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A literatura contemporânea para crianças e jovens: espaço(s) plural(is)

O que essencialmente era uma unidade linguística há 100 anos agora se tornou principalmente uma unidade visual. A página já não é, como era predominantemente no século XIX, simplesmente uma divisão conveniente para fins de impressão. Na cultura ocidental, ela é cada vez mais considerada uma unidade textual por si só1 1 No original: “What was essentially a linguistic unit 100 years ago has now become primarily a visual unit. The page is no longer, as it was predominantly in the 19 th century, simply a convenient division for the purposes of printing. In Western culture, it is increasingly looked upon as a textual unit in its own right” (p. 58). .

Anthony Baldry e Paul J. Thibault

Baldry e Thibault resumem a situação atual dos leitores nos primeiros anos do século XXI. Com o rápido avanço das tecnologias digitais, que incorporam uma variedade de linguagens, desde texto verbal e imagens até música e sons, os textos literários não permaneceram unimodais.

Se, ao considerarmos uma obra literária, geralmente pensávamos apenas em um texto habilmente elaborado, composto por palavras e frases organizadas de forma linear para representar personagens, ações, espaços, tempos, pensamentos e sentimentos, essa não é mais a realidade atual. A textura e a gramatura do papel, as cores, a diagramação, a tipografia, o layout e até mesmo a presença de ilustrações, assumem papel narrativo, demandando-nos, diante de uma obra literária, analisar não apenas as palavras, mas também a própria página (e a obra como um todo) em sua manifestação material.

Estamos, assim, diante do que Rojo (2016ROJO, Roxane. Linguagem: representação ou mediação? Veredas. Revista de Estudos Linguísticos, 1 (1), 2016, pp. 41-49.) denomina de textos multimodais, isto é, textos compostos por diversas linguagens (modos, semioses) que “exigem habilidades práticas de compreensão e produção de cada uma delas (multiletramentos) para atribuição de significado” (Rojo, 2016, p. 19). Em outras palavras, conforme explicado por Hallet, “[s]er letrado de maneira multimodal seria, portanto, definido como a capacidade de decifrar, codificar e ‘ler’ vários modos semióticos e sua combinação em um único ato de representação ou comunicação2 2 No original: “Being multimodally literate would therefore be defined as the ability to decipher, decode and ‘read’ various semiotic modes and their combination in a single act of representation or communication” (Hallet, 2018, p. 04). ” (Hallet, 2018, p. 04; tradução nossa).

Inseridos na era digital, estamos constantemente expostos a textos multimodais. No entanto, embora no cotidiano a compreensão desses textos ocorra de forma mais ou menos intuitiva - em que cada imagem sugere outras ideias e cada texto traz à mente certas imagens, de modo que a multimodalidade parece um processo cognitivo “instintivo” na atribuição de significados -, a leitura de textos literários multimodais requer uma atenção e envolvimento mais cuidadosos por parte do leitor.

Atenção e envolvimento necessários porque, como Hallet destaca, “os leitores de ficção multimodal devem ser letrados em todos os sistemas de signos que fazem parte da narrativa em questão, ou seja, eles devem ser capazes de decodificar e apreender o significado do modo específico com que cada um é apresentado3 3 No original: “readers of multimodal fiction must be literate in every sign system that is part of the novelistic narrative in question, i.e. they must be able to decode and apprehend the meaning of the specific mode that is presented […]”. ” (2018, p. 28; tradução nossa). Além disso, o leitor precisa ser capaz de ler de forma sinérgica as diversas linguagens composicionais da obra, relacionando-as e integrando-as, já que, conforme Hallet nos ensina, referindo-se aos romances multimodais, “apenas uma integração completa de todos os modos em uma apreensão holística (ou interpretação) do romance é uma maneira apropriada de ler ficções multimodais4 4 No original: “only a full integration of all of the modes in a holistic apprehension (or interpretation) of the novel is an appropriate way of reading multimodal fictions”. ” (Hallet, 2018, p. 29; tradução nossa), reflexão essa que pode ser estendida a outros gêneros discursivos. Dito de outra forma, a leitura vai além da simples decodificação; demanda-se do leitor interpretar, o que implica não apenas perceber as linguagens composicionais do texto, mas, principalmente, considerar cuidadosamente como essas linguagens se apresentam e se relacionam no processo de produção de significados.

