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COMENTÁRIO DE TRADUÇÃO DE UM EXCERTO DO TEXTO AS GRANDES VIAS FLUVIAIS DE SUL AMÉRICA: MARAVILHAS DO CONTINENTE, DE RAFAEL REYES

COMMENTS ON THE TRANSLATION OF AN EXCERPT FROM RAFAEL REYES’ TEXT ENTITLED SOUTH AMERICA’S GREAT WATERWAYS: WONDERS OF THE CONTINENT

Resumo

Este trabalho documenta comentários referentes à tradução de um excerto do texto Las grandes vías fluviales de Sud América: maravillas del continente (As grandes vías fluviais de Sul América: maravilhas do continente), de Rafael Reyes, para o português. A tradução busca evidenciar o perfil ideológico do texto, eivado de valores de matriz eurocêntrica e reveladores do olhar capitalista do autor, que posteriormente viria se tornar presidente da República da Colômbia e vê a natureza exuberante da América como um recurso a ser explorado. A abordagem decolonial que atravessa a tradução proposta encontra sustento na proposta ética bermaniana (Berman, 2012) no que se refere à presença de identidades indígenas no texto, mas sem se furtar a uma postura domesticadora em relação à presença do Ocidente. O comentário conclui frisando o eco que o intento de Reyes encontrou na elite brasileira da época e as consequências desastrosas que sua jornada e a predação inerente ao projeto civilizatório ocidental teriam para os povos e a natureza da Amazônia.

Palavras-chave
Amazônia; Povos Amazônicos; Ocidente; Decolonização; Ética da Tradução

Abstract

This paper reports comments regarding the translation of an excerpt from Rafael Reyes’ text entitled Las grandes vías fluviales de Sud América: maravillas del continente (South America’s great waterways: wonders of the continent) into Portuguese. The translation seeks to highlight the ideological bias of the text, deeply imbued with Eurocentric values that reveal the capitalist perspective of the author, who would later become president of the Republic of Colombia and sees the exuberant nature of America as a resource to be exploited. The decolonial approach that runs through the proposed translation finds support in the Bermanian ethical proposal (Berman, 2012) regarding the presence of indigenous identities in the text, but without shying away from a domesticating stance toward the presence of the West. The comment concludes by pointing out that Reyes’ intent found echoes in the Brazilian elite of the time, as well as the disastrous consequences that his journey and the predation inherent in the Western civilizational project would have for the peoples and nature of the Amazon.

Keywords
The Amazon; Amazonian Peoples; West; Decolonization; Translation Ethics

A tradução proposta para esta edição de Cadernos de Tradução intitulada Traduzindo a Amazônia II é de um excerto do texto Las grandes vías fluviales de Sud América: Maravillas del continente, publicado pela revista Vida Moderna em agosto de 1902. Antes dos comentários à tradução, será necessário contextualizar este texto, e com essa finalidade parece melhor ir em sentido retrógrado, já que em 1904, portanto dois anos após a publicação, o autor, Rafael Reyes, viria se tornar o presidente da Colômbia.

A revista é montevideana e quem assina o artigo que inclui o texto de Reyes é o uruguaio Dionisio Ramos Montero, que, no entanto, assina em Santiago de Chile, informando que tem ante si as Atas e Documentos da Segunda Conferência Pan-Americana, reunida em 1901 na Cidade do México. Nesse volume consta o discurso que Reyes proferiu no evento, que a revista, segundo Ramos, julga conveniente levar ao conhecimento dos leitores. Tal discurso inclui o relato de viagem pela Amazônia aqui traduzido, viagem acontecida em 1875, portanto um quarto de século antes, quando o então comerciante tinha entre 25 e 26 anos de idade.

A pluralidade de espaços percorridos por este relato – do México, Colômbia e Brasil até Uruguai, via Chile –, que descreve realidades pertencentes a todos os demais países da América do Sul exceto Chile – em função de narrar viagens de exploração não apenas pela Amazônia como também pelas bacias do Rio da Prata e Orinoco – e o próprio âmbito em que foi comunicado – perante a presença de representantes de “todos os países das três Américas”, nas palavras de Reyes, ou de dezenove, nas palavras de Ramos –, tudo é representativo de um projeto político que via a natureza exuberante da América como um recurso a ser explorado conforme técnicas de produção capitalistas e valores de matriz eurocêntrica.

