RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS Fibromialgia e dor generalizada representam um problema de saúde global e são distúrbios musculoesqueléticos distintos, mas há uma sobreposição na apresentação clínica entre essas condições. Entretanto, nenhum estudo comparou as características da dor entre os pacientes com estas condições. Portanto, o presente estudo teve como objetivo comparar as características da dor e a limitação funcional de pacientes com fibromialgia e dor generalizada.
MÉTODOS Realizou-se uma análise secundária pré-planejada de dados coletados de 311 pacientes com dor musculoesquelética. As características da dor incluíram: intensidade da dor, duração da dor, área da dor, sintomas de sensibilização central, presença de sintomas neuropáticos e a modulação condicionada da dor. A escala de funcionalidade específica do paciente avaliou a limitação funcional.
RESULTADOS Identificou-se 98 pacientes com dor generalizada, sendo 58 (59,18%) classificados no grupo de fibromialgia e 40 (40,82%) no grupo de dor generalizada. Diferenças significativas foram encontradas entre os grupos para o índice de dor generalizada, escala de severidade de sintomas e escala polissintomática de sofrimento. Os participantes com fibromialgia apresentaram maiores valores de intensidade da dor (fibromialgia = 7,29±2,07, dor generalizada = 6,05 ± 2,47; p=0,008), sintomas neuropáticos (fibromialgia = 17,74±7,62, dor generalizada = 12,17 ± 6,41; p=0,005) e sintomas de sensibilização central (fibromialgia = 51,32±14,26, dor generalizada = 33,97±14,65; p<0,001), quando comparados à dor generalizada. Não houve diferença significativa na modulação condicionada da dor e na limitação funcional entre os grupos.
CONCLUSÃO Pacientes com fibromialgia exibiram características de dor desfavoráveis, incluindo intensidade de dor, sintomas neuropáticos e sintomas de sensibilização central, quando comparados a pacientes com dor generalizada. Entretanto, a duração da dor, a limitação funcional e a modulação condicionada da dor não apresentaram diferença significativa entre os grupos.
Descritores: Dor crônica; Dor musculoesquelética; Fibromialgia; Limiar da dor; Medição da dor
ABSTRACT
BACKGROUND AND OBJECTIVES Fibromyalgia and generalized pain represent a global health problem and are distinct musculoskeletal disorders, but there is an overlap in the clinical presentation between these conditions. However, no study has compared pain characteristics between patients with fibromyalgia and patients with generalized pain. Therefore, the present study aimed to compare pain characteristics and functional limitation of patients with fibromyalgia and patients with generalized pain.
METHODS A pre-planned secondary analysis of data collected from 311 patients with musculoskeletal pain was performed. Pain characteristics included pain intensity, pain duration, pain area, symptoms of central sensitization, presence of neuropathic-like symptoms, and the conditioned pain modulation. The Patient-Specific Functional Scale assessed functional limitation.
RESULTS 98 patients with generalized pain were identified, being 58 (59.18%) classified in the fibromyalgia group and 40 (40.82%) classified in the generalized pain group. Significant differences were found between groups for Widespread Pain Index, Symptom Severity Scale, and Polysymptomatic Distress Scale. Participants with fibromyalgia presented higher values of pain intensity (fibromyalgia = 7.29±2.07, generalized pain = 6.05±2.47; p=0.008), neuropathic-like symptoms (fibromyalgia = 17.74±7.62, generalized pain = 12.17±6.41; p=0.005), and symptoms of central sensitization (fibromyalgia = 51.32±14.26, generalized pain = 33.97±14.65; p<0.001), when compared with generalized pain. There was no significant difference in conditioned pain modulation and functional limitation between groups.
CONCLUSION Patients with fibromyalgia exhibited unfavorable pain characteristics, including pain intensity, neuropathic-like symptoms, and symptoms of central sensitization compared to patients with generalized pain. However, pain duration, functional limitation, and conditioned pain modulation did not present meaningful differences between groups.
