Acessibilidade / Reportar erro

O papel e o lugar da poesia zhyrau na literatura mundial

RESUMO

O objetivo do estudo foi determinar o papel e o lugar da poesia zhyrau na literatura mundial. O método norteador no decorrer do estudo foi o método de análise direta, que permitiu estudar o fenômeno do zhyrau, sua história de origem e formação, bem como as características de sua aplicação na criatividade literária. Em suas canções, os zhyrau cantavam sobre a vida feliz de seu povo, seus costumes e seu cotidiano. Eles elogiavam meninas bonitas e jovens fortes que um dia glorificariam o povo cazaque. Além disso, nas canções e poemas havia campanhas históricas, batalhas, que foram uma parte importante da história do povo. Muitos poemas e canções pedem modéstia, honestidade, bondade, estigmatizam a ganância, enganam, ensinam ou apenas contam uma história. Cada obra é um fragmento a partir do qual se forma o quebra-cabeça da cultura cazaque.

PALAVRAS-CHAVE:
Zhyrau; Herança cultural; Literatura nacional; Cultura cazaque

ABSTRACT

The purpose of the study was to determine the role and place of zhyrau poetry in world literature. The leading method in the course of the study was the method of direct analysis, which made it possible to study the phenomenon of zhyrau, its history of origin and formation, as well as the features of its application in literary creativity. In their songs, the zhyrau sang about the happy life of their people, their customs and everyday life. They praised beautiful girls and strong young men who will one day glorify the Kazakh people. Also, in the songs and poems there were historical campaigns, battles, which were an important part of the history of the people. Many poems and songs call for modesty, honesty, kindness, stigmatize greed, deceit, teach or just tell a story. Each work is a fragment from which the puzzle of the Kazakh culture is formed.

KEYWORDS:
Zhyrau; Cultural heritage; National literature; Kazakh culture

Introdução

Não há dúvida de que Zhyrau é o nome de um fenômeno, quando se combinam o nascimento de uma obra, de uma canção e sua atuação virtuosa com determinado instrumento musical. Mais tarde, Sh. Ualikkhanov (1985) destacou que “zhyr é uma rapsódia. O próprio verbo zhyrlau significa a execução de uma música com uma determinada melodia. As melodias da estepe sempre foram executadas com acompanhamento de kobyz...”1 1 Em inglês: “zhyr is a rhapsody. The verb itself zhyrlau means the performance of a song to a certain melody. The melodies of the steppe have always been performed to the accompaniment of kobyz...” , entre os povos de língua turca, este termo foi utilizado na literatura nacional dos tártaros, Karakalpaks neste mesmo sentido. Mas na literatura cazaque, o conceito de zhyrau não pode ser tomado com um significado tão incompleto. Sh. Ualikkhanov falou sobre o que poderia ser considerado zhyrshy. A razão reside no fato de que na época em que viveu Shokan, os zhyrshy eram mais famosos que os zhyrau, além disso, as funções dos zhyrau foram substituídas por poetas. Aqui, a definição de zhyrau e zhyrshy não foi diferenciada. Assim, apenas na poesia cazaque, canções de tristeza, odes-louvores, lamentações de um determinado gênero e ritmo foram amplamente difundidas entre o povo, repetidas por gerações; canções improvisadas de mulheres em luto por seus maridos ou filhos indicavam que a improvisação, típica de zhyrau, foi transmitida de geração em geração, preservada pela memória do povo (Romaniuk, 2021ROMANIUK, Oleksandra. Expression and Interpretation of Attraction and Interpersonal Intimacy: A Comparative Study of Female Nonverbal Behaviour. Analele Universitatii din Craiova - Seria Stiinte Filologice, Lingvistica, vol. 43, n. 1-2, pp. 220-237, 2021. https://anale-lingvistica.reviste.ucv.ro/index.php/laucv/article/view/18
https://anale-lingvistica.reviste.ucv.ro...
).

Desde a segunda metade do século XIX, a história e a literatura até então inexploradas da região do Cazaquistão atraiu o interesse de cientistas como V. Radlov (1904RADLOV, Vasiliy. Samples of Folk Literature of the Turkic Tribes. Almaty: Nauka, 1904.), L. Budogov (1947BUDOGOV, Lazar. Comparative Dictionary of Turkish - Tatar Dialects, 1947. https://avidreaders.ru/book/sravnitelnyy-slovar-turecko-tatarskih-narechiy1.html
https://avidreaders.ru/book/sravnitelnyy...
). V. Radlov, cientista renomado que dedicou muitos trabalhos ao estudo das línguas turcas, em seu dicionário, dá a seguinte interpretação: “zhyr é poesia, indivisível em estrofes, zhyrau é zhyrshy, hino dos velhos tempos”, também, “zhyrau é cantor, clarividente, preditor”. O cientista estudou principalmente a literatura dos tártaros e Karakalpaks, onde o conceito de zhyrau na literatura desempenha exatamente essa função. Acreditamos que esta definição não abrange todos os lados do zhyrau cazaque. Também é necessário levar em conta que a continuidade do trabalho criativo oral zhyrau na celebração dos velhos tempos, das tradições antigas é a base para a criatividade subsequente.

O dicionário de L. Budogov (1947BUDOGOV, Lazar. Comparative Dictionary of Turkish - Tatar Dialects, 1947. https://avidreaders.ru/book/sravnitelnyy-slovar-turecko-tatarskih-narechiy1.html
https://avidreaders.ru/book/sravnitelnyy...
) combina a palavra zhyrau com as palavras cognatas yyr, yr, zhirlamak, iirlamak, yrychy, zhylachy, iylachy, etc., e define “zhyrau como cantor; um compositor”. Também é sugerido que “zhyrau talvez tenha o significado relacionado com uma palavra da língua hindi: uma pedra preciosa”2 2 Em inglês: “Zhyrau perhaps has the meaning connected with a word from the Hindi language: a precious stone”. . Segundo L. Budogov zhyrau é um contador de histórias que elogia os velhos tempos. Visto que a obra de L. Budogov é um dicionário, não será encontrado ali nenhum significado profundo, uma divulgação completa do significado do conceito. A seguir estão as obras editadas por V. Zhirmunsky e H. Zarifov (1947ZHIRMUNSKY, Viktor, ZARIFOV, Hakim. Uzbek Folk Heroic Epic. Moscow: OGIZ, 1947.) Özbek xalqınıñ batırlıq epo [Épicos heróicos do povo uzbeque] e Türkilerdiñ batırlıq eposy [Épicos heróicos dos turcos]. Aqui a definição diz que: “zhyrau é uma versão antiga do poeta no sentido moderno”.

Esta opinião é compartilhada por N. Smirnova (1979SMIRNOVA, Nina. History of Kazakh Literature. Almaty: Ama-Ater, 1979.), que escreve que o significado da palavra zhyrau é um contador de histórias, e por mais antigo que seja o instituto dos contadores de histórias, tão antigo é o próprio nome, argumentando que “akyn, isto é, o poeta entre os cazaques é o nome que mais tarde deu origen a zhyrau3 3 Em inglês: “akyn, that is, the poet among the Kazakhs is the name from which Zhyrau later appeared”. . Esta afirmação é dada na obra XVIII gasyrdagy qazaq zhyrshylary - aqyn zhe zhyrau [Poetas e Zhyrau -Contadores de histórias cazaques no século XVIII]; há também um artigo sobre zhyrau chamado XVIII gasyrdagy qazaq auyz adebietindegi ozgerister” [Tendências na criatividade oral cazaque do século XVIII]. Esta opinião do autor é apoiada por muitos cientistas. Há muitas razões para isso: expor os vícios da sociedade, promover a moralidade, elevar o espírito, funções primeiramente desempenhadas pela poesia de Zhyrau, agora são realizadas pela criatividade dos poetas, cuja habilidade de improvisar e compor é inata. Essa opinião está ligada ao fato de que na época de zhyrau não existia o conceito de poeta, e zhyrau no sentido moderno refere-se àqueles que se dedicam profissionalmente à narração de histórias.