A tradução aqui proposta, de abordagem decolonial, tenta desnudar esse perfil, em consonância com o pensamento freireano de que não é possível “estar no mundo, com o mundo e com os outros, sem estar tocados por uma certa compreensão de nossa própria presença no mundo. Vale dizer, sem uma certa inteligência da História e de nosso papel nela.” (Freire, 2000Freire, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 1.ª ed., 4.ª reimpr. São Paulo: Editora UNESP, 2000., p. 125) E, ainda, “Não é possível educar para a democracia, para a liberdade, para a responsabilidade ética na perspectiva de uma concepção determinista da História.” (p. 126). Assim, a compreensão do passado se torna um apoio para a compreensão do presente e para a construção do futuro, e nesse sentido a tradução é um caminho privilegiado para internacionalizar a discussão crítica dos textos do perfil do que aqui é abordado, que evidenciam o lugar dos povos e a natureza da Amazônia em relação ao “sistema-mundo europeo/euro-norteamericano capitalista/patriarcal moderno/colonial” (Grosfoguel, 2007Grosfoguel, Ramón. “Descolonizando los universalismos occidentales: el pluri-versalismo transmoderno decolonial desde Aimé Césaire hasta los zapatistas”. In: Castro-Gómez , Santiago; Grosfoguel, Ramón. El giro decolonial: Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007., p. 72).

Tal perfil é visível, de forma muito clara, por todo o texto: desde as palavras introdutórias de Reyes em seu relato de viagem pela Amazônia até a longa análise posterior em que se descrevem as riquezas minerais e naturais das grandes bacias hidrográficas da América do Sul, sempre frisando o abandono e improdutividade em que se encontravam, só esperando a chegada de empresas para explorá-las. Inúmeras passagens exemplificam essas afirmações. A visão empresarial e capitalista:

Si hace algunos años los territorios á que me refiero no tenían sino local y relativa importancia, no sucede hoy lo mismo, porque el desarrollo de la navegación y del comercio y las necesidades crecientes de la humanidad, exigen que no permanezcan ignorados é improductivos. Se alguns anos atrás os territórios a que me refiro não tinham mais que uma importância local e relativa, hoje não é assim, porque o desenvolvimento da navegação e o comércio e as necessidades crescentes da humanidade, exigem que não permaneçam ignorados e improdutivos.

A visão ocidental, favorável às políticas europeias e estadunidenses:

La humanidad busca nuevos territorios para su progreso y bienestar; ya está la gran masa humana que se desborda en la América del Norte y en Europa, y por medio de los ferrocarriles y de los vapores, invadirá la del Sur; necesario es que las repúblicas que forman aquella parte del continente se preparen para recibirla y para conservar y hacer su integridad respetable, por medio de la paz, de la libertad y de la justicia. A humanidade procura novos territórios para seu progresso e bem-estar; a grande massa humana já transborda a América do Norte e a Europa, e por meio das ferrovias e dos vapores, invadirá a do Sul; é preciso que as repúblicas que formam aquela parte do continente se preparem para recebê-la e para conservar e fazer sua integridade respeitável, por meio da paz, da liberdade e da justiça.

Até mesmo os índios são vistos em seu valor econômico para as empresas:

Ellos pueden servir en mucho para la explotación de las empresas que allí se establezcan. Eles podem servir muito para a exploração das empresas que ali se estabelecerem.

Esse é o imaginário que move Reyes e seus irmãos a atravessar a Amazônia na busca de uma via fluvial que permita ativar o comércio da região e seguir viagem para o Rio de Janeiro para encaminhar os negócios: eles encontraram na elite brasileira um espelho de si mesmos e identificação com o projeto. Para evidenciar essa identidade, o fragmento traduzido inclui essa parte da viagem – que embora não seja pela Amazônia tem efeitos diretos sobre ela – e a volta para a Colômbia.