É evidente, assim, que o leitor não desempenha um papel passivo. Ao se deparar com a leitura de um texto literário multimodal, não se espera apenas que ele observe ou descreva os recursos semióticos. “Diferente da leitura linear de textos monomodais, materiais multimodais exigem o processamento de mais de um modo e o reconhecimento das interconexões entre esses modos5 5 No original: “Different from the linear reading of monomodal texts, multimodal materials require the processing of more than one mode and the recognition of the interconnections between these modes”. ” (Eisenmann & Summer, 2020EISENMANN, Maria; SUMMER, Theresa. Multimodal Literature in ELT: Theory and Practice. CLELE Journal, 8 (1), pp. 52-73, 2020., p. 57; tradução nossa), o que significa que imagens, cores, tipografia, layout, qualidade do papel, juntamente com as informações do texto verbal, são elementos importantes para a construção de uma coerência global na leitura, carregando consigo valores e, portanto, demandando habilidades específicas.

Cada leitor, portanto, é como um coautor, visto que reconhece o processo de leitura como uma interação ativa. Ele é convidado a interpretar o texto com base em seu próprio repertório e horizonte de expectativas, os quais desempenham um papel crucial na interpretação. Isso ocorre porque

uma obra não se apresenta nunca, nem mesmo no momento em que aparece, como uma absoluta novidade, num vácuo de informação, predispondo antes o seu público para uma forma bem determinada de recepção, através de informações, sinais mais ou menos manifestos, indícios familiares ou referências implícitas. Ela evoca obras já lidas, coloca o leitor numa determinada situação emocional, cria, logo desde o início, expectativas a respeito do ‘meio e do fim’ da obra que, com o decorrer da leitura, podem ser conservadas ou alteradas, reorientadas ou ainda ironicamente desrespeitadas, segundo determinadas regras de jogo relativamente ao género ou ao tipo de texto (Jauss, 1993JAUSS, Hans Robert. A literatura como provocação. Trad. Teresa Cruz. Lisboa: Veja, 1993., p. 66-67).

Quando se trata de obras multimodais, a situação se torna ainda mais complexa e desafiadora. O jogo com o repertório e o horizonte de expectativas do leitor não se limita apenas ao plano verbal, mas se estende também ao visual e ao gráfico, permitindo que o leitor reveja e repense suas crenças, princípios assimilados e ideias aprendidas, o que, por sua vez, amplia o ato interpretativo.

É esse tipo de composição literária e as demandas implicadas por sua leitura que aqui abordamos. Dada a riqueza da produção literária contemporânea destinada preferencialmente às crianças e a jovens leitores - no cenário internacional e, especialmente, no cenário brasileiro -, muitos são os estudos a ela direcionados, o que se reflete claramente neste número de Bakhtiniana, ao qual muitas submissões foram endereçadas. Reunimos, neste volume, um conjunto de artigos que, para além de evidenciar as diferentes linguagens compositivas do livro infantil e juvenil, apontam para os efeitos de sentido gerados a partir de sua composição multimodal, a qual estabelece estreito diálogo com o contexto contemporâneo.

As vozes dos pesquisadores reunidos aqui, a partir de diferentes vieses teóricos e metodológicos, destacam, observam e analisam obras infantis e juvenis multimodais, nas quais o texto literário estabelece relações com outras artes, mídias e códigos e, consequentemente, suas implicações em termos da narrativa, da materialidade e do design do livro, alguns deles, discutindo, ainda, como essa produção contribui para a formação de leitores mais críticos e reflexivos.

Claudia Sousa Pereira, da Universidade de Évora, Portugal, assina “Ler com o corpo, escrever na pele: um caso de blast over com literatura, ilustração, edição e tattoo dentro”. Partindo do espaço da tatuagem - conhecido pelos jovens - e inspirada pelo princípio de blast over - o qual consiste na utilização dos espaços entre as tatuagens para inserir novas sem esconder ou disfarçar as anteriores - a pesquisadora propõe-nos uma análise do livro do artista Coração com estrela-do-mar dentro, escrito por Filipe Homem Fonseca, em 2019. O conceito de blast over torna-se, neste artigo, objeto de investigação no âmbito da leitura literária, com uma abordagem também pragmática. Iniciando com a exploração do objeto-livro, que dá destaque significativo à ilustração, assinada por death_by_pinscher, Claudia Sousa Pereira analisa-a em diálogo com o texto e o projeto gráfico do livro, empreendendo uma leitura global que destaca a capacidade de envolvimento do jovem leitor com esse texto a partir da tatuagem - forma de expressão comum no contexto contemporâneo.