O fenômeno de Zhyrau na literatura mundial

O termo zhyrau não se refere apenas ao povo cazaque. Como já observamos acima, esse fenômeno é comum a povos turcos, como os tártaros, os karakalpaks e os quirguizes. Com base nas opiniões de pesquisadores acadêmicos, consideraremos aqui o os vários usos desse conceito. O folclorista Karakalpak K. Ayymbetov (1968AYYMBETOV, Kalli. Karakalpak Folk Wisdom. Almaty: Academy of Sciences of the Kazakh SSR, 1968.) escreve: “Talvez os poetas tenham aparecido entre os Karakalpaks depois do zhyrau... entre os Karakalpaks, a arte do zhyrau apareceu antes da arte de kissa, poetas, shayyr, tendo existido por muitos séculos juntos com o povo. Os poetas dos Karakalpaks apareceram depois de zhyrau4 4 Em inglês: “Perhaps poets appeared among Karakalpaks after Zhyrau... among Karakalpaks, the art of Zhyrau appeared before the art of kissa, poets, shayyr, having existed for many centuries together with the people. The poets of the Karakalpaks appeared after Zhyrau.” , afirmando ainda que

zhyrau - mestres da palavra, que eram os guardiões do patrimônio nacional, pegaram kobyz nas mãos, contaram sobre as questões do seu tempo, contando a todos: dastans, feitos históricos, demonstrações de criatividade oral popular como palavras de edificação, tolgau (reflexões), terme.... Essas formas de arte sempre estiveram presentes nas batalhas e guerras, inspirando os soldados com feitos heróicos. Eles desempenharam um grande papel na previsão do futuro. Os governantes mantinham esses zhyrshy na corte, constantemente promovendo a execução dessas obras5 5 Em inglês: “Zhyrau - masters of the word, who were the guardians of the national heritage, took the kobyz in their hands, sang about the issues of their time, telling everyone: dastans, historical deeds, demonstrations of folk oral creativity as words of edification, tolgau (reflections), terme... These art forms had always been present in battles and wars in the first row, inspiring soldiers with heroic deeds. They played a great role in predicting the future. Rulers kept such zhyrshy at the court, constantly promoting the execution of these art works.” .

Esta opinião do autor une as opiniões de cientistas como Sh. Ualikhanov (1985UALIKHANOV, Shokan. Selected Works. Moscow: Nauka, 1985.), V. Radlov (1904RADLOV, Vasiliy. Samples of Folk Literature of the Turkic Tribes. Almaty: Nauka, 1904.), K. Ayymbetov (1968AYYMBETOV, Kalli. Karakalpak Folk Wisdom. Almaty: Academy of Sciences of the Kazakh SSR, 1968.) e aponta para as características inerentes à arte do zhyrau. Na língua tártara, zhyrau é um artista das lendas zhyr. O especialista de A. Kunanbayev (2006KUNANBAYEV, Abay. Favorites. Series “Wisdom of the Ages.” Moscow: Russian Rarity, 2006.) escreve: “zhyruchy - é zhyrau em língua arcaica. Este foi o nome daqueles que contaram zhyr-dastans, então a palavra zhyrshy tem a mesma raiz”6 6 Em inglês: “zhyruchy - is Zhyrau in old words. This was the name of those who told zhyr-dastans, so the word zhyrshy has the same root.” . Isso certamente indicava a qualidade do zhyrau tártaro, mas não satisfazia a definição do zhyrau cazaque. Um conhecido autor cazaque, M. Auezov (1991AUEZOV, Mukhtar. History of Literature. Almaty: An Tili, 1991.), escreveu: “Sou um cantor com uma voz melódica, tenho alma de poeta”7 7 Em inglês: “I am a singer with a melodious voice, I have a poet’s soul.” . Essas linhas mostravam sinais do zhyrau tártaro e como na estepe, em tempos de paz, o zhyrshy fascinava a todos como fonte de histórias incríveis. Assim, o fenômeno zhyrau ocupa um lugar especial na literatura dos povos aparentados de língua turca; também é indiscutível que uma espécie de contribuição para a divulgação integral deste conceito tenha sido feita pelos cientistas, por isso acreditamos que as informações, opiniões e declarações dão peso a esses estudos.

Assim, podemos dizer que o estudo do fenômeno zhyrau remonta à década de trinta do século XX. M. Auezov (1991AUEZOV, Mukhtar. History of Literature. Almaty: An Tili, 1991.) escreveu mais tarde:

Havia dois tipos de poetas na época de Abylai. Um é como um idoso com fala edificante, desvendando os segredos do dia seguinte, prevendo o futuro; o segundo é zhyrau, realizando reflexões tolgau. Para eles, escrever não era uma espécie de ofício profissional como é para os poetas contemporâneos. É certo que tanto as palavras edificantes do ancião quanto o zhyrau reflexivo viam como principal tarefa definir uma direção geral para o país, orientando a estratégia de ações. Ambas as situações apontam para a saberdoria popular, crítica à época e clarevidência perspicaz8 8 Em inglês: “There were two types of poets in Abylai’s time. One is like an elderly man who spoke edifying words, unravelling the secrets of the coming day, predicting the future; the other is Zhyrau, performing tolgau-reflections. For them, writing was not some kind of professional craft as it is for contemporary poets. It is certain that both the edifying words of the elderly and the reflective Zhyrau took the main task as setting a general direction for the country, guiding the strategy of actions. Both cases show the ingenuity of the people, criticism of the era, sharp-sightedness of observers.” .

Isso leva à conclusão: zhyrau é um gênio que fala com palavras de edificação, expressa os pensamentos e aspirações do povo, reveste-os com preciosas pérolas de canções. O acadêmico A. Margulan (2007MARGULAN, Alkey. Works. Almaty: Alatau, 2007.), em sua pesquisa, revelou o fenômeno do zhyrau da seguinte forma: “de acordo com a herança folclórica de lendas preservadas até hoje, os poetas profissionais há muito se dividem em vários tipos: ‘zhyrau’, ‘zhyrshy’, ‘akyn’, ‘olenshi.’ Os poetas zhyrau, zhyrshy foram especialmente apreciados e respeitados e tiveram grande influência na vida do povo” 9 9 Em Inglês: “according to the folk heritage of legends preserved to this day, professional poets have long been divided into several types: ‘Zhyrau,’ ‘zhyrshy,’ ‘akyn,’ ‘olenshi.’ Zhyrau and zhyrshy poets had been especially appreciated and respected and had had a great influence on the life of the people.” . E continua seu pensamento, esclarecendo que “zhyrau era um velho sábio, um orador, um poeta improvisador, um pensador genial”10 10 Em inglês: “Zhyrau was a wise old man, an orator, an improviser poet, a genius thinker.” . Portanto, junto com a glorificação da história e da vida do povo, das façanhas de seus heróis, tais defensores se concentraram nos problemas urgentes de sua época. Eles realizaram principalmente “reflexões de tolgau”, “motivos saryn”, “poemas”. Ao contrário de outros poetas, Zhyrau aparece quando chega um momento decisivo para o país, quando o povo precisa de líderes sábios que possam direcionar seus pensamentos na direção certa. Mais frequentemente, a palavra zhyrau é usada com um significado alegórico”.

O professor E. Ismailov (2010ISMAILOV, Abu. Climbing Parnassus: A Bibliographic Sketch about the Work of Adiz Kusaev. Elista: Dzhangar, 2010.) apontou: “Nos exemplos antigos da arte popular oral do Cazaquistão, ‘zhyrau’ é mais parecido com o tipo mais antigo de poesia, a diferença especial entre zhyrau e o poeta é a uniformidade de motivos e temas de criatividade”11 11 Em inglês: “In the ancient samples of Kazakh oral folk art, ‘Zhyrau’ is more alike with the most ancient type of poetry, the special difference between Zhyrau and the common poet is the uniformity of motives and themes of creativity.” . Isso é compreensível. É natural que em tempos difíceis para o povo, um único tema fosse motivo de performance artística, ou seja, apenas questões de espiritualidade, nacionalidade, unidade eram temas relevantes do zhyrau do ponto de vista filosófico. Também V. Radlov (1904RADLOV, Vasiliy. Samples of Folk Literature of the Turkic Tribes. Almaty: Nauka, 1904.) e outros cientistas dos povos de língua turca acolheram favoravelmente este ponto de vista, chamando o zhyrau de intérprete de lendas e adivinho, um oráculo de seu tempo. O poeta e pesquisador A. Tazhibaev (1970TAZHIBAEV, Abdilda. The Giant: Poems. The Great Patriotic War: Poems and Poems, vol. 2, n. 1, pp. 197-198, 1970.) escreveu: “... zhyrau é sem dúvida um poeta. É impossível obter o título honorário de zhyrau sem ser poeta. As obras de zhyrau, possuem elevadas capacidades poéticas, são sempre revividas, muito requisitadas, são transmitidas às gerações seguintes na sua excelente forma original”12 12 Em inglês: “Zhyrau is undoubtedly a poet. It is impossible to get the honorary title of Zhyrau without being a poet. The works of Zhyrau with high poetic abilities, are always revived, are always in demand, are passed on to subsequent generations in their original excellent form.” . Esta definição de zhyrau aproxima o sentido ao de poeta. Na verdade, não importa qual zhyrau tomemos como exemplo, somente em virtude de sua habilidade poética eles podem se tornar os favoritos do povo (Baytursynuly, 2003BAYTURSYNULY, Ahmet. Literature Guide. Almaty: Atamura, 2003.; Adilova et al., 2022ADILOVA, Zhanar, SEITOVA, Shynar, KASSYMOVA, Assem, DOLGUSHEVA, Tatiana. Russian Rural Place Names and Features of their Derivational Structure (Based on the Toponymy of East Kazakhstan). Voprosy Onomastiki, vol. 19, n. 1, pp. 245-258, 2022. https://doi.org/10.15826/vopr_onom.2022.19.1.013
https://doi.org/10.15826/vopr_onom.2022....
).