A partir dessa compreensão e da abordagem decolonial, resta pensar qual o perfil ético do projeto desta tradução. Em termos bermanianos, a ética da tradução está no trabalho sobre a letra em função de que é nela que reside a identidade (Berman, 2012Berman, Antoine. A tradução e a Letra ou O albergue do longínquo. Tradução de Marie-Hélène C. Torres, Mauri Furlan & Andréia Guerini. 2.ª ed. Tubarão: Copiart; Florianópolis: PGET/UFSC, 2013.). Para além do olhar de matriz ocidental descrito acima, o texto filtra nele a descrição da realidade amazônica, com sua natureza, seus habitantes e seus costumes, uma realidade em que a travessia das fronteiras – nacional, entre Colômbia ou Peru e Brasil1 1 O rio Putumayo ou Içá constitui na atualidade parte das fronteiras da Colômbia com Equador e Peru. Na época da viagem, no entanto, existia um litígio de fronteiras muito importante entre Colômbia e Peru, e o rio Putumayo estavainteiramente incluso no território que ambos os países reivindicavam como próprios. Durante a viagem aqui abordada e Segunda Conferência Pan-Americana em que Reyes leu seu discurso o conflito estava em plena vigência, uma vez que foi interrompido apenas em 1922, mais de 20 anos depois, portanto, com o tratado Salomón-Lozano (COLOMBIA; PERU, 1922). , e linguística, entre espanhol e português – é a informação menos relevante. Com efeito, as fronteiras foram impostas pelo sistema colonial e pós-colonial ocidental, sem levar em consideração a realidade amazônica, pluricultural e plurilingüística. Assim, o que seria falar da restituição de identidades presentes no texto pelo viés do projeto ético bermaniano, qual é esse longínquo ao qual dar albergue em nossa língua? Estamos falando das identidades amazônicas que se filtram no discurso de Reyes, estamos falando da identidade ocidental, violentamente civilizatória, do próprio autor e do projeto socioeconômico que ele representa e divulga, ou de ambos? Aliás, são duas identidades em conflito: a viagem dos irmãos Reyes pode ser entendida como a irrupção de Ocidente através da Amazônia, na busca de uma via comercial que se constitui como uma ferida que atravessará o coração da floresta e em cujo processo de cicatrização a realidade social e biológica mudará essencialmente. Esta tradução, inclusive, acontece entre o par de línguas de colonização envolvidos: o português e o espanhol. Haja vista a abordagem decolonial, a ética desta tradução passa, portanto, pela escuta das vozes e identidades subjugadas nessa viagem. Assim, as decisões buscam observar e realçar a presença dos povos indígenas, da natureza e da geografia, e a presença do explorador como agente de destruição.

É importante destacar que o perfil ocidental descrito atravessa todas as dimensões do texto, inclusive questões referentes ao gênero textual: este não é um diário de viagem escrito, propriamente, e sim um relato resumido da viagem, escrito como parte de um discurso lido perante uma conferência no contexto de um projeto político. Nesse sentido, a composição usa de oratória e de uma retórica destinada a prender a atenção dos ouvintes e prepará-los para o que vão ouvir. Assim, a morte dos irmãos anunciada no início do relato serve não apenas à pretensão de justificar a demora em narrar a viagem, como também para preparar os ouvintes para um momento chave do relato que vai ajudar a compor a narrativa positivista da defesa da civilização face à barbárie. Também o linguajar culto e pomposo é próprio da época, porém hoje resulta um pouco anacrônico com esses fins. Nesse contexto, a reformulação em destaque no fragmento a seguir reflete um perfil de escolha tradutória que, para além da racionalização evidente parece atender melhor aos requisitos de fortalecer a percepção da retórica discursiva na linguagem contemporânea:

[…] no lo había hecho, porque la desastrosa muerte de mis dos hermanos, durante las exploraciones, víctima Enrique, el mayor, de la fiebre, y devorado Néstor, el menor, por los antropófagos del Putumayo, me hacía mirar con cierto horror todo cuanto se rozara con aquella empresa […] […] eu ainda não o tinha feito, pois a desastrosa morte de meus dois irmãos, durante as explorações, Enrique, o maior, vítima da febre, e Néstor, o menor, devorado pelos antropófagos do Putumayo, me fazia olhar com certo horror tudo quanto lembrasse daquela empresa […]

O mesmo critério foi seguido na tradução da pontuação, que vai ao arrepio da língua padrão a todo o longo do texto, pois frequentemente reflete pausas próprias da elocução retórica, mas são vedadas pela normativa. Assim, a pontuação foi seguida de forma sistemática na tradução, mesmo nesses casos, como se pode apreciar nestes dois exemplos, representativos de dezenas de casos. Primeiro uma vírgula que separa o sujeito do verbo:

En concepto de este muy avisado estadista, las exploraciones realizadas por mis hermanos y por mí, sé relacionan íntimamente con el proyecto del Ferrocarril Intercontinental. Na opinião deste muito experimentado estadista, as explorações realizadas por meus irmãos e por mim, guardam íntima relação com o projeto da Ferrovia Intercontinental.

Também uma que separa o verbo do objeto direto:

Al aventurarnos en aquella expedición tan llena de peligros de todas las clases imaginables, yo quise, y perdonad esta digresión de carácter puramente personal, consagrar con un nombre muy caro en mis afectos, aquel punto de una nueva partida hacia el gran misterio de la naturaleza americana. Ao nos aventurarmos naquela expedição tão cheia de perigos de todas as classes imagináveis, eu quis, e perdoem esta digressão de caráter puramente pessoal, consagrar com um nome muito caro em meus afetos, aquele ponto de uma nova partida para o grande mistério da natureza americana.

Passo agora a questões temáticas, uma vez que no campo semântico do texto há muitas referências à realidade amazônica, seja em relação aos povos indígenas, suas línguas e costumes, ou à natureza, como plantas, rios e minerais, além das muitas referências ocidentais, desde assuntos relacionados com o comércio visado até personagens históricos brasileiros.

Na tradução dos nomes de povos indígenas surgiram muitas dúvidas, uma vez que sobre muitos dos povos não foram encontradas informações que não estivessem diretamente ligadas ao texto em questão. O fato é que os povos indígenas que aparecem no texto falam línguas originalmente ágrafas e os nomes desses povos são grafados com recursos oriundos da língua escrita dos colonizadores. Assim, na escrita em português poderia haver peculiaridades diferentes daquelas que se apresentam em espanhol. Isto poderia se expressar em termos de grafemas associados a alguns fonemas, como é o caso dos “tohallá” e “inquisilla”, que em português dificilmente seriam grafados com “ll”, e outros que têm morfemas que parecem remeter a raízes latinas em sua vertente hispânica, como “orejones”. A questão é que sequer foi possível encontrar informações em português sobre todos os grupos citados, que ocupavam territórios de colonização hispânica, seja pertencentes à Colômbia ou ao Peru. Segundo Margarita Flórez e Héctor-León Moncayo, Reyes se referia aos índios vagamente em função da localidade que habitavam, sem rigor algum, embora desse testemunho da diversidade de povos (Flórez & Moncayo, 2011Flórez A., Margarita; Moncayo S., Héctor-León. Grandes inversiones en territorios indígenas: Colombia: dos casos de estúdio. Bogotá: Instituto Latinoamericano para una Sociedad y un Derecho alternativos, ILSA, 2011., p. 52). Augusto Javier Gómez López, no entanto, recolhe outras declarações de Reyes em que faz análise sobre as línguas desses povos (Gómez, 2006Gómez L., Augusto Javier. “Fragmentos para una historia de los Siona y de los Tukano Occidentales”. Revista Inversa, Vol. 1, No.2 (2006): 80-107. Disponível em: https://inversaun.wixsite.com/inversarevista/gomez-fragmentos-siona. Acesso em: 28 mar. 2022.
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). Dessas informações e da análise cartográfica do mapa hidrográfico preparado por Reyes e Francisco Bissau (Bissau & Reyes, 1877Bissau, Francisco A.; Reyes, Rafael. Mapa del Río Putumayo o Içá. Mapa. 68 cm x 54 cm. Cópia facsimilar disponível em: https://babel.banrepcultural.org/digital/collection/p17054coll13/id/237/size/extralarge. Acesso: 28 mar. 2022.
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), é possível entender o hábito de Reyes de nomear os grupos humanos por critérios variados, às vezes em função da localidade e outras em função de seus nomes em língua indígena. Alguns dos nomes que ele usa têm em Ethnologue (Eberhard, Simons & Fennig, 2022Eberhard, David M.; Simons, Gary F.; Fennig, Charles D. (eds.). Ethnologue: Languages of the World. 25.ª ed. Dallas, Texas: SIL International, 2022. Disponível em: http://www.ethnologue.com.
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) a etiqueta de “pejorativo”, como “carijona” e “orejón”. Importante observar que Ethnologue não lida especificamente com povos, mas com línguas, mas também é verdade que frequentemente o nome da língua é o mesmo, em alguma medida, que o nome do povo. Ethnologue também oferece, para as línguas indígenas, grafias influenciadas ora pela língua inglesa, ora pelo alfabeto fonético internacional: “huitoto”, por exemplo, está escrito “witoto”. Porém, Ethnologue2 2 Link direto para a página: https://www.ethnologue.com/about/languageinfo#AltNames afirma que há nomes alternativos de cada língua decorrentes dos fatos de que os próprios falantes das línguas podem ter vários nomes para elas, ou grupos vizinhos podem usar outros nomes, ou da variação ortográfica como a que mencionamos. Para as línguas ágrafas, Ethnologue não consigna um autônimo, ou seja o nome como é escrito pelos próprios falantes. Desse conjunto de informações depreende-se que a escrita dos nomes dos povos indígenas no texto fonte e na tradução está atravessada pela colonialidade inerente ao contato relatado por Reyes. Assim, no marco ético assumido nesta tradução não pareceu adequado submeter os nomes desses povos a uma nova forma escrita oriunda da língua portuguesa e foram mantidas as formas dadas por Reyes. Em todos os casos, porém, a tradução foi anotada oferecendo os nomes alternativos e algumas informações subsidiárias a fim de contribuir para a humanização desses povos constantemente citados pelo autor, num reducionismo violento, por meio do epíteto de “selvagens” no texto e na tradução.