Keywords: Chronic pain; Fibromyalgia; Pain measurement; Pain threshold
INTRODUÇÃO
A fibromialgia (FM) e a dor generalizada são prevalentes nas condições de saúde musculoesqueléticas. A prevalência da FM foi de 4,7% na Europa1, 6,4% nos Estados Unidos2, 4,4%3 no Brasil e 2%-3% na população em geral4,5. A prevalência de dor crônica (DC) generalizada foi de 24% nas mulheres brasileiras3 e 10,6%6, ou um em cada dez indivíduos, são afetados pela DC generalizada na população geral6. Os pacientes com FM apresentam dor musculoesquelética generalizada, fadiga, distúrbios do sono e alterações cognitivas7,8. Vários instrumentos estão disponíveis para a avaliação da FM e da dor generalizada. Os critérios preliminares para a classificação da FM surgiram em 19909. Na última atualização, uma combinação do índice de dor generalizada, que foi projetado inicialmente para avaliar a distribuição da dor10, a escala de severidade de sintomas, que avalia sintomas cognitivos e somáticos gerais11, e a combinação do índice de dor generalizada e da escala de severidade de sintomas que resulta na escala polissintomática de sofrimento, que mensura a gravidade dos sintomas da FM, foram recomendados como critérios diagnósticos10.
FM e dor generalizada são distúrbios musculoesqueléticos distintos, mas há uma sobreposição da apresentação clínica entre estas condições. Da mesma forma, a DC generalizada e a dor multilocalizada apresentam sintomas semelhantes aos da FM12. Estudo anterior alegou que a FM e a DC generalizada diferem mais em medidas quantitativas do que qualitativas13. Os pacientes com FM e dor generalizada apresentavam sintomas mais elevados de dor, ansiedade e depressão do que aqueles com dor regional14. Os pacientes de FM têm dor mais intensa e persistente do que os pacientes de DC generalizada13. Além disso, os pacientes com FM apresentam mais comorbidades, uso de fármacos relacionadas à dor, pior estado de saúde, função e sono, menor produtividade e maiores custos em comparação aos pacientes sem DC generalizada e pacientes com DC generalizada, mas sem FM15. A dor generalizada pode estar associada a fadiga, sofrimento psicológico e problemas de concentração, como a FM7,10. Porém, ainda que as duas condições sejam similarmente incapacitantes3, a FM tem apresentação clínica desfavorável quando comparada à DC generalizada13,16. De todo modo, os diagnósticos de FM e dor generalizada permanecem problemáticos, existem muitas redundâncias17 e não está claro se a adição dos sintomas cognitivos e somáticos agrega valor significativo ao fenótipo clínico desses pacientes. A identificação de características particulares da dor destas condições similares pode contribuir para um tratamento sob medida.
A FM tem características de dor distintas quando comparada a outras condições musculoesqueléticas. Um déficit de sistemas endógenos inibidores da dor é observado na fibromialgia, mas não na dor lombar crônica18. Pacientes com FM também apresentam maiores níveis de sintomas neuropáticos em comparação com os pacientes com artrite reumatoide19. Da mesma forma, limiar de dor reduzido13,20, maior somação temporal21, modulação condicionada da dor (MCD) reduzida21 e presença de sensibilização central têm sido relatados em pacientes com FM22. Entretanto, nenhum estudo comparou as características da dor entre pacientes de FM e pacientes de dor generalizada. Portanto, o presente estudo teve como objetivo comparar as características da dor e a limitação funcional de pacientes com FM e de pacientes com dor generalizada. A hipótese era de que pacientes com FM relatariam sintomas mais graves, níveis mais altos de limitação funcional e modulação da dor prejudicada no teste pressórico ao frio do que pacientes com dor generalizada.
MÉTODOS
Foi realizada uma análise secundária pré-planejada dos dados coletados de um estudo anterior realizado pelos mesmos autores do presente estudo23. O trabalho original foi um estudo observacional transversal que seguiu o critério STrening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology (STROBE) (Anexo 1)24. O estudo incluiu 311 pacientes com dor musculoesquelética para comparar as características de dor de pacientes com dor musculoesquelética classificadas de acordo com o PainDETECT como sintomas de dor nociceptiva, sintomas pouco claros e sintomas neuropáticos. O estudo atual excluiu 213 pacientes com dor musculoesquelética sem dor generalizada e obteve uma amostra final de 98 pacientes com dor generalizada. O estudo original foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal do Rio de Janeiro (número: 02228818.0.3001.5258), seguindo a Declaração de Helsinque para pesquisa em seres humanos. Todos os pacientes que preencheram os critérios de elegibilidade assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido antes dos procedimentos do estudo.
Participantes do estudo
Pacientes com dores musculoesqueléticas (a partir de 18 anos) que procuraram tratamento na clínica de fisioterapia ambulatorial de Gaffrée e no Hospital Universitário Guinle foram inscritos entre março e setembro de 2019. O estudo original incluiu pacientes com dor aguda (duração da dor inferior a três meses) e crônica (duração da dor superior a três meses). A dor musculoesquelética foi definida como dor percebida em uma região do corpo de origem muscular, ligamentar, óssea ou articular25. O estudo atual identificou pacientes com dor generalizada que poderia ser classificada como dor generalizada ou FM, de acordo com os critérios do American College of Rheumatology (ACR) modificados em 2016. O estudo excluiu pacientes que realizaram algum procedimento cirúrgico na coluna vertebral, grávidas, pacientes com diagnóstico reumatológico na fase inflamatória aguda, com tumores e analfabetos ou que não puderam completar os questionários autorrelatados.
Procedimentos
Os pacientes foram encaminhados para uma avaliação que consistia em um histórico clínico e exame físico. Os participantes responderam um questionário de autorrelato que incluía informações sobre suas características sociodemográficas (idade, sexo, peso, altura e índice de massa corporal), características de dor (intensidade da dor, duração da dor, área da dor, sintomas de sensibilização central, presença de sintomas neuropáticos e a MCD), limitação funcional e fatores do estilo de vida (tabagismo, alcoolismo e atividade física). O preenchimento de todos os questionários foi supervisionado por um dos examinadores para esclarecimento em caso de incertezas. Os dois examinadores envolvidos (J.V.B e M.C.B) tinham, respectivamente, dois e 32 anos de experiência de trabalho no tratamento de pacientes com distúrbios musculoesqueléticos. A avaliação do histórico clínico durou aproximadamente 10 minutos por participante. Em seguida, os pacientes foram encaminhados para avaliação da eficiência da MCD.
Classificação dos pacientes
O diagnóstico de FM foi realizado utilizando o índice de dor generalizada e a escala de severidade de sintomas. O índice de dor generalizada é uma lista autorrelatada de regiões dolorosas composta de 19 áreas do corpo, e o paciente deve marcar as áreas em que sentiu dor durante a semana anterior. Cada área marcada é equivalente a 1 ponto. A pontuação final varia entre zero e 19 pontos. A escala de severidade de sintomas é a soma das pontuações de gravidade de três sintomas (fadiga, sono não reparador e sintomas cognitivos) mais a totalidade dos sintomas específicos que ocorreram durante os seis meses anteriores (dores de cabeça, dor ou cólicas no abdômen inferior e depressão).
O diagnóstico de FM foi confirmado quando o índice de dor generalizada ≥ 7 e a pontuação da escala de severidade de sintomas ≥ 5 ou índice de dor generalizada era de 4-6 e a pontuação da escala de severidade de sintomas ≥ 9, de acordo com os critérios modificados de 2016 da ACR10. A gravidade da FM foi medida pela Escala Polissintomática de Sofrimento. A soma do índice de dor generalizada varia entre (0-19) e a escala de severidade de sintomas (0-12) com uma pontuação final que varia entre 0-31. De acordo com os critérios da ACR modificados em 2016, a pontuação para a escala polissintomática de sofrimento de pelo menos 12 representa um nível aproximado de diagnóstico de FM10. A avaliação psicométrica do índice de dor generalizada demonstrou um bom construto e validade de critérios entre pacientes jovens com condições dolorosas26. A dor generalizada foi definida quando o participante relatou dor em pelo menos 4 das 5 regiões (superior esquerda e direita, inferior esquerda e direita, e axial) do índice de dor generalizada. Dor na mandíbula, tórax e abdômen não estão incluídas na definição de dor generalizada10.