Intimamente envolvido no estudo da poesia zhyrau, o cientista M. Magauin (1992MAGAUIN, Mukhtar. Literature of the Kazakh Khanate. Almaty: Zhazushy, 1992.) escreveu: “Zhyrau é um líder espiritual, o apoio de sua tribo, um sábio aksakal (ancião)... a principal característica do zhyrau é seu dom poético. Isto é, por um lado, a capacidade de compor, a capacidade poética. Não há dúvida de que a palavra zhyrau tem sua origem etimológica no significado da palavra ‘zhyr’”13 13 Em inglês: “Zhyrau is a spiritual leader, the support for their tribe, a wise aksakal (elderly)... the main feature of Zhyrau is the poetic gift, that is, the ability to compose, the poetic abilities. There is no doubt that the word Zhyrau has its etymological origin in the meaning of the word ‘zhyr.’” . Pesquisador do gênero tolgau, como um dos gêneros da poesia zhyrau, B. Abylkassymov (1976ABYLKASSYMOV, Babash. Formal Character of Style in the Genre of Tolgau. Almaty: Alma-Ater, 1976.) apontou a versatilidade do zhyrau:

Zhyrau é um dos primeiros representantes da criatividade oral. O criador e executor de reflexões-insights de Tolgau, em que as questões mais importantes da sociedade foram abordadas; não é apenas um zhyrshy, mas um sábio, gênio, um oráculo. A imagem dos zhyrau começou a se formar durante a unificação das tribos há séculos. Nos séculos XV-XVIII, eles ficaram conhecidos como figuras públicas e poetas de destaque. Eles evocavam palavras de despedida (bata) antes da batalha, elevando o moral dos soldados, realizaram tolgau e serviram como conselheiros dos governantes do estado”14 14 Em inglês: “Zhyrau is one of the first representatives of oral creativity. The creator and performer of tolgau-insights-reflections, where the most important issues of society were touched upon, is not just a zhyrshy, but a genius, a sage, an oracle. The image of Zhyrau began to form during the unification of tribal in the ancient centuries. In the 15th to 18th centuries, Zhyrau became known as public figures and outstanding poets. They evoqued parting words (bata) before the battle, raising the morale of the soldiers, performed tolgau, and served as of advisers to the rulers of the state.” .

A história do aparecimento do zhyrau: principais observações

Com base nos trabalhos de muitos cientistas, E. Tursynov (1976TURSYNOV, Ermek. The Oldest Representatives of Kazakh Literature. Almaty: Alma-Ater, 1976.), que estudou a história do aparecimento do tipo zhyrau, escreveu:

Portanto, é bem possível supor que zhyrau tenha vindo da forma zhyr da palavra zhyrlau. A preservação da forma dicionarizada de uma palavra que tenha caído em desuso, advinda de povos estrangeiros como resultado do intercâmbio de povos próximos, é um fenômeno frequentemente encontrado na história da língua... Nas amostras antigas da literatura oral cazaque, zhyrau remonta ao tipo mais antigo de poeta; os zhyrau pouco interferiam nas situações da vida, antes expressavam pensamentos filosóficos sobre o passado e o futuro, sobre a honestidade e a humanidade, o bem e o mal, sobre os tempos e a época, agindo como oráculos, prevendo o futuro da humanidade15 15 Em inglês: “Therefore, it is quite possible to assume that zhyrau came from the form zhyr through the word zhyrlau. The preservation of the dictionary form of an outdated word of foreign peoples, as a result of the exchange of closely living peoples, is a phenomenon that is often encountered in the history of the language... In the ancient samples of Kazakh oral literature, zhyrau recalls the oldest kind of poet; zhyrau interfered little in life situations, they rather expressed philosophical thoughts about the past and the future, about honesty and humanity, good and bad, about times and epochs, acting as oracles, predicting the future of humanity.” .

Essa atitude de distanciamento do zhyrau em relação às situações da vida é bastante contraditória: o zhyrau foi forçado a se afastar de alguns eventos de sua própria vida em momentos difíceis, em favor da consciência de responsabilidade por sua tribo e seu povo. Porém, no estudo de E. Tursynov, existem algumas particularidades: em primeiro lugar, ele tentou desvendar o tema analisando as opiniões de muitos cientistas e, em segundo lugar, mostrar diferentes pontos de vista sobre o problema. Por exemplo, para comprovar sua opinião, E. Tursynov apresenta como argumento trechos dos trabalhos dos cientistas citados, mostra a área de uso da palavra zhyrau e distingue os tipos de zhyrau.

Portanto, “zhyrau é principalmente um artista das lendas zhyr”, esta frase é encontrada na conclusão de muitos cientistas. Na verdade, os antigos turcos faziam com que zhyrau executasse melodias na horda do khan, e seu trabalho era melhorar o humor de khan e de sua comitiva. Parece que esta atividade continuou na Idade Média. A prova disso são os versos da obra de Lutfi Gül ua Nawruz-Iıraular saf ua saqalar Güländäm [Flores e o Ano Novo do povo Iirau são puros e sábios]:

Doce fragrância floral picante,
O cheiro de koumiss em uma tigela também é bom.
Ei, zhyrau, brilhe com sua arte,
Toque para nós no jetigen,
Você nos conta zhyrs de baghaturs,
Você sabe muito do mundo passado16 16 Em inglês: “Sweet spicy-floral fragrance,/ The smell of koumiss in a bowl is also good./ Hey, zhyrau, shine with your art,/ Play for us on jetigen,/ You tell us zhyrs of baghaturs,/ You know a lot from the past world.” .

Aliás, esta atividade criativa de zhyrau confirma o ponto de vista de Sh.Ualikhanov (1985UALIKHANOV, Shokan. Selected Works. Moscow: Nauka, 1985.), por isso é difícil negar tais habilidades de zhyrau. Porque ninguém pode se opor à opinião de que zhyrau, que é capaz de criar um épico, possa apresentá-lo diante do povo. Naturalmente, essas habilidades correspondem ao retrato do zhyrshy entre os cazaques. Por exemplo, na obra The Way of Abai [O caminho de Abai], tais capacidades têm Barlas e Baikokshe, que embebedaram o pequeno Abai de fontes arcaicas de folclore, ou Zhanak e Shozhe, que podiam encenar contos épicos de manhã até a manhã seguinte. Em nossa opinião, a capacidade de executar lendas zhyr com o acompanhamento de um determinado instrumento musical é inerente apenas ao zhyrshy. Se tomarmos, por exemplo, Asana kaiga, Kaztugan zhyrau, Umbetey ou Bukar zhyrau, é seguro que qualquer um deles seja um cavaleiro segurando não uma dombra e um kobyz, mas sim uma espada e um kamcha (chicote). A história nos mostra que não existe tal zhyrau, exceto Korkyt, que apenas executava as melodias de zhyr em dombra ou kobyz.

No entanto, entre os povos de língua turca dos tártaros e Karakalpaks, esses zhyrau, além de realizarem zhyr, também eram videntes-oráculos. Esta afirmação permite fazer a definição dada nos dicionários do cientista tártaro V. Radlov (1904RADLOV, Vasiliy. Samples of Folk Literature of the Turkic Tribes. Almaty: Nauka, 1904.). Já citamos esses fatos científicos como argumentos. O zhyrau do Cazaquistão também tinha essas capacidades, como está escrito nos trabalhos de muitos cientistas. Por exemplo, o acadêmico A. Margulan (2007MARGULAN, Alkey. Works. Almaty: Alatau, 2007.) escreveu:

As pessoas pediam conselhos a esses respeitados aksakals (anciãos) quando havia agitação entre as massas, quando as pessoas tentavam sair da crise, sobreviver ao declínio ou à devastação, ou quando o inimigo estava nas fronteiras do país. Neste caso, zhyrau exortou o povo a manter a calma, elevou o ânimo das pessoas, prevendo as consequências das ações/inação17 17 Em inglês: “People asked such respected aksakals (elders) for advice when there were riots among masses, when the people were trying to get out of the crisis, to survive decline or devastation, or when the enemy stood at the borders of the country. In this case, zhyrau urged the people to remain calm, raised the spirit of people, predicting the consequences of actions/inaction.” .