Alinhados com os nomes dos povos indígenas, os nomes dos rios apresentam variação ortográfica. Reyes sentia-se à vontade para batizar os acidentes geográficos que ia mapeando, e mesmo no que se refere ao rio Putumayo, até então desconhecido na Colômbia fora da região amazônica, ele esclarece que deixaram “o nome dado pelos selvagens, ‘Putumayo’ (águas claras, na língua siona)”. No Brasil o rio era conhecido por ser um importante afluente do Amazonas, uma vez que sua foz era atravessada semanalmente pelo paquete de Belém a Iquitos, no Peru, porém tinha em português o nome de Içá. No entanto, em inúmeros documentos de natureza variada escritos em português aparecem denominações tais como “rio Putumayo ou Içá”3 3 Cito, como exemplos, desde documentos históricos como o um relatório do Ministério de Relações Exteriores do império (BRASIL, 1877) e o mapa hidrográfico do rio elaborado por Joaquim Vicente Rondon (Rondon, 1935), artigos acadêmicos (Ramírez, 2015) até a Wikipédia, cujo verbete “Rio Içá” inicia assim: “O rio Putumayo, conhecido como rio Içá ou rio do Içá em seu trecho brasileiro, é...” (WIKIPEDIA, 2021) . O próprio Reyes menciona o nome brasileiro do rio no texto – sem acento, apenas Iça. Assim, pareceu mais adequado usar o nome Putumayo, no geral, e Içá quando este foi mencionado.

Averiguar as grafias dos demais rios mencionados por Reyes também despertou questionamentos análogos aos referentes aos povos em função do filtro linguístico representado pela ortografia das línguas de colonização – inclusive de uma forma razoavelmente previsível para especialistas no par linguístico português-espanhol: o rio Yabarí, cuja grafia atual em espanhol é Yavarí, recebe em português o nome de Javari; o Ucayali é grafado Ucaiáli; o Yuruá, Juruá. À outorga de uma grafia atravessada pelas regras ortográficas da língua espanhola se soma a de uma segunda grafia oriunda de outra língua de dominação, o português, para topónimos oriundos de línguas de povos indígenas que, é bom lembrar, são originalmente ágrafas. Novamente surge o questionamento: o quanto é violento esse manejo e controle das línguas indígenas pelas dos colonizadores? Dependendo da resposta, esta pode ser uma questão irrelevante por se tratar de acidentes geográficos, e não de povos, ou então a opção ética poderá ser recusar a forma ortográfica dos nomes na língua da tradução, preservando a do texto fonte. Foi esse último o alvitre adotado, consignando em nota o nome dos rios em português, quando de grafia diferente.

