Acessibilidade / Reportar erro

Musicoterapia e intervenções baseadas em música no tratamento da dor: estado da arte

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A musicoterapia promove efeitos positivos sobre a cognição, os aspectos psicossociais, o controle de sintomas somáticos e a qualidade de vida. A influência na dor ainda é controversa. O objetivo deste estudo foi investigar o estado da arte das intervenções musicais e da musicoterapia no tratamento da dor aguda ou crônica e elaborar critérios para facilitar estratégias de aplicação da música em pesquisas clínicas.

CONTEÚDO:

Esta pesquisa foi realizada a partir de trabalhos publicados entre agosto de 2010 e março de 2023 na base de dados Pubmed, sendo selecionados artigos de revisão da literatura de acesso livre. Foram selecionados 44 trabalhos cujos resultados e conclusões mostraram que há evidências de alívio da dor em diversas condições clínicas e ambientais, muito embora haja grande heterogeneidade nos métodos e controvérsia na literatura sobre efeitos positivos e adversos. A música escolhida por um profissional ou paciente alivia a experiência dolorosa, em muitos aspectos, de forma significativa, apesar dos dados estatísticos serem limitados ou controversos.

CONCLUSÃO:

A música parece apresentar impacto positivo em diversas situações ambientais ou condições biológicas que resultam na experiência dolorosa e, portanto, pode aliviar a dor de forma significativa, o que é suportado por evidências em mecanismos neurais complexos que envolvem o sistema inibitório descendente de dor. Os benefícios justificam o emprego da música como estratégia terapêutica de baixo custo e baixo risco, e os desafios metodológicos justificam um delineamento mais cuidadoso em pesquisas futuras, incluindo detalhes do tipo de intervenção musical utilizado.

Descritores
Ansiedade; Dor; Dor orofacial; Música; Musicoterapia; Qualidade de vida.

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

Music therapy promotes positive effects on cognition, psychosocial aspects, control of somatic symptoms and quality of life. The influence on pain is still a controversial topic. The objective of this study was to investigate the state of the art of musical interventions and music therapy in the treatment of acute or chronic pain, as well as developing criteria to facilitate the creation of strategies for applying music in clinical research.

CONTENTS:

This research was based on papers published between August 2010 and March 2023 in the Pubmed database. Of these, open access literature review articles were selected. A total of 44 studies whose results and conclusions showed that there is evidence of pain relief in many clinical and environmental conditions were selected, although there is great heterogeneity in methods and controversy in the literature regarding positive and adverse or side effects. The music chosen by a professional or patient alleviates significantly the painful experience by many mechanisms, although statistical data is limited or controversial.

CONCLUSION:

Music appears to have a positive impact on various environmental situations or biological conditions that result in painful experience and, therefore, can significantly alleviate pain, which is supported by evidence of complex neural mechanisms involving the descending pain inhibitory system. The benefits justify the use of music as a low-cost and low-risk therapeutic strategy, and the methodological challenges justify a more careful design in future research, including details of the type of musical intervention performed.

Keywords:
Anxiety; Pain; Orofacial pain; Music; Music therapy; Quality of life.

DESTAQUES

  • A música ativa diversas estruturas encefálicas e interfere no processamento neuronal, provocando mudanças na percepção da dor e nos processos cognitivos, afetivos e avaliativos.

  • A implementação de terapêuticas não farmacológicas, incluindo musicoterapia, embora não constitua o manejo essencial da dor, pode ser considerada coadjuvante na assistência do paciente.

  • A preferência musical individual deve ser considerada no plano musicoterapêutico, pois a música tem um efeito analgésico maior se for escolhida pelo próprio paciente.

DESTAQUES

  • A música ativa diversas estruturas encefálicas e interfere no processamento neuronal, provocando mudanças na percepção da dor e nos processos cognitivos, afetivos e avaliativos.

  • A implementação de terapêuticas não farmacológicas, incluindo musicoterapia, embora não constitua o manejo essencial da dor, pode ser considerada coadjuvante na assistência do paciente.

  • A preferência musical individual deve ser considerada no plano musicoterapêutico, pois a música tem um efeito analgésico maior se for escolhida pelo próprio paciente.

INTRODUÇÃO

A música pode representar um papel importante nos aspectos psicossociais e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, ao resgatar memórias, evocar sentimentos, melhorar a comunicação não-verbal, proporcionar um ambiente saudável e fortalecer suas relações interpessoais11 Albuquerque MCS, Nascimento LO, Lyra ST, Figueredo Trezza MCS, Brêda MZ. Os efeitos da música em idosos com doença de Alzheimer de uma instituição de longa permanência. Rev Eletrônica Enferm. 2012;14(2):405-13.. No que se refere ao seu uso em saúde, a música pode melhorar o comportamento e os sintomas psíquicos, como na depressão22 Hagemann PMS, Martin LC, Neme CMB. The effect of music therapy on hemodialysis patients’ quality of life and depression symptoms. J Bras Nefrol. 2019;41(1):74-82., na ansiedade, na apatia e na agitação, bem como na modulação da dor para os pacientes33 Oliveira AT, Rosa AAS, Braun AMM, Micco DK, Erthal IN, Pecoits RV, Sangaletti MB, Ramos LA. música no controle de sintomas relacionados à demência em idosos. Acta Med. 2018;39(1):185-98., mas também para seus familiares no enfrentamento de uma doença ou do luto44 Silva VAD, Silva RCF, Cabau NCF, Leão ER, Silva MJPD. Effects of sacred music on the spiritual well-being of bereaved relatives: a randomized clinical trial. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03259..

A música é capaz de interferir, positivamente, nos sinais vitais e na percepção de dor de pacientes internados, com redução da dor e diminuição da pressão arterial e frequência respiratória. Trata-se de uma terapia de baixo custo, eficaz, agradável e acessível a todos, inclusive aos funcionários e acompanhantes55 Teixeira MMR, Paula JM de, Vidal LM, Porto JAS, Barros Júnior RJM de, Vidal CEL. Effects of music in the postoperative of hospitalized patients. Rev Méd Minas Gerais. 2018;28..

Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP), a definição atual de dor é: “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”66 DeSantana JM, Perissinotti DMN, Oliveira Junior JO de, Correia LMF, Departamento de Enfermagem Básica Oliveira CM de, Fonseca PRB da. Revised definition of pain after four decades. BrJP. 2020;3(3):197-8.. Sendo assim, a implementação de terapêuticas não farmacológicas, incluindo musicoterapia, embora não constitua o manejo essencial da dor, pode ser considerada coadjuvante na assistência do paciente. Sugere-se a implementação de estratégias educacionais sobre a musicoterapia com profissionais de saúde, a fim de aumentar sua aplicação em serviços de saúde77 Lópeza YO, Fernando D, Martínez R, Johana J, Cuellara A. Pain management through non-pharmacological treatments in intensive care units. Rev Col Rehabil. 2018;17(2):127-35.. Da mesma forma, é importante estabelecer grupos interdisciplinares que gerem propostas de intervenção para o manejo das condições dolorosas, com base em evidências e que promovam a implementação de estratégias não farmacológicas que contribuam para o bem-estar do paciente77 Lópeza YO, Fernando D, Martínez R, Johana J, Cuellara A. Pain management through non-pharmacological treatments in intensive care units. Rev Col Rehabil. 2018;17(2):127-35.. Apesar da extrema importância identificada no uso das terapias complementares, essas modalidades terapêuticas ainda são pouco inseridas na assistência à saúde88 Caires JS, Andrade TA, Amareall JB, Calasan MTA,, Rocha MDS. A utilização das terapias complementares nos cuidados paliativos: benefícios e finalidades. Cogitare Enferm. 2014;19(3):514-20..

