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OPAC ENQUANTO DISPOSITIVO PEDAGÓGICO-CULTURAL NA FORMAÇÃO EM MÚSICA: IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE NO CONTEXTO DAS INSTITUIÇÕES PAULISTAS DE ENSINO SUPERIOR

OPAC as a pedagogical-cultural device in music training: identification and analysis in São Paulo State higher education institutions context

RESUMO

Objetivo:

Frente à importância dos catálogos bibliográficos para a mediação da informação, este trabalho visa a analisar os Catálogos Online de Acesso Público (Online Public Access Catalog - OPAC) das bibliotecas universitárias do estado de São Paulo de IES que oferecem graduação em Música.

Método:

Dentre as 28 instituições paulistas consultadas on-line, 10 não possuíam OPAC. Dessa forma, foram analisados 18 catálogos, partindo de metodologia exploratória e qualiquantitativa e tendo como base o conceito de infoeducação, a partir de 12 categorias adaptadas da literatura e elencadas a priori.

Resultado:

foi possível observar que as OPACs priorizam a busca, a identificação e o acesso aos registros bibliográficos, funcionando em um modelo de biblioteca emporium, ou seja, preocupado com a difusão da informação. A busca por tipologias documentais é admitida em 77,78% dos catálogos, mas apenas 33,3% permitem recuperar formações instrumentais. Recursos personalizados são mais raros, como salvar histórico de busca (44,44%) e personalizar a pesquisa (11,11%). A integração com mídias sociais é utilizada em 33,3% dos catálogos e recursos semelhantes à Web 2.0, em 66,7%.

Conclusões:

elementos mais sofisticados de análise poderiam ter sido utilizados, em especial os referentes aos próprios recursos Web, mas esses estariam fora do contexto dos atuais OPACs, que se mostraram estar aquém dos dispositivos digitais atuais. Acredita-se que os catálogos de acesso público precisam repensar suas ferramentas enquanto ato político de formação da identidade cidadã dos usuários a que servem, atuando como forum, em prol da mediação e da formação do graduando em Música.

PALAVRAS-CHAVE:
Catálogo Online de Acesso Público (OPAC); Infoeducação; Formação superior em Música

ABSTRACT

Objective:

Given the importance of bibliographic catalogues for the mediation of information, this work aims to analyse São Paulo State university library OPACs from HEIs that offer degrees in Music.

Methods:

Among the 28 São Paulo institutions consulted online, 10 did not have an OPAC. In this way, 18 catalogues were analysed, using an exploratory and qualitative methodology, and based on the concept of infoeducation, based on 12 categories adapted from the literature and listed a priori.

Results:

it was possible to observe that the analysed OPACs prioritize the search, identification, and access to bibliographic records, operating in an emporium library model, that is, concerned with the dissemination of information. The search for documentary typologies is supported in 77.78% of the catalogues, but only 33.3% allow the retrieval of instrumental formations. Customized features are rarer, such as saving search history (44.44%), and customizing the search (11.11%). Integration with social media is used in 33.3% of catalogues, and resources similar to Web 2.0, in 66.7%.

Conclusions:

more sophisticated elements of analysis could have been used, especially those referring to the Web resources themselves, but these would be outside the context of current OPACs, which have proven to be below current digital devices. It is believed that public access catalogues need to rethink their tools as a political act of forming the citizen identity of the users they serve, acting as a forum, in favour of music graduates' mediation and training.

KEYWORDS:
Online Public Access Catalog (OPAC); Infoeducation; Higher education in Music

1 INTRODUÇÃO

A biblioteca universitária, mais do que um caráter de repositório ou disseminação de informações, possui uma função pedagógica e científica. Tendo constantemente se adaptado à evolução tecnológica, científica e social, seu papel abrange o processo de aprendizagem e a construção do conhecimento, devendo, pois, acompanhar a evolução da universidade e da própria ciência.

As bibliotecas universitárias devem estar voltadas para sua instituição de ensino [...] contribuindo positivamente para sua principal razão de existência que é o desenvolvimento nas áreas de ensino-pesquisa-extensão. Essa tríade é indissociável, nela todas as políticas, ações e prospectivas do sistema de bibliotecas devem estar focadas (Oliveira; Cranchi, 2017OLIVEIRA, Antonio Jose Barbosa de; CRANCHI, Daniela Carvalho. O papel da biblioteca universitária como espaço de afiliação estudantil e o bibliotecário como educador e agente inclusivo. Informação & Sociedade: Estudos, v. 27, n.2, p. 35-47, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2017v27n2.32654. Acesso em: 17 out. 2023.
https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783....
, p. 41).

Muito se fala sobre a atuação da biblioteca universitária enquanto suporte às atividades, mas é possível - e necessário - ultrapassar seu caráter reativo e entendê-la enquanto dispositivo proativo em favor da comunidade em que atua.

Para alcançar esse objetivo, as bibliotecas universitárias devem ampliar seu domínio de ação para coincidir com a missão, os objetivos e políticas da universidade e, neste sentido, os bibliotecários deverão diversificar seus conhecimentos, competências e expandir o seu portfólio para atrair a atenção e confiança do usuário. Assim, será mais reconhecido o trabalho que desempenha tecnicamente e seu papel como intermediário da informação, bem como sua importância no processo pedagógico [...] (Oliveira; Cranchi, 2017OLIVEIRA, Antonio Jose Barbosa de; CRANCHI, Daniela Carvalho. O papel da biblioteca universitária como espaço de afiliação estudantil e o bibliotecário como educador e agente inclusivo. Informação & Sociedade: Estudos, v. 27, n.2, p. 35-47, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2017v27n2.32654. Acesso em: 17 out. 2023.
https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783....
, p. 41).

Antes de continuar, é importante relembrar que, no Brasil, a presença de bibliotecas em instituições de ensino superior (IES) é obrigatória por força do Decreto Federal 9.235/2017 (Brasil, 2017). Entretanto, apesar da avaliação periódica dos dispositivos biblioteconômicos pelo Ministério da Educação (MEC) brasileiro, é possível indagar se todas as instituições prezam pela qualidade dos produtos e serviços prestados, em especial tendo em vista essa obrigatoriedade.

As mudanças sociais e culturais causadas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) têm afetado a atuação da biblioteca no contexto do ensino superior. Segundo Cunha (2010CUNHA, Murilo Bastos. A biblioteca universitária na encruzilhada. DataGramaZero, v. 11, n. 6, p. 1-21, 2010. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/14869?mode=full. Acesso em: 17 out. 2023.
https://repositorio.unb.br/handle/10482/...
, p. 2):

Estas mudanças vão além da mera incorporação de avanços tecnológicos. Elas incluem o repensar da essência do que define uma biblioteca universitária, o seu sentido de lugar, de produtos e serviços para a comunidade acadêmica, coisas que, todos concordam, têm caracterizado a biblioteca ao longo dos séculos passados.

Cunha (2010CUNHA, Murilo Bastos. A biblioteca universitária na encruzilhada. DataGramaZero, v. 11, n. 6, p. 1-21, 2010. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/14869?mode=full. Acesso em: 17 out. 2023.
https://repositorio.unb.br/handle/10482/...
) discute uma possível obsolescência da biblioteca universitária frente às facilidades de obtenção de informações pela Internet, mas explica que mesmo que as bibliotecas se tornem recursos secundários, não perderão seu caráter de fonte de informação confiável, citando uma gama de serviços inovadores que estão sendo criados. O autor também faz diversos questionamentos, entre eles: “Será que a biblioteca sobreviverá? E, em caso positivo, qual seria a sua nova finalidade?” (Cunha, 2010, p. 8).

Pensando em tais indagações e partindo do contexto de pesquisa desenvolvido pelos autores deste artigo, questiona-se o papel das bibliotecas universitárias frente a uma função pedagógica e científica na formação de profissionais da área da Música. Como objeto de análise, selecionou-se o Catálogo Online de Acesso Público, ou Online Public Access Catalog (OPAC), e a forma como ele, enquanto dispositivo cultural e educativo, dialoga com o usuário no cumprimento de sua função formativa.

O OPAC é um catálogo automatizado de biblioteca, cuja interface oferece atendimento em linha ao usuário por intermédio de recursos que vão além da busca de recursos bibliográficos, podendo trazer retornos, também, para a gestão.

A automação de uma biblioteca implica na oferta de todos os produtos e serviços por meio eletrônico. Além da página do administrador, existe a interface utilizada pelo usuário, a qual é conhecida, comumente, como OPAC. Essa página do usuário permite a criação de listas próprias (públicas ou privadas), sugestões de aquisição, históricos de busca, circulação e possibilidades de avaliação e inserção de tags nos itens de interesse (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, 2017, p. 1).

O objetivo deste trabalho é analisar os OPACs das bibliotecas universitárias brasileiras do estado de São Paulo de IES que oferecem graduação em Música, como forma de refletir sobre melhorias possíveis para o catálogo enquanto ferramenta de pesquisa, ensino-aprendizagem e apropriação cultural.

Os catálogos de biblioteca são tidos como elementos de mediação implícita, uma vez que não requerem a presença ou o contato direto do usuário com o bibliotecário. A mediação implícita, também conhecida como ‘serviço interno’ ou ‘serviços meios’, ocorre pelo processamento prévio dos itens a serem disponibilizados para acesso (Santos Neto; Almeida Júnior, 2014) e um catálogo, possivelmente, é o melhor exemplo de mediador implícito no contexto da Biblioteconomia.

É importante ressaltar que a mediação não é mera ‘ponte’ de transmissão de saberes, não é neutra e nem passiva, uma vez que:

[...] atinge uma “posição” de interferência, de interlocução, de estar presente na construção do sentido, no processo de interpretação, na tradução dos signos e da linguagem, atuando como agente social e modificador de ideias e pensamentos (Santos Neto; Almeida Júnior, 2014, p. 1244).

Sendo o OPAC um instrumento de mediação, informar-se não pode ser avaliado somente do ponto de vista do usuário, ou se negligenciaria o caráter dialógico da comunicação documental. Assim, também é necessário (re)pensar a forma como os catálogos atuam na construção do conhecimento, pois

[...] informar e informar-se, em tais termos, é participar de jogo sociocultural, de processos de negociação simbólica, envolvendo tramas nada simples, constituídas por signos, sujeitos e processos contextualizados, mobilizados e mobilizantes (Perrotti, 2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
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, p. 14).

Convém esclarecer que este trabalho não pretende avaliar a qualidade dos catálogos on-line de acesso público, mas levantar reflexões sobre a importância dos OPACs enquanto dispositivos de apropriação cultural dos futuros profissionais da Música, “Porque sin libros es imposible obtener una formación teórica. Porque sin partituras es imposible aprender a tocar. Porque sin registros sonoros es imposible conocer, estudiar y analizar las obras musicales” (Sorolla, 1996 apud Rios Hilario; Fuster Antón, 2017, p. 96)1 1 SOROLLA, Mariví. 1996. Función de la Biblioteca en un centro de Enseñanza Musical. In JORNADAS SOBRE BIBLIOTECAS EN CONSERVATORIOS Y ESCUELAS DE MÚSICA, 1995, Vitoria - Anais… Madrid: Asociación Española de Documentación Musical, 1996. 79-87. .

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este trabalho está amparado no conceito de infoeducação de Perrotti (2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5...
). Para compreender a infoeducação, duas noções são essenciais: a concepção de que a informação possui caráter formativo, e não meramente informativo, e que os dispositivos informacionais não são simples ferramentas.

De acordo com Perrotti (2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
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), ao se reduzir a informação a insumo, enquanto simples conteúdo, consequentemente delega-se aos dispositivos informacionais como as bibliotecas a função de auxílio, como se fosse mera complementação pedagógica. Entretanto, a informação não deve ser considerada apenas “instrumento”, “meio”, “recurso”, pois possui uma dimensão formativa que é indissociável das dinâmicas socioculturais, formando discursos que funcionam como instâncias de significação, já que “a infoeducação parte, portanto, da premissa segundo a qual a informação é categoria essencial, objeto autônomo e experiência formativa em si mesma, mesmo se possa ser insumo, instrumento para experiências de variadas ordens” (Perrotti, 2016, p. 11).

Sendo o catálogo um dispositivo cultural, ele também é formador de discursos, de instâncias de significação, de modo que a forma como se comunica com o usuário, por intermédio de uma mediação implícita, carrega valores sociais, culturais, históricos e políticos do ambiente em que está inserido e pode atuar como elemento de apropriação cultural ou de aculturação.

Perrotti (2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
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) explica que há três modelos de biblioteca: a biblioteca templum, que preza pela guarda e preservação, a biblioteca emporium, preocupada com a difusão da informação, e a biblioteca forum, dispositivo de mediação cultural que reconhece o caráter histórico, social e político da mediação.

Os dispositivos de mediação cultural assim concebidos modelam a oferta dos signos com expectativas, interesses, condições, histórias, experiências, memória cultural dos diferentes públicos que neles atuam. Por outro lado, ao modelar, modelam-se, também, e adquirem, necessariamente, dimensões formativas implícitas e ou explícitas (Perrotti, 2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
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, p. 21).

Os paradigmas da preservação e da difusão não se interessam pela apropriação cultural, pois os valores culturais são tomados de forma hierarquizada e unidirecional, sem respeito à diversidade cultural, promovendo a aculturação (Perrotti, 2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
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). Assim, cabe indagar se os OPACs seguem um modelo de biblioteca templum, emporium ou forum e de que forma podem ser utilizados enquanto dispositivo cultural que logra estimular a construção do conhecimento, em prol do diálogo e da diversidade.

Pereira (2022PEREIRA, Aline Amarante. A biblioteca universitária contemporânea: um lugar de ensino-aprendizagem. 2022. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2022. Disponível em: https://dspace.mackenzie.br/items/c15e9ee8-b590-4bb2-866e-5c6665c55aeb. Acesso em: 25 set. 2023.
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) ressalta que a biblioteca universitária contemporânea deve ser atuante no contexto educacional em que está inserida, o que exige redesenhar as práticas bibliotecárias, passando por uma reengenharia para dar lugar à sua:

[...] função de interação, dialogicidade, troca de conhecimento, contribuição e socialização, transformando-se e adequando-se às evoluções da sociedade, bem como dos usuários que produzem o conhecimento e encontram nelas o lugar que propicia e provoca a produção e o registro do seu conhecimento (Pereira, 2022PEREIRA, Aline Amarante. A biblioteca universitária contemporânea: um lugar de ensino-aprendizagem. 2022. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2022. Disponível em: https://dspace.mackenzie.br/items/c15e9ee8-b590-4bb2-866e-5c6665c55aeb. Acesso em: 25 set. 2023.
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, p. 42).

A biblioteca, porém, ainda é vista como um lugar de educação informal (Hübner, 2014HÜBNER, Marcos L. F. A biblioteca universitária na formação acadêmica: história da Biblioteca Central da Universidade de Caxias do Sul e sua relação com a aprendizagem e o sucesso acadêmico. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2014. Disponível em: https://repositorio.ucs.br/xmlui/handle/11338/674. Acesso em: 04 out. 2023.
https://repositorio.ucs.br/xmlui/handle/...
). Entretanto, se inserida em uma instituição de ensino, cabe questionar essa classificação.

A educação informal ocorre de forma não intencional e/ou não regulada, pela aprendizagem em situações do dia a dia, na família, na rua etc. Já a educação formal é guiada por políticas públicas e pautada por objetivos e métodos claros e específicos, que direcionam oferta, currículo, avaliação etc. A educação não-formal também ocorre com vistas a objetivos definidos, mas é mais difusa e menos hierárquica e menos burocrática, não seguindo sequenciamentos e progressão (Gadotti, 2005GADOTTI, Moacir. 2005 A questão da educação formal/não-formal. In: INSTITUT INTERNATIONAL DES DROITS DE L’ENFANT (IDE). Droit à l’éducation: solution à tous les problèmes ou problème sans solution? Sion(Suíça): [s. n.], 2005. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5633199/mod_resource/content/1/eudca%C3%A7%C3%A3o%20n%C3%A3o%20formal_formal_Gadotti.pdf. Acesso em: 04 out. 2023.
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).

Tratar a biblioteca universitária como um espaço informal é desrespeitar sua função de mediadora do conhecimento, tomando-a como templum, ou seja, como mero repositório. Assim, faz-se necessário pensá-la enquanto ambiente formal, ou seja, como dispositivo que atua com uma intencionalidade educativa guiada pelas mesmas diretrizes que condicionam o sistema de ensino em que atua.

Não se pode confundir a educação formal com sala de aula. Gadotti (2005GADOTTI, Moacir. 2005 A questão da educação formal/não-formal. In: INSTITUT INTERNATIONAL DES DROITS DE L’ENFANT (IDE). Droit à l’éducation: solution à tous les problèmes ou problème sans solution? Sion(Suíça): [s. n.], 2005. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5633199/mod_resource/content/1/eudca%C3%A7%C3%A3o%20n%C3%A3o%20formal_formal_Gadotti.pdf. Acesso em: 04 out. 2023.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.p...
) questiona os conceitos de formalidade de ensino, pois sua diferenciação não é tão simples e objetiva, e explica que as TICs criaram novos espaços de aprendizagem, o que tem feito do professor um mediador do conhecimento: “Ele deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem” (Gadotti, 2005, p. 3).

Ora, organizar o conhecimento sempre foi a função das bibliotecas. Desse modo, pretende-se refletir sobre as formas em que um catálogo bibliográfico pode colaborar para se distanciar do templum e da educação informal e se aproximar do forum e da educação formal.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa possui um cunho qualiquantitativo e parte de um alcance exploratório, já que visa a investigar um objeto sob uma perspectiva pouco abordada: a avaliação de catálogos OPAC de IES de cursos de graduação em Música no estado de São Paulo. Segundo Hernandez Sampieri, Fernández Collado e Baptista Lucio (2013), o alcance não pode ser interpretado como um tipo de pesquisa, e sim um contínuo de causalidade, pois os alcances devem se suceder conforme a abrangência possível sobre o fenômeno estudado. Assim, “os estudos exploratórios servem para preparar o terreno e normalmente antecedem as pesquisas com alcances descritivos, correlacionais ou explicativos.” (Hernandez Sampieri; Fernández Collado; Baptista Lucio, 2013, p. 100).

Para o desenho de pesquisa, foi utilizado como modelo de análise o estudo de Rios Hilario e Fuster Antón (2017), que avaliaram catálogos on-line de universidades de Música na Espanha. Para obter as variáveis investigadas, os autores utilizaram cinco catálogos como base, entre eles o WorldCat, tomando-os como fonte de referência para a comparação com os OPACs estudados.

Após a identificação dos elementos analisados por Rios Hilario e Fuster Antón (2017), decidiu-se por excluir a categoria idioma, por não fazer parte do contexto sociolinguístico brasileiro. Para definir os tipos documentais mais comuns à área da Música, utilizou-se o Supplements to Best Practices for Music Cataloging Using RDA and MARC21 (2019), preparado para o Resource Description and Access Music Implementation Task Force. Como a definição dos elementos da categoria Web Social 2.0 não foi muito bem explicitada por Rios Hilario e Fuster Antón (2017), realizou-se uma ampliação dessa, partindo da concepção de Dias e Dias (2018DIAS, Rafael Gonçalves; DIAS, Célia da Consolação. OPAC 2.0: análise das propriedades, serviços e recursos da Web 2.0 Informação & Sociedade: Estudos v. 28, n. 2, p. 21-36, maio/ago 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/ies/article/view/38423. Acesso em: 17 out. 2023.
https://periodicos.ufpb.br/index.php/ies...
), que propuseram propriedades da Web sintática que devem ser esperadas em OPACs. Assim, chegou-se a 12 categorias analíticas, algumas desmembradas em subcategorias:

  1. Software

  2. Compatibilidade com dispositivos móveis

  3. Tipos de busca

  4. Ferramentas de busca

  5. Formatos de visualização dos registros bibliográficos

  6. Novidades e recomendações bibliográficas

  7. Serviços de notificações

  8. Sugestões

  9. Ferramentas de acessibilidade

  10. Busca por formações instrumentais

  11. Tipologias documentais
    1. Partitura

    2. Compact Disc (CD)

    3. Long Play (LP)

    4. Fita de rolo

    5. Fita cassete

    6. Digital Audio Tape (DAT)

  12. Web Social e 2.0
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    5. Avaliação de usuários

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    7. Nuvem de tags

    8. Feed RSS

Para o levantamento das IES paulistas que ofertam cursos de graduação em Música, foi feita consulta no e-Mec (Brasil, 2023) no dia 25 de abril de 2023 (12h16min57). A busca foi realizada selecionando-se a opção ‘curso de graduação’ e utilizando-se os filtros: a) UF: São Paulo; b) Modalidades: a distância e presencial; e c) Graus: bacharelado e licenciatura.

Foram localizados 96 cursos de graduação com os rótulos Música (área 215 código 0215M01) e Música Formação de Professor (área 114 código 0114M02), segundo nomenclatura sugerida pela Classificação Internacional Normalizada da Educação Adaptada para Cursos de Graduação e Sequenciais de Formação Específica (Cine Brasil) (Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira, 2021). Ressalta-se que a amostra não incluiu o curso de Musicoterapia.

Tendo em vista que os objetos de estudo são OPACs de IES paulistas, foram retirados da lista 6 cursos a distância oferecidos por instituições com sede em outros estados, totalizando uma amostra de 90 cursos em andamento ofertados por 28 instituições.

Dentre os 90 cursos, 62 (ou 68,89%) são de bacharelado e 28 (ou 31,11%), licenciatura. Em relação à modalidade, 80 (ou 88,9%) são ofertados no formato presencial e 10 (ou 11,1%), a distância. Cabe ressaltar que algumas instituições possuem diversos cursos em andamento, devido à ênfase ou habilitação dada, como, por exemplo, piano, violino, canto, composição, regência, erudito, popular etc.

Foi feita uma consulta no site das 28 instituições para a verificação da existência de OPACs e de seus respectivos endereços eletrônicos, quando se notou que 10 bibliotecas não possuem catálogo de acesso público. Dessa forma, tais instituições foram excluídas da pesquisa, restando 18 catálogos para análise, listados em ordem alfabética, os quais abrangem um total de 70 cursos de graduação, como mostra o Quadro 1.

Quadro 1
Instituições paulistas de graduação em Música com OPACs

Após o levantamento de dados, realizado entre 08/05 a 12/05 de 2023, foram calculados os resultados percentualmente, os quais serão descritos na próxima seção. Ressalta-se que os resultados de algumas categorias serão apresentados concomitantemente.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Chama a atenção o fato de que 35,72% das instituições que oferecem curso de graduação em Música não disponibilizam catálogos on-line de acesso público.

Dentre as demais IES, os OPACs são fornecidos por seis softwares diferentes, sendo que não foi possível identificar o programa usado por 2 bibliotecas, ou 11,0%. A maior parte das bibliotecas (38,8% ou 7 instituições) utiliza o Pergamum, de propriedade da Associação Paranaense de Cultura e gerenciado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, seguido pelo Sophia (27,8% ou 5 instituições), desenvolvido pela Prima e atualmente de propriedade ao Grupo Volaris. A Figura 1 mostra a porcentagem da distribuição de programas utilizados pelas instituições de ensino (categoria 1):

Figura 1
softwares utilizados para fornecimento dos OPACs

Todos os softwares identificados são proprietários, paradigma que se define pela cobrança de licença para uso e pela utilização de código-fonte privado (Ribeiro, 2021RIBEIRO, Mariana Ambrósio. Recursos da web 2.0 em sistemas de automação de bibliotecas: aplicabilidades pelo olhar das universidades do Plano Piloto de Brasília. Brasília, 2021. Monografia (Bacharelado em Biblioteconomia) - Universidade de Brasília, Brasília, 2021. Disponível em: https://bdm.unb.br/handle/10483/28606. Acesso em: 17 out. 2023.
https://bdm.unb.br/handle/10483/28606...
).

Cabe um questionamento quanto aos softwares não identificados, já que esses podem ter sido desenvolvidos pelas próprias IES ou por empresas amadoras, pois não houve o cuidado na identificação do produto. Não é raro que as próprias instituições, a título de economia, desenvolvam programas internamente ou adquiram softwares de empresas com pouco conhecimento da área, o que pode resultar em interfaces com recursos insuficientes ou inadequados ou que não permitem o uso de ferramentas ou protocolos para interoperabilidade, por exemplo, ou sequer utilizem o formato Machine Readable Cataloging (MARC).

Ressalta-se que um mesmo software pode prover ferramentas diversas nas diferentes bibliotecas, de modo que foi necessário confirmar todas as funcionalidades nos OPACs de todas as instituições.

Em relação à compatibilidade com dispositivos móveis (categoria 2), 100% dos catálogos permitem a utilização via celular. Apesar de promover facilidade e rapidez na consulta, tal compatibilidade não pode ser interpretada como promotora efetiva da mediação, pois aquela não se resume à acesso. Perrotti e Pieruccini (2014PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. A mediação cultural como categoria autônoma. Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 01-22, out. 2014. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/19992. Acesso em: 17 out. 2023.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
) chamam a atenção para noções limitantes de mediação que a reduzem à categoria funcional e instrumental, pois seu caráter é essencialmente dialógico enquanto portadora de sentidos embutidos nos objetos, nos sujeitos culturais e nos contextos em que se situam.

Dessa forma, há que se pensar em que um catálogo de biblioteca que acompanha um usuário o dia todo, quase que ‘colado’ ao seu corpo, tem a nos dizer ou fazer refletir sobre esse diálogo, uma vez que “[...] as mediações, ao serem mediatizadas, mediatizaram as relações sociais, ganhando estatuto que obriga a colocá-las em posição de centralidade epistemológica” (Perrotti; Pieruccini, 2014PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. A mediação cultural como categoria autônoma. Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 01-22, out. 2014. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/19992. Acesso em: 17 out. 2023.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
, p. 4).

Ao discutirem o conceito de mediação cultural, Perrotti e Pieruccini (2014PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. A mediação cultural como categoria autônoma. Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 01-22, out. 2014. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/19992. Acesso em: 17 out. 2023.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
) fazem comparações com o conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, cujo clímax se dá quando um livro muito desejado por uma criança é finalmente emprestado, a partir da interferência da mãe da detentora do objeto, que o negava por prazer em controlar as expectativas da colega. Assim, a ação materna teria efeito mediador em uma situação de conflito influenciada pelo contexto histórico, social, econômico e simbólico, a qual engloba questões pessoais e também coletivas. Além disso, o desejo pela experiência de leitura representa dimensões simbólicas de regozijo e posse de conhecimento. Ao conquistar o tão sonhado livro, cria-se uma zona de conexão, o que extrapola a mera transmissão de um objeto, pois se se refere a um ato de intermediar relações. É por isso que os autores afirmam que os objetos culturais são signos “[...] capazes de produzir deslocamentos intelectuais, emocionais, afetivos [...]. Daí demandar tanto a posse material, como chaves subjetivas que são de ordem distinta [...].” (Perrotti; Pieruccini, 2014, p. 8).

Tais chaves, nesta pesquisa, podem ser reconhecidas nas categorias de análise, sendo os elementos de interação entre usuário e os recursos, como ferramentas de busca, acessibilidade, formatos de visualização de dados, possibilidade de seleção de tipologias documentais, envio de sugestões, compartilhamento etc.

Quanto aos tipos de busca (categoria 3), todos os catálogos permitem pesquisas simples e avançadas. Além dessas, outras buscas estão disponíveis em 38,9% (7 catálogos), tais como buscas por tipos de materiais, biblioteca digital, autoridades, acessibilidade e pesquisa arquivo.

Os principais elementos de busca são título, autor, assunto, conteúdo digital, editora, ISBN ou ISSN, série, descrição completa, material, idioma, tombo, ano, volume, coleção, campo de preenchimento livre, número de sistema, dentre outros. Assim, é possível afirmar que há uma variedade de elementos que promovem meios diversificados de localizar e identificar informações quanto aos recursos bibliográficos.

Entretanto, em relação às ferramentas de busca (categoria 4), chama a atenção que nem todos os OPACs permitem o uso de operadores booleanos, ou 88,89% (16 catálogos). Ressalta-se que, mesmo 100% possuindo busca avançada, alguns utilizam o recurso de seleção de campos, mas não a combinação com os operadores booleanos. Sendo esse recurso essencial, mas bastante trivial para a efetiva recuperação da informação, esperar-se-ia que todos os catálogos permitissem a pesquisa avançada com uso de operadores.

Quanto às outras ferramentas, 72,22% dos OPACs apresentam ajudas (13 catálogos), 66,67% trazem índices (12 catálogos), 44,44% salvam histórico de busca (8 catálogos) e 11,11% permitem personalizar a pesquisa (2 catálogos), como visto na Figura 2.

Figura 2
tipos e ferramentas de busca

Questiona-se por que ferramentas que parecem simples do ponto de vista técnico, como salvar o histórico e personalizar a pesquisa, são pouco comuns, o que aponta para um modelo de catálogo emporium: pensando que a mediação atua na construção de signos, recursos que atendam a necessidades mais específicas permitiriam valorizar os diferentes contextos dos usuários, com o uso de ferramentas mais personalizadas ou que, inclusive, possam permitir o compartilhamento de resultados de busca em diversos canais ou até mesmo entre pessoas diferentes, aumentando a interação.

Em relação à ajuda, chama a atenção o fato de que todas aparecem já prontas, em formato de texto ou vídeo, mas não há nenhum tipo de auxílio em tempo real para o usuário, como chat ou chatbot (apenas a Unesp oferece chat, mas encontra-se indisponível). Além disso, os vídeos de ajuda de 33,33% das bibliotecas (6) estavam fora do ar.

Souza e Silva (2022SOUZA, Mariana Tolentino Marques de; SILVA, Márcio Bezerra da. Idealização de um sistema de automação de biblioteca 2.0: sugestões de recursos da web 2.0 que fomentem a participação dos usuários. In CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 29, [s. l.]. Anais[…] São Paulo: Febab, 2022, p. 1-12. Disponível em: https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd2022/article/view/2572/2605. Acesso em: 04 out. 2023.
https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd20...
) explicam que os serviços de mensagens instantâneas, além de permitirem sanar dúvidas, podem possibilitar o primeiro contato do usuário com o serviço de referência. Assim, percebe-se que essa é uma oportunidade que tem sido relegada pelas bibliotecas analisadas. O contato direto com os alunos e profissionais da instituição, durante chamados de ajuda, poderia ser utilizado como estratégia para aproximação, divulgação e escuta, o que promoveria o paradigma de biblioteca forum.

Quanto aos formatos de visualização dos registros bibliográficos (categoria 5), 88,89% ou 16 dos catálogos apresentam interface muito parecida com uma ficha catalográfica convencional, a qual foi identificada como AACR, por conta do Anglo-American Cataloging Rules; 77,77% ou 14 catálogos, permitem a visualização de MARC tags, 27,77% ou 5, do padrão Dublin Core e 50% ou 9, do formato de referência bibliográfica, como pode ser observado na Figura 3.

Figura 3
formatos de visualização dos registros bibliográficos

Notou-se que os recursos mais especializados são mais raros, como visto nas categorias 6, 7 e 8 (Figura 4): 66,67% possuem Disseminação Seletiva da Informação (DSI) (12 catálogos), 33,33% permitem o envio de sugestões (6 catálogos) e 33,33% (6 catálogos) trazem novidades e recomendações bibliográficas.

Figura 4
serviços de DSI, novidades e recomendações e sugestões

Apesar da oferta de DSