. Além disso, cateteres de poliuretano demonstraram alterações em suas propriedades mecânicas após exposição ao etanol.(3636. Mermel LA, Alang N. Adverse effects associated with ethanol catheter lock solutions: a systematic review. J Antimicrob Chemother. 2014;69(10):2611–9.,3737. Zhang J, Wang B, Wang J, Yang Q. Ethanol locks for the prevention of catheter-related infection in patients with central venous catheter: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. PLoS One. 2019;14(9):e0222408.)
O etanol também, em situações de flushing inadvertido, pode ser associado a alguns efeitos adversos, ocasionando sintomas sistêmicos como tonturas, confusão mental, além de elevação de provas da função hepática. Destaca-se que a Infectious Disease Society of America (IDSA) não recomenda a lock terapia com etanol 70%.(33. Mermel LA, Allon M, Bouza E, Craven DE, Flynn P, O’Grady NP, et al. Clinical practice guidelines for the diagnosis and management of intravascular catheter-related infection: 2009 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2009;49(1):1–45.,3636. Mermel LA, Alang N. Adverse effects associated with ethanol catheter lock solutions: a systematic review. J Antimicrob Chemother. 2014;69(10):2611–9.,3737. Zhang J, Wang B, Wang J, Yang Q. Ethanol locks for the prevention of catheter-related infection in patients with central venous catheter: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. PLoS One. 2019;14(9):e0222408.)
Em vista destes fatores associados ao etanol, o uso da taurolidina é mais recomendado. A taurolidina é um derivado do aminoácido taurina, que apresenta ampla atividade antimicrobiana inclusive contra organismos gram-positivos, gram-negativos e fungos.(3838. Sun Y, Wan G, Liang L. Taurolidine lock solution for catheter-related bloodstream infections in pediatric patients: a meta-analysis. PLoS One. 2020;15(4):e0231110.) Uma revisão sistemática sobre a lock terapia para prevenção das ICSAC demonstra que a taurolidina, na maior parte dos estudos analisados, reduz as taxas de infeções. Entretanto, a taurolidina foi associada a vários eventos adversos após sua administração, como rubor, gosto anormal, náuseas, vômitos, desconforto no peito e pescoço e disestesia perioral.(3939. Norris LB, Kablaoui F, Brilhart MK, Bookstaver PB. Systematic review of antimicrobial lock therapy for prevention of central-line-associated bloodstream infections in adult and pediatric cancer patients. Int J Antimicrob Agents. 2017;50(3):308–17.) Uma metanálise conduzida com pacientes pediátricos indicou que a taurolidina pode reduzir significativamente a ICSAC, entretanto os estudos analisados possuíam baixa qualidade de evidência.(3838. Sun Y, Wan G, Liang L. Taurolidine lock solution for catheter-related bloodstream infections in pediatric patients: a meta-analysis. PLoS One. 2020;15(4):e0231110.)
A taurolidina é comercializada no Brasil com o nome de TaurolockTMem frascos com dose unitária de três e cinco ml, e frasco com dose múltipla de 100 ml. Tanto para o uso do etanol quanto com a taurolidina, a indicação de doses ou tempo de duração da intervenção são variados, como foi observado nos estudos primários incluídos nessa revisão.(1818. Haag GM, Berger AK, Jäger D. Treatment of long-term catheter-related bloodstream infections with a taurolidine block: a single cancer center experience. J Vasc Access. 2011;12(3):244–7.,2323. Slobbe L, Doorduijn JK, Lugtenburg PJ, El Barzouhi A, Boersma E, van Leeuwen WB, et al. Prevention of catheter-related bacteremia with a daily ethanol lock in patients with tunnelled catheters: a randomized, placebo-controlled trial. PLoS One. 2010;5(5):e10840.,2525. Worth LJ, Slavin MA, Heath S, Szer J, Grigg AP. Ethanol versus heparin locks for the prevention of central venous catheter-associated bloodstream infections: a randomized trial in adult haematology patients with Hickman devices. J Hosp Infect. 2014;88(1):48–51.
26. Gudiol C, Arnan M, Aguilar-Guisado M, Royo-Cebrecos C, Sánchez-Ortega I, Montero I, et al. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial (TAURCAT study) of citrate lock solution for prevention of endoluminal central venous catheter infection in neutropenic hematological patients. Antimicrob Agents Chemother. 2020;64(2):e01521–19.-2727. Longo R, Llorens M, Goetz C, Platini C, Eid N, Sellies J, et al. Taurolidine/Citrate lock therapy for primary prevention of catheter-related infections in cancer patients: results of a prospective, randomized, phase IV trial (ATAPAC). Oncology. 2017;93(2):99–105.)
Com relação ao uso do citrato de sódio, um anticoagulante com efeitos antimicrobianos para anticoagulação sistêmica, seu uso deve ser monitorado, pois pode desencadear hipocalcemia que poderia causar parada cardíaca e formação de precipitado de proteína em concentrações maiores do que 12%.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.)
Os artigos incluídos nesta revisão apontam a lock terapia como potencialmente eficaz na prevenção de ICSAC,(2323. Slobbe L, Doorduijn JK, Lugtenburg PJ, El Barzouhi A, Boersma E, van Leeuwen WB, et al. Prevention of catheter-related bacteremia with a daily ethanol lock in patients with tunnelled catheters: a randomized, placebo-controlled trial. PLoS One. 2010;5(5):e10840.
24. Boersma RS, Jie KS, Voogd AC, Hamulyak K, Verbon A, Schouten HC. Concentrated citrate locking in order to reduce the long-term complications of central venous catheters: a randomized controlled trial in patients with hematological malignancies. Support Care Cancer. 2015;23(1):37–45.
25. Worth LJ, Slavin MA, Heath S, Szer J, Grigg AP. Ethanol versus heparin locks for the prevention of central venous catheter-associated bloodstream infections: a randomized trial in adult haematology patients with Hickman devices. J Hosp Infect. 2014;88(1):48–51.
26. Gudiol C, Arnan M, Aguilar-Guisado M, Royo-Cebrecos C, Sánchez-Ortega I, Montero I, et al. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial (TAURCAT study) of citrate lock solution for prevention of endoluminal central venous catheter infection in neutropenic hematological patients. Antimicrob Agents Chemother. 2020;64(2):e01521–19.-2727. Longo R, Llorens M, Goetz C, Platini C, Eid N, Sellies J, et al. Taurolidine/Citrate lock therapy for primary prevention of catheter-related infections in cancer patients: results of a prospective, randomized, phase IV trial (ATAPAC). Oncology. 2017;93(2):99–105.,2929. Chaftari AM, Hachem R, Szvalb A, Taremi M, Granwehr B, Viola GM, et al. A novel nonantibiotic nitroglycerin-based catheter lock solution for prevention of intraluminal central venous catheter infections in cancer patients. Antimicrob Agents Chemother. 2017;61(7):e00091–17.) assim como no tratamento destas em conjunto com a terapia antimicrobiana sistêmica para salvamento do DAVC. São necessários mais estudos clínicos com medicamentos específicos e duração da terapia.(1515. Ahmad A, Moser C, Classen V, Hjerming M, Dahl A, Kjeldsen L, et al. Hydrochloric acid prolongs the lifetime of central venous catheters in haematologic patients with bacteraemia. Dan Med J. 2019;66(5):1–4.
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Embora a lock terapia represente uma opção valiosa, seu uso esbarra em desafios logísticos, como a falta de familiaridade com a técnica e protocolos padronizados para o uso desta modalidade. Para a lock terapia ser adotada, é necessário o desenvolvimento de recomendações locais baseadas em evidências, com padronização de concentrações de antibióticos, uso de aditivos como anticoagulantes, tempo de validade das soluções, definição das indicações, duração da terapia e tempo de permanência das soluções em repouso.(66. Justo JA, Bookstaver PB. Antibiotic lock therapy: review of technique and logistical challenges. Infect Drug Resist. 2014;7:343–63.)
Essa discussão exige a presença do enfermeiro, profissional responsável pela manutenção e cuidados com o cateter. Desta forma, é necessário que eles estejam atualizados sobre a técnica da lock terapia, avaliem a compatibilidade do material do cateter e dos medicamentos endovenosos com a solução de bloqueio, ajustando o uso dos lumens, rotulando-os, garantindo que as soluções sejam aspiradas ao final da lock terapia, evitando que entrem na corrente sanguínea e ensinando a equipe de enfermagem, para que a lock terapia seja utilizada de maneira eficaz e sem riscos ao paciente.
É recomendada a abordagem interdisciplinar para uma lock terapia eficaz. O farmacêutico deve ser consultado para garantir que as soluções em combinação sejam fisicamente compatíveis, quimicamente estáveis e produzam o efeito antimicrobiano desejado.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.)
As limitações deste estudo envolvem a grande variedade de compostos utilizados, as diferentes populações de pacientes estudados e as limitações no tamanho ou desenho dos estudos, impedindo uma recomendação geral de uso.
Nesta revisão não foi encontrada evidência para recomendar a administração de lock terapia com antimicrobianos não antibióticos para prevenção de ICSAC. Para reduzir o risco de infecção da corrente sanguínea, a INS orienta que seja utilizada seringa de pronto-uso, dose única preenchida comercialmente, com solução apropriada, para lavar e bloquear os DAVC, a fim de diminuir o risco de contaminação no momento da diluição da solução de lock.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.) Quanto à solução, identificamos o uso da taurolidina e do etanol, sendo que a taurolidina possui menos eventos adversos na sua administração.
Em relação ao tratamento de ICSAC, identificamos, em consonância com a INS, que a lock terapia com antibióticos é um complemento eficaz ao tratamento sistêmico, apresentando boas taxas de salvamento do cateter, especialmente utilizando daptomicina endovenosa. A INS recomenda, inclusive, tentar salvar o cateter em pacientes com ICSAC não complicada em um DAVC de longo prazo colonizado por Staphylococcus coagulase-negativo ou Enterococcus, mantendo monitorização clínica rigorosa.(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.)
A orientação da INS(11. Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.) para administração da lock terapia é primeiramente realizar a desinfeção das superfícies de conexão, lavar as vias do DAVC com cloreto de sódio 0,9% sem conservantes, utilizando um volume mínimo igual ou duas vezes o volume interno do sistema do cateter. O volume de lavagem depende do tipo e tamanho do cateter, idade do paciente e tipo de terapia de infusão administrada. Um volume maior pode remover mais depósitos de fibrina, precipitado de medicamento e outros resíduos do lúmen, além de ser recomendado na ocorrência de infusão de hemocomponentes, amostra de sangue, nutrição parenteral, meio de contraste e outras soluções viscosas. Na utilização de cloreto de sódio 0,9% bacteriostático, o volume de lavagem deve ser limitado a não mais de 30 ml em um período de 24 horas para reduzir os possíveis efeitos tóxicos do conservante, álcool benzílico. A dextrose não deve permanecer no lúmen do cateter, pois fornece nutrientes para o crescimento do biofilme. Após a conclusão da lavagem final, cada lúmen do DAVC deve ser bloqueado, a fim de diminuir o risco de oclusão intraluminal. Se for necessária a utilização de frascos multidoses, um frasco deve ser dedicado a um único paciente, armazenado de acordo com as orientações do fabricante, mantendo sua esterilidade.
Conclusão
Em relação à prevenção de ICSAC com lock terapia, foram identificados seis estudos primários, sendo observada a utilização de substâncias antissépticas como o etanol. A taurolidina foi identificada tanto no uso na prevenção quanto para o tratamento em três estudos primários. Quanto ao tratamento com a lock terapia, dez estudos foram sintetizados e seis deles abordaram o uso de antibióticos selecionados a partir do antibiograma, sendo a daptomicina identificada em três estudos. Pode-se recomendar que o uso da taurolidina é preferível em relação ao etanol, por possuir menos eventos adversos. Novas soluções, como a nitroglicerina e o citrato trissódico, necessitam de mais estudos para avalizar sua eficácia. Enquanto os estudos sobre prevenção não demonstraram evidência estatística, os nove estudos sobre tratamento demonstraram que a lock terapia é um complemento eficaz ao tratamento sistêmico de ICSAC, apresentando boas taxas de resgate e salvamento do DAVC.
Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES; bolsa de mestrado para KAT).
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1Gorski LA, Hadaway L, Hagle ME, Broadhurst D, Clare S, Kleidon T, et al. Infusion therapy standards of practice, 8th edition. J Infus Nurs. 2021;44(Suppl 1):S1-S224.
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Editado por
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
06 Fev 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
-
Recebido
13 Maio 2021 -
Aceito
14 Jul 2022