Acessibilidade / Reportar erro

O termo diversidade e seu deslocamento em portais de notícias: do discurso didático ao polêmico

RESUMO

Este artigo analisa os discursos polêmico e didático na materialidade do termo diversidade tal como circulou, de 2006 a 2022, em portais de notícias. Orientado teoricamente pela Análise do Discurso de linha francesa e metodologicamente pela ferramenta AntConc, o corpus indica uma mutação nos efeitos de sentido dominantes do termo-pivô na medida em que deixa de participar de uma estrutura completiva em diversidade de espécies para se tornar uma palavra intransitiva. Esse processo envolve uma transição e a coexistência com as estruturas diversidade sexual e diversidade e (no sintagma coordenado diversidade e inclusão). O didatismo atinente à descrição de diversidade em termos biológicos ou ambientais cede espaço à polêmica marcada pela ordem do dia da agenda identitária. Sem que uma forma apague a outra, este artigo demonstra que há uma apropriação do vocábulo pela economia de mercado.

PALAVRAS-CHAVE:
AntConc; Discurso didático; Discurso polêmico; Diversidade; Sintaxe

ABSTRACT

This article analyzes the polemical and didactic discourses on the materiality of the term diversidade [diversity] as it has circulated, from 2006 to 2022, on news portals. Guided theoretically by French Discourse Analysis and methodologically by the tool AntConc, the corpus indicates a mutation in the dominant meaning effects of the pivot-term as it stops participating in a completive structure such as diversidade de espécies [diversity of species] to become an intransitive word. This process involves a transition and coexistence with the structures of diversidade sexual [sexual diversity] and diversidade (e.g., in the coordinated phrase diversidade e inclusão [diversity and inclusion]). The didacticism regarding the description of diversidade in biological or environmental terms is replaced by the controversy marked by the topicality of the identity agenda. Maintaining the coexistence of both terms, this article demonstrates that there is an appropriation of the word by the market economy.

KEYWORDS:
AntConc; Didactic discourse; Polemical discourse; Diversidade/Diversity; Syntax

Introdução

A palavra diversidade está na ordem do dia. Deparamo-nos com ela em redes sociais, telejornais e discussões acadêmicas. A constância das aparições leva à naturalização de sua importância e, por extensão, dos sentidos possíveis atrelados ao lexema. Pode-se dizer que termos como esse servem de termômetro para o que é possível dizer e pensar em um determinado momento histórico, para posições dadas na conjuntura social.

Ao investigarmos mais de perto esse termo-pivô (Jean-Jacques Courtine, 2009COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. Tradução de Cristina Birck et al. São Carlos/SP: EdUFSCar, 2009.) ao longo do tempo, percebemos um deslocamento do discurso didático para o polêmico, que altera substancialmente os efeitos de sentido a ele atinentes, apesar da evidência de que se trata atualmente de um termo atrelado à causa identitária. Com efeito, se considerarmos matérias on-line dos mais relevantes portais de notícias brasileiros, tais como UOL, G1, Veja, entre outros, antes de 2006, quase não há registros de notícias com ênfase nessa palavra. O cenário se altera quando o termo começa a proliferar como parte do discurso didático, que descreve diversidade do ponto de vista da Biologia e do meio-ambiente. De 2013 em diante, com a aumentada frequência do sintagma diversidade sexual, a ênfase deixa de ser o caráter natural/biológico da diversidade para designar uma condição identitária. Nesta última condição, por vezes, diversidade vem acompanhada pela palavra inclusão.

Com base nessa alternância de ênfase, este artigo propõe uma análise dos discursos didático e polêmico - com ênfase neste último - pela materialidade do termo diversidade à luz da Análise do Discurso (doravante AD) de linha francesa. Nosso objetivo é descrever e interpretar efeitos de sentido de uma ruptura que substitui a construção diversidade de (predominantemente articulada por uma preposição ao nome plural espécies até 2012) pelas variações diversidade sexual, diversidade e (estrutura coordenada com o nome inclusão) e, por fim, simplesmente diversidade (nas ocorrências mais recentes - de 2017 a 2022), em que se realiza intransitivamente. Para amparar a descrição morfossintática, nos valemos do modelo de representação estrutural X-barra introduzido no âmbito da Teoria Gerativa. Na sistematização do corpus, valemo-nos do software AntConc como ferramenta auxiliar de pesquisa textual.

1 Sobre teoria e método: o termo diversidade em matérias on-line

Dentre outras ambições, a AD almejava elaborar um dispositivo não subjetivo de leitura, para o qual o computador serviria de ferramenta auxiliar. Uma crítica a essa ideia pode ser encontrada em Denise Maldidier (2003MALDIDIER, Denise. A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheux hoje. Tradução de Eni Orlandi. Campinas/SP: Pontes, 2003., p. 21): “[...] o dispositivo da análise do discurso se quer um instrumento científico; ele é o primeiro modelo de uma máquina de ler que arrancaria a leitura da subjetividade”.