Principais medidas de desfecho
A intensidade da dor foi avaliada pela Escala Numérica de Dor (END) de classificação da dor. O inventário de sensibilização central foi utilizado para avaliar os sintomas associados à sensibilização central. Os sintomas neuropáticos foram avaliados através do questionário PainDETECT27. A limitação funcional foi medida usando a escala de funcionalidade específica do paciente28. O teste pressórico ao frio avaliou a MCD. Todos os questionários e testes foram completados no mesmo dia.
Características da dor
A intensidade da dor foi medida durante a avaliação inicial usando a END de zero (sem dor) a 10 (pior dor possível). Os pacientes foram orientados a avaliar sua intensidade de dor no momento da avaliação inicial. A duração da dor foi registrada em meses e os pacientes foram classificados com dor musculoesquelética crônica se tivessem dor por mais de três meses29. As áreas dolorosas foram medidas usando o índice de dor generalizada. a soma do índice de dor generalizada (0-19) e da escala de severidade de sintomas (0-12) resulta na escala polissintomática de sofrimento (0-31).
O inventário de sensibilização central é um instrumento desenvolvido para identificar pacientes com sintomas associados à sensibilização central30. A parte A avalia 25 sintomas relacionados à saúde comumente observados em pacientes com síndrome de sensibilização central. A parte A é pontuada em uma escala de 5 pontos Likert de zero (nunca) a 4 (sempre), com um total de 100 pontos, e pontuações mais altas representam um aumento na gravidade dos sintomas. A parte B não tem pontuação e abrange 10 diagnósticos anteriores de um indivíduo, incluindo sete síndromes de sensibilidade central e três desordens relacionadas à síndrome de sensibilização central. O ponto de corte ideal foi estabelecido em 40/100 em pacientes com síndrome de sensibilidade central31,32. A gravidade dos sintomas relacionados à sensibilização central foi classificada em subclínica (zero-29), leve (30-39), moderada (40-49), intensa (50-59) e extrema (60-100)31,33. Pontuações mais altas indicam um aumento na gravidade dos sintomas34. A versão brasileira do Inventário de sensibilização central demonstrou fortes propriedades psicométricas35.
O PainDETECT é um questionário autoadministrado que engloba quatro domínios: a intensidade da dor (três perguntas), padrão de curso da dor (quatro gráficos), áreas de dor e a presença de dor radiante (quadro com imagem do corpo) e itens descritores sensoriais da dor (sete perguntas). Para cada pergunta, seis respostas diferentes são possíveis, com pontuação de zero (nunca) a cinco (muito forte). Resumindo as pontuações dadas em cada domínio, uma pontuação final entre-1 e 38 pode ser alcançada. O PainDETECT é validado para muitas condições de dor neuropática. Nos últimos anos, ele também foi validado para o uso em condições de dor mista, como artrite reumatoide, osteoartrite, dor cancerígena e espondilolistese lombar. Os pontos de corte do questionário original indicam que nas pontuações ≤ 12 um componente neuropático é improvável, enquanto nas pontuações ≥ 19 um componente neuropático é provável27,36. A versão brasileira do PainDETECT é indicada como útil para identificar os componentes neuropáticos de dor em pacientes brasileiros37.
Limitação funcional
A limitação funcional foi investigada utilizando a escala de funcionalidade específica do paciente, que constituiu uma medição autorrelatada que avalia a mudança funcional em pacientes com distúrbios musculoesqueléticos. Os pacientes devem identificar até cinco atividades importantes que são incapazes de realizar ou que são restritas devido à sua dor e classificar em uma escala de 11 pontos o nível atual de dificuldade associado a cada atividade. A escala de funcionalidade específica do paciente tem fácil aplicabilidade e pode ser usada clinicamente como uma medida de desfecho28,38.