Na sequência, em “Testamento eternizado em escarlates letras: literariedade, materialidade e ilustração em A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho (2020)”, Lucas Silvério Martins e Silvana Augusta Barbosa Carrijo, ambos da Universidade Federal de Goiás, analisam o livro-objeto de autoria de Agnese Baruzzi e Sandro Natalini intitulado A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho. Em seu texto, os pesquisadores investigam as características da obra responsáveis por promoverem sua apreciação estético-literária, explorando, para isso, as particularidades do texto verbal, visual e os elementos materiais que permeiam a obra, evidenciando as técnicas, ferramentas e interações propostas, assim como seu potencial multimodal.

Roberta Gerling Moro e Edgar Roberto Kirchof, este da Universidade Luterana do Brasil e aquela da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, exploram uma temática bastante atual - o potencial das tecnologias de Realidade Virtual na criação e adaptação de histórias voltadas para crianças e adolescentes, focando, especificamente, em seus métodos de uso. Em “Realidade virtual, literatura e educação: narrativas imersivas para crianças e jovens”, assim, os pesquisadores examinam as narrativas em Realidade Virtual e sua interseção com o campo da literatura infantojuvenil, explorando os vídeos em 360º direcionados ao público jovem e as abordagens de leitura e envolvimento que surgem de suas particularidades. Moro e Kirchof discutem os principais desafios trazidos por essa forma de mídia para a apreciação de obras imersivas, recorrendo, para isso, à análise da produção Invasion!, criada pelo estúdio Baobab. Evidencia-se, por meio da investigação, como tanto a produção quanto a recepção de narrativas em Realidade Virtual demandam um gerenciamento da visão e do foco atencional dos observadores, considerando os protocolos de leitura já apreendidos e automatizados por meio de outras mídias.

A seguir, Diana Navas e Luara Teixeira de Almeida, ambas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, assinam “Palavras e imagens literárias: aproximações entre histórias em quadrinhos e livros ilustrados”. Neste artigo, as investigadoras, partindo da leitura de Na cozinha noturna (2014), de Maurice Sendak, e Are We There Yet? (2016), de Dan Santat, evidenciam as similaridades e diferenças entre dois tipos de obras literárias que combinam linguagens verbais e visuais - os livros ilustrados e as histórias em quadrinhos -, demonstrando como a dissolução de fronteiras entre essas produções aponta para a necessidade de uma compreensão mais abrangente do fenômeno literário no cenário contemporâneo.

“Uma análise sobre os gêneros abecedário e limerique na literatura infantil: os livros ilustrados de Edward Gorey”, de autoria de Angelica Micoanski Thomazine, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por seu turno, propõe a leitura de The Gashlycrumb Tinies e A Limerick, ambos escritos e ilustrados por Edward Gorey (1925-2000). Em sua análise, a pesquisadora identifica aspectos estilísticos, temáticos e retóricos nos dois gêneros, no texto verbal e nas ilustrações, elucidando como, em ambos os exemplares, o autor mantém elementos tradicionais dos gêneros, tais como a organização retórica e estrutural, mas “joga” com a temática ao abordar temas trágicos.

Assinam “O livro ilustrado para criança como objeto cultural polifônico” Mariana Parreira Lara do Amaral e Mônica Correira Baptista, da Universidade Federal de Minas Gerais, ao lado de Hilda Aparecida Linhares da Silva, da Universidade Federal de Juiz de Fora. Neste artigo, por meio de um breve percurso histórico, as pesquisadoras resgatam a formação da identidade do livro ilustrado como um objeto cultural multifacetado, destacando como, na produção contemporânea de livros ilustrados, o diálogo entre texto e leitor é enriquecido pela presença de diversas semioses, através das quais múltiplas vozes se expressam e, consequentemente, ampliam os sentidos. Empreendendo a leitura de obras de Angela Lago a partir do conceito de polifonia de Bakhtin, as pesquisadoras refletem sobre o livro ilustrado como uma composição multimodal - contrapondo-o a um tipo de literatura infantil moralizante -, que, devido ao seu caráter polissêmico e polifônico, oferece inúmeras possibilidades de leituras abertas e criativas para crianças e jovens leitores.

“Experimentação pós-moderna nos livros-álbum de Anthony Browne: a reinvenção de um cânone da Literatura Infantil e Juvenil” é a contribuição trazida por Carina Rodrigues, da Escola Superior de Educação de Lisboa, e Ana Isabel Pinto, da Escola Superior de Educação de Viana do Castelo. Aborda-se, no estudo, como a narrativa de Anthony Browne - renomado artista britânico - desempenha um papel significativo na formação desse segmento privilegiado da literatura infantojuvenil contemporânea, cuja narratividade se constrói a partir da tríade texto, imagem e suporte. Partindo de conceitos como intertextualidade e metaficção - estratégias fundamentais na escrita desse autor - são analisados os aspectos formais, retóricos, estilísticos e temáticos de sua obra, por meio de uma leitura que dialoga com os elementos verbais e visuais, e que nos faz prestar atenção para as demandas de recepção de sua produção, bem como para o impacto na educação literária, crítica e reflexiva de seus leitores preferenciais.