As evidências científicas sobre alívio da dor com musicoterapia ou intervenções musicais são fracas, além de haver controvérsias sobre demais efeitos positivos e negativos da técnica aplicada, sobre a qual não existem protocolos bem definidos nos estudos sobre a dor99 Brazoloto TM. Musical interventions and music therapy in pain treatment: literature review. BrJP. 2021;4(4):369-73.

A questão de pesquisa deste estudo foi: “a musicoterapia ou a intervenção musical nos cuidados com a saúde pode reduzir a dor, aguda ou crônica, ou influenciar a experiência dolorosa?”.

O objetivo principal deste estudo foi realizar uma revisão da literatura para investigar o estado da arte das intervenções musicais e da musicoterapia no tratamento da dor aguda ou crônica em diferentes contextos clínicos. Os objetivos secundários foram coletar informações sobre os efeitos, vantagens, desvantagens e limitações observados nos estudos sobre intervenções musicais e musicoterapia no tratamento da dor aguda ou crônica, bem como elaborar critérios para facilitar a criação de estratégias de aplicação da música em pesquisas clínicas.

CONTEÚDO

Este estudo de revisão integrativa da literatura utilizou como método o levantamento bibliográfico na base de dados Pubmed, entre agosto de 2010 e março de 2023, com os descritores MeSH “music therapy” e “pain”. Foram considerados como critérios de inclusão os artigos de revisão, publicados em língua portuguesa, espanhola e inglesa, que apresentavam a versão completa, livre acesso on-line e os que ainda estavam em vias de publicação, publicados há, no máximo, 10 anos a partir do início desta pesquisa, ou seja, a contar de agosto de 2010. Como critérios de exclusão, durante o rastreamento foram excluídos artigos que não estavam relacionados ao objetivo deste estudo e suas palavras-chave, após a leitura de títulos e resumos.

Após a leitura dos trabalhos triados, aqueles que não apresentaram resultados claros sobre a influência da musicoterapia ou da intervenção musical no tratamento da dor também foram excluídos na fase de elegibilidade, segundo as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses (PRISMA1010 Galvão TF, Tiguman GMB, Sarkis-Onofre R. A declaração PRISMA 2020: Diretriz atualizada para relatar revisões sistemáticas. Epidemiol Serv Saúde. 2022;31(2):e2022364.. - figura 1). Os trabalhos selecionados na fase de inclusão do PRISMA foram lidos na íntegra e foram coletadas informações sobre: 1) o objetivo do estudo; 2) os resultados principais que apresentavam, exclusivamente, a influência da musicoterapia ou da intervenção musical nas características da dor nos sujeitos de pesquisa.

Figura 1
Fluxo de pesquisa na base de dados Pubmed segundo a Declaração PRISMA1010 Galvão TF, Tiguman GMB, Sarkis-Onofre R. A declaração PRISMA 2020: Diretriz atualizada para relatar revisões sistemáticas. Epidemiol Serv Saúde. 2022;31(2):e2022364..

RESULTADOS

A pesquisa nas bases de dados retornou 920 trabalhos e, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 113 trabalhos triados. Após a leitura de título e resumo, foram excluídos 27 trabalhos por não relevância ou duplicação, restando 72 trabalhos elegíveis para leitura completa. Destes, 28 trabalhos foram excluídos por não apresentarem resultados claros da influência da musicoterapia/ música no tratamento da dor. A seleção final, portanto, resultou em 44 trabalhos incluídos nesta pesquisa (Figura 1).

Considerando os trabalhos incluídos (n=44), a figura 2 mostra aumento evidente no número de publicações por ano a partir de 2020. Os principais resultados dos trabalhos estão dispostos na tabela 1. Desses, 40 trabalhos apontaram evidências de melhora nos níveis de dor em diferentes condições clínicas, enquanto 4 destacaram não haver melhora. Dentre os trabalhos incluídos nesta pesquisa, a figura 1 mostra que o número de trabalhos científicos vem aumentando nos últimos anos. Os principais resultados e/ou conclusões dos trabalhos incluídos estão dispostos na tabela 1.

Tabela 1
Distribuição dos artigos de revisão da literatura incluídos, objetivos, principais resultados e/ou conclusões, em ordem crescente de ano de publicação

Figura 2
Número de trabalhos científicos incluídos por ano de publicação

DISCUSSÃO

A musicoterapia é uma intervenção na qual há a presença do terapeuta junto ao cliente na promoção da saúde, utilizando recursos musicais com objetivos e estratégias estabelecidas na relação profissional-cliente. Por outro lado, outras intervenções que utilizam a música com aplicação na saúde, sem o musicoterapeuta, podem ser denominadas como medicina musical ou escuta musical5555 Rebecchini L. Music, mental health, and immunity. Brain Behav Immun Health. 2021;18:100374..

A musicoterapia é uma abordagem que parece ter impacto positivo em diversos sintomas e necessidades, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos1313 Archie P, Bruera E, Cohen L. Music-based interventions in palliative cancer care: a review of quantitative studies and neurobiological literature. Support Care Cancer. 2013;21(9):2609-24.,2626 Schmid W, Rosland JH, von Hofacker S, Hunskår I, Bruvik F. Patient’s and health care provider’s perspectives on music therapy in palliative care - an integrative review. BMC Palliat Care. 2018;17(1):32.. É uma intervenção não invasiva, segura e de baixo custo que pode ser realizada com facilidade e sucesso em um serviço de saúde1818 Hole J, Hirsch M, Ball E, Meads C. Music as an aid for postoperative recovery in adults: a systematic review and meta-analysis. Lancet. 2015;386(10004):1659-71., com aplicações variadas, considerando o ambiente, o estilo musical, a população, o procedimento clínico e o momento da aplicação4646 Chiang B, Marquardt C, Martin JC, Malyavko A, Tabaie S. The role of music-based interventions in orthopaedic surgery. Cureus. 2022;14(11):e31157.. Entretanto, um estudo1111 Bradt J, Dileo C. Music therapy for end-of-life care. Em: Cochrane Database of Systematic Reviews. John Wiley & Sons, Ltd; 2010. afirmou haver limitada evidência de efetividade da musicoterapia na qualidade de vida em cuidados para o fim da vida, e concluiu que não há evidência de efeitos benéficos sobre a dor, embora tenham sido apresentados apenas duas pesquisas que avaliaram essa variável.

Por outro lado, há evidências de resultados positivos da música na redução da dor2323 Garza-Villarreal EA, Pando V, Vuust P, Parsons C. Music-induced analgesia in chronic pain conditions: a systematic review and meta-analysis. Pain Physician. 2017;20(7):597-610. e do potencial para reduzir a necessidade de analgésicos e/ou ansiolíticos, mesmo que apenas em pequena quantidade, o que pode representar implicações clínicas benéficas importantes, embora outro estudo afirme que a musicoterapia não funciona como um fármaco para reduzir um sintoma2626 Schmid W, Rosland JH, von Hofacker S, Hunskår I, Bruvik F. Patient’s and health care provider’s perspectives on music therapy in palliative care - an integrative review. BMC Palliat Care. 2018;17(1):32..