Quanto à variada e abundante terminologia botânica amazônica citada por Reyes, a pesquisa se limitou a determinar o nome das espécies em português, como é o caso de “salsaparrilha” para “zarzaparrilla”, no caso de nomes de raízes oriundas da língua de colonização. Para os nomes oriundos de línguas indígenas o mesmo critério anteriormente descrito foi adotado, anotando-os para fornecer as informações pertinentes a cada caso. Alguns casos particulares apresentaram especificidades dignas de nota, como “caucho o jeve”, em que Reyes oferece um nome indígena junto com um nome hispânico, para os quais foram seguidos critérios divergentes. No caso do “yoco” (Paullinia yoco), um cipó da família do guaraná (Paullinia cupana) consumido como parte da cultura ayahuasca, que aparentemente é exótico no Brasil, ocorrendo na Amazônia equatoriana e colombiana, sequer foi encontrado um nome popular da planta em português: apenas o nome científico, principalmente em estudos acadêmicos. Assim, foi feito o empréstimo do nome, acompanhado da correspondente nota. O único caso em que um alvitre contrário foi adotado no que se refere a espécies vegetais com nomes de raízes indígenas é o caso da yuca, traduzida como macaxeira. O nome desta planta varia em português (mandioca, aipim, macaxeira) e em espanhol (yuca, mandioca), apresentando apenas nomes oriundos de línguas indígenas. A diferença, neste caso, é que “yuca”, a palavra usada por Reyes, a mais frequente no mundo hispânico do Centro da América do Sul até o Caribe, é, segundo o dicionário María Moliner (DUE, 2001Due. María Moliner: Diccionario de uso del español. Software v. 2.0. Madrid: Gredos, 2001.) de origem taino, ou seja do povo indígena que habitava as Antilhas. Ora, ainda que a proximidade com a região da Colômbia seja evidente, e ainda que, segundo Ethnologue o taino esteja emparentado com línguas da família maipureana, entre as quais está a wayuu, falada por indígenas da mesma etnia que habitam parte da Colômbia caribenha, é também, e já era na época, uma palavra amplamente utilizada em língua espanhola para designar a mandioca. Ou seja, não está no texto como testemunho de um falar amazônico, e sim da apropriação colonizadora. Por isso a opção foi por traduzir o nome, usando a denominação mais frequente no Norte do Brasil, “macaxeira”.

Os costumes dos povos amazônicos não são muito frequentes no texto. Um deles é a derrubada e queima da vegetação em clareiras que usam para a agricultura. Porém, do aspecto comportamental o único particularmente notável no texto é a prática da antropofagia – descrita, como seria de prever, de forma estigmatizada, embora em alguns momentos seja citada incidentalmente, de forma neutra, como parte da narrativa dos fatos. Como não há, no texto, palavras indígenas que remetam a essa prática, o uso em português comandou as decisões – neste caso, uma postura domesticadora que, ao contrário de paradoxal, pode ser considerada congruente com o projeto.

A postura domesticadora no tratamento dado na tradução à cultura colonizadora também se estendeu aos nomes de personalidades e cargos brasileiros que aparecem a partir do embarque no paquete para Belém, já no Amazonas. A pesquisa em documentos e jornais de época, na Hemeroteca Digital da FBN, buscou principalmente normalizar as grafias para facilitar pesquisas futuras. Esses esclarecimentos foram feitos em nota no caso de dúvidas, como no caso de F. A. Railor, quem, na verdade, parece ser Domingos Antonio Raiol. Reyes comete, de fato, alguns deslizes, – talvez em função de alguma imprecisão nas suas anotações, passados 25 anos, mas a razão realmente não é importante –, como citar Julio Laroque como uma pessoa, quando na verdade é um dos barcos – propriedade de Manuel Antonio Pimenta Bueno, citado a seguir – que ele utilizou na viagem. Também há uma menção difícil de compreender na passagem em que chegam ao Rio de Janeiro:

El mismo día de nuestra llegada á Río de Janeiro recibimos una nota del Gobernador de Palacio, en la que nos daba la bienvenida en nombre del Emperador Don Pedro II, y nos avisaba que este nos esperaba el día siguiente, que era de gala en la Corte, á las 4 de la tarde, en su Palacio de San Cristóbal. No mesmo dia de nossa chegada a Rio de Janeiro recebemos uma nota do Governador do Paço, na qual nos dava as boas-vindas em nome do imperador Dom Pedro II, e nos avisava que ele nos esperava no dia seguinte, que era de gala na Corte, às 4 da tarde, em seu Palácio de São Cristóvão.

A dúvida surgiu em torno da expressão “Gobernador de Palacio”. Uma vez que o cargo de “Governador do Paço” não parece ter existido, ao tentar compreender qual teria sido, de fato, o nome do cargo em português que, falando em nome do imperador, poderia estender tal convite, não foi possível senão formar conjecturas para as quais não foram encontradas evidências, como a possibilidade de se tratar do Mordomo-mor, ou que existisse, dada a natureza secretarial do fato narrado, um eventual “Secretário-mor”4 4 Agradeço a Dilma Fatima Avellar Cabral Costa e Angélica Ricci Camargo, pesquisadoras do Arquivo Nacional, o auxílio na tentativa de elucidar essa questão. . Assim, a decisão adotada foi a tradução literal.

A chegada ao Rio de Janeiro e a audiência com o imperador em dia de gala é ilustrativa da tensão entre Amazônia e Ocidente no texto pois Reyes narra que na chegada ao Paço as personalidades presentes, aristocratas do Império, o olharam como a um intruso e permaneceu isolado, pois os meses na floresta tinham transformado seu corpo “em um esqueleto forrado com uma espécie de pergaminho”: o que pode ser mais ilustrativo que essa rejeição para a leitura decolonial proposta? No entanto, momentos depois Reyes é recebido pelo imperador, “louro como um germano”, “não apenas com deferência, como também com carinho”, e após uma conversa de uma hora:

Salió conmigo al salón de recepciones, en donde me presentó y recomendó á los que allí estaban presentes. Saiu comigo para o salão de recepções, onde me apresentou e recomendou aos que ali estavam presentes. Permanecí dos meses en Rio de Janeiro, durante los cuales recibí toda clase de manifestaciones de aquella sociedad, cuyo carácter hospitalario es proverbial. Fiquei dois meses no Rio de Janeiro, durante os quais recebi toda classe de manifestações daquela sociedade, cujo caráter hospitaleiro é proverbial.

Naturalmente, não é impossível que neste momento do relato, a reação da nobreza seja fruto, parcial ou totalmente, do recurso retórico inerente ao gênero: a busca pela atenção e identificação da plateia; porém, tal situação apenas reforçaria a visão de Reyes. Porém, independentemente da fidedignidade do relato, ao reconhecerem Reyes como um dos seus, representante do mesmo projeto civilizatório ocidental, os aristocratas presentes manifestam a hospitalidade proverbial da sociedade brasileira. Em outras palavras, o texto aqui traduzido e analisado é um discurso político de Reyes, de modo que levar ao pé da letra suas figuras e hipérboles seria questionável. No entanto, ainda que a realidade dos fatos não tenha sido exatamente assim, é assim que convém a seu discurso que tenham sido, e é nessa tessitura que convém que sejam analisadas.

É importante frisar que o perfil ideológico e econômico da exploração dos irmãos Reyes, comerciantes de quina que por meio dessas explorações tentavam continuar seu negócio no seringal, não foi inócuo para os povos amazônicos: os números de centenas de milhares de indivíduos indígenas à época, que se podem inferir das estimativas de Reyes no texto, caíram vertiginosamente em poucas décadas. O frade capuchino Jacinto María de Quito (Quito, 1908Quito, Fray Jacinto María de. Relación de viaje en los ríos Putumayo, Caraparaná y Caquetá y entre las tribus Güitotas. Bogotá: Imprenta de La Luz, 1908. Disponível em: http://www.bidicap.org/doai/BCCCAP00000000000000000000260/HTML//files/assets/common/downloads/publication.pdf?uni=a16b6cea7af35b038b595a8eeb892e84. Acesso em 28 mar. 2022.
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), por exemplo, cita a varíola e a gripe trazidas pelos vapores – que iam carregar a borracha que os indígenas colhiam – como a principal causa da enorme mortandade dos Huitoto entre 1902 e 1908: em seis anos o frade estima que a população tinha diminuído de 90 000 a 40 000 Huitoto, e afirma que todos com quem conversou concordavam na diminuição espantosa e nas quantidades citadas.