Por um lado, há um descompasso entre a teoria e a prática. No final dos anos 1960, “[a] teoria do discurso, ainda que a expressão não figure com todas as letras, está ainda por nascer” (Maldidier, 2003MALDIDIER, Denise. A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheux hoje. Tradução de Eni Orlandi. Campinas/SP: Pontes, 2003., p. 21). Por outro lado, em que pesem os desenvolvimentos ulteriores da teoria do discurso, um aspecto do fazer analítico continuou insuperável: há um corpus a ser construído e uma etapa “braçal” inerente à AD. Do agrupamento genérico de textos guiado por macro parâmetros - “regularidade temática” ou “objetos de discurso”, por exemplo - à sistematização final do corpus, há um trabalho de sequencialização - sem isso, não há que se falar em “trabalho com a materialidade” - de sequências discursivas (SDs) a ser feito.

Há ganho substancial nesse processo de montagem do corpus se utilizarmos softwares como o AntConc1 1 https://www.laurenceanthony.net/software/antconc/. , que podem gerar sequências discursivas orientadas pela questão de pesquisa. Nesse sentido, após superadas algumas dificuldades teóricas, como o idealismo cientificista inaugural da AD e a crença em uma leitura não subjetiva, entendemos que não se deve desprezar o papel das novas tecnologias como ferramenta auxiliar no tratamento do corpus. Isso não significa que, com o uso de softwares, eliminaremos a equivocidade própria do discurso e da interpretação, ou ainda que, só seria válida a análise que se apoiasse em uma noção inequívoca de dados quantitativos. Sem nos deixarmos seduzir pela “exatidão dos dados”, entendemos que

A constituição de um corpus discursivo é, de fato, uma operação que consiste em realizar, por meio de um dispositivo material de uma certa forma (isto é, estruturado conforme um certo plano), hipóteses emitidas na definição dos objetivos de uma pesquisa (Courtine, 2009COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. Tradução de Cristina Birck et al. São Carlos/SP: EdUFSCar, 2009., p. 54).

Duas etapas, portanto, no fazimento da AD: a orientação teórica da pesquisa pautada na concepção anti-empirista e anti-humanista do discurso, do sujeito e da história, e a coleta, armazenamento e tratamento das SDs à luz da questão teórica. É nesta última etapa - que poderia ter sido feita apenas manualmente, mas que nos arriscamos a articular com o tratamento automatizado - que recorremos, em um primeiro momento, à WEB - a circulação de notícias, hoje, se dá predominantemente por meios digitais - e, em um segundo momento, ao AntConc.

Diversidade desempenha o papel de termo-pivô, pois assegura a unidade estrutural e temática das sequências discursivas:

A seleção sob a forma de um termo-pivô de um tema de discurso é, portanto, de fato, uma questão que visa a identificar no discurso um elemento determinado com base em um saber definido a priori. [...] Desse modo, o corpus construído torna-se modelo do discurso e o conjunto de frases de base extraídas a partir dos temas de discurso (que refletem os pressupostos das questões do analista) induz a uma configuração do conteúdo do discurso, sob a forma de uma certa organização lexical interpretada em termos de configuração ideológica: o que os procedimentos de seleção de termos-pivô recobrem é uma inferência não controlada entre julgamentos de saber do analista e elementos de saber próprios a uma formação discursiva dada (Courtine, 2009COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. Tradução de Cristina Birck et al. São Carlos/SP: EdUFSCar, 2009., p. 155-156).

Inicialmente, buscamos em www.google.com.br as dez primeiras matérias on-line resultantes da pesquisa pelo termo-pivô (Courtine, 2009COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. Tradução de Cristina Birck et al. São Carlos/SP: EdUFSCar, 2009.) diversidade. Isso gerou um total de 170 matérias de 2006 a 2022. A busca em anos anteriores (2005, 2004 etc.) não gerou resultados relevantes, e por isso, o período selecionado parte do ano de 2006. Para apreendermos a mutação sofrida na passagem do discurso didático (diversidade biológica) para o discurso polêmico (diversidade identitária), dividimos o material em três períodos, a saber, de 2006 a 2012; de 2013 a 2016; de 2017 a 2022. Essa divisão foi necessária porque, se as matérias fossem lançadas em bloco no software AntConc, o termo diversidade apareceria massivamente como intransitivo ou coordenado na estrutura diversidade e inclusão, o que significaria uma distorção na medida em que isso só se dá pelo efeito de universalização gerado especialmente a partir de 2017.

Após extraídas pelo AntConc, rastreamos a estrutura de maior ocorrência no parâmetro N-Gram em cada divisão do corpus. Efetivamente, até 2012, predomina a forma que contém o termo-pivô diversidade seguido pela preposição de mais termo que especifica o tipo de diversidade: diversidade de x.

Quadro 1
SDs 2006-2012. Diversidade de - Discurso didático (Diversidade biológica).

Para o período 2013-2016, predomina a estrutura diversidade sexual, uma especialização de transição que prepara a intransitivização do termo diversidade à medida que o discurso polêmico avança. As construções típicas das SDs extraídas do AntConc encontram-se no quadro 2 a seguir:

Quadro 2
SDs 2013-2016. Diversidade sexual - Discurso polêmico (Diversidade identitária).

Para o período 2017-2022, predomina o uso intransitivo de diversidade. O funcionamento, neste último caso, oscila entre uma construção nominal coordenada estável diversidade e inclusão, e uma outra, em que diversidade funciona isoladamente com contexto posterior imediato não vinculante, tal como diversidade e + prep. + N (diversidade e com referência à causa - 2021 5), diversidade e + verb. (diversidade e reflete - 2021 9), diversidade e + pron. (diversidade e isso - 2021 7). Importante ressaltar que, mesmo na estrutura mais estável marcada por diversidade e inclusão, não há co-dependência sintática entre as duas palavras, mas um funcionamento discursivo que as coloca em paralelo.