Enquanto alguns agentes farmacológicos demoram de semanas a meses para fazerem efeito, as intervenções que fornecem benefícios mais imediatos, mesmo que modestos, podem justificar investigações adicionais1313 Archie P, Bruera E, Cohen L. Music-based interventions in palliative cancer care: a review of quantitative studies and neurobiological literature. Support Care Cancer. 2013;21(9):2609-24.. Considerando a experiência dolorosa em diferentes condições clínicas, bem como suas diversas repercussões, a musicoterapia e intervenções baseadas em música podem aumentar a satisfação de pacientes que sofrem com dor durante procedimentos em saúde, minimizando a experiência dolorosa3636 Cheng J, Zhang H, Bao H, Hong H. Music-based interventions for pain relief in patients undergoing hemodialysis: a PRISMA-compliant systematic review and meta-analysis. Medicine (Baltimore). 2021;100(2):e24102.,3838 Gauba A, Ramachandra MN, Saraogi M, Geraghty R, Hameed BMZ, Abumarzouk O, Somani BK. Music reduces patient-reported pain and anxiety and should be routinely offered during flexible cystoscopy: Outcomes of a systematic review. Arab J Urol. 2021;19(4):480-7., muito embora o efeito na redução da dor possa ser de leve a moderado4444 Wu XL, Ji B, Yao SD, Wang LL, Jiang ZY. Effect of music intervention during hemodialysis: a comprehensive meta-analysis. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2021;25(10):3822-34..

A familiaridade com determinada música impulsiona os mecanismos emocionais para modular a dor, de forma que a música tem um efeito analgésico maior se for escolhida pelo próprio paciente1616 Pauwels EK, Volterrani D, Mariani G, Kostkiewics M. Mozart, music and medicine. Med Princ Pract. 2014;23(5):403-12.,2323 Garza-Villarreal EA, Pando V, Vuust P, Parsons C. Music-induced analgesia in chronic pain conditions: a systematic review and meta-analysis. Pain Physician. 2017;20(7):597-610.. No caso de se ouvir uma música desconhecida, o principal mecanismo analgésico pode ser de natureza cognitiva e não emocional1616 Pauwels EK, Volterrani D, Mariani G, Kostkiewics M. Mozart, music and medicine. Med Princ Pract. 2014;23(5):403-12.. A preferência musical individual deve ser considerada no plano musicoterapêutico2525 Kühlmann AYR, de Rooij A, Kroese LF, van Dijk M, Hunink MGM, Jeekel J. Meta-analysis evaluating music interventions for anxiety and pain in surgery. Br J Surg. 2018;;105(7):773-83,4545 Abushukur Y, Cascardo C, Ibrahim Y, Teklehaimanot F, Knackstedt R. Improving breast surgery outcomes through alternative therapy: a systematic review. Cureus. 2022;14(3):e23443.. Um estudo apontou que a seleção musical feita pelo paciente ou pelo pesquisador reduziu a dor em 1.3 na escala analógica visual4141 Kakar E, Billar RJ, van Rosmalen J, Klimek M, Takkenberg JJM, Jeekel J. Music intervention to relieve anxiety and pain in adults undergoing cardiac surgery: a systematic review and meta-analysis. Open Heart. 2021;8(1):e001474.. Outro estudo apresentou o termo “music medicine” (“medicina musical”) a fim de retratar pesquisas que envolvem a escuta musical de músicas pré-gravadas sem a presença de um terapeuta, embora musicoterapia e “medicina musical” tenham o mesmo efeito na diminuição da dor. Segundo os autores, para que a música seja uma intervenção eficaz, os ouvintes devem se envolver com o que estão vivenciando, com participação do musicoterapeuta agindo como um guia; em “medicina musical”, a intervenção não guiada torna os resultados mais difíceis de serem controlados2828 Honzel E, Murthi S, Brawn-Cinani B, Colloca G, Kier C, Varshney A, Colloca L. Virtual reality, music, and pain: developing the premise for an interdisciplinary approach to pain management. Pain. 2019;160(9):1909-19..

Por outro lado, um estudo afirmou que evidências sugerem que o gênero musical não é importante para os efeitos analgésicos2323 Garza-Villarreal EA, Pando V, Vuust P, Parsons C. Music-induced analgesia in chronic pain conditions: a systematic review and meta-analysis. Pain Physician. 2017;20(7):597-610.. Outro estudo apontou que a escolha da música e o momento de aplicação fizeram pouca diferença nos resultados benéficos obtidos com a redução da dor pós-operatória. Há dúvidas quanto à forma de escolha da música pelo paciente (seleção própria ou lista de reprodução), às formas de aplicação no ambiente clínico, o volume sonoro, bem como existem questões a serem investigadas, sobre direitos autorais, por exemplo1818 Hole J, Hirsch M, Ball E, Meads C. Music as an aid for postoperative recovery in adults: a systematic review and meta-analysis. Lancet. 2015;386(10004):1659-71..

A redução da dor pós-operatória com musicoterapia é moderada e significativa, podendo ser aplicada antes, durante ou após procedimento cirúrgico2525 Kühlmann AYR, de Rooij A, Kroese LF, van Dijk M, Hunink MGM, Jeekel J. Meta-analysis evaluating music interventions for anxiety and pain in surgery. Br J Surg. 2018;;105(7):773-83. A música perioperatória pode reduzir a necessidade de fármacos sedativos e opioide no pós-operatório, diminuir os custos do tratamento, minimizar o risco de eventos adversos, apesar de não haver redução no tempo de internação3232 Fu VX, Oomens P, Klimek M, Verhofstad MHJ, Jeekel J. The effect of perioperative music on medication requirement and hospital length of stay: a meta-analysis. Ann Surg. 2020;272(6):961-72..

Em cirurgias ortopédicas a música pode controlar a dor pós-operatória3131 Fan M, Chen Z. A systematic review of non-pharmacological interventions used for pain relief after orthopedic surgical procedures. Exp Ther Med. 2020;20(5):36., com redução significativa da dor4242 Patiyal N, Kalyani V, Mishra R, Kataria N, Sharma S, Parashar A, Kumari P. Effect of music therapy on pain, anxiety, and use of opioids among patients underwent orthopedic surgery: a systematic review and meta-analysis. Cureus. 2021;13(9):e18377., porém um estudo apontou não haver melhora da dor, muito embora a heterogeneidade das pesquisas tenha dificultado a exploração dos dados3535 Yu R, Zhuo Y, Feng E, Wang W, Lin W, Lin F, Li Z, Lin L, Xiao L, Wang H, Huang Y, Wu C, Zhang Y. The effect of musical interventions in improving short-term pain outcomes following total knee replacement: a meta-analysis and systematic review. J Orthop Surg Res. 2020;15(1):465.. Também foram observados bons resultados na aplicação durante e após o trabalho de parto3434 Santiváñez-Acosta R, Tapia-López ELN, Santero M. Music therapy in pain and anxiety management during labor: a systematic review and meta-analysis. Medicina (Kaunas). 2020;56(10):526.,4040 Hakimi S, Hajizadeh K, Hasanzade R, Ranjbar M. A systematic review and meta-analysis of the effects of music therapy on postpartum anxiety and pain levels. J Caring Sci. 2021;10(4):230-7..

