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Editorial

Homenagem àqueles que nos ajudam a construir o campo de Administração no Brasil

Os periódicos científicos, os congressos da ANPAD (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração) bem como outros congressos reconhecidos no Brasil e no exterior são de importância basilar para a edificação social do conhecimento e de nosso campo de estudos. Neste trabalho de construção de pesquisas com nível de excelência e de promoção de debates acadêmicos e formação de pessoas, há aqueles que, para nós pesquisadores e professores da pós-graduação, foram e são fundamentais - entre tantos outros no campo da Administração no Brasil. Trata-se de professores e colegas indispensáveis, amigos.

Neste editorial, especificamente, dedicamos um espaço para expressar nosso reconhecimento a dois profissionais que se aposentaram da instituição em 2016, mas continuarão, sem dúvida, entre nós por muito tempo - felizmente! -, Prof. Dr. Carlos Osmar Bertero e Prof.ª Dra. Maria Ester de Freitas.

Carlos Osmar Bertero, Professor Titular da FGV EAESP, ex-diretor da Escola, Presidente da ANPAD, Chefe de Departamento, Editor da RAE (Revista de Administração de Empresas da FGV EAESP), pesquisador e autor, entre tantos outros títulos e papéis de excelência, contribuiu com seu exemplo, sua sabedoria e amizade para a construção do que somos hoje na evolução dos últimos 40 anos ou mais da nossa área de estudos.

Maria Ester de Freitas, Professora Titular, Chefe de Departamento da FGV EAESP, pesquisadora, autora, amiga, formadora - entres aqueles que formou, estão muitos pesquisadores e professores hoje reconhecidos.

Em razão da difícil tarefa de expressar nosso reconhecimento no espaço de um editorial, convidamos colegas que trazem consigo um profundo conhecimento a respeito dos nossos homenageados. Assim, delegamos o texto de homenagem a Profª Dra. Maria José Tonelli - que atuou como Vice-Diretora da FGV EAESP por muitos anos e é Profª. Titular e atual editora da RAE - e a Rafael Alcadipani - Professor no Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da FGV EAESP.

Desse modo, o Cadernos EBAPE.BR atua como um periódico que pretende ser não só uma revista aberta aos estudos críticos, ao debate de alto nível e à expressão democrática de ideias, a, com seu exemplo, nos direcionam na esperança de continuar nosso aprimoramento como professores, pesquisadores, cidadãos, formadores de pessoas.

Por uma feliz coincidência, este número traz artigos que tratam de cultura organizacional em indústrias criativas, em organizações ligadas à religião, futebolístico e na temática economia solidária; além de artigo que trata da História do Campo de Administração no Brasil e das Escolas de Administração. A coincidência está no fato de que o Prof. Bertero e a Prof.ª Maria Ester estão entre os primeiros autores no Brasil a tratar do tema cultura organizacional, tendo escrito livros e inúmeros artigos indispensáveis sobre este conteúdo desde os anos 90. Ambos refletiram também a respeito da publicação de artigos, da qualidade da pesquisa - em Administração e em análise histórica - sobre a construção de nosso campo de estudos, temas tão caros a todos nós, e dos quais também tratamos nesta edição do Cadernos EBAPE.BR.

Deixamos os leitores com o texto de homenagem e nossos artigos. Aproveitamos este espaço para solicitar ao Prof. Bertero e à Prof.ª Maria Ester que continuem sempre entre nós.

Boa leitura!

HOMENAGEM

As lições de Mestres Inspiradores: Carlos Osmar Bertero e Maria Ester de Freitas

Maria José Tonelli

Fundação Getulio Vargas / Escola de Administração de Empresas de São Paulo, São Paulo - SP, Brasil

Rafael Alcadipani

Fundação Getulio Vargas / Escola de Administração de Empresas de São Paulo, São Paulo - SP, Brasil

A academia brasileira em Administração, criada oficialmente com a ANPAD em 1976, cresceu pelo trabalho pioneiro de muitos professores e pesquisadores das mais diversas áreas, em várias instituições por todo o Brasil (FACHIN, 2006FACHIN, R. C. Construindo uma associação científica: trinta anos da Anpad - memórias, registros, desafios. Porto Alegre: s.n., 2006.). Com certeza teríamos muito a dizer sobre o papel desempenhado pelos diferentes professores inventivos, desbravadores, à frente do seu tempo. Neste texto, em particular, queremos destacar Carlos Osmar Bertero e Maria Ester de Freitas, ambos professores da FGV EAESP por um longo período, aposentados da instituição em 2016 e, felizmente, não distantes dos textos e da escrita. Cada um, com sua trajetória, contribuiu para a pesquisa e o ensino de Administração no Brasil como poucos o fizeram.