Asan Kaigy, que inscreveu seu nome nas páginas da história, mostrou um exemplo da profecia nas seguintes linhas:

Se você não se mover,
Se você não me ouvir,
E você não sentirá problemas em vir,
Então as cidades serão incendiadas,
E toda a família vai chorar!!
Eu vi tudo em um sonho,
Um sonho profético,
Você deveria saber!
Ei, Zhanibek, pense nisso,
Quando chegar a hora,
Quando o pique sai da água
Subirá ao pinheiro,
Você vai se lembrar das minhas palavras!?18 18 Em inglês: “If you don’t move,/ If you won’t listen to me,/ And you won’t feel trouble coming,/ Then the cities will burn down,/ And the whole family will cry!!/ I saw everything in a dream,/ A prophetic dream,/ You should know!/ Hey, Zhanibek, think about it,/ When time will come,/ When the pike out of the water/ Will climb up to the pine tree,/ Will you remember my words!?

Os eventos históricos mostraram claramente a incrível precisão da profecia de Asana Kaigy. A prova é a política mutável, devastadora e insidiosa de trezentos anos do Estado russo. Além dos pesquisadores citados, na década de 1920 foi publicado no jornal Zhas Kazakh um artigo intitulado Asan qayǵıdan [From Asan Kaigy]. Além disso, outros tipos de zhyrau cazaque podem ser nomeados. Eram conselheiros sábios que podiam expressar com ousadia palavras verdadeiras e justas diante de khan, ao mesmo tempo, eram eles que podiam glorificá-lo, elogiar as boas ações, podiam dar conselhos em tempos difíceis. Como exemplo, podemos citar o Asan Kaigy durante a época de khan Zhanibek, Umbetey e Bukhar zhyrau durante o reinado de Abylai. Este lado da atividade zhyrau foi descrito em detalhes por M. Auezov (1991AUEZOV, Mukhtar. History of Literature. Almaty: An Tili, 1991.):

Na verdade, a principal tarefa do mais velho era com ensinamentos morais, zhyrau era com reflexões; não como um canto, mas a implementação de orientação por meio de instruções. Eles foram, antes de tudo, conselheiros sábios, críticos perspicazes da época. Portanto, cada um deles era juiz, ou orador de seu país, de sua tribo. Ambos não eram apenas reverenciados como gênios do povo, mas também considerados no nível dos vizires (confidentes) de khan. Em tempos difíceis, quando khan não conseguia tomar uma decisão importante numa situação difícil, quando o futuro não estava claro, eles tinham a palavra final e decisiva. Em tempos de paz, eles apontavam o caminho, determinavam os rumos principais do país. A escolha das terras, a migração, o reassentamento, as guerras, a reconciliação - khan sempre teve essas pessoas como seus primeiros conselheiros... Quando foi necessário levar o decreto de khan a todo o povo, eles foram arautos fiéis19 19 Em inglês: “Indeed, the main task of the elder was with moral teachings, zhyrau was with reflections, not a chant, but the implementation of guidance through instructions. They were, first of all, wise advisers, sharp-sighted critics of the era. Therefore, each of them was either a judge, or an orator of his country, his tribe. Both were not only revered as geniuses of the people, but were considered at the level of the viziers (confidants) of the khan, and ruler. In difficult times, when the khan could not make an important decision in a difficult situation, when the future was unclear, they had the final decisive word. In peacetime, they pointed the way, determined the main direction for the country. The choice of lands, migration, resettlement, wars, reconciliation - the khan always had such people as his first advisers... When it was necessary to bring the khan’s decree to the whole people, they were faithful heralds.” .

M. Magauin (1992MAGAUIN, Mukhtar. Literature of the Kazakh Khanate. Almaty: Zhazushy, 1992.), falando sobre os zhyrau, que, segurando uma adaga nas mãos, lutaram com o inimigo, também possuíam sabedoria e qualidades de liderança, escreveu: “Graças à sua inteligência, poder poético, os zhyrau subiram ao nível do líder tribal e tiveram que desempenhar o papel de heróis, líderes militares em tempo de guerra”20 20 Em inglês: “Thanks to their intelligence, poetic power, the zhyrau rose to the level of the tribal leader and had to play the role of heroes, military leaders in wartime”. . Esta opinião é confirmada na história, por exemplo, “Dospambet era um orador, um grande guerreiro” ou Zhiembet da família Alshyn do zhuz mais jovem “era um comandante militar, juiz-chefe, batyr do Khan Yesim deste zhuz”. Provavelmente é por isso que muitos pesquisadores enfatizaram com segurança o ponto de vista do “comandante militar zhyrau”.

A principal característica do zhyrau é seu dom poético, a oratória. Aqui é oportuno citar o ponto de vista de A. Tazhibaev (1970TAZHIBAEV, Abdilda. The Giant: Poems. The Great Patriotic War: Poems and Poems, vol. 2, n. 1, pp. 197-198, 1970.): “Zhyrau é sem dúvida um poeta. Sem ser poeta é impossível ser zhyrau respeitado pelo povo”21 21 Em inglês: “Zhyrau is undoubtedly a poet. Without being a poet, it is impossible to be zhyrau respected by the people.” . H. Suyinshaliev (1997SUYINSHALIEV, Hangali. History of Kazakh Literature. Almaty: Sanat, 1997.) faz-lhe eco:

Mestres da lógica rápida e holística, que são capazes de montar consistentemente obras cheias de pensamentos e reflexões belas, expressivas, às vezes figurativamente, às vezes literalmente, profundas, são pessoas verdadeiramente livres. Moldadores de palavras alegóricas, preciosas e sublimes correspondentes à sabedoria e relevância, o melhor dos melhores, atenciosos e cautelosos, possuindo perfeitamente a palavra, capaz de encontrar um compromisso em uma disputa escandalosa com inimigos intratáveis, possuindo o grande poder da palavra. Os heróis que lideraram os batyrs cazaques no ataque às fortalezas, queimando seus inimigos com o poder das palavras22 22 Em inglês: “Masters of fast and holistic logic, who are able to consistently put together works full of beautiful, expressive, sometimes figuratively, sometimes literally, deep thoughts and reflections, are truly free people. Wordsmiths of allegorical, precious and sublime words corresponding to wisdom and relevance, the best of the best, thoughtful and cautious, perfectly owning the word, able to find a compromise in a scandalous dispute with intractable enemies, owning the mighty power of the word. The heroes who led the Kazakh batyrs in the attack of fortresses, burning their enemies with the power of words.” .

Observam-se, assim, as qualidades comuns a todos os zhyrau. Na verdade, cada tolgau impressiona pela sua profundidade de espírito, pela sua expressividade. Por exemplo:

Doce ouro de aço
Pega a respiração cortando,
A bebida cheia de sangue,
O cavalo potro,
Perdendo peso em campanha,
Agrada com um novo passeio.

ou:

Garanhão Selvagem
Não vai mostrar seu temperamento,
O último auyl
Provará bondade,
É bom quando você tem
Muitos parentes com você
Quando os inimigos estão fora do portão
Eles estão agarrando sem brincar,
Algum dia os ruins
desaparecerão para sempre!23 23 Em inglês: “Sweet gold of steel/ Catches the breath chopping,/ The drink filled with blood,/ The horse foal,/ Losing weight in campaign,/ Pleases with a new amble./ or:/ Wild Stallion/ Won’t show his temper,/ The last auyl/ Will prove kindness,/ It’s good when you have/ A lot of kindred with you/ When the enemies are outside the gate/ They are grabbing without joking,/ Someday the bad ones/ will disappear forever!”