A intervenção musical aplicada com brevidade após episiotomia tem maior potencial na redução da dor5353 Maleki A, Youseflu S. The effect of music-based interventions on short-term postpartum episiotomy pain: A systematic review and meta-analysis. Heliyon. 2023;9(4):e14785.. A musicoterapia pode ser indicada para aliviar a dor associada à cirurgia (nível de evidência C)2727 Deng G. Integrative medicine therapies for pain management in cancer patients. Cancer J. 2019;25(5):343-8. e é recomendada para reduzir a ansiedade e melhorar o humor de pacientes com depressão (nível de evidência B). Segundo uma pesquisa, intervenções classificadas com o nível de evidência C representam um dilema para pacientes e profissionais de saúde quando enfrentam decisões sobre sua recomendação. Intervenções de nível C são apoiadas por algumas evidências de ensaios clínicos controlados, mas não têm um corpo grande de evidências para apoiar seu uso. Desse modo, intervenções de grau C representam áreas de maior necessidade de pesquisas adicionais. Intervenções de nível C requerem tomadas de decisão compartilhadas entre pacientes e profissionais, a partir de uma discussão sobre o risco-benefício para todos os tratamentos disponíveis1515 Greenlee H, Balneaves LG, Carlson LE, Cohen M, Deng G, Hershman D, Mumber M, Perlmutter J, Seely D, Sen A, Zick SM, Tripathy D; Society for Integrative Oncology. Clinical practice guidelines on the use of integrative therapies as supportive care in patients treated for breast cancer. J Natl Cancer Inst Monogr. 2014;2014(50):34658. Erratum in: J Natl Cancer Inst Monogr. 2015;2015(51):98..

Na disfunção temporomandibular (DTM) crônica, foi demonstrado que a música modula a atividade dos músculos masseter e tem como alvo o bruxismo de vigília, de forma que a música altamente dissonante e estressante aumenta o esforço motor dos músculos masseter durante episódios de bruxismo em vigília, enquanto a música relaxante e da preferência auditiva do paciente diminui esse esforço5656 Imbriglio TV, Moayedi M, Freeman BV, Tenenbaum HC, Thaut M, Cioffi I. Music modulates awake bruxism in chronic painful temporomandibular disorders. Headache. 2020;60(10):2389-405.. Entretanto, a pesquisa não apresentou detalhes sobre quais obras musicais foram utilizadas nos sujeitos de pesquisa. Outro estudo afirmou que a atividade muscular por bruxismo relacionado à DTM diminui quando os indivíduos ouvem músicas de sua preferência3030 Ciobica A, Padurariu M, Curpan A, Antioch I, Chirita R, Stefanescu C, Luca AC, Tomida M. Minireview on the connections between the neuropsychiatric and dental disorders: current perspectives and the possible relevance of oxidative stress and other factors. Oxid Med Cell Longev. 2020;2020:6702314..

A música ativa diversas estruturas encefálicas e interfere no processamento neuronal, provocando mudanças na percepção da dor e nos processos cognitivos, afetivos e avaliativos. Soma-se a isso a estimulação do sistema inibitório descendente de dor. Isso tudo pode explicar a diminuição da dor. Em um estudo com ressonância nuclear magnética do cérebro, foram observadas mudanças na atividade neural, indicando a diminuição da dor2828 Honzel E, Murthi S, Brawn-Cinani B, Colloca G, Kier C, Varshney A, Colloca L. Virtual reality, music, and pain: developing the premise for an interdisciplinary approach to pain management. Pain. 2019;160(9):1909-19.. O sistema nervoso parassimpático parece exercer maior influência na redução da dor, especialmente quando se ouve músicas relaxantes. O córtex cingulado é menos ativado pelo estímulo doloroso quando há escuta musical3030 Ciobica A, Padurariu M, Curpan A, Antioch I, Chirita R, Stefanescu C, Luca AC, Tomida M. Minireview on the connections between the neuropsychiatric and dental disorders: current perspectives and the possible relevance of oxidative stress and other factors. Oxid Med Cell Longev. 2020;2020:6702314..

Resultados positivos para o controle da dor e de manutenção de sinais vitais em níveis fisiológicos são mais bem observados com músicas selecionadas pelos próprios pacientes2121 Vetter D, Barth J, Uyulmaz S, Uyulmaz S, Vonlanthen R, Belli G, Montorsi M, Bismuth H, Witt CM, Clavien PA. Effects of art on surgical patients: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg. 2015;262(5):704-13.. A magnitude da redução da dor é de pequena a moderada, provavelmente atribuível à estimulação do sistema inibitório descendente de dor e da secreção aumentada de ocitocina1919 Koelsch S, Jäncke L. Music and the heart. Eur Heart J. 2015;36(44):3043-9. (Figura 3). A música aumenta as vias de recompensa no cérebro, o que poderia diminuir a dor crônica2222 Chai PR, Carreiro S, Ranney ML, Karanam K, Ahtisaari M, Edwards R, Schreiber KL, Ben-Ghaly L, Erickson TB, Boyer EW. Music as an adjunct to opioid-based analgesia. J Med Toxicol. 2017;13(3):249-54.. Por outro lado, os aspectos psíquicos, emocionais e espirituais, sobre os quais a música pode agir, devem ser considerados no atendimento clínico, a fim de favorecer o próprio tratamento convencional2626 Schmid W, Rosland JH, von Hofacker S, Hunskår I, Bruvik F. Patient’s and health care provider’s perspectives on music therapy in palliative care - an integrative review. BMC Palliat Care. 2018;17(1):32..

Figura 3
Possíveis mecanismos neurofisiológicos relacionados ao controle da dor mediante aplicação de intervenções musicais

Estudos de baixa qualidade metodológica pode comprometer a análise sobre os efeitos da música na saúde humana, pois os resultados podem ser duvidosos ou insuficientes para conclusões assertivas sobre os efeitos da música na experiência dolorosa, permitindo apenas que se conclua pelo não benefício da intervenção musical1717 Boerner KE, Birnie KA, Chambers CT, Taddio A, McMurtry CM, Noel M, Shah V, Pillai Riddell R; HELPinKids&Adults Team. Simple psychological interventions for reducing pain from common needle procedures in adults: systematic review of randomized and quasi-randomized controlled trials. Clin J Pain. 2015;31(10 Suppl):S90-8. ou que as evidências positivas sejam insuficientes3131 Fan M, Chen Z. A systematic review of non-pharmacological interventions used for pain relief after orthopedic surgical procedures. Exp Ther Med. 2020;20(5):36.,5757 Fleming PS, Strydom H, Katsaros C, MacDonald L, Curatolo M, Fudalej P, Pandis N. Non-pharmacological interventions for alleviating pain during orthodontic treatment. Cochrane Database Syst Rev. 2016;12(12):CD010263.. Ainda, a heterogeneidade metodológica dos estudos dificulta a comparação de resultados2424 Li J, Zhou L, Wang Y. The effects of music intervention on burn patients during treatment procedures: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Complement Altern Med. 2017;17(1):158.,3333 Köhler F, Martin ZS, Hertrampf RS, Gäbel C, Kessler J, Ditzen B, Warth M. Music Therapy in the psychosocial treatment of adult cancer patients: a systematic review and meta-analysis. Front Psychol. 2020;11:651., embora haja evidências promissoras para suportar o uso da musicoterapia3333 Köhler F, Martin ZS, Hertrampf RS, Gäbel C, Kessler J, Ditzen B, Warth M. Music Therapy in the psychosocial treatment of adult cancer patients: a systematic review and meta-analysis. Front Psychol. 2020;11:651. (Tabela 2). A literatura é controversa sobre os resultados na redução da dor2424 Li J, Zhou L, Wang Y. The effects of music intervention on burn patients during treatment procedures: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Complement Altern Med. 2017;17(1):158.,2626 Schmid W, Rosland JH, von Hofacker S, Hunskår I, Bruvik F. Patient’s and health care provider’s perspectives on music therapy in palliative care - an integrative review. BMC Palliat Care. 2018;17(1):32. e na redução de fármacos analgésicos2222 Chai PR, Carreiro S, Ranney ML, Karanam K, Ahtisaari M, Edwards R, Schreiber KL, Ben-Ghaly L, Erickson TB, Boyer EW. Music as an adjunct to opioid-based analgesia. J Med Toxicol. 2017;13(3):249-54.,2828 Honzel E, Murthi S, Brawn-Cinani B, Colloca G, Kier C, Varshney A, Colloca L. Virtual reality, music, and pain: developing the premise for an interdisciplinary approach to pain management. Pain. 2019;160(9):1909-19..

