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Carta ao editor

Caro Editor,

Estou lhe escrevendo em referência a um artigo bastante interessante intitulado "Derivação de uma regra de decisão clínica para predição do desenvolvimento de fístula faringocutânea pós laringectomia", de Cecatto SB et al.,11. Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura CI. Derivation of a clinical decision rule for predictive factors for the development of pharyngocutaneous fistula postlaryngectomy. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81:394-401, http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.09.009.
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publicado em sua respeitada revista. O artigo está bem escrito, no entanto existem alguns fatores adicionais na etiologia da fístula faringocutânea que os autores não analisaram e que poderiam afetar o resultado, os quais eu gostaria de destacar através de seu prestigiado jornal.

A etiologia da fístula faringocutânea é multifatorial, o que tem sido demonstrado através de múltiplos estudos22. Aires FT, Dedivitis RA, Castro MA, Ribeiro DA, Cernea CR, Brandão LG. Pharyngocutaneous fistula following total laryngectomy. Braz J Otorhinolaryngol. 2012;78:94-8. e revisões.33. Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura CI. Predictive factors for the postlaryngectomy pharyngocutaneous fistula development: systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80:167-77. Existem alguns fatores mais significativos e mais amplamente comprovados na etiologia da fístula faringocutânea que não foram analisados neste estudo, como a transfusão de sangue intra-operatória,33. Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura CI. Predictive factors for the postlaryngectomy pharyngocutaneous fistula development: systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80:167-77. duração cirúrgica33. Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura CI. Predictive factors for the postlaryngectomy pharyngocutaneous fistula development: systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80:167-77. e presença de hipotireoidismo.44. White HN, Golden B, Sweeny L, Carroll WR, Magnuson JS, Rosen-thal EL. Assessment and incidence of salivary leak following laryngectomy. Laryngoscope. 2012;122:1796-9, http://dx.doi.org/10.1002/lary.23443.
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A inclusão desses fatores poderia mudar a análise multivariada e, consequentemente a conclusão.

O estudo é bastante original e o desenvolvimento da regra de decisão clínica para a fístula faringocutânea é bastante louvável. Mas existe uma preocupação sobre a amostragem dos pacientes, por exemplo, o número de pacientes que receberam quimioradioterapia (QRT) pré-operatória foi de apenas 15 (8,8%), o que é muito pouco para se chegar a uma conclusão, já que a QRT tem demonstrado ser um dos fatores mais significativos no desenvolvimento de fistula faringocutânea.33. Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura CI. Predictive factors for the postlaryngectomy pharyngocutaneous fistula development: systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80:167-77.,44. White HN, Golden B, Sweeny L, Carroll WR, Magnuson JS, Rosen-thal EL. Assessment and incidence of salivary leak following laryngectomy. Laryngoscope. 2012;122:1796-9, http://dx.doi.org/10.1002/lary.23443.
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O estudo também incluiu alguns pacientes com a doença na fase I que foram submetidos à laringectomia. Essa não é a diretriz adotada atualmente e, portanto, esses pacientes poderiam ter sido excluídos.

A estratificação de pacientes em grupos de risco é uma boa ideia para o uso econômico dos recursos, mas se estudarmos a estratificação com cuidado, a sensibilidade para grupos de alto risco é de apenas 48%, o que é baixa para uma complicação tão importante, e isso lança dúvidas sobre sua aplicação clínica.

References

  • 1
    Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura CI. Derivation of a clinical decision rule for predictive factors for the development of pharyngocutaneous fistula postlaryngectomy. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81:394-401, http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.09.009.
    » https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.09.009
  • 2
    Aires FT, Dedivitis RA, Castro MA, Ribeiro DA, Cernea CR, Brandão LG. Pharyngocutaneous fistula following total laryngectomy. Braz J Otorhinolaryngol. 2012;78:94-8.
  • 3
    Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura CI. Predictive factors for the postlaryngectomy pharyngocutaneous fistula development: systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80:167-77.
  • 4
    White HN, Golden B, Sweeny L, Carroll WR, Magnuson JS, Rosen-thal EL. Assessment and incidence of salivary leak following laryngectomy. Laryngoscope. 2012;122:1796-9, http://dx.doi.org/10.1002/lary.23443.
    » https://doi.org/10.1002/lary.23443
  • Como citar este artigo: Bakshi SS. Letter to the Editor. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81:687.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2015
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