Analisando os trechos, nota-se que nem todos conseguem escrever isso, nem todos poderiam ter tal sentimento no peito. Os pesquisadores científicos acreditaram razoavelmente, e até afirmaram que ninguém duvida das habilidades poéticas e oratórias do zhyrau. N. Kelimbetov (1983KELIMBETOV, Nemat. Early Kazakh Literature. Almaty: Sanat, 1983.) conclui em sua obra: “Zhyrau, basicamente, eram clarividentes, oráculos, videntes, gênios sábios, graças a essas qualidades vemos neles mensageiros de sabedoria, de que os governantes precisavam em um momento difícil, ou competentes juízes”24 24 Em inglês: “Zhyrau, basically, were clairvoyants, oracles, seers, wise geniuses, thanks to these qualities we see in them either messengers of wisdom, which the rulers needed in a difficult moment, or competent judges”. . Revelando a cor do zhyrau, mostrando sua essência e espiritualidade, os cientistas-pesquisadores estão unidos na opinião: “zhyrau é um poeta - improvisador, um homem de arte que usa a música como arma, uma figura sábia que entende as necessidades das pessoas, um clérigo clarividente e engenhoso que aponta o caminho certo em tempos difíceis, um vidente que pesa o mistério do tempo na balança da mente, dá criticamente o preço dos acontecimentos, um juiz justo e duro que sabe dizer o palavra certa, um guerreiro valente, um líder que se opõe ao inimigo não só com armas, mas também com palavras”25 25 Em inglês: “Zhyrau is a poet - improviser, a man of art who uses a song as a weapon, a wise figure who understands the needs of the people, a far-sighted and resourceful cleric who points the right way in difficult times, a seer who weighs the mystery of time on the scales of mind, critically gives the price of events, a fair and tough judge who knows how to say the right word, a brave warrior, a leader who opposes the enemy not only with weapons but also with words”. . Esta conclusão agrupa as opiniões de M. Magauin (1992MAGAUIN, Mukhtar. Literature of the Kazakh Khanate. Almaty: Zhazushy, 1992.), E. Tursynov (1976TURSYNOV, Ermek. The Oldest Representatives of Kazakh Literature. Almaty: Alma-Ater, 1976.), H. Suyinshaliev (1997SUYINSHALIEV, Hangali. History of Kazakh Literature. Almaty: Sanat, 1997.), Z. Kabdolov (2002KABDOLOV, Zeynolla. The Art of Words. Almaty: Sanat, 2002.). “A poesia de zhyrau apresenta ao leitor uma vida, uma realidade, uma época e um povo até então desconhecidos, como se abrisse a porta para um mundo desconhecido. Somente entrando por esta porta a pessoa pode aprender segredos até então desconhecidos, enriquecendo a visão de mundo” (Kelimbetov, 1983)26 26 Em inglês: “The poetry of zhyrau introduces the reader to a previously unknown life, reality, an unknown era and people, as if opening the door to an unknown world. Only by entering this door, a person can learn previously unknown secrets, enriching the worldview.” .

Nas reflexões de Tolgau que absorveram o mistério e o poder da história, zhyrau sempre colocou os interesses do país e os objetivos do povo em primeiro lugar. Tornaram-se uma característica distintiva do povo, enfatizando a sua identidade nacional. Observando a alta espiritualidade e sinceridade dos cazaques, Zhyrau deixam exemplos imortais de literatura para a posteridade. Tendo subido ao topo do conhecimento artístico, eles deixaram as maiores obras da consciência mundial. Quando se trata de história, os representantes da poesia zhyrau estavam na época da formação de um canato específico de cazaques. Eram conselheiros dos khan, que sonhavam em preservar a unidade do povo, quando necessário, pegaram em armas e se tornaram líderes militares, elevando o espírito do povo com um grito de guerra, chamando os descendentes à sabedoria e maturidade em suas obras, e deixaram um legado às gerações seguintes que ficará naturalmente preservado na memória do povo. Triste com o destino do povo de Asan Kaigy durante a época de Khan Zhanibek, no século XV, tanto o batyr quanto o orador Kaztugan zhyrau, o viajante Dospambet zhyrau, o doce Shalkiiz zhyrau, um dos líderes militares de Khan Yessim, batyr e zhyrau Zhyembet, o sarcástico Markaska zhyrau, o campo militar zhyrshy, o hereditário zhyrau Aktamberdy, os conselheiros de Khan Abylai, o livre zhyrau Umbetey e Bukhar - todos eles são representantes da verdadeira literatura cazaque do século XV-XVIII.

“Através das dificuldades de muitos milênios, apenas fragmentos e versos individuais, estrofes dos melhores dos melhores poetas e zhyrau chegaram até nós” 27 27 Em inglês: “Through the difficulties of many millennia, only fragments and individual lines, stanzas of the best of the best poets and zhyrau have reached us.” (Derbisalin, 1976DERBISALIN, Anwar. Tradition and Succession. Almaty: Nauka, 1976.). Os problemas de pesquisa, avaliação, registro das obras de zhyrau e suas biografias estão há mais de séculos em discussão. Mas a perspectiva temporal, por outro lado, gerou muitos pontos de vistas diferentes. É possível aprender a poesia de zhyrau através da consideração de opiniões que passaram no teste do tempo. No trabalho de investigação, em primeiro lugar, analisando a poesia de zhyrau pelo prisma das ideias, tendo considerado os trabalhos relevantes dos cientistas, propusemo-nos a revelar as características criativas do gênero de zhyrau: analisamos o mundo artístico, o mais importante, o imaginário da poesia. Outra tarefa que posposta, tendo considerado de forma abrangente esses representantes da poesia, estudamos os aspectos temáticos, estruturais e figurativos do gênero na criação de zhyrau. Para determinar as tradições do zhyrau na poesia moderna, é necessário estudar as questões acima mencionadas.

Informações sobre a poesia de zhyrau dos séculos XV-XVIII

O trabalho de coleta e estudo do passado da literatura cazaque, especialmente informações sobre a poesia de zhyrau dos séculos XV-XVIII, teve início na segunda metade do século XIX. O período nomeado de época pré-soviética caracteriza-se pelo facto de nesta fase ter ocorrido a recolha e registo da criatividade oral. Existem também estudos científicos que chegam a conclusões muito diferentes, que podem ser encontrados nas obras de autores citados, por exemplo, Sh. Ualikkhanov (1985), que foi um dos primeiros pesquisadores da estepe cazaque no campo sócio-histórico. Desde a infância ele foi fascinado pela poesia popular cazaque, coletando e gravando amostras clássicas. O fato de cantores e zhyrshy cazaques frequentemente se reunirem na casa de Shyngys teve um impacto significativo no sentimento de amor pela poesia popular que despertou em Shokan. Tendo memorizado os versos que ouvia, mais tarde, foi capaz de revivê-los como dados únicos. Por exemplo, ele diz que “O filósofo Nogai Asan Kaigy ainda está na ponta da língua nas estepes do Cazaquistão”28 28 Em inglês: “The Nogai philosopher Asan Kaigy is still on the tip of the tongue in the Kazakh steppe.” (Kopeev, 1992KOPEEV, Mashur. Works. Almaty: Sanat, 1992.) - lembrando que este zhyrau, que se tornou uma lenda, era um eloquente vizir inteligente (aproximado) de Khan Zhanibek. O apelido de “filósofo dos nômades” foi dado a Asan Kaigy por Sh. Ualikhanov. Além disso, nas obras de Sh. Ualikkhanov, há trechos do trabalho de zhyrau, por exemplo, nos seguintes versos: “O dia em que Ormanbet bi morreu, este é o dia em que os problemas começaram na sociedade Nogai. O dia em que Ormanbet bi morreu, foi o dia em que os Nogais foram divididos”. Esta frase é encontrada em muitas obras poéticas orais e lendas não apenas dos cazaques, mas também dos nogais, karakalpaks, tártaros, bashkirs e Kyrgyz, e é usada em todas as tradições como uma espécie de introdução (prólogo) a lendas e poemas, ou é mencionado como um marco importante, um evento histórico.

A Rússia czarista, durante a colonização da estepe cazaque, olhou com interesse para o mundo espiritual deste povo e realizou pesquisas, coletando trabalhos. Muitas informações podem ser encontradas na obra Samples of Folk Literature of the Turkic Tribes [Amostras de literatura popular das tribos turcas] do pensador dos estudos turcos V. Radlov (1904RADLOV, Vasiliy. Samples of Folk Literature of the Turkic Tribes. Almaty: Nauka, 1904.). A opinião sobre a posição da poesia popular cazaque e de seus criadores também é frequentemente encontrada lá. Chamando as obras do período pré-escrito de “arte popular oral”, tratou das propriedades gerais das obras: “elas refletem o espírito e as conquistas do povo, por isso são difundidas e têm grande respeito entre o povo”29 29 Em inglês: “they reflect the spirit and achievements of the people, so they are widespread and have great respect among the people.” . O autor expressou seu ponto de vista sobre a estrutura da canção cazaque, sobre as leis da rima. Escreveu que os versos e estrofes (tamanhos dos versos) do poema não são consecutivos, monossilábicos, que são usados principalmente para improvisação, por isso é difícil perceber padrões estáveis, e a questão da rima é decidida pelo criador das lendas zhyr. V. Radlov se esforçou muito para registrar os materiais que coletou em uma versão verdadeiramente folclórica, modificando o alfabeto russo para refletir as características articulatórias da maneira conversacional do povo cazaque, ou seja, percebendo o valor científico do trabalho realizado, tratou-o com grande diligência e tato.