Tabela 2
Sugestão de paradigma para delineamento metodológico em estudos sobre os efeitos da musicoterapia no controle da dor: parâmetros/tópicos de interesse metodológico para padronização das pesquisas e uniformização de resultados

Os estudos analisados sugerem que pesquisas que envolvem música e dor devem focar em resultados esperados sobre mudanças na dor, aspectos psicossociais e sustentabilidade da intervenção musical2222 Chai PR, Carreiro S, Ranney ML, Karanam K, Ahtisaari M, Edwards R, Schreiber KL, Ben-Ghaly L, Erickson TB, Boyer EW. Music as an adjunct to opioid-based analgesia. J Med Toxicol. 2017;13(3):249-54.. Há falta de estudos sobre dor crônica, especialmente com métodos que detalhem frequência, duração e tipo de intervenções musicais. Há dúvidas sobre resultados em populações específicas, tipos de intervenções mais efetivas e parâmetros de medidas para avaliar a efetividade. É necessária uma investigação mais aprofundada para determinar se determinadas subpopulações de pacientes são mais propensas a responder a intervenções baseadas em música do que outras, quais intervenções são mais eficazes para tais pacientes responsivos e quais parâmetros de medição melhor avaliam sua eficácia1313 Archie P, Bruera E, Cohen L. Music-based interventions in palliative cancer care: a review of quantitative studies and neurobiological literature. Support Care Cancer. 2013;21(9):2609-24.. A aplicação de duas ou três intervenções semanais por 4 a 6 semanas reduz a dor em 41% a 61% dos casos3737 Chu SWF, Yeam CT, Low LL, Tay WY, Foo WYM, Seng JJB. The role of mind-body interventions in pre-dialysis chronic kidney disease and dialysis patients - a systematic review of literature. Complement Ther Med. 2021;57:102652..

Nos estudos observados, variáveis como o responsável pela escolha da música (paciente ou pesquisador), a duração da intervenção musical, o tipo de intervenção musical e o tipo de controle do estudo, entre outros, podem justificar a heterogeneidade de resultados na literatura. Combinar estudos com diferentes intervenções “controle” pode não ser o ideal para análise científica2323 Garza-Villarreal EA, Pando V, Vuust P, Parsons C. Music-induced analgesia in chronic pain conditions: a systematic review and meta-analysis. Pain Physician. 2017;20(7):597-610..

Apesar de um interesse aparentemente crescente sobre o tema nos últimos quatro anos, conforme demonstrado pelo aumento de publicações científicas anuais apresentado na figura 2, o emprego de métodos heterogêneos e a falta de detalhes sobre os protocolos de pesquisa dificultam a compreensão dos resultados e a discussão científica99 Brazoloto TM. Musical interventions and music therapy in pain treatment: literature review. BrJP. 2021;4(4):369-73. Na oncologia, a aplicação da musicoterapia é capaz de reduzir a dor, muito embora os resultados conflitantes na literatura dificultem uma conclusão generalizada para todos os pacientes com câncer5252 Huang E, Huang J. Music therapy: a noninvasive treatment to reduce anxiety and pain of colorectal cancer patients-a systemic literature review. Medicina (Kaunas). 2023;59(3):482.. Apesar das evidências favoráveis ao uso da musicoterapia na redução da dor, fatores como imprecisão, inconsistência, risco de avaliação de vieses e viés de publicação podem resultar em uma baixa qualidade científica dos estudos5151 He H, Li Z, Zhao X, Chen X. The effect of music therapy on anxiety and pain in patients undergoing prostate biopsy: A systematic review and meta-analysis. Complement Ther Med. 2023;72:102913..

Há controvérsia sobre o fato de haver efeitos adversos ou contraindicação da musicoterapia ou de intervenções musicais. Um estudo4848 Rennie C, Irvine DS, Huang E, Huang J. Music Therapy as a form of nonpharmacologic pain modulation in patients with cancer: a systematic review of the current literature. Cancers (Basel). 2022;14(18):4416. apontou que a música apresenta mínimo ou nenhum dano ao paciente, com boa modulação da dor em pacientes oncológicos4848 Rennie C, Irvine DS, Huang E, Huang J. Music Therapy as a form of nonpharmacologic pain modulation in patients with cancer: a systematic review of the current literature. Cancers (Basel). 2022;14(18):4416.. Segundo outro estudo5858 Pinto Júnior FE, Ferraz DLM, Cunha EQ, Santos IRM, Batista MDC. Influence of music on pain and anxiety due to surgery in patients with breast câncer. Rev Bras Cancerol. 2012;58(2):135-41., a música é um bom recurso, sem efeitos adversos na redução da ansiedade pré-operatória, e tal prática deveria se tornar uma rotina na busca de uma medicina mais humanizada. Já outro estudo5959 Salazar R, Villamizar R, Karol E, Machado M, Carlos J. La música como expresión terapéutica en la elaboración del duelo, con base en el personaje de Julie Vignon en la película tres colores: azul. Poiésis. 2018;(34):23-40. apontou que a música pode ter um efeito ora calmante, ora mobilizador das emoções humanas mais intensas5959 Salazar R, Villamizar R, Karol E, Machado M, Carlos J. La música como expresión terapéutica en la elaboración del duelo, con base en el personaje de Julie Vignon en la película tres colores: azul. Poiésis. 2018;(34):23-40..