Quadro 3
SDs 2017-2022. Diversidade e - Discurso polêmico (Diversidade identitária).

2 Diversidade nos discursos didático e polêmico: condições históricas de uma ruptura

Em obra recente, João Kogawa e Anderson Salvaterra Magalhães (2024, no prelo)KOGAWA, João; MAGALHÃES, Anderson Salvaterra. O pensamento instrumentalizado: sobre o funcionamento insuspeito do capitalismo de vigilância na linguagem e na educação. Santo André/SP: EDUFABC (no prelo). agrupam uma série de estudos que problematizam o paradigma neoliberal como uma grade generalizada que faz circular e significar sentidos atinentes a uma série de práticas e dizeres. Mais recentemente, uma proliferação constante de palavras fetichizadas tem atendido não apenas a causas sociais legítimas, mas a demandas de mercado. Aliás, não parece haver hoje, para certos termos-pivô, uma fronteira clara entre causa e mercado. Termos como empatia, acolhimento, gatilho, tóxico, diversidade, (não) é sobre x, entraram na ordem do dia de postagens de rede social, matérias de jornal etc. Há um vocabulário na paisagem verbal hodierna em que o encadeamento de dizeres forma conglomerados de clichês em que sobressaem estruturas como É preciso ter empatia, O gatilho para x é..., X é uma pessoa tóxica, Precisamos falar sobre diversidade etc.

Marília Amorim (2007AMORIM Marilia, Raconter, démontrer, ... survivre: formes de savoirs et de discours dans la culture contemporaine. Ramonville Saint-Agne: Érès, 2007.) aborda a condição sócio-histórica da pós-modernidade, destacando o surgimento do “saber Métis”, caracterizado pela autonomização em que nem o saber arcaico (Mythos) e nem o científico (Logos) prevalecem na sociedade como meio de se adquirir conhecimento. A emergência de um novo mundo traz consigo novas políticas, que influem na forma de gerir e pensar o que é comum a todos, logo, é por meio da linguagem que isto também ocorre. Acrescenta-se a esta reflexão a conexão que David Harvey (2014HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. 5. ed. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2014.) faz entre o neoliberalismo e a crescente demanda por direitos universais. O autor enfatiza a eficácia do universalismo em questões globais como mudanças climáticas e preservação da biodiversidade, mas salienta as dificuldades ligadas à universalidade quando confrontada com a variedade de circunstâncias político-econômicas (direitos humanos) e práticas culturais existentes no mundo.

A dinâmica das redes sociais mundializa expressões no quadro de um capitalismo de vigilância, de acordo com Shoshana Zuboff (2020ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Tradução de George Schlesinger. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.), que funciona por engajamento. Quanto mais determinadas expressões reverberam, mais engajamento é produzido, seja sob a forma de likes, seja sob a forma de comentários positivos ou negativos:

[...] o conteúdo é uma fonte de superávit comportamental, já que é o comportamento das pessoas aquilo que fornece o conteúdo, assim como seus padrões de conexão, comunicação e mobilidade, seus pensamentos e sentimentos, e os metadados expressos em seus emoticons, pontos de exclamação, listas, contrações de palavras e saudações (Zuboff, 2020ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Tradução de George Schlesinger. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020., p. 134).

Isto é, a notícia, a informação, a verdade divulgada não apenas satisfazem uma demanda por conteúdo, mas instam o usuário, em nome da interatividade e da coparticipação, a manifestar seus interesses, anseios, crenças e opiniões. O termo diversidade faz parte dessa dinâmica desde 2006, mas uma especialização do paradigma neoliberal pautada no liberalismo identitário (Mark Lilla, 2018LILLA, Mark. O progressista de ontem e o do amanhã: desafios da democracia liberal no mundo pós-políticas identitárias. Tradução de Berilo Vargas. São Paulo: Cia das Letras, 2018.) reconfigurou o pertencimento do termo, que migrou das colunas dedicadas ao meio-ambiente, à ciência e à biologia, para as colunas de economia e cultura. Efeito de uma demanda social, mas também de um funcionamento de mercado que capitaneia engajamento.

De acordo com Eric Hazan (2006HAZAN, Eric. LQR: la propagande du quotidien. Paris: Éditions Raisons d'agir, 2006.), a repetição de certas palavras joga com a obliteração de determinados sentidos em função de outros. Inconscientemente, a saturação de termos-chave leva à incorporação irrefletida de crenças pela estabilidade promovida por essa lógica neoliberal. Com efeito, a aparição recorrente de certas palavras na mídia - especialmente, para o que nos interessa, no âmbito jornalístico - não deve ser interpretada como compromisso com a verdade, mas como sintoma de processos discursivos em funcionamento.

Fruto da pós-modernidade, a saturação de determinadas palavras-chave em veículos midiáticos leva a uma fetichização da palavra, ou seja, a palavra passa a ter, em certa medida, uma função de mercadoria. Empresas, instituições educacionais e jornais, por exemplo, mais que vender produtos, promovem x, em que x é uma palavra do momento. Para este artigo, interessam-nos os efeitos de sentido da palavra diversidade entre os anos de 2006 e 2022.