A primeira parte está na edição de V. Radlov intitulada Folk Art [Arte popular]. Ele usou essa frase no sentido de “obras folclóricas”, ou seja, “folclore”, e combinou obras poéticas e em prosa. V. Radlov abre a edição com uma coleção de poemas “Ulgi soz” [Palavra antiga], cuja essência se aproxima em motivos didáticos das obras da poesia zhyrau. Muitos deles se tornaram expressões populares e são usados como provérbios e ditados:

Do que a maioria está falando?
Sobre as vilanias da minoria.
Do que a minoria está falando?
Sobre as censuras da maioria30 30 Em inglês: “What is the majority talking about?/ About the villainies of the minority./ What is the minority talking about?/ About the reproaches of the majority.” .

Esses versos do poema da obra de zhyrau dos séculos XV-XVIII, com várias mudanças posteriormente, foram reconhecidos pelos cientistas pesquisadores como obra de Bukhar Zhyrau, e se tornaram o início de uma reflexão de Tolgau de 21 versos:

O segredo do cavalo não é nada simples:
A crina e a cauda não são o principal,
E nunca um incômodo, acredite em mim,
Ele não se tornará um garanhão, infelizmente31 31 Em inglês: “The secret of the horse is not at all simple:/ The mane and tail are not the main thing,/ And never a nag, believe me,/ He will not become a stallion, alas!” !

Este tolgau foi posteriormente dividido em duas partes após os versos “Uma fonte que corre das montanhas” ficou sem autor. Além disso, deve-se destacar o papel especial do poeta Mashkhur-Zhusip Kopeyuly na coleta de obras desse período, porque ele é um daqueles que cuidadosamente colecionou bordões, lendas zhyr, ou seja, amostras de literatura oral da obra de Bukar zhyrau. “Os manuscritos de Mashkhur-Zhusip devem ser considerados os originais das obras de Bukar. Por mais importantes que sejam as cópias de Murseit para Abay, tão importantes são os registros de Mashhoor para Bukhara. As lendas zhyr de Mashhur e Bukhara foram reescritas em duas cópias”32 32 Em inglês: “The manuscripts of Mashkhur-Zhusip should be taken as the original of Bukar’s works. As important as the copies of Murseit are for Abay, are Mashhoor’s records to Bukhara. Zhyr-legends of Mashhur and Bukhara were rewritten in two copies.” , escreveu M. Magauin (1992MAGAUIN, Mukhtar. Literature of the Kazakh Khanate. Almaty: Zhazushy, 1992.). Mashhur, em seu trabalho sobre Bukhar zhyrau, escreveu que um ancião de 93 anos da família Tortyul, Karzhas Altyntori, um zhuz médio, filho de batyr Kalkaman, apelidado de Bukhar-zhyrau, executou zhyr na frente de Abylai Khan. As pessoas daquela época chamavam Bukhar zhyrau de “a voz sagrada”. Ele não conhece uma palavra, mas quando fala, uma música, zhyr flui de sua boca (Gabitov, 2006GABITOV, Tursin. Philosophy. Almaty: Alma-Ater, 2006.; Saddykova et al., 2021SADDYKOVA, Raissa, MUKHAZANOVA, Raushan, KASSYMOVA, Assem, KABDULLINA, Gulnur, YELUBAY, Assem. Literary Myth and Journalistic Logos: From Contrast to Integration. Journal of Language and Linguistic Studies, vol. 17, n. 3, pp. 1402-1410, 2021. https://doi.org/10.52462/jlls.101
https://doi.org/10.52462/jlls.101...
).

Zhyrau, principalmente, apesar de servirem aos khans para aumentar sua autoridade, não puderam deixar de escrever sobre a verdade da vida (Nusipalikyzy et al., 2020NUSIPALIKYZY, Aktoty, ALMASBEK, Maulenov, DOSBOL, Baigunakov, KOSHENOVA, Toty, MEKEBAEVA, Leila. Echoes of the Turkic World and Folklore in the Holy Book Avesta. Rupkatha Journal on Interdisciplinary Studies in Humanities, vol. 12, n. 4, p. 28, 2020. https://doi.org/10.21659/rupkatha.v12n4.28
https://doi.org/10.21659/rupkatha.v12n4....
). Quando era necessário, falavam diretamente aos beys, khans, condenando os vícios negativos, as más ações. Existem muitas dessas linhas no legado de zhyrau, que retratam a realidade do tempo, os segredos da época (Koniratbay et al., 2023). No final do século XIX e início do século XX, a questão da recolha e publicação do patrimônio de zhyrau recebeu uma das direções prioritárias (Kemerbay, 2020KEMERBAY, Ravan. Asan Kaigy: Philosophy of Modern Times, 2020. https://www.twirpx.com/file/3196299/
https://www.twirpx.com/file/3196299...
; Akbulatov, 2018AKBULATOV, Aydarbek. Methods of Teaching Kazakh Novels in High School in the XXI Century, 2018. https://www.internauka.org/authors/akbulatov-aydarbek-ahmetuly
https://www.internauka.org/authors/akbul...
; Aliyeva, 2016ALIYEVA, Zhanat. Ancient Turkic Sary in Kazakh Poetry and Recommendations for its Teaching, http://nblib.library.kz/elib/Sait/%D0%94%D0%B8%D1%81%D1%81%D0%B5%D1%80%D1%82%D0%B0%D1%86%D0%B8%D0%B8/2017/Alieva%20J.A/Alieva%20J.A.pdf 2016.
http://nblib.library.kz/elib/Sait/%D0%94...
).

Conclusões

O fenômeno zhyrau deixou uma marca indelével na história da literatura mundial. Apesar de o estudo da poesia zhyrau ter sido iniciado durante o período soviético, seu trabalho sofreu devido a abusos criados artificialmente, por causa das ideias da sociedade stalinista. Nos anos trinta do século XX, grandes publicitários e cientistas partilharam os seus pensamentos sobre a história da literatura, mas até aos anos sessenta, a sombra do ponto de vista comunista forçou a encurtar a história da literatura cazaque. Muitos cientistas não tiveram medo de dar um passo ousado, expressando opiniões científicas sobre a situação da cultura cazaque. Foi este passo que “lançou” bases sólidas para um estudo aprofundado desta cultura, apreendendo os seus principais fundamentos. Como resultado, a poesia nacional altamente espiritual não permaneceu escondida, mas foi devolvida ao povo. Mais tarde, a essência da poesia zhyrau, características do gênero, horizontes artísticos, temas, os próprios representantes da poesia zhyrau tornaram-se temas de obras monográficas. A pesquisa não para por aí. Desde que declarou a independência, o país tem prestado grande atenção à história da literatura, em particular à poesia de zhyrau. Com o tempo, conquistou seu lugar de honra no mesmo nível de outros tipos de poesia.