Segundo uma pesquisa55 Teixeira MMR, Paula JM de, Vidal LM, Porto JAS, Barros Júnior RJM de, Vidal CEL. Effects of music in the postoperative of hospitalized patients. Rev Méd Minas Gerais. 2018;28., a intervenção musical não apresenta contraindicações ou efeitos adversos. A natureza dos efeitos da música parece ser benéfica para maioria das pessoas, pois proporciona sensação de bem-estar, relaxamento, distração, recordações agradáveis e conforto (Figura 4). Porém, particularmente em idosos, algumas manifestações podem interromper o processo terapêutico, como cansaço, fome ou sonolência11 Albuquerque MCS, Nascimento LO, Lyra ST, Figueredo Trezza MCS, Brêda MZ. Os efeitos da música em idosos com doença de Alzheimer de uma instituição de longa permanência. Rev Eletrônica Enferm. 2012;14(2):405-13.. A música pode resgatar memórias e experiências vividas, evocar diversos sentimentos e favorecer a comunicação não verbal. Ela permite proporcionar um ambiente saudável para o cliente e favorecer a relação profissional-cliente11 Albuquerque MCS, Nascimento LO, Lyra ST, Figueredo Trezza MCS, Brêda MZ. Os efeitos da música em idosos com doença de Alzheimer de uma instituição de longa permanência. Rev Eletrônica Enferm. 2012;14(2):405-13.. Um estudo observou não haver efeitos adversos da intervenção musical3232 Fu VX, Oomens P, Klimek M, Verhofstad MHJ, Jeekel J. The effect of perioperative music on medication requirement and hospital length of stay: a meta-analysis. Ann Surg. 2020;272(6):961-72.. Entretanto, os relatos de efeitos adversos ou negativos com música são pobres, isso porque, talvez, esse parâmetro não seja avaliado adequadamente2323 Garza-Villarreal EA, Pando V, Vuust P, Parsons C. Music-induced analgesia in chronic pain conditions: a systematic review and meta-analysis. Pain Physician. 2017;20(7):597-610..

Figura 4
Possíveis prós e contras das intervenções musicais quando empregadas no controle da dor

A música é capaz de reduzir a ansiedade em diversas populações1313 Archie P, Bruera E, Cohen L. Music-based interventions in palliative cancer care: a review of quantitative studies and neurobiological literature. Support Care Cancer. 2013;21(9):2609-24.,1616 Pauwels EK, Volterrani D, Mariani G, Kostkiewics M. Mozart, music and medicine. Med Princ Pract. 2014;23(5):403-12.,2121 Vetter D, Barth J, Uyulmaz S, Uyulmaz S, Vonlanthen R, Belli G, Montorsi M, Bismuth H, Witt CM, Clavien PA. Effects of art on surgical patients: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg. 2015;262(5):704-13. e, consequentemente, diminui a intensidade da dor1616 Pauwels EK, Volterrani D, Mariani G, Kostkiewics M. Mozart, music and medicine. Med Princ Pract. 2014;23(5):403-12.. Durante procedimentos odontológicos, a musicoterapia reduziu significativamente os escores de dor em pacientes com ansiedade odontológica; diferentes populações de estudo (crianças ou adultos), diferentes procedimentos orais, em diferentes países e em diferentes anos não afetaram significativamente os resultados5454 Tan K, Liu H, Huang S, Li C. Efficacy of music intervention for dental anxiety disorders: a systematic review and meta-analysis. Medicina (Kaunas). 2023;59(2):209..

Na população pediátrica, a musicoterapia e outras intervenções baseadas em música têm se mostrado benéficas em uma ampla variedade de áreas e parecem eficazes, especialmente em combinação com outras formas de tratamento e dentro de uma abordagem de terapia multimodal, incluindo alívio da dor2929 Stegemann T, Geretsegger M, Phan Quoc E, Riedl H, Smetana M. Music Therapy and other music-based interventions in pediatric health care: an overview. Medicines (Basel). 2019;6(1):25.,4343 da Silva Santa IN, Schveitzer MC, Dos Santos MLBM, Ghelman R, Filho VO. Music interventions in pediatric oncology: systematic review and meta-analysis. Complement Ther Med. 2021;59:102725..,4747 Ormston K, Howard R, Gallagher K, Mitra S, Jaschke A. The role of music therapy with infants with perinatal brain injury. Brain Sci. 2022;12(5):578. e melhora da qualidade de vida nos tratamentos oncológicos4343 da Silva Santa IN, Schveitzer MC, Dos Santos MLBM, Ghelman R, Filho VO. Music interventions in pediatric oncology: systematic review and meta-analysis. Complement Ther Med. 2021;59:102725... A evocação de memórias agradáveis durante a escuta de músicas familiares parece favorecer a diminuição da dor percebida3939 González-Martín-Moreno M, Garrido-Ardila EM, Jiménez-Palomares M, Gonzalez-Medina G, Oliva-Ruiz P, Rodríguez-Mansilla J. Music-based interventions in paediatric and adolescents oncology patients: a systematic review. Children (Basel). 2021;8(2):73.. Durante a punção lombar, há evidências de que a intervenção musical (audição com fones de ouvido) durante o procedimento pode diminuir o autorrelato de dor e ansiedade da criança1414 Thrane S. Effectiveness of integrative modalities for pain and anxiety in children and adolescents with cancer: a systematic review. J Pediatr Oncol Nurs. 2013;30(6):320-32..

Poucos ensaios clínicos randomizados foram realizados sobre os efeitos da música em pacientes pediátricos submetidos a cirurgias. A música como uma intervenção adjuvante não farmacológica tem potencial na redução da dor em crianças submetidas a cirurgias. Sua natureza não invasiva é uma vantagem. Isso sugere que a musicoterapia deve ser considerada para uso clínico2020 van der Heijden MJ, Oliai Araghi S, van Dijk M, Jeekel J, Hunink MG. The Effects of perioperative music interventions in pediatric surgery: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. PLoS One. 2015;10(8):e0133608.. A musicoterapia é segura e alivia a dor nos domínios psicológico e fisiológico na população pediátrica. Há estilos musicais capazes de reduzir a experiência dolorosa, enquanto outros estilos não mostraram esse desfecho na população pediátrica4949 Ting B, Tsai CL, Hsu WT, Shen ML, Tseng PT, Chen DT, Su KP, Jingling L. Music intervention for pain control in the pediatric population: a systematic review and meta-analysis. J Clin Med. 2022;11(4):991..

Idealmente, a musicoterapia deve ser adequada às preferências individuais e ao nível de dor. Três métodos de curadoria ou busca ativa de conteúdo musical podem ser empregados: pessoal, profissional e seleção automatizada (por aplicativos/softwares), sendo que esse último parece não ter sido investigado até o momento2222 Chai PR, Carreiro S, Ranney ML, Karanam K, Ahtisaari M, Edwards R, Schreiber KL, Ben-Ghaly L, Erickson TB, Boyer EW. Music as an adjunct to opioid-based analgesia. J Med Toxicol. 2017;13(3):249-54.. Com os recursos tecnológicos atuais, os pacientes podem administrar a si mesmos suas próprias músicas por meio de aparelhos celulares. O efeito da música perioperatória pode ser maximizado, é independente das tendências musicais e, em última análise, seu acesso pode ser gratuito2121 Vetter D, Barth J, Uyulmaz S, Uyulmaz S, Vonlanthen R, Belli G, Montorsi M, Bismuth H, Witt CM, Clavien PA. Effects of art on surgical patients: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg. 2015;262(5):704-13..

CONCLUSÃO

O uso da música, seja por musicoterapia ou por intervenções baseadas em música, apresenta impacto positivo para uma variedade de situações ambientais e de condições clínicas que resultam na experiência dolorosa e, portanto, alivia a dor de forma significativa. Esse alívio parece estar relacionado a influências em mecanismos neurais complexos que envolvem o sistema inibitório descendente de dor e outros circuitos neuronais. O efeito analgésico pode decorrer de músicas escolhidas pelo profissional ou pelo sujeito de pesquisa (ou paciente), cujas preferências devem ser consideradas no plano terapêutico ou de intervenção musical, embora seus resultados (positivos ou negativos) devam ser avaliados por um profissional para subsidiar uma tomada de decisão compartilhada entre profissional/ equipe e paciente.