O ensino de Administração tem sua história apoiada na disseminação dos modelos norte-americanos de gestão no pós-guerra, como nos mostra o próprio professor Bertero (2006BERTERO, C. O. Ensino e pesquisa em Administração. São Paulo: Thomson Learning, 2006. ) em Ensino e Pesquisa em Administração, obra curta, mas extremamente útil para a compreensão dos principais eventos que marcaram tal processo no país. O professor Bertero participou ativamente dessa construção, seja na própria criação da ANPAD ou na função de Presidente da Associação em diferentes ocasiões. Em 2016 comemorou, junto com a querida Prof.ª Tânia Fisher, 50 anos nessa instituição. Bertero esteve presente em inúmeros debates sobre ensino e pesquisa em Administração no Brasil. Dentro da FGV EAESP, instituição na qual trabalhou ao longo de sua vida, desempenhou funções acadêmicas e administrativas que também deram suporte ao desenvolvimento do campo acadêmico em Administração. Como editor da RAE, papel ocupado em diferentes ocasiões, Bertero escreveu editoriais, memória viva desses diferentes tempos, e também inúmeros artigos. Sua formação é peculiar: graduação em Filosofia pela USP (Universidade de São Paulo), MBA pela Michigan State University e PhD em Business pela Cornell University, onde foi orientado pelo Prof. Bill Starbuck, um dos acadêmicos mais profícuos no nosso campo nos EUA. Bertero reúne um forte pensamento analítico, raciocínio apoiado em bases quantitativas, uma memória excepcional, um humor britânico singular e o pé apoiado na realidade. Esta última característica permite, com certeza, sua função de conselheiro, a quem todos recorrem quando precisam de sugestões práticas para questões complexas. Bertero é um grande observador da vida cotidiana, da microssociologia, e também dos grandes eventos da economia e da política nacional e internacional.

Gregário, Bertero reuniu muitos jovens pesquisadores que tiveram a oportunidade de conviver, pesquisar e trabalhar com ele. Trata a todos de maneira semelhante, com a simplicidade de quem sempre quer aprender. Assim como o querido professor Fernando Prestes Motta foi o orientador de Maria Ester de Freitas, Bertero desempenhou esse papel para Flávio Carvalho de Vasconcellos, Miguel Pinto Caldas e Thomaz Wood Jr. e muitos outros que ainda participam de ENANPADs (Encontros da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração) com textos inovadores e provocativos.

Bertero apoiou continuamente projetos questionadores, como a “Produção Científica em Administração” ou a construção do management no Brasil (BERTERO, CALDAS e WOOD JR., 1999BERTERO, C. O.; CALDAS, M. P.; WOOD JR., T. Produção científica em Administração: provocações, insinuações e contribuições para o debate local. Revista de Administração Contemporânea, v. 3, n. 1, p. 147-178, jan./abr. 1999. ; ALCADIPANI e BERTERO, 2012ALCADIPANI, R.; BERTERO, C. O. Guerra Fria e o ensino do management no Brasil: o caso da FGV-EAESP. Revista de Administração de Empresas, v. 52, n. 3, p. 284-299, maio/jun. 2012. ). Sempre elegante, Bertero sustenta, com sua erudição, a fundamentação de ideias provocativas. A pessoalidade de Bertero é composta por todos esses elementos - inspiradores para a vida e para a academia. Muitos estudantes o chamam de “muso” inspirador dos Estudos Organizacionais, e seus netos, de “vovô-google”. A trajetória do professor Bertero se confunde com a história da construção do campo acadêmico em Administração no Brasil.

Atuante em educação corporativa, Bertero manteve-se presente no ensino de graduação e pós-graduação, tendo orientado ao longo de sua carreira mais de 44 dissertações de mestrado e mais de 20 teses de doutorado. Dedicou sua carreira ao ensino e à pesquisa nas áreas de Teoria das Organizações e Estratégia Empresarial. Os artigos de Bertero revelam um autor profícuo, que escreve sobre diversos temas e abordagens desde os anos 1960. Por exemplo, em 1967, na RAE, o professor discute a questão do “Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina” e trata da “Teoria das Organizações em Sociedades Subdesenvolvidas” (este republicado em 1992).