Modulação condicionada da dor
O teste pressórico ao frio é um teste psicofísico usado para avaliar a MCD, em que a dor fria é o estímulo condicionante, e o limiar de dor à pressão (LDP) é o estímulo de teste. Este teste é um método apropriado para avaliar o sistema inibitório nociceptivo descendente39. O estímulo condicionante foi a imersão da mão dos participantes em um balde com água fria com temperatura controlada (1ºC - 4ºC) monitorada por um termômetro (modelo 5130, IncotermTM, Hong Kong, Sha Tin, China) por até um minuto. O participante foi instruído a permanecer com a mão imersa em água sem fazer contrações musculares ou mudanças de posição. A retirada pelo lado da água foi permitida quando o paciente não conseguia mais tolerar o estímulo doloroso. A temperatura ambiente, umidade, iluminação e ruído foram mantidos constantes durante todo o procedimento.
A medida do LDP foi realizada antes e depois de um minuto do teste pressórico ao frio, usando um algômetro digital de pressão (modelo Force Ten FDX, Wagner InstrumentsTM, Greenwich, CT, USA). A parte distal do antebraço dorsal e do músculo tibial anterior, que não havia sido imersa na água, foi escolhida para ser avaliada devido à falta de associação às queixas musculoesqueléticas dos participantes. Os dois locais foram avaliados na mesma ordem para todos os participantes. O funcionamento do algômetro de pressão e a medição do LDP foram explicados aos pacientes antes da avaliação. Além disso, foi realizado um procedimento de familiarização com o algômetro de pressão, aplicando pressão no antebraço dominante para garantir que o teste havia sido compreendido. A força foi gradualmente aumentada (1 quilograma-força/s) até que a sensação de pressão fosse alterada para dor. O LDP foi registrado em quilogramas-força (kgf) quando o paciente deu o comando verbal “dor”. A classificação da eficiência da MCD foi baseada na seguinte estratégia: evidência de modulação da dor prejudicada em dois locais. Somente pacientes com a ineficiência da MCD em ambos os locais (o músculo tibial anterior e a parte distal do antebraço dorsal) foram classificados com modulação da dor prejudicada40. Os locais dos membros superiores e inferiores foram utilizados para evitar a inclusão dos pacientes com sensibilização periférica de acordo com as recomendações para MCD40. Além disso, a eficiência da MCD foi avaliada calculando-se a diferença entre os valores de LDP no teste pressórico ao frio (diferenças entre o valor final e inicial). Valores negativos representaram uma ineficiência de MCD e valores nulos ou positivos foram considerados uma resposta típica de MCD.
Análise estatística
As variáveis demográficas e clínicas da população estudada são apresentadas em média e desvio padrão para variáveis contínuas. As variáveis categóricas são apresentadas numericamente e como uma porcentagem da amostra. A distribuição normal dos resultados do estudo para as variáveis contínuas foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. O grupo de pacientes que apresentou FM foi comparado com os que apresentavam dor generalizada. A comparação entre os grupos de acordo com as medidas de desfecho: o teste-t não pareado foi realizado para intensidade e duração da dor devido à distribuição paramétrica das variáveis. O teste Qui-quadrado foi utilizado para comparar as variáveis categóricas: limitação funcional, sintomas de sensibilização central, sintomas neuropáticos e eficiência da MCD. Um nível de significância inferior a 5% (p<,05) foi considerado para todas as análises. A análise estatística foi realizada utilizando o software JASP versão 0.10.2.0. Dada a falta de cálculo do tamanho da amostra devido à análise secundária, foi realizada uma análise de potência post-hoc para determinar se o tamanho da amostra era suficientemente grande para que os resultados fossem estatisticamente válidos e para examinar o potencial de erros do tipo II. A análise pós-hoc foi realizada para estimar o poder estatístico do presente estudo através de um teste-t não-pareado usando o software G*Power 3.1.9.4 (Heinrich-Heine-Universität, Düsseldorf, Alemanha).