Para finalizar, cabe mencionar que Reyes tenta se apresentar em vários momentos como um explorador movido por intenções civilizatórias que recusou o auxílio financeiro de seu governo e de Dom Pedro II no Rio de Janeiro para a empresa. No entanto, não tem a mesma independência e arrogância junto aos indígenas, de quem recebe diversas ajudas ao longo da jornada, tanto para a própria sobrevivência como para o mapeamento das riquezas que a selva poderia oferecer e que ele achava conveniente explorar, mesmo às custas das vidas dos próprios povos indígenas, suas histórias e identidades.

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    O rio Putumayo ou Içá constitui na atualidade parte das fronteiras da Colômbia com Equador e Peru. Na época da viagem, no entanto, existia um litígio de fronteiras muito importante entre Colômbia e Peru, e o rio Putumayo estavainteiramente incluso no território que ambos os países reivindicavam como próprios. Durante a viagem aqui abordada e Segunda Conferência Pan-Americana em que Reyes leu seu discurso o conflito estava em plena vigência, uma vez que foi interrompido apenas em 1922, mais de 20 anos depois, portanto, com o tratado Salomón-Lozano (COLOMBIA; PERU, 1922COLOMBIA; PERÚ. Tratado de limites y navegación fluvial. Lima, 24 mar. 1922. Documento PDF. Sociedad Geográfica de Colombia. Website. Disponível em https://sogeocol.edu.co/Ova/fronteras_colombia/documentos/tratados/tratado_limites_peru.pdf. Acesso: 28 mar. 2022.
    https://sogeocol.edu.co/Ova/fronteras_co...
    ).
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  • 3
    Cito, como exemplos, desde documentos históricos como o um relatório do Ministério de Relações Exteriores do império (BRASIL, 1877BRASIL. Ministério das relações Exteriores. Relatório da Repartição dos Negócios Estrangeiros apresentado á Assembléa Geral Legislativa pelo Ministro e Secretario de Estado, Barão de Cotegipe. Rio de Janeiro: Typographia Universal de E. & H. Laemmert, 1877. Cópia facsimilar disponível em: http://ddsnext.crl.edu/services/download/pdf/1765?from=000001& &to=000465. Acesso: 28 mar. 2022
    http://ddsnext.crl.edu/services/download...
    ) e o mapa hidrográfico do rio elaborado por Joaquim Vicente Rondon (Rondon, 1935), artigos acadêmicos (Ramírez, 2015Ramírez Palacios, David. “Rafael Reyes e o rio Putumayo ou Içá: Explorações amazônicas, cartografia e diplomacia (1874-1907)”. Terra Brasilis, 5, 2015. Disponível em https://doi.org/10.4000/terrabrasilis.1744. Acesso: 20 ago. 2022.
    https://doi.org/10.4000/terrabrasilis.17...
    ) até a Wikipédia, cujo verbete “Rio Içá” inicia assim: “O rio Putumayo, conhecido como rio Içá ou rio do Içá em seu trecho brasileiro, é...” (WIKIPEDIA, 2021WIKIPEDIA. Rio Içá. Edição feita por Renato de Carvalho Ferreira 14 de junho de 2021 às 17h26min. Wikipedia. [s.l.], [s.d.]. Disponível em https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rio_Içá&oldid=61387670. Acesso: 28 mar. 2022.
    https://pt.wikipedia.org/w/index.php?tit...
    )
  • 4
    Agradeço a Dilma Fatima Avellar Cabral Costa e Angélica Ricci Camargo, pesquisadoras do Arquivo Nacional, o auxílio na tentativa de elucidar essa questão.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Set 2023
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    18 Ago 2022
  • Aceito
    25 Set 2022
  • Publicado
    Nov 2022
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