Maria Ester de Freitas é uma mistura de razão e emoção que muito inspira as pessoas à sua volta. Teve como orientador o professor Bertero em seu mestrado na FGV EAESP, mas sua vida acadêmica foi revolucionada pela presença de Fernando Prestes Motta, seu orientador de doutorado na mesma instituição. Ainda que filósofo com formação de base francesa, assim como quase todos na Filosofia brasileira, Bertero sempre teve o suporte do modelo americano de educação, por seu mestrado e doutorado realizados nos Estados Unidos. Maria Ester, inspirada por Prestes Motta, mergulhou na microssociologia de origem francesa. Eugene Enriquez, com quem estudou na França por diversas ocasiões, exerce grande influência para a contribuição acadêmica de Maria Ester.

Todos conhecem Maria Ester, definitivamente um dos maiores nomes da academia brasileira em Estudos Organizacionais. Foi, também, uma das pioneiras no Brasil em pesquisas sobre Cultura Organizacional, Assédio Moral e Diversidade. Maria Ester é pura paixão quando escreve, ao mesmo tempo seus textos se destacam pela clareza e precisão da mensagem. “Viva a tese” traz, no título, o seu jeito de viver e de fazer academia. Estamos aqui para viver aquilo que estudamos e estudar aquilo que vivemos. Maria Ester lecionou e inovou em temas na graduação e pós-graduação em Administração. Orientou mais de 10 dissertações de mestrado e mais de 15 doutorados. Seus orientandos estão espalhados pelo Brasil ensinando em lugares de ponta como UNB (Universidade de Brasília), FGV EBAPE e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Maria Ester sempre os incentivou à inovação e por meio deles conseguiu trazer contribuições fundamentais para a nossa área, como o debate sobre homoafetivos no ambiente de trabalho.

Ainda que apegada à tradição da psicossociologia francesa, Maria Ester conhece também a academia norte-americana de administração, tendo feito “sanduíche” na New York University (NYU) durante seu mestrado. No artigo publicado em 1991, recupera e discute criticamente o conceito de cultura organizacional com base na bibliografia norte-americana. Nesse mesmo ano, temos a publicação de Cultura Organizacional: formação, tipologias e impacto, livro marcante na trajetória da autora e dos Estudos Organizacionais brasileiros. Nele, Maria Ester traz uma profunda revisão do tema da Cultura Organizacional, algo inédito no Brasil. Em sua obra Cultura Organizacional: identidade, sedução e carisma, de 1999, a autora elabora uma crítica consistente ao então “modismo” da cultura corporativa.

A parceria frutífera de Maria Ester com Fernando Motta rendeu vários artigos e livros. Vida Psíquica e Organizações, coletânea organizada pelos dois professores, trata da subjetividade invariavelmente presente nas organizações e revela que, assim como Fernando Motta, Maria Ester encontrou nos conceitos psicanalíticos explicações bem instigantes para o complexo mundo das organizações.

Elaborou trabalhos instigantes e pouco convencionais como o reflexivo e participativo sobre pesquisadores na Antártida (antes do incêndio) e, em parceria com seu grande amigo Marcelo Dantas, organizou a coletânea “Diversidade Sexual e Trabalho”, antevendo muito dos debates atuais a respeito de diversidade, gerando impacto social em um tema de extrema importância para o Brasil. Maria Ester defende que a aposentadoria não é uma “morte em vida”, mas sim um momento de passagem importante para todos nós. A forma com que lida com o tema deve servir de inspiração para todos.

Não fizemos aqui um debate exaustivo sobre a obra de Carlos Osmar Bertero e Maria Ester de Freitas. Buscamos ressaltar suas contribuições, para que outros pesquisadores possam se beneficiar de seus trabalhos. Conforme já apontado no trabalho de Paes de Paula et al. (2010PAULA, A. P. P. et al. A tradição e a autonomia dos estudos organizacionais críticos no Brasil. Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 1, p. 10-23, 2010.), os Estudos Organizacionais brasileiros têm vida própria, tratam de temas abrangentes e apresentam uma personalidade única há décadas. A obra destes professores pode inspirar e alertar os jovens pesquisadores sobre a diversidade de temas, abordagens, perspectivas - sem fronteiras - com os quais a área de Estudos Organizacionais conta desde seu início. Embora construir muros esteja em voga, os textos destes professores ressaltam a importância de sermos livres para pensar e de termos uma área de Estudos Organizacionais ampla e dinâmica no Brasil.

Artigos desta edição:

  1. Possibilidades de incorporação da análise crítica do discurso de Norman Fairclough no Estudo das Organizações, de Everton Rodrigues da Silva e Carlos Alberto Gonçalves: os autores abordam a existência de uma lacuna epistemológica em trabalhos sobre a análise de discurso aplicada à gestão. Seu objetivo é apresentar possibilidades de incorporação nos estudos organizacionais da análise crítica do discurso (ACD) de Norman Fairclough, que compreende as organizações como formações ideológico-discursivas, trazendo à tona a relação entre ideologia, hegemonia e discurso.

  2. A noção de cultura nos estudos contemporâneos de aprendizagem organizacional no Brasil: desvendando a rede com o uso da inscrição literária, de Bruno Luiz Américo, Fagner Carniel, Letícia Dias Fantinel: descrição e análise sobre o modo como determinadas concepções de cultura vêm sendo abordadas na disciplina de Aprendizagem Organizacional, inscrita no campo da Aprendizagem Organizacional e Gestão do Conhecimento. Os autores utilizaram a noção de “inscrição literária” como princípio metodológico para a análise de redes intelectuais em pesquisas nacionais acerca dos processos de aquisição de conhecimentos nas organizações.

  3. Valores organizacionais e valores do trabalho: um estudo com operadores de call center, de Kely Cesar Martins de Paiva e Michele Regina Santana Dutra: investiga a configuração dos valores organizacionais e de trabalho apresentados por operadores de um call center em Belo Horizonte (MG) - ambiente permeado por idiossincrasias. A análise realizou-se por meio de pesquisa de campo, descritiva, com abordagens quantitativa e qualitativa, caracterizando uma triangulação metodológica. Os dados levantados em 399 questionários receberam tratamento estatístico; e os dados obtidos em 22 entrevistas foram submetidos à técnica de análise de conteúdo. Com isso, observou-se uma predominância do valor “conformidade” no âmbito dos valores organizacionais. O que se explica pelo fato de este tipo de organização passar a ser reconhecido pelo respeito a regras, posturas e modelos de comportamentos predefinidos.

  4. Risco político e internacionalização de empresas: uma revisão bibliográfica, de Luiz Paulo da Silva Costa e de Ariane Cristine Roder Figueira: análise sobre como as literaturas nacional e internacional têm explorado variáveis que impactam na percepção de risco político dentro de um processo de internacionalização de empresas. A discussão apresenta a identificação de variáveis políticas, econômicas e socioculturais que poderão ser quantificadas em estudos futuros e possibilitarão estabelecer uma mitigação dos riscos e o alcance do sucesso no processo de internacionalização.

  5. Antecedentes dos cursos superiores em Administração brasileiros: as escolas de Comércio e o curso superior em Administração e Finanças, de Amon Barros: narrativa histórica sobre o desenvolvimento das escolas de Comércio e, posteriormente, do curso superior em Administração e Finanças no Brasil. Por meio de análise histórica, delineia-se um panorama da estrutura educacional estabelecida no país no período que antecede os primeiros cursos superiores em Administração, criados em 1952. Reitera-se, como conclusão do estudo, a importância de conhecer as instituições que preexistiram ao Ensino Superior em Administração, bem como a relevância do aprofundamento das discussões sobre as formas de transmissão e produção de saberes administrativos no Brasil.

  6. Corporate brand building from the corporate stories perspective: a Brazilian football teams study, de Edson Roberto Scharf, Francisco Giovanni David Vieira, Richard Perassi Luiz de Souza e Edimar Russi, busca investigar o conteúdo de histórias corporativas sobre clubes de futebol brasileiros e como essas histórias são usadas para promover a imagem organizacional e as marcas ligadas à empresa.

  7. Terceirização no Brasil: velhos dilemas e a necessidade de uma ordem mais includente, de Márcia da Silva Costa, propõe uma discussão e análise crítica sobre o fenômeno da subcontratação nas organizações contemporâneas. Neste estudo, tal fenômeno é entendido como parte do processo mais amplo de flexibilização das instituições sociais e do trabalho, que acompanhou o desmonte do fordismo e tem sido responsável pela fragmentação e precarização dos mercados de trabalho em todos os países industrializados. À luz das teses da crise da sociedade salarial e da acumulação flexível, cuja referência é encontrada no pensamento da escola da regulação fordista, argumenta-se que a subcontratação, mais conhecida no Brasil como terceirização, reforça as relações de dominação e o controle social sobre a força de trabalho, rebaixando ou retirando direitos historicamente conquistados.