O discurso polêmico, particularmente após 2016, a um só tempo condiciona a posição reivindicatória de grupos identitários, mas também o recenseamento da identidade pelo mercado. Desde que diversidade deixou de ser um lexema atinente ao discurso didático descritivo das ciências naturais, vinculou-se aos campos semânticos de raça, gênero e sexo para daí converter-se em objeto empresarial captador de engajamento. Por extensão, o sentido de “ser diverso” carrega o de “ser democrático” em uma conjuntura neoliberal que se, por um lado, faz circular efeitos de uma luta pela igualdade, por outro, fetichiza o termo diversidade como atributo pelo qual se deve pagar.

Em sua arqueologia do neoliberalismo, Michel Foucault (2022FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). 2. ed. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2022.) demonstra como a passagem do liberalismo clássico dos séculos XVIII-XIX para o neoliberalismo implica a generalização da noção de empresa. Nesse sentido, todo e qualquer indivíduo será visto como uma pequena empresa e a inserção de um tipo social é a ampliação das forças produtivas a nível do engajamento individual. Contra certo senso comum atual, essa posição está longe do conservadorismo a que temos assistido no Brasil e no mundo. No sentido moderno, para o filósofo francês,

[s]er liberal não é, portanto, em absoluto, ser conservador, no sentido da manutenção dos privilégios de fato resultantes da legislação passada. É, ao contrário, ser essencialmente progressista no sentido de uma perpétua adaptação da ordem legal às descobertas científicas, às mudanças de estrutura da sociedade, às exigências da consciência contemporânea (Foucault, 2022FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). 2. ed. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2022., p. 217-218).

As pautas identitárias, a reivindicação por igualdade e a polêmica bandeira pela inserção do indivíduo em empresas pelo critério identitário não está em desalinhamento com o paradigma neoliberal. Ao contrário, é um dos efeitos dele na medida em que a grande mídia reverbera o argumento de que diversidade é indicativo de maior potencial lucrativo, conforme analisaremos adiante. Diversidade deixou de ser um termo descritivo-designativo para se tornar, a um só tempo, palavra de ordem e selo de qualidade. Não necessariamente esse selo de qualidade garante uma melhor oferta de serviço ao consumidor, mas alinha a empresa com a agenda neoliberal mais recente, tanto quanto outros rótulos como o ESG (Environmental, Social and Governance).

No contexto neoliberal, a WEB - e os dispositivos móveis que lhe garantem uma existência prêt-à-porter - torna-se lugar quase exclusivo de acesso à informação, de entretenimento e de interação. Esse funcionamento justifica nossa opção pela coleta de material em portais de notícias, já que a mídia tradicional, notadamente, os jornais impressos, estão cada vez mais em desuso. As propriedades sintáticas e discursivas do termo diversidade metamorfosearam-se ao longo de quase duas décadas, e um rastreamento disso só poderia ser feito - tanto do ponto de vista empírico da montagem do corpus quanto do ponto de vista da pertinência quanto aos modos de circulação - acompanhando as matérias disponíveis on-line.

O discurso polêmico funciona pelo silenciamento do argumento de que o critério de seleção para um posto de trabalho deveria ser a competência técnica do trabalhador. Esse é o embate acirrado que a bandeira da diversidade precisa vencer. Algumas estruturas linguísticas adjacentes ao termo-pivô - para além da pouca ênfase e, por vezes, do silêncio quanto à competência técnica - intensificam esse funcionamento, tais como determinativas do tipo É o papel das multinacionais...; paralelismos com verbos no infinitivo (verb. Inf. + x + é + verb. Inf. + y) como em Pensar em diversidade e inclusão é também pensar... ou Para liderar... é importante falar...; locuções prepositivas do tipo em prol de, que parafraseiam Em favor de, Em defesa da etc.; e variações da modalidade deôntica, como em tem de estar, precisam ter, não pode ser, é importante + verbo no infinitivo etc.

O foco da nossa análise recairá, a seguir, sobre as propriedades gramaticais do substantivo diversidade, na medida em que a coordenação (diversidade e) e a ausência/presença de complemento nominal (diversidade, diversidade sexual ou diversidade de) indicam maior ou menor indexação ao discurso polêmico. Sob essa ótica, quanto maior a intransitividade, mais próximo do polêmico; quanto maior a transitividade, mais próximo do didático.

3 Língua, discurso e efeitos de sentido de diversidade na mídia on-line

A passagem do discurso didático para o polêmico deve ser entendida em termos relativos. Neste artigo, não defendemos que as novas formas de significar o termo diversidade excluem as formas anteriores, ou seja, o fato de, cada vez mais, diversidade ser um problema “empresarial”, não significa que questões pertinentes à diversidade biológica tenham desaparecido ou se tornado menos importantes. O que diagnosticamos na análise, em termos de dominância, é uma ruptura significativa em que o termo-pivô passa a ser apropriado pelo discurso polêmico na mídia on-line. De acordo com Jean Dubois:

O discurso didático “informa”, isto é, formula asserções que não se opõem a outras asserções; não há confronto. [...] os discursos didáticos não comportam fatores melhorativos ou pejorativos no sistema de conotações lexicais que se acha nos discursos polêmicos (Dubois, 1997DUBOIS, Jean. Lexicologia e análise de enunciado. Tradução de Pedro de Souza. In: ORLANDI, Eni (org.). Gestos de leitura: da história no discurso. 2. ed. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 1997. p. 103-118., p. 109).

Diante dessa definição, como entender o material midiático on-line como realização do discurso didático? Partamos da estrutura dominante no parâmetro N-Gram do AntConc, a saber, aquele que gerou como resultado mais significativo a estrutura diversidade de. Em relação à descrição de seu estatuto gramatical, diversidade pertence à categoria de substantivo feminino. Semanticamente, descreve uma qualidade do que é diferente, diverso, variado. Morfologicamente, trata-se de uma palavra complexa, cuja estrutura se compõe da base adjetival diverso e do sufixo formador de nomes abstratos -dade. Desse modo, a palavra diversidade pode ser descrita sincronicamente como um substantivo (ou nome) deadjetival.

Em outras palavras, em sua estrutura derivacional, o substantivo diversidade contém o adjetivo diverso, um predicado que denota uma propriedade que, via de regra, se atribui a um argumento realizado por um substantivo. Assim, diverso é um predicado, que denota qualidade atribuída a um substantivo, tal como nos exemplos a seguir em que há frases adjetivais. Para fins de explicitação de tais propriedades estruturais sintáticas compartilhadas pelos exemplos em (1), nos valemos dos expedientes descritivos da teoria X-Barra (Noam Chomsky, 1970CHOMSKY, Noam. Remarks on Nominalization. In: JACOBS, Roderick A.; ROSENBAUM, Peter S. (ed.). Readings in English Transformational Grammar. Waltham, MA: Ginn & Co, 1970. p. 184-221.; András Kornai; Geoffrey Pullum, 1990KORNAI, András; PULLUM, Geoffrey K. The X-Bar Theory of Phrase Structure. Language 66, no. 1, p. 24-50, Mar. 1990. DOI: https://doi.org/10.2307/415278.
https://doi.org/10.2307/415278....
; Carlos Mioto et al., 2013MIOTO, Carlos; FIGUEIREDO SILVA, Maria Cristina; LOPES, Ruth. Novo manual de sintaxe. São Paulo: Contexto, 2013.). Em (2) observa-se uma frase adjetival3 3 AP, do inglês adjectival phrase. , cujo núcleo é um adjetivo (A, predicado semântico e núcleo sintático), que toma um argumento especificador nominal (N, Nome).

(1) a. Espécie diversa.

b. Ambiente diverso.

c. Sexo diverso.

d. Genes diversos.

(2)

Com a formação do nome adjetival diversidade, desfaz-se a possibilidade da estrutura sintática de modificação direta, em que substantivo é diretamente modificado pelo adjetivo. Apresenta-se, então, a necessidade da adição de mais camadas funcionais para relacionar a propriedade semântica do que é diverso ao referente, seja pela presença de uma preposição funcional, tal como de, ou pela adição de um outro sufixo relacional formador de adjetivos, tal como -al ou -ico, como se observa nos exemplos em (3).

(3) a. Diversidade de espécies.

b. Diversidade de ambiente/ambiental

Tal estrutura complexa, em que há complementação semântica da palavra diversidade por expedientes morfossintáticos, em especial pela adjunção de frases preposicionais4 4 PP, do inglês Prepositional phrase. , representado abaixo em (4), (e.g., de espécies, de ambiente), subjaz o funcionamento desta palavra no discurso didático (ver Quadro 1).

(4)

Nesse cenário, há uma solidariedade estrutural entre termo e complemento própria do saber biológico que, e por sua função didático-explicativa, ensina, descreve e informa sobre entes do mundo natural. Em outras palavras, quanto mais complexa a estrutura linguística, mais próximo do didático em nossa amostra. Historicamente, isso se dá fundamentalmente no primeiro eixo temporal do nosso corpus, ou seja, nas SDs extraídas de 2006 a 2012. Com efeito, por contraste com o que se dá posteriormente, a apropriação de diversidade pelo discurso didático é um modo de pedagogização da natureza sob a égide da informatividade. Somos interpelados por um “Ei, isso existe! Vejam como o mundo é rico!” Não afirmamos, com isso, que a ideologia está ausente nesses enunciados; o que defendemos é que esse tipo de ideologia técnica é sintoma da ênfase ao mundo natural. Isto é, o próprio recorte indica uma sensibilidade sócio-histórica distinta da que se apresentará após 2012, quando diversidade caminhará para o âmbito do discurso polêmico. Nesse sentido, as SDs do Quadro 1 são marcadas pelo “ideal das coisas a saber” (Michel Pêcheux, 1997PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. 2.ed. Tradução de Eni Orlandi. Campinas/SP: Pontes, 1997.), ou seja, pelo óbvio desejável e indispensável. Daí a recorrência de verbos como reflete, conheça, abriga, bem como estruturas constatativas centradas no verbo ser. Mais que isso, por contraste com o discurso polêmico, é notória a ausência das palavras de ordem e de incitação à ação, conforme descreveremos a seguir.

Dubois afirma que o discurso polêmico “[...] é assim construído sobre asserções opostas, negação do enunciado do outro; como incitação à ação, ele comporta também um número importante de performativos (vamos, façamos etc.)” (Dubois, 1997, p. 109). Em nosso corpus, o Quadro 2 indica uma transição, ou seja, uma fase de polêmica mais atenuada, em que a estrutura linguística ainda guarda um espaço preenchido à direita. Já estamos no âmbito do discurso polêmico, mas em sua fase atenuada, que vai de 2013 a 2016 (Quadro 2).

A primeira alteração a ser observada é a queda da frequência de estruturas com preposição. Onde líamos, pelo funcionamento do discurso didático, diversidade de genes, espécies... etc., passamos a ler diversidade sexual. Com essa mutação, emergem efeitos de incitação à ação, de apelo ao dever, de ideal e, em certa medida, uma moral. No entanto, isso se dá, ainda, na ordem da menção. O tempo da diversidade sexual ainda é discreto, informativo, pouco desiderativo. A título de ilustração, observem-se as estruturas com adjetivos complexos (e.g., sexual, genética etc.) que funcionam como predicados que tomam o nome diversidade como especificador, representado em (6).

(5) a. Diversidade sexual

b. Diversidade genética.

(6)

No Quadro 2, o que se apresenta é a simples menção como algo que está na ordem do dia. O museu reedita as primeiras exposições, Um tópico é dedicado à diversidade sexual, Mangueira homenageia diversidade sexual... etc. Apesar disso, o deslocamento fundamental já está dado nesse conjunto de dizeres de transição: diversidade deixou o universo do “mundo natural” e migrou para o social. A ênfase não recai mais sobre a fauna e a flora, mas sobre as identidades e os modos de inserção identitária no mundo corporativo. Com a queda da preposição, diagnosticamos a primeira fase do deslocamento.

Na passagem para o período polêmico (Quadro 3, mais acima), há total queda no uso da estrutura interna sintática complexa associada à palavra diversidade e consequente aumento de uso coordenativo - diversidade e X - ou de uso que chamamos intransitivo. Nesse cenário, diversidade ocupa o núcleo de uma frase nominal e vem frequentemente coordenada a outra frase nominal, geralmente nucleada pelo nome também morfologicamente complexo inclusão (incluir > inclusão). Representamos a estrutura de frase coordenada pelo símbolo &. O uso intransitivo, que prescinde de qualquer complementação ou adjunção sintática, resulta de um tipo de incorporação semântico-discursiva: o complemento, adjunto ou especificador do termo diversidade é sempre um argumento da ordem do pré-construído atrelado à pauta identitária (sexo, gênero etc.).

(7) Diversidade e inclusão.

(8)

A especialização mais recente do discurso polêmico em torno da diversidade joga, então, com duas estruturas. Apesar da diferença, em ambas depreendemos a independência, a autonomia que o termo passa a ter do ponto de vista sintático. Na primeira, diversidade apresenta-se sob a forma coordenada mais ou menos estável diversidade e inclusão. Embora, sintaticamente, não haja obrigatoriedade nessa junção - o que indica, no discurso polêmico, o funcionamento intransitivo do nome -, discursivamente, a coordenação implica um efeito de sentido de reforço e precisão. Admite-se, nessa estrutura, que diversidade, tout court, demanda vetorialização, ou seja, direcionamento para além do simples reconhecimento do que é diverso. É preciso algo em relação à diversidade e é aí que reside a completude do polêmico. Se, em diversidade sexual, ainda vemos resquícios de uma “ideologia informativista” advinda do campo biológico, aqui isso quase não aparece. Mobiliza-se o debate (O debate em torno da diversidade e inclusão), é necessário explicar o que é diversidade e inclusão nas empresas, é importante pensar, ações de diversidade e inclusão são necessárias no mundo corporativo. É preciso estar mais preparados e também trabalhar as competências de diversidade e inclusão. Fala-se no que deve ser um bom profissional de diversidade e inclusão, do quanto as empresas se tocaram da importância da diversidade e inclusão e que O mundo está olhando para isso hoje.

O discurso polêmico atinge o auge de sua apropriação do termo quando o torna independentemente de qualquer conexão. O nível de saturação ideológica coincide com a absolutização da diversidade pelo pré-construído de que “todo mundo sabe isso que não pode ser outra coisa que não o estatuto social identitário” de que a palavra extrai seu sentido: Flamengo lança camisa em defesa da diversidade; Natura cria campanha a favor da diversidade; ... a relação entre diversidade e lucro é percebida no mundo inteiro; ...não têm políticas que promovam a diversidade, campanha pela diversidade, compromisso público com a respeito à diversidade.

O tom passa a ser o da palavra de ordem, da incitação à ação, dado que diversidade é “isso que todo mundo sabe” e pelo que “todos devemos lutar”. Isso não está fora do mercado; é uma imposição, uma reivindicação e a razão mesma do ser diverso. A intransitividade da diversidade é o sintoma da apropriação neoliberal, não sua crítica.

Tratar tudo como mercadoria, segundo Harvey (2014HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. 5. ed. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2014.), reflete uma ética que enxerga o mercado como um guia para todas as ações humanas. Dessa forma, a delimitação dos limites de mercantilização varia entre as sociedades e gera controvérsias sobre pontos específicos, por exemplo, a ilegalidade de certas drogas e a legalização ou a descriminalização e regulamentação do comércio de favores sexuais. Harvey destaca que a pornografia é amplamente protegida como

[a] divergência entre neoliberais e neoconservadores reflete em parte a diferença acerca de onde se devem traçar os limites. Os neoconservadores costumam culpar os “liberais”, “Hollywood” ou mesmo os “pós-modernistas” por aquilo que veem como dissolução e a imoralidade da ordem social, em vez de acusar os capitalistas corporativos (...), que de fato causam a maior parte do dano ao impingir todo tipo de material sexualmente carregado, quando não escandaloso, ao mundo e que exibem continuamente sua preferência absoluta pelos compromissos de curto prazo aos de longo em sua incessante busca de lucros (Harvey, 2014HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. 5. ed. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2014., p. 179).

Diversidade, sob a perspectiva neoliberal, emerge na década de 2010 como uma questão ética imposta ao e fomentada pelo meio corporativo, especialmente sob um viés mercadológico, e pode ser considerada sob a égide de um efeito de sentido moral. Diversidade torna-se imune a questionamentos quando inscrita no universo midiatizado, pois manifesta-se discursivamente (se tratando do discurso polêmico) como algo amplamente aceito - sua aceitação significa, em certos contextos, ser uma boa pessoa, um bom cidadão -, quase uma verdade universalmente reconhecida. Mercantilizar a diversidade, portanto, significa transformá-la em um produto que gera lucros dentro da dinâmica empresarial. A empresa vale-se da ideia de representatividade e comercializa diversidade como parte de sua estratégia publicitária, mantendo, no entanto, um compromisso contínuo com o mercado. Esse suposto compromisso social acaba, na prática, sendo absorvido pelo próprio mercado. Existe uma “[...] dinâmica própria, um caráter performativo forte: quanto mais é falada, mais o que ela defende - sem jamais exprimi-lo claramente - tem lugar5 5 No original: “[…] dynamique propre, un caractère performatif qui fait sa force: plus elle est parlée et plus ce qu’elle défend - sans jamais l'exprimer clairement - a lieu” (Hazan, 2006, p. 21). (tradução nossa). Ao comparar diversidade com multiculturalismoHazan (2006HAZAN, Eric. LQR: la propagande du quotidien. Paris: Éditions Raisons d'agir, 2006., p. 47) define o termo como “uma nebulosa em que é fácil se perder6 6 No original: […] une nébuleuse où il est facile s’égarer (Hazan, 2006, p. 47). ” (tradução nossa). No caso do objeto aqui analisado, isto é suscitado pelo discurso polêmico, em que a divergência entre a competência técnica e a promoção da diversidade como critério de seleção, indica o acionamento de perspectivas distintas. Esta seria a tensão imbricada na diversidade.

Conclusão

Diversidade é um termo-pivô cuja mobilização midiática, mais intensamente a partir de 2017, associa a ideia de ser diverso à noção de ser democrático, ser justo e igualitário. Na atual conjuntura neoliberal, esse funcionamento cria efeitos ambíguos entre a promoção da luta pela igualdade e a fetichização da palavra como um atributo comercializável.

O termo foi deslocado, nas matérias on-line, do campo biológico para o sócio-identitário. Com efeito, no período 2006 a 2012, o discurso didático enquadra diversidade enquanto palavra descritivo-designativa do mundo natural. No corpus, a partir de 2013, a forma dominante do termo integra o sintagma diversidade sexual e assistimos aí à passagem do discurso didático para o polêmico. Neste último, diversidade vai adquirir, cada vez mais, o efeito de sentido de palavra de ordem e de “selo de qualidade”.

A intransitivização do nome deadjetival diversidade, no corpus analisado, é a marca de uma maior especialização do discurso polêmico, enquanto a transitividade, historicamente marcada pelas ocorrências no período 2006-2012, caracteriza o discurso didático. A mudança do didatismo biológico (2006-2012) para a polêmica identitária (2014-2022) reflete uma alteração no discurso, que se desloca do mundo natural para o social na inserção identitária no ambiente corporativo significado na mídia. Esse processo discursivo atinge seu ápice na saturação ideológica de diversidade, percebida no efeito de universalização atrelado ao estatuto social identitário.

Por essa mudança, concluímos que o neoliberalismo e a crescente demanda por direitos universais globaliza certas questões diagnosticáveis à luz de um de rol de palavras-chave do qual diversidade participa. Se, por um lado, isso indica um encaminhamento rumo à luta por equidade, por outro, não deixa de indicar a generalização das leis do mercado à insistência em certos termos. Ser pela diversidade não é apenas “ser mais justo” ou “igualitário”; é também entrar na ordem neoliberal contemporânea que fetichiza e torna irrefletidas certas verdades em detrimento de outras nos chavões e clichês da ordem do dia.

Agradecimentos

Agradecemos os ensinamentos valiosos sobre o uso do AntConc dados pela mestranda Ana Luiza Nunes (PPGL - UNIFESP) e por sua orientadora - nossa colega do PPGL - Profa. Dra. Marcia Veirano.

REFERÊNCIAS

  • AMORIM Marilia, Raconter, démontrer, ... survivre: formes de savoirs et de discours dans la culture contemporaine. Ramonville Saint-Agne: Érès, 2007.
  • CHOMSKY, Noam. Remarks on Nominalization. In: JACOBS, Roderick A.; ROSENBAUM, Peter S. (ed.). Readings in English Transformational Grammar. Waltham, MA: Ginn & Co, 1970. p. 184-221.
  • COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. Tradução de Cristina Birck et al. São Carlos/SP: EdUFSCar, 2009.
  • DUBOIS, Jean. Lexicologia e análise de enunciado. Tradução de Pedro de Souza. In: ORLANDI, Eni (org.). Gestos de leitura: da história no discurso. 2. ed. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 1997. p. 103-118.
  • FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). 2. ed. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2022.
  • HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. 5. ed. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2014.
  • HAZAN, Eric. LQR: la propagande du quotidien. Paris: Éditions Raisons d'agir, 2006.
  • KOGAWA, João; MAGALHÃES, Anderson Salvaterra. O pensamento instrumentalizado: sobre o funcionamento insuspeito do capitalismo de vigilância na linguagem e na educação. Santo André/SP: EDUFABC (no prelo).
  • KORNAI, András; PULLUM, Geoffrey K. The X-Bar Theory of Phrase Structure. Language 66, no. 1, p. 24-50, Mar. 1990. DOI: https://doi.org/10.2307/415278.
    » https://doi.org/10.2307/415278.
  • LILLA, Mark. O progressista de ontem e o do amanhã: desafios da democracia liberal no mundo pós-políticas identitárias. Tradução de Berilo Vargas. São Paulo: Cia das Letras, 2018.
  • MIOTO, Carlos; FIGUEIREDO SILVA, Maria Cristina; LOPES, Ruth. Novo manual de sintaxe. São Paulo: Contexto, 2013.
  • MALDIDIER, Denise. A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheux hoje. Tradução de Eni Orlandi. Campinas/SP: Pontes, 2003.
  • PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. 2.ed. Tradução de Eni Orlandi. Campinas/SP: Pontes, 1997.
  • ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Tradução de George Schlesinger. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.
  • Declaração de disponibilidade de conteúdo

    Os conteúdos subjacentes ao texto da pesquisa estão contidos no manuscrito.
  • Pareceres

    Tendo em vista o compromisso assumido por Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso com a Ciência Aberta, a revista publica somente os pareceres autorizados por todas as partes envolvidas.
  • 1
    https://www.laurenceanthony.net/software/antconc/.
  • 2
    Cada matéria é identificada, no corpus completo disponível em https://drive.google.com/file/d/1t9tH7n922u4VvpYyGdIWgu3cZAUyKJOT/view?usp=sharing, por ano e número. Na primeira referência, por exemplo, o leitor recorrerá, no corpus completo, à matéria 2 (dois), do ano de 2006, para encontrar a SD “É claro que não dá para comparar a diversidade de espécies do fundo da mina com a que...”.
  • 3
    AP, do inglês adjectival phrase.
  • 4
    PP, do inglês Prepositional phrase.
  • 5
    No original: “[…] dynamique propre, un caractère performatif qui fait sa force: plus elle est parlée et plus ce qu’elle défend - sans jamais l'exprimer clairement - a lieu” (Hazan, 2006, p. 21).
  • 6
    No original: […] une nébuleuse où il est facile s’égarer (Hazan, 2006, p. 47).

Parecer I

Sobre o autor do parecer SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Parecer I

Artigo original e de alta qualidade. Rigoroso trabalho de constituição do corpus e de análise nos termos da Análise do Discurso de linha francesa. A interpretação recorre de modo embasado a teóricos da cultura contemporânea e de modo consistente no entrelaçamento das ideias desses autores com os resultados obtidos na análise. APROVADO

  • recomendação: aceitar

Histórico

  • Parecer recebido em
    09 Maio 2024

Parecer II

Sobre o autor do parecer SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Parecer II

O artigo “O termo diversidade e seu deslocamento em portais de notícias: do discurso didático ao polêmico” apresenta uma análise profunda e meticulosa da evolução semântica do termo “diversidade” ao longo de um período significativo, de 2006 a 2022, em portais de notícias. O título é particularmente eficaz ao transmitir claramente o foco da pesquisa, enquanto o resumo fornece uma visão abrangente e instigante do conteúdo e metodologia do estudo. A estrutura do estudo é bem elaborada, guiando o leitor de forma lógica desde a introdução até as considerações finais. A escolha teórica da Análise do Discurso de linha francesa e a utilização da ferramenta AntiConc são justificadas e aplicadas de forma consistente ao longo do texto, o que fortalece a credibilidade da pesquisa. A análise dos dados é cuidadosa e perspicaz, revelando não apenas a mudança nos discursos em torno do termo “diversidade”, mas também sua complexa relação com questões identitárias e a economia de mercado. Este trabalho não só oferece uma contribuição original para o campo de estudos linguísticos, mas também levanta questões pertinentes e estimulantes para pesquisas futuras. A clareza e correção da linguagem, aliadas à solidez teórica e metodológica, garantem a qualidade e o impacto do artigo. Dessa forma, recomendo que o trabalho seja aceito para publicação na revista Bakhtiniana, onde certamente enriquecerá o debate acadêmico sobre o tema.

  • recomendação: aceitar

Histórico

  • Parecer recebido em
    29 Abr 2024

Disponibilidade de dados

Os conteúdos subjacentes ao texto da pesquisa estão contidos no manuscrito.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2024

Histórico

  • Recebido
    08 Fev 2024
  • Aceito
    29 Jul 2024
LAEL/PUC-SP (Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Rua Monte Alegre, 984 , 05014-901 , Tel.: (55 11) 3258-4383 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: bakhtinianarevista@gmail.com