Em continuidade, “Contribuições da Semiótica da Cultura como abordagem de leitura dos livros O reino encantado dos pôneis 4D”, traz-nos as reflexões de Sandra Takakura, da Universidade do Estado do Pará, sobre os livros 4D, isto é, livros infantis que se utilizam da realidade aumentada e que permitem ao usuário/leitor visualizar o mundo enquanto interage em tempo real com imagens digitais, proporcionando uma experiência interativa. Baseando-se na noção de semiosfera, um conceito desenvolvido por Lotman (1990) em analogia à biosfera, e que pode ajudar a entender a topologia dos mundos reais e virtuais, conhecidos como subsemiosfera real e subsemiosfera virtual, ambas contidas dentro de uma semiosfera mais ampla da cultura brasileira, a pesquisadora demonstra como em livros 4D, tal como O reino encantado dos pôneis, os elementos da subsemiosfera virtual são inseridos na subsemiosfera real, atravessando e diluindo suas fronteiras.

Patrícia Cardoso Batista e Sheila Oliveira Lima, ambas da Universidade Estadual de Londrina, ao lado de Ângela Balça, da Universidade de Évora, dedicam-se a refletir sobre a formação do jovem leitor literário. Em “Formação leitora de jovens brasileiros e portugueses: suportes, títulos e autores”, pautadas em dados de uma pesquisa realizada com jovens de ambos os países, as pesquisadoras identificam os suportes textuais usados para leitura literária, bem como os autores e obras mais lidos por esse público, refletindo sobre as influências que moldam essas escolhas.

Também na perspectiva de discutir a formação do jovem leitor, Camila Alves de Melo, da Universidade Federal de Goiás, e Marília Forgearini Nunes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em “(Re)pensar a formação de leitores jovens: suportes, convergências e transposições associadas à literatura”, apresentam dados estatísticos sobre a leitura entre jovens de 11 a 17 anos, considerando o que significa ler literatura no século XXI. Além de discutirem a transição do livro impresso para a leitura em telas, sem adotar uma visão excludente ou defender um formato como superior ao outro, as pesquisadoras enfatizam a importância de mediar a leitura de maneira aberta aos diversos suportes e formas que as tecnologias digitais de informação e comunicação oferecem, destacando como o fato de os jovens estarem lendo de várias maneiras pode ser mais bem aproveitado no processo de formação de leitores literários.

“A abordagem da multimodalidade no planejamento de situações de mediação de obras literárias digitais: um estudo de caso no GRETEL”, artigo assinado pelas pesquisadoras Giselly Lima de Moraes, da Universidade Federal da Bahia, e Martina Fittipaldi, da Universidade Autônoma de Barcelona, debruça-se sobre uma questão premente de investigação - a multimodalidade nas obras digitais e sua mediação. Nele, são examinadas as abordagens adotadas pelos professores participantes de um projeto de pesquisa dedicado à criação de recursos educacionais para lidar com a multimodalidade em obras de ficção digital, com o objetivo de interpretar os elementos multimodais e os desafios interpretativos associados a esse processo. Pautado em conceitos dos campos da multimodalidade, intermidialidade e ficção digital, propõe-se a análise das gravações em vídeo das reuniões em que os professores discutem as obras, destacando-se os desafios inerentes às novas formas de narrativa proporcionadas pelo meio digital.

Rosana Nunes Alencar, da Universidade Federal de Rondônia, e Milena Magalhães, da Universidade Federal do Sul da Bahia, contribuem, por sua vez, com reflexões em torno da representatividade no diálogo entre a linguagem verbal e visual. Em “‘O amor é o que o amor faz” - histórias de representatividade e pertencimento em Amor de cabelo, de Matthew A. Cherry”, as autoras examinam como o livro de literatura infantil Amor de cabelo, escrito pelo diretor, produtor e escritor afro-americano Matthew A. Cherry, aborda a questão da representatividade do cabelo crespo como um elemento de identidade étnico-racial. As pesquisadoras destacam como, através da interação entre linguagem verbal e linguagem visual, realizada pela ilustradora Vashti Harrison, também uma afro-americana, esse processo simbiótico utiliza imagens recorrentes para afirmar a beleza das crianças negras, destacando as relações familiares.