Por outro lado, as evidências clínicas do uso das técnicas que utilizam música aplicada à dor são pequenas e o tema merece melhor investigação científica. Para isso, do ponto de vista metodológico, a disponibilização de informações detalhadas sobre as técnicas utilizadas, a seleção da amostra, a escolha das técnicas utilizadas, a descrição do procedimento ou intervenção, a escolha das obras musicais, a duração do procedimento, as condições ambientais, o tempo de avaliação, a avaliação de efeitos benéficos e adversos e a qualificação do profissional executante é urgente para avançar na análise científica dos resultados.

  • Fontes de fomento: não há.

REFERENCES

  • 1
    Albuquerque MCS, Nascimento LO, Lyra ST, Figueredo Trezza MCS, Brêda MZ. Os efeitos da música em idosos com doença de Alzheimer de uma instituição de longa permanência. Rev Eletrônica Enferm. 2012;14(2):405-13.
  • 2
    Hagemann PMS, Martin LC, Neme CMB. The effect of music therapy on hemodialysis patients’ quality of life and depression symptoms. J Bras Nefrol. 2019;41(1):74-82.
  • 3
    Oliveira AT, Rosa AAS, Braun AMM, Micco DK, Erthal IN, Pecoits RV, Sangaletti MB, Ramos LA. música no controle de sintomas relacionados à demência em idosos. Acta Med. 2018;39(1):185-98.
  • 4
    Silva VAD, Silva RCF, Cabau NCF, Leão ER, Silva MJPD. Effects of sacred music on the spiritual well-being of bereaved relatives: a randomized clinical trial. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03259.
  • 5
    Teixeira MMR, Paula JM de, Vidal LM, Porto JAS, Barros Júnior RJM de, Vidal CEL. Effects of music in the postoperative of hospitalized patients. Rev Méd Minas Gerais. 2018;28.
  • 6
    DeSantana JM, Perissinotti DMN, Oliveira Junior JO de, Correia LMF, Departamento de Enfermagem Básica Oliveira CM de, Fonseca PRB da. Revised definition of pain after four decades. BrJP. 2020;3(3):197-8.
  • 7
    Lópeza YO, Fernando D, Martínez R, Johana J, Cuellara A. Pain management through non-pharmacological treatments in intensive care units. Rev Col Rehabil. 2018;17(2):127-35.
  • 8
    Caires JS, Andrade TA, Amareall JB, Calasan MTA,, Rocha MDS. A utilização das terapias complementares nos cuidados paliativos: benefícios e finalidades. Cogitare Enferm. 2014;19(3):514-20.
  • 9
    Brazoloto TM. Musical interventions and music therapy in pain treatment: literature review. BrJP. 2021;4(4):369-73
  • 10
    Galvão TF, Tiguman GMB, Sarkis-Onofre R. A declaração PRISMA 2020: Diretriz atualizada para relatar revisões sistemáticas. Epidemiol Serv Saúde. 2022;31(2):e2022364..
  • 11
    Bradt J, Dileo C. Music therapy for end-of-life care. Em: Cochrane Database of Systematic Reviews. John Wiley & Sons, Ltd; 2010.
  • 12
    dos Santos DS, de Carvalho EC. Nursing interventions for the care of patients with arthritis: an integrative review. Rev Bras Enferm. 2012;65(6):1011-8.
  • 13
    Archie P, Bruera E, Cohen L. Music-based interventions in palliative cancer care: a review of quantitative studies and neurobiological literature. Support Care Cancer. 2013;21(9):2609-24.
  • 14
    Thrane S. Effectiveness of integrative modalities for pain and anxiety in children and adolescents with cancer: a systematic review. J Pediatr Oncol Nurs. 2013;30(6):320-32.
  • 15
    Greenlee H, Balneaves LG, Carlson LE, Cohen M, Deng G, Hershman D, Mumber M, Perlmutter J, Seely D, Sen A, Zick SM, Tripathy D; Society for Integrative Oncology. Clinical practice guidelines on the use of integrative therapies as supportive care in patients treated for breast cancer. J Natl Cancer Inst Monogr. 2014;2014(50):34658. Erratum in: J Natl Cancer Inst Monogr. 2015;2015(51):98.
  • 16
    Pauwels EK, Volterrani D, Mariani G, Kostkiewics M. Mozart, music and medicine. Med Princ Pract. 2014;23(5):403-12.
  • 17
    Boerner KE, Birnie KA, Chambers CT, Taddio A, McMurtry CM, Noel M, Shah V, Pillai Riddell R; HELPinKids&Adults Team. Simple psychological interventions for reducing pain from common needle procedures in adults: systematic review of randomized and quasi-randomized controlled trials. Clin J Pain. 2015;31(10 Suppl):S90-8.
  • 18
    Hole J, Hirsch M, Ball E, Meads C. Music as an aid for postoperative recovery in adults: a systematic review and meta-analysis. Lancet. 2015;386(10004):1659-71.
  • 19
    Koelsch S, Jäncke L. Music and the heart. Eur Heart J. 2015;36(44):3043-9.
  • 20
    van der Heijden MJ, Oliai Araghi S, van Dijk M, Jeekel J, Hunink MG. The Effects of perioperative music interventions in pediatric surgery: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. PLoS One. 2015;10(8):e0133608.
  • 21
    Vetter D, Barth J, Uyulmaz S, Uyulmaz S, Vonlanthen R, Belli G, Montorsi M, Bismuth H, Witt CM, Clavien PA. Effects of art on surgical patients: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg. 2015;262(5):704-13.
  • 22
    Chai PR, Carreiro S, Ranney ML, Karanam K, Ahtisaari M, Edwards R, Schreiber KL, Ben-Ghaly L, Erickson TB, Boyer EW. Music as an adjunct to opioid-based analgesia. J Med Toxicol. 2017;13(3):249-54.
  • 23
    Garza-Villarreal EA, Pando V, Vuust P, Parsons C. Music-induced analgesia in chronic pain conditions: a systematic review and meta-analysis. Pain Physician. 2017;20(7):597-610.
  • 24
    Li J, Zhou L, Wang Y. The effects of music intervention on burn patients during treatment procedures: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Complement Altern Med. 2017;17(1):158.
  • 25
    Kühlmann AYR, de Rooij A, Kroese LF, van Dijk M, Hunink MGM, Jeekel J. Meta-analysis evaluating music interventions for anxiety and pain in surgery. Br J Surg. 2018;;105(7):773-83
  • 26
    Schmid W, Rosland JH, von Hofacker S, Hunskår I, Bruvik F. Patient’s and health care provider’s perspectives on music therapy in palliative care - an integrative review. BMC Palliat Care. 2018;17(1):32.
  • 27
    Deng G. Integrative medicine therapies for pain management in cancer patients. Cancer J. 2019;25(5):343-8.
  • 28
    Honzel E, Murthi S, Brawn-Cinani B, Colloca G, Kier C, Varshney A, Colloca L. Virtual reality, music, and pain: developing the premise for an interdisciplinary approach to pain management. Pain. 2019;160(9):1909-19.
  • 29
    Stegemann T, Geretsegger M, Phan Quoc E, Riedl H, Smetana M. Music Therapy and other music-based interventions in pediatric health care: an overview. Medicines (Basel). 2019;6(1):25.
  • 30