  8. Gestão de pessoas na indústria criativa: o caso dos estúdios de animação brasileiros, de Marta Corrêa Machado e André Luiz Fischer: entender a gestão de pessoas na indústria criativa por meio do estudo de um de seus segmentos, os estúdios de animação. Partindo da conceituação de Chaston (2008) de indústria criativa como o encontro entre negócio e cultura, os autores observaram que o dilema entre a realização artística e os objetivos comerciais também estavam presentes em tal segmento. Buscaram aprofundar, então, o entendimento sobre como esse dilema se reflete na operação da gestão de pessoas nesses estúdios brasileiros. Para entender essa questão, conduziram uma pesquisa qualitativa por meio de estudos de casos em quatro produtoras nacionais.

  9. Atração e permanência de pessoas em instituições religiosas católicas: o peso dos contornos institucionais, de Rosângela Cenci e Eliane Salete Filippim: estudo sobre como as organizações são desafiadas ao processo de adaptação e atualização constante de suas estruturas e de seus contornos institucionais para que possam cumprir sua finalidade institucional. Em um contexto de pressão e esvaziamento de membros, este estudo buscou compreender o que pode motivar ou desmotivar a atração, permanência ou desistência de membros em instituições de caráter religioso, especialmente aquelas ligadas à Igreja Católica. Norteado por elementos da teoria institucional, o estudo teve como objetivo central analisar a relação entre a configuração institucional das instituições religiosas (IR) e o ingresso, permanência e/ou desistência de seus membros.

  10. O paradoxo das Palmas: análise do (des)uso da moeda social no “bairro da economia solidária”, de Ariádne Scalfoni Rigo e Genauto Carvalho de França Filho: investigação sobre o circuito constituído pelo uso da Palmas para compreender seu fluxo no território e o progressivo processo de desuso. Tal estudo motivou-se pelo fato de diferentes contextos e usos de moedas sociais no cenário nacional e internacional levarem estudiosos a buscar compreender as especificidades de cada experiência. No caso da moeda social mais conhecida no Brasil, a Palmas, criada pelo Banco Palmas em Fortaleza, observa-se atualmente uma situação paradoxal: após quinze anos, sua circulação tem diminuído notavelmente entre os atores do território, ao mesmo tempo que o consumo no bairro se mantém elevado.

REFERÊNCIAS

  • ALCADIPANI, R.; BERTERO, C. O. Guerra Fria e o ensino do management no Brasil: o caso da FGV-EAESP. Revista de Administração de Empresas, v. 52, n. 3, p. 284-299, maio/jun. 2012.
  • BERTERO, C. O. Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. Revista de Administração de Empresas, v. 7, n. 23, abr.-jun. 1967.
  • BERTERO, C. O. Ensino e pesquisa em Administração. São Paulo: Thomson Learning, 2006.
  • BERTERO, C. O.; CALDAS, M. P.; WOOD JR., T. Produção científica em Administração: provocações, insinuações e contribuições para o debate local. Revista de Administração Contemporânea, v. 3, n. 1, p. 147-178, jan./abr. 1999.
  • FACHIN, R. C. Construindo uma associação científica: trinta anos da Anpad - memórias, registros, desafios. Porto Alegre: s.n., 2006.
  • FREITAS, M. E. Cultura Organizacional: grandes temas em Debates. Revista de Administração de Empresas, v. 31, n. 3, p. 73-82, 1991.
  • FREITAS, M. E. Cultura Organizacional: formação, tipologias e impacto. São Paulo: Editora Atlas, 1999.
  • FREITAS, M. E. Cultura Organizacional: identidade, sedução e carisma? 1. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1999.
  • FREITAS, M. E.; DANTAS, M. Diversidade sexual e trabalho. São Paulo: Cengage, 2011.
  • FREITAS, M. E.; MOTTA, F. C. P. Vida Psíquica e Organização.Rio de Janeiro: FGV , 2000.
  • PAULA, A. P. P. et al. A tradição e a autonomia dos estudos organizacionais críticos no Brasil. Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 1, p. 10-23, 2010.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2017
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