Finalmente, “Ler e sentir: a representação multimodal das emoções na literatura infantil digital”, assinado por Aline Frederico, da Universidade de São Paulo, encerra o volume com mais uma contribuição em torno da literatura digital. A pesquisadora examina como a literatura digital introduz novas formas de proporcionar uma experiência estética e emocional para crianças, refletindo sobre a emoção e a afetividade na literatura digital a partir da análise de três aplicativos literários direcionados ao público infantil: Little Red Riding Hood, da produtora Nosy Crow, The Monster at the End of This Book, de Jon Stone e Michael Smollin, e Macaco de chapéu, de Chris Haughton. A análise revela como os diferentes recursos semióticos são empregados para representar emoções e criar tensão emocional para o leitor infantil, destacando a importância da corporeidade e a conexão intrínseca entre os corpos e a experiência emocional.

Da tatuagem ao livro de artista, dos livros impressos à realidade virtual, aos livros 4D e à a literatura digital, da literatura canônica às adaptações, dos livros ilustrados aos quadrinhos, abecedários e limeriques - como pode ser observado, a produção literária contemporânea preferencialmente endereçada a crianças e jovens mostra-se como espaço(s) plural(is) e, da mesma forma, também são variadas as perspectivas de empreender sua leitura e pesquisa. É isto que espelha este número de Bakhtiniana: leituras plurais, advindas de olhares e reflexões de 23 pesquisadores de diferentes universidades localizadas do Norte ao Sul de nosso país - UEPA- Pará; UNIR - Rondônia; UFBA e UFSB - Bahia; UFG - Goiás, UFMG e UFJF - Minas Gerais; USP e PUC-SP, São Paulo; UEL - Paraná; ULBRA, UFSM e UFRS - Rio Grande do Sul; - e também de fora dele - três em Portugal: Universidade de Évora, Escola Superior de Educação de Lisboa e Escola Superior de Educação de Viana do Castelo; e uma na Espanha: Universidade Autónoma de Barcelona. Em torno de uma literatura em ampla expansão, especialmente em termos qualitativos, e construída a partir da sinergia de diferentes linguagens, o número espera contribuir decisivamente para a formação de novos leitores, pesquisadores e educadores.

Finalmente, agradecemos, junto à Equipe Editorial de Bakhtiniana, a oportunidade da parceria e, especialmente, o inestimável e constante auxílio e reconhecimento da PUC-SP, por meio do Plano de Incentivo à Pesquisa (PIPEq)/ publicação de periódicos em 2024 (PubPer-PUC-SP) - 2º semestre de 2023 EDITAL PIPEq 11956/2023, Solicitação 29157.

REFERÊNCIAS

  • BALDRY, Anthony; THIBAULT, Paul J. Multimodal Transcription and Text Analysis: A Multimedia Toolkit and Coursebook with Associated On-line Course. London and Oakville: Equinox, 2005. p. 58.
  • EISENMANN, Maria; SUMMER, Theresa. Multimodal Literature in ELT: Theory and Practice. CLELE Journal, 8 (1), pp. 52-73, 2020.
  • HALLET, Wolfgang. Reading Multimodal Fiction: A Methodological Approach. Anglistik, 29 (1), pp. 25-40, 2018.
  • JAUSS, Hans Robert. A literatura como provocação. Trad. Teresa Cruz. Lisboa: Veja, 1993.
  • ROJO, Roxane. Linguagem: representação ou mediação? Veredas. Revista de Estudos Linguísticos, 1 (1), 2016, pp. 41-49.
  • 1
    No original: “What was essentially a linguistic unit 100 years ago has now become primarily a visual unit. The page is no longer, as it was predominantly in the 19 th century, simply a convenient division for the purposes of printing. In Western culture, it is increasingly looked upon as a textual unit in its own right” (p. 58).
  • 2
    No original: “Being multimodally literate would therefore be defined as the ability to decipher, decode and ‘read’ various semiotic modes and their combination in a single act of representation or communication” (Hallet, 2018, p. 04).
  • 3
    No original: “readers of multimodal fiction must be literate in every sign system that is part of the novelistic narrative in question, i.e. they must be able to decode and apprehend the meaning of the specific mode that is presented […]”.
  • 4
    No original: “only a full integration of all of the modes in a holistic apprehension (or interpretation) of the novel is an appropriate way of reading multimodal fictions”.
  • 5
    No original: “Different from the linear reading of monomodal texts, multimodal materials require the processing of more than one mode and the recognition of the interconnections between these modes”.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2024
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