RESULTADOS
Foi identificado um total de 98 participantes com dores generalizadas. Entre os participantes incluídos, 83 (84,69%) eram mulheres. A idade média foi de 57,94±11,64 anos e o índice médio de massa corporal era de 27,91±6,65 kg/m2. Quarenta e dois (44,21%) participantes relataram praticar atividades físicas. Todos os participantes completaram os questionários e o teste pressórico ao frio sem eventos adversos. Cinquenta e oito (59,18%) participantes foram classificados com FM e 40 (40,82%) participantes foram classificados com dor generalizada apenas. Os pacientes com FM apresentaram maior número de áreas de dor no índice de dor generalizada [FM=11,39±3,52, dor generalizada = 8,67±3,35; p<0,001; poder=0,96], sintomas mais graves na escala de severidade dos sintomas [FM=7,96±2.21, dor generalizada=4,30±2,27; p<0,001; poder=0,99] e na escala polissintomática de sofrimento [FM=16,75±5,29, dor generalizada=12,97±3,75; p<0,001; poder=0,98] do que os pacientes com dor generalizada (Tabela 1).
Uma comparação das características da dor e limitação funcional entre pacientes classificados com FM e pacientes classificados com dor generalizada é apresentada na tabela 2. Os participantes com FM apresentaram valores mais altos de intensidade de dor [FM=7,29±2,07, dor generalizada=6,05±2,47; p=0,008; poder=0,74], e duração da dor [FM=110,17±116,35, dor generalizada=86,54±98,54; p=0,318; poder=0,17]. Vinte e seis (44,82%) participantes do grupo de FM e sete (17,94%) participantes do grupo de dor generalizada foram classificados com sintomas do tipo neuropático. No inventário de sensibilização central, 44 (75,86%) participantes do grupo de FM e 15 (37,50%) participantes do grupo de dor generalizada tiveram pontuação ≥ 40. Diagnóstico de depressão foi relatado por 40 (68,96%) pacientes de FM e 8 (20,00%) pacientes de dor generalizada. Não houve diferença significativa na MCD entre os grupos [FM=14 (24,13%), dor generalizada=9 (22,50%); p=0,851; poder=0,855] (Tabela 2).
Comparação de características da dor e limitação funcional entre pacientes com fibromialgia e pacientes com dor generalizada
DISCUSSÃO
Os presentes resultados confirmaram a hipótese e revelaram que os participantes com FM apresentaram sintomas mais graves em comparação com os participantes com dor generalizada. A intensidade da dor, sintomas de dor neuropática e a sensibilização central foram mais pronunciados nos participantes com FM do que nos participantes com dor generalizada. Reconhecer que a FM e a dor generalizada são condições musculoesqueléticas distintas destaca a necessidade de tratamentos específicos. A escala de severidade dos sintomas tem um papel notável na identificação dessas duas condições.
É importante reconhecer os pontos fortes e as limitações do presente estudo. Em primeiro lugar, para o conhecimento dos autores, este é o primeiro estudo que comparou as características clínicas de pacientes com FM e pacientes com dor generalizada. Em segundo lugar, foram utilizados os mais recentes critérios definidos pela ACR para o diagnóstico de FM e dor generalizada10. A abordagem alternativa para o diagnóstico de FM tem sido descrita apesar da falta de avaliação das propriedades de medida10. Diferentes critérios de diagnóstico poderiam provavelmente levar a conclusões adicionais. Terceiro, o desenho do estudo implementou muitos métodos para minimizar o risco de viés, seguindo as diretrizes atuais para este tipo de estudo.
Com relação às limitações, a principal delas é o número relativamente pequeno de participantes incluídos. Em segundo lugar, há uma falta de marcadores objetivos para diagnosticar as duas condições de saúde e outras comorbidades. Além disso, as características da DC podem ser relatadas de forma diferente usando o questionário de pesquisa ou método de pesquisa por entrevista42.