    Ciobica A, Padurariu M, Curpan A, Antioch I, Chirita R, Stefanescu C, Luca AC, Tomida M. Minireview on the connections between the neuropsychiatric and dental disorders: current perspectives and the possible relevance of oxidative stress and other factors. Oxid Med Cell Longev. 2020;2020:6702314.
  • 31
    Fan M, Chen Z. A systematic review of non-pharmacological interventions used for pain relief after orthopedic surgical procedures. Exp Ther Med. 2020;20(5):36.
  • 32
    Fu VX, Oomens P, Klimek M, Verhofstad MHJ, Jeekel J. The effect of perioperative music on medication requirement and hospital length of stay: a meta-analysis. Ann Surg. 2020;272(6):961-72.
  • 33
    Köhler F, Martin ZS, Hertrampf RS, Gäbel C, Kessler J, Ditzen B, Warth M. Music Therapy in the psychosocial treatment of adult cancer patients: a systematic review and meta-analysis. Front Psychol. 2020;11:651.
  • 34
    Santiváñez-Acosta R, Tapia-López ELN, Santero M. Music therapy in pain and anxiety management during labor: a systematic review and meta-analysis. Medicina (Kaunas). 2020;56(10):526.
  • 35
    Yu R, Zhuo Y, Feng E, Wang W, Lin W, Lin F, Li Z, Lin L, Xiao L, Wang H, Huang Y, Wu C, Zhang Y. The effect of musical interventions in improving short-term pain outcomes following total knee replacement: a meta-analysis and systematic review. J Orthop Surg Res. 2020;15(1):465.
  • 36
    Cheng J, Zhang H, Bao H, Hong H. Music-based interventions for pain relief in patients undergoing hemodialysis: a PRISMA-compliant systematic review and meta-analysis. Medicine (Baltimore). 2021;100(2):e24102.
  • 37
    Chu SWF, Yeam CT, Low LL, Tay WY, Foo WYM, Seng JJB. The role of mind-body interventions in pre-dialysis chronic kidney disease and dialysis patients - a systematic review of literature. Complement Ther Med. 2021;57:102652.
  • 38
    Gauba A, Ramachandra MN, Saraogi M, Geraghty R, Hameed BMZ, Abumarzouk O, Somani BK. Music reduces patient-reported pain and anxiety and should be routinely offered during flexible cystoscopy: Outcomes of a systematic review. Arab J Urol. 2021;19(4):480-7.
  • 39
    González-Martín-Moreno M, Garrido-Ardila EM, Jiménez-Palomares M, Gonzalez-Medina G, Oliva-Ruiz P, Rodríguez-Mansilla J. Music-based interventions in paediatric and adolescents oncology patients: a systematic review. Children (Basel). 2021;8(2):73.
  • 40
    Hakimi S, Hajizadeh K, Hasanzade R, Ranjbar M. A systematic review and meta-analysis of the effects of music therapy on postpartum anxiety and pain levels. J Caring Sci. 2021;10(4):230-7.
  • 41
    Kakar E, Billar RJ, van Rosmalen J, Klimek M, Takkenberg JJM, Jeekel J. Music intervention to relieve anxiety and pain in adults undergoing cardiac surgery: a systematic review and meta-analysis. Open Heart. 2021;8(1):e001474.
  • 42
    Patiyal N, Kalyani V, Mishra R, Kataria N, Sharma S, Parashar A, Kumari P. Effect of music therapy on pain, anxiety, and use of opioids among patients underwent orthopedic surgery: a systematic review and meta-analysis. Cureus. 2021;13(9):e18377.
  • 43
    da Silva Santa IN, Schveitzer MC, Dos Santos MLBM, Ghelman R, Filho VO. Music interventions in pediatric oncology: systematic review and meta-analysis. Complement Ther Med. 2021;59:102725..
  • 44
    Wu XL, Ji B, Yao SD, Wang LL, Jiang ZY. Effect of music intervention during hemodialysis: a comprehensive meta-analysis. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2021;25(10):3822-34.
  • 45
    Abushukur Y, Cascardo C, Ibrahim Y, Teklehaimanot F, Knackstedt R. Improving breast surgery outcomes through alternative therapy: a systematic review. Cureus. 2022;14(3):e23443.
  • 46
    Chiang B, Marquardt C, Martin JC, Malyavko A, Tabaie S. The role of music-based interventions in orthopaedic surgery. Cureus. 2022;14(11):e31157.
  • 47
    Ormston K, Howard R, Gallagher K, Mitra S, Jaschke A. The role of music therapy with infants with perinatal brain injury. Brain Sci. 2022;12(5):578.
  • 48
    Rennie C, Irvine DS, Huang E, Huang J. Music Therapy as a form of nonpharmacologic pain modulation in patients with cancer: a systematic review of the current literature. Cancers (Basel). 2022;14(18):4416.
  • 49
    Ting B, Tsai CL, Hsu WT, Shen ML, Tseng PT, Chen DT, Su KP, Jingling L. Music intervention for pain control in the pediatric population: a systematic review and meta-analysis. J Clin Med. 2022;11(4):991.
  • 50
    Gerogianni G. Factors affecting pain in hemodialysis and non-pharmacological management. Cureus. 2023;15(2):e35448.
  • 51
    He H, Li Z, Zhao X, Chen X. The effect of music therapy on anxiety and pain in patients undergoing prostate biopsy: A systematic review and meta-analysis. Complement Ther Med. 2023;72:102913.
  • 52
    Huang E, Huang J. Music therapy: a noninvasive treatment to reduce anxiety and pain of colorectal cancer patients-a systemic literature review. Medicina (Kaunas). 2023;59(3):482.
  • 53
    Maleki A, Youseflu S. The effect of music-based interventions on short-term postpartum episiotomy pain: A systematic review and meta-analysis. Heliyon. 2023;9(4):e14785.
  • 54
    Tan K, Liu H, Huang S, Li C. Efficacy of music intervention for dental anxiety disorders: a systematic review and meta-analysis. Medicina (Kaunas). 2023;59(2):209.
  • 55
    Rebecchini L. Music, mental health, and immunity. Brain Behav Immun Health. 2021;18:100374.
  • 56
    Imbriglio TV, Moayedi M, Freeman BV, Tenenbaum HC, Thaut M, Cioffi I. Music modulates awake bruxism in chronic painful temporomandibular disorders. Headache. 2020;60(10):2389-405.
  • 57
    Fleming PS, Strydom H, Katsaros C, MacDonald L, Curatolo M, Fudalej P, Pandis N. Non-pharmacological interventions for alleviating pain during orthodontic treatment. Cochrane Database Syst Rev. 2016;12(12):CD010263.
  • 58
    Pinto Júnior FE, Ferraz DLM, Cunha EQ, Santos IRM, Batista MDC. Influence of music on pain and anxiety due to surgery in patients with breast câncer. Rev Bras Cancerol. 2012;58(2):135-41.
  • 59
    Salazar R, Villamizar R, Karol E, Machado M, Carlos J. La música como expresión terapéutica en la elaboración del duelo, con base en el personaje de Julie Vignon en la película tres colores: azul. Poiésis. 2018;(34):23-40.

Editado por

Editor associado responsável: Vania Maria de Araújo Giaretta https://orcid.org/0000-0003-4231-5054

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    31 Jan 2024
  • Aceito
    21 Maio 2024
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 Cj2 - Vila Mariana, CEP: 04014-012, São Paulo, SP - Brasil, Telefones: , (55) 11 5904-2881/3959 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br