REFERÊNCIAS

  • ABYLKASSYMOV, Babash. Formal Character of Style in the Genre of Tolgau. Almaty: Alma-Ater, 1976.
  • ADILOVA, Zhanar, SEITOVA, Shynar, KASSYMOVA, Assem, DOLGUSHEVA, Tatiana. Russian Rural Place Names and Features of their Derivational Structure (Based on the Toponymy of East Kazakhstan). Voprosy Onomastiki, vol. 19, n. 1, pp. 245-258, 2022. https://doi.org/10.15826/vopr_onom.2022.19.1.013
    » https://doi.org/10.15826/vopr_onom.2022.19.1.013
  • AKBULATOV, Aydarbek. Methods of Teaching Kazakh Novels in High School in the XXI Century, 2018. https://www.internauka.org/authors/akbulatov-aydarbek-ahmetuly
    » https://www.internauka.org/authors/akbulatov-aydarbek-ahmetuly
  • ALIYEVA, Zhanat. Ancient Turkic Sary in Kazakh Poetry and Recommendations for its Teaching, http://nblib.library.kz/elib/Sait/%D0%94%D0%B8%D1%81%D1%81%D0%B5%D1%80%D1%82%D0%B0%D1%86%D0%B8%D0%B8/2017/Alieva%20J.A/Alieva%20J.A.pdf 2016.
    » http://nblib.library.kz/elib/Sait/%D0%94%D0%B8%D1%81%D1%81%D0%B5%D1%80%D1%82%D0%B0%D1%86%D0%B8%D0%B8/2017/Alieva%20J.A/Alieva%20J.A.pdf
  • AUEZOV, Mukhtar. History of Literature. Almaty: An Tili, 1991.
  • AYYMBETOV, Kalli. Karakalpak Folk Wisdom. Almaty: Academy of Sciences of the Kazakh SSR, 1968.
  • BAYTURSYNULY, Ahmet. Literature Guide. Almaty: Atamura, 2003.
  • BUDOGOV, Lazar. Comparative Dictionary of Turkish - Tatar Dialects, 1947. https://avidreaders.ru/book/sravnitelnyy-slovar-turecko-tatarskih-narechiy1.html
    » https://avidreaders.ru/book/sravnitelnyy-slovar-turecko-tatarskih-narechiy1.html
  • DERBISALIN, Anwar. Tradition and Succession. Almaty: Nauka, 1976.
  • GABITOV, Tursin. Philosophy. Almaty: Alma-Ater, 2006.
  • ISMAILOV, Abu. Climbing Parnassus: A Bibliographic Sketch about the Work of Adiz Kusaev. Elista: Dzhangar, 2010.
  • KABDOLOV, Zeynolla. The Art of Words. Almaty: Sanat, 2002.
  • KELIMBETOV, Nemat. Early Kazakh Literature. Almaty: Sanat, 1983.
  • KEMERBAY, Ravan. Asan Kaigy: Philosophy of Modern Times, 2020. https://www.twirpx.com/file/3196299/
    » https://www.twirpx.com/file/3196299
  • KONYRATBAY Tynysbek, KERIMBEK Jılbek, DARKEMBAYEVA Assiya, BEKMOLDINOV Nartay, SULTANOVA Maira. New Questions in the Examination of Korkut's Epic Heritage: Forgery and Fake Replacements. Milli Folklor, vol. 138, n. 1, pp. 154-165, 2023. https://doi.org/10.58242/millifolklor.1072507
    » https://doi.org/10.58242/millifolklor.1072507
  • KOPEEV, Mashur. Works. Almaty: Sanat, 1992.
  • KUNANBAYEV, Abay. Favorites. Series “Wisdom of the Ages.” Moscow: Russian Rarity, 2006.
  • MAGAUIN, Mukhtar. Literature of the Kazakh Khanate. Almaty: Zhazushy, 1992.
  • MARGULAN, Alkey. Works. Almaty: Alatau, 2007.
  • NUSIPALIKYZY, Aktoty, ALMASBEK, Maulenov, DOSBOL, Baigunakov, KOSHENOVA, Toty, MEKEBAEVA, Leila. Echoes of the Turkic World and Folklore in the Holy Book Avesta. Rupkatha Journal on Interdisciplinary Studies in Humanities, vol. 12, n. 4, p. 28, 2020. https://doi.org/10.21659/rupkatha.v12n4.28
    » https://doi.org/10.21659/rupkatha.v12n4.28
  • RADLOV, Vasiliy. Samples of Folk Literature of the Turkic Tribes. Almaty: Nauka, 1904.
  • ROMANIUK, Oleksandra. Expression and Interpretation of Attraction and Interpersonal Intimacy: A Comparative Study of Female Nonverbal Behaviour. Analele Universitatii din Craiova - Seria Stiinte Filologice, Lingvistica, vol. 43, n. 1-2, pp. 220-237, 2021. https://anale-lingvistica.reviste.ucv.ro/index.php/laucv/article/view/18
    » https://anale-lingvistica.reviste.ucv.ro/index.php/laucv/article/view/18
  • SADDYKOVA, Raissa, MUKHAZANOVA, Raushan, KASSYMOVA, Assem, KABDULLINA, Gulnur, YELUBAY, Assem. Literary Myth and Journalistic Logos: From Contrast to Integration. Journal of Language and Linguistic Studies, vol. 17, n. 3, pp. 1402-1410, 2021. https://doi.org/10.52462/jlls.101
    » https://doi.org/10.52462/jlls.101
  • SMIRNOVA, Nina. History of Kazakh Literature. Almaty: Ama-Ater, 1979.
  • SUYINSHALIEV, Hangali. History of Kazakh Literature. Almaty: Sanat, 1997.
  • TAZHIBAEV, Abdilda. The Giant: Poems. The Great Patriotic War: Poems and Poems, vol. 2, n. 1, pp. 197-198, 1970.
  • TURSYNOV, Ermek. The Oldest Representatives of Kazakh Literature. Almaty: Alma-Ater, 1976.
  • UALIKHANOV, Shokan. Selected Works. Moscow: Nauka, 1985.
  • ZHIRMUNSKY, Viktor, ZARIFOV, Hakim. Uzbek Folk Heroic Epic. Moscow: OGIZ, 1947.
  • Declaração de disponibilidade de conteúdo

    Os autores confirmam que os dados que apoiam os resultados deste estudo estão disponíveis no artigo.
  • Pareceres

    Tendo em vista o compromisso assumido por Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso com a Ciência Aberta, a revista publica somente os pareceres autorizados por todas as partes envolvidas.
  • 1
    Em inglês: “zhyr is a rhapsody. The verb itself zhyrlau means the performance of a song to a certain melody. The melodies of the steppe have always been performed to the accompaniment of kobyz...”
  • 2
    Em inglês: “Zhyrau perhaps has the meaning connected with a word from the Hindi language: a precious stone”.
  • 3
    Em inglês: “akyn, that is, the poet among the Kazakhs is the name from which Zhyrau later appeared”.
  • 4
    Em inglês: “Perhaps poets appeared among Karakalpaks after Zhyrau... among Karakalpaks, the art of Zhyrau appeared before the art of kissa, poets, shayyr, having existed for many centuries together with the people. The poets of the Karakalpaks appeared after Zhyrau.”
  • 5
    Em inglês: “Zhyrau - masters of the word, who were the guardians of the national heritage, took the kobyz in their hands, sang about the issues of their time, telling everyone: dastans, historical deeds, demonstrations of folk oral creativity as words of edification, tolgau (reflections), terme... These art forms had always been present in battles and wars in the first row, inspiring soldiers with heroic deeds. They played a great role in predicting the future. Rulers kept such zhyrshy at the court, constantly promoting the execution of these art works.”
  • 6
    Em inglês: “zhyruchy - is Zhyrau in old words. This was the name of those who told zhyr-dastans, so the word zhyrshy has the same root.”
  • 7
    Em inglês: “I am a singer with a melodious voice, I have a poet’s soul.”
  • 8
    Em inglês: “There were two types of poets in Abylai’s time. One is like an elderly man who spoke edifying words, unravelling the secrets of the coming day, predicting the future; the other is Zhyrau, performing tolgau-reflections. For them, writing was not some kind of professional craft as it is for contemporary poets. It is certain that both the edifying words of the elderly and the reflective Zhyrau took the main task as setting a general direction for the country, guiding the strategy of actions. Both cases show the ingenuity of the people, criticism of the era, sharp-sightedness of observers.”
  • 9
    Em Inglês: “according to the folk heritage of legends preserved to this day, professional poets have long been divided into several types: ‘Zhyrau,’ ‘zhyrshy,’ ‘akyn,’ ‘olenshi.’ Zhyrau and zhyrshy poets had been especially appreciated and respected and had had a great influence on the life of the people.”
  • 10
    Em inglês: “Zhyrau was a wise old man, an orator, an improviser poet, a genius thinker.”
  • 11
    Em inglês: “In the ancient samples of Kazakh oral folk art, ‘Zhyrau’ is more alike with the most ancient type of poetry, the special difference between Zhyrau and the common poet is the uniformity of motives and themes of creativity.”
  • 12
    Em inglês: “Zhyrau is undoubtedly a poet. It is impossible to get the honorary title of Zhyrau without being a poet. The works of Zhyrau with high poetic abilities, are always revived, are always in demand, are passed on to subsequent generations in their original excellent form.”
  • 13
    Em inglês: “Zhyrau is a spiritual leader, the support for their tribe, a wise aksakal (elderly)... the main feature of Zhyrau is the poetic gift, that is, the ability to compose, the poetic abilities. There is no doubt that the word Zhyrau has its etymological origin in the meaning of the word ‘zhyr.’”
  • 14
    Em inglês: “Zhyrau is one of the first representatives of oral creativity. The creator and performer of tolgau-insights-reflections, where the most important issues of society were touched upon, is not just a zhyrshy, but a genius, a sage, an oracle. The image of Zhyrau began to form during the unification of tribal in the ancient centuries. In the 15th to 18th centuries, Zhyrau became known as public figures and outstanding poets. They evoqued parting words (bata) before the battle, raising the morale of the soldiers, performed tolgau, and served as of advisers to the rulers of the state.”
  • 15
    Em inglês: “Therefore, it is quite possible to assume that zhyrau came from the form zhyr through the word zhyrlau. The preservation of the dictionary form of an outdated word of foreign peoples, as a result of the exchange of closely living peoples, is a phenomenon that is often encountered in the history of the language... In the ancient samples of Kazakh oral literature, zhyrau recalls the oldest kind of poet; zhyrau interfered little in life situations, they rather expressed philosophical thoughts about the past and the future, about honesty and humanity, good and bad, about times and epochs, acting as oracles, predicting the future of humanity.”
  • 16
    Em inglês: “Sweet spicy-floral fragrance,/ The smell of koumiss in a bowl is also good./ Hey, zhyrau, shine with your art,/ Play for us on jetigen,/ You tell us zhyrs of baghaturs,/ You know a lot from the past world.”
  • 17
    Em inglês: “People asked such respected aksakals (elders) for advice when there were riots among masses, when the people were trying to get out of the crisis, to survive decline or devastation, or when the enemy stood at the borders of the country. In this case, zhyrau urged the people to remain calm, raised the spirit of people, predicting the consequences of actions/inaction.”
  • 18
    Em inglês: “If you don’t move,/ If you won’t listen to me,/ And you won’t feel trouble coming,/ Then the cities will burn down,/ And the whole family will cry!!/ I saw everything in a dream,/ A prophetic dream,/ You should know!/ Hey, Zhanibek, think about it,/ When time will come,/ When the pike out of the water/ Will climb up to the pine tree,/ Will you remember my words!?
  • 19
    Em inglês: “Indeed, the main task of the elder was with moral teachings, zhyrau was with reflections, not a chant, but the implementation of guidance through instructions. They were, first of all, wise advisers, sharp-sighted critics of the era. Therefore, each of them was either a judge, or an orator of his country, his tribe. Both were not only revered as geniuses of the people, but were considered at the level of the viziers (confidants) of the khan, and ruler. In difficult times, when the khan could not make an important decision in a difficult situation, when the future was unclear, they had the final decisive word. In peacetime, they pointed the way, determined the main direction for the country. The choice of lands, migration, resettlement, wars, reconciliation - the khan always had such people as his first advisers... When it was necessary to bring the khan’s decree to the whole people, they were faithful heralds.”
  • 20
    Em inglês: “Thanks to their intelligence, poetic power, the zhyrau rose to the level of the tribal leader and had to play the role of heroes, military leaders in wartime”.
  • 21
    Em inglês: “Zhyrau is undoubtedly a poet. Without being a poet, it is impossible to be zhyrau respected by the people.”
  • 22
    Em inglês: “Masters of fast and holistic logic, who are able to consistently put together works full of beautiful, expressive, sometimes figuratively, sometimes literally, deep thoughts and reflections, are truly free people. Wordsmiths of allegorical, precious and sublime words corresponding to wisdom and relevance, the best of the best, thoughtful and cautious, perfectly owning the word, able to find a compromise in a scandalous dispute with intractable enemies, owning the mighty power of the word. The heroes who led the Kazakh batyrs in the attack of fortresses, burning their enemies with the power of words.”
  • 23
    Em inglês: “Sweet gold of steel/ Catches the breath chopping,/ The drink filled with blood,/ The horse foal,/ Losing weight in campaign,/ Pleases with a new amble./ or:/ Wild Stallion/ Won’t show his temper,/ The last auyl/ Will prove kindness,/ It’s good when you have/ A lot of kindred with you/ When the enemies are outside the gate/ They are grabbing without joking,/ Someday the bad ones/ will disappear forever!”
  • 24
    Em inglês: “Zhyrau, basically, were clairvoyants, oracles, seers, wise geniuses, thanks to these qualities we see in them either messengers of wisdom, which the rulers needed in a difficult moment, or competent judges”.
  • 25
    Em inglês: “Zhyrau is a poet - improviser, a man of art who uses a song as a weapon, a wise figure who understands the needs of the people, a far-sighted and resourceful cleric who points the right way in difficult times, a seer who weighs the mystery of time on the scales of mind, critically gives the price of events, a fair and tough judge who knows how to say the right word, a brave warrior, a leader who opposes the enemy not only with weapons but also with words”.
  • 26
    Em inglês: “The poetry of zhyrau introduces the reader to a previously unknown life, reality, an unknown era and people, as if opening the door to an unknown world. Only by entering this door, a person can learn previously unknown secrets, enriching the worldview.”
  • 27
    Em inglês: “Through the difficulties of many millennia, only fragments and individual lines, stanzas of the best of the best poets and zhyrau have reached us.”
  • 28
    Em inglês: “The Nogai philosopher Asan Kaigy is still on the tip of the tongue in the Kazakh steppe.”
  • 29
    Em inglês: “they reflect the spirit and achievements of the people, so they are widespread and have great respect among the people.”
  • 30
    Em inglês: “What is the majority talking about?/ About the villainies of the minority./ What is the minority talking about?/ About the reproaches of the majority.”
  • 31
    Em inglês: “The secret of the horse is not at all simple:/ The mane and tail are not the main thing,/ And never a nag, believe me,/ He will not become a stallion, alas!”
  • 32
    Em inglês: “The manuscripts of Mashkhur-Zhusip should be taken as the original of Bukar’s works. As important as the copies of Murseit are for Abay, are Mashhoor’s records to Bukhara. Zhyr-legends of Mashhur and Bukhara were rewritten in two copies.”

Parecer I

Sobre o autor do parecer SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Parecer I

1. Em geral, o conteúdo do artigo corresponde ao tema apresentado. No entanto, em nossa opinião, o seu valor teria aumentado significativamente se o autor tivesse dado uma imagem mais detalhada da correspondência dos processos que analisou na literatura e cultura cazaques com os fenômenos da literatura mundial, pelo menos nas regiões de língua turca. Não menos estranha é a ausência no artigo de referências à teoria dos gêneros de Mikhail Bakhtin, bem como às obras do estudioso da década de 1930, em particular a “O Discurso no Romance”, “Formas do Tempo e Cronotopo”. ...”, etc 2. A estrutura do artigo está de acordo com as normas. O problema declarado é apresentado nele de forma consistente e lógica. Os exemplos fornecidos são representativos e convincentes. 3. O autor apresenta uma análise detalhada dos estudos dedicados ao fenômeno de Zhyrau. Ao mesmo tempo, em seus métodos, o artigo permanece dentro dos limites da crítica literária soviética e pós-soviética. Neste sentido, a posição do autor não difere muito das opiniões dos seus antecessores há 30 e até 50 anos. A posição do autor seria significativamente fortalecida por um apelo à teoria e à prática dos estudos pós-coloniais, o que aumentaria a conformidade do artigo com as exigências da teoria moderna. 4. O artigo é uma generalização séria e contém uma análise detalhada de numerosos trabalhos de antecessores. A figura de F Zhyrau é apresentada nele como um fenômeno literário e sociocultural de grande escala que desempenhou um papel importante no desenvolvimento da consciência criativa e da identidade nacional do povo cazaque. É isso que determina a originalidade e a novidade do artigo que está sendo revisado. 5. A linguagem do artigo está de acordo com as normas. Os exemplos literários dados no artigo estão traduzidos de forma bastante adequada, são corretos e representativos. Eu recomendaria usar o termo estudioso em vez de cientista para me referir a um pesquisador de humanidades. APROVADO

  • recomendação: aceitar

Histórico

  • Parecer recebido em
    09 Mar 2024

Parecer II

Sobre o autor do parecer SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Parecer II

O artigo elege o tema “zhyrau” e fundamentado em um trabalho de Filologia e de História das culturas dos povos turcos (como os tártaros, os nogais, os karakalpaks), dos quirguizes e, especialmente, dos cazaques, discute a origem e a etimologia dessa palavra na tradição de cada um desses grupos sociais e centra o foco na cultura do Cazaquistão para examinar os vários significados de que esse termo se recobre ao longo dos tempos até a atualidade, seja quando o vocábulo “zhyrau” se refere à poesia oral desses povos, seja quando “zhyrau” nomeia o poeta dessa arte popular. Além dessa atuação na sociedade, os “zhyraus” também acumulavam outros papéis: de conselheiros, por serem sábios ou por terem dons de oráculos, e de críticos perspicazes da época, de sua tribo, de seu país. O(A) articulista mostra pleno domínio do assunto e da bibliografia utilizada em uma exposição clara, coerente, sem perder de vista o objetivo proposto e a consistência da pesquisa, sempre guiado(a) pela ampla base teórica escolhida. O texto dá uma grande contribuição aos leitores, por apresentar um trabalho de cunho científico bem desenvolvido e, particularmente àqueles que não são familiares à cultura asiática, ele oferece também um conhecimento dos processos de composição das canções populares das culturas estudadas e das funções sociais atribuídas a esses poetas. Tendo em vista o exposto, recomendo o artigo para publicação. APROVADO

  • recomendação: aceitar

Histórico

  • Parecer recebido em
    16 Abr 2024

Disponibilidade de dados

Os autores confirmam que os dados que apoiam os resultados deste estudo estão disponíveis no artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2024

Histórico

  • Recebido
    02 Fev 2024
  • Aceito
    30 Jul 2024
LAEL/PUC-SP (Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Rua Monte Alegre, 984 , 05014-901 , Tel.: (55 11) 3258-4383 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: bakhtinianarevista@gmail.com