Em comparação com pacientes de dor generalizada, pacientes de FM evidenciaram características de dor mais comprometidas, corroborando estudos anteriores13,16,43. Da mesma forma, pacientes com diagnóstico de FM ou pessoas cujos sintomas preenchiam critérios para FM apresentaram maior impacto de sintomas do que pessoas com DC44. Os resultados presentes mostraram que a intensidade da dor era maior em pacientes com FM em comparação com a dor generalizada. Entretanto, os resultados revelaram que a duração da dor não mostrou diferença entre os grupos. Em oposição, pacientes com FM em vários estudos relataram dor mais intensa e persistente do que os pacientes com DC generalizada13,45-47.
O presente estudo revelou que pacientes de FM apresentaram sintomas neuropáticos medidos pelo questionário PainDETECT e maiores níveis de sintomas de sensibilização central em comparação com pacientes de dor generalizada. Da mesma forma, outros autores encontraram sintomas neuropáticos em 67% dos pacientes com FM usando o questionário PainDETECT19. De acordo com autores, foi relatado um wind-up anormal e uma sensibilização central em pacientes com FM, que também estão relacionados a anormalidades no processamento central da dor22.
Curiosamente, o nível de limitação funcional foi semelhante entre os pacientes de FM e os pacientes de dor generalizada no presente estudo. Há evidências de que a incapacidade em pacientes de FM e de dor generalizada foi considerada similar3. Entretanto, os autores mostraram que os participantes com FM tinham interferências mais pronunciadas relacionadas à dor na função e consequências para a vida diária em comparação com pacientes de DC generalizada47. A falta de diferença na limitação funcional entre os grupos pode estar relacionada às características demográficas e de estilo de vida idênticas (sexo, idade, peso, altura, índice de massa corporal e atividade física) dos participantes. Além disso, ambos os grupos tinham um comportamento de atividade física equivalente. Indivíduos com DC generalizada com má saúde física e resposta aos sintomas foram identificados como não praticantes de atividade física48.
Os resultados do presente estudo revelaram que não há diferenças significativas na MCD entre os grupos. Da mesma forma, um estudo anterior mostrou que pacientes com DC generalizada e síndrome de FM têm igual deficiência de MCD49. Por outro lado, uma revisão sistemática indicou que a MCD parece ser disfuncional em pacientes com condições crônicas, como a FM50. Tem sido defendido que a síndrome de FM é uma condição que revelou o claro comprometimento da MCD18,51.
Autores mostraram que havia um déficit de sistemas endógenos inibidores da dor na FM, mas não na dor lombar crônica18. Da mesma forma, um estudo mostrou que o prejuízo nos escores de modulação da dor inibitória é provavelmente um antecedente de DC generalizada52. Embora vários estudos tenham observado o comprometimento na modulação da dor inibitória em participantes com FM e dor generalizada, autores mostraram que os resultados não apoiam a ideia de que uma deficiência geral dos mecanismos inibitórios centrais é resultado da FM53.
Pesquisas futuras em FM e dor generalizada devem enfatizar o uso da escala de severidade de sintomas como um instrumento clínico para diagnóstico que facilite a distinção destas condições. Embora os pacientes com FM tenham dor generalizada, os profissionais de saúde devem estar cientes de que FM e dor generalizada não são as mesmas condições e, portanto, podem necessitar de tratamentos específicos. A presença de sintomas mais graves em pacientes com FM revela a necessidade de intervenções terapêuticas adequadas para um tratamento assertivo desses pacientes.
CONCLUSÃO
Os pacientes classificados no grupo de FM apresentaram níveis mais altos de intensidade de dor, sintomas neuropáticos e sintomas de sensibilização central em comparação com os pacientes de dor generalizada. A limitação funcional e a MCD demonstraram resultados semelhantes entre os dois grupos. Estudos adicionais devem investigar as características dos pacientes de FM e dor generalizada para facilitar a tomada de decisão dos profissionais de saúde.
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Fontes de fomento: Este estudo foi financiado em parte pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
01 Jul 2022 -
Data do Fascículo
Apr-Jun 2022
Histórico
-
Recebido
02 Out 2021 -
Aceito
12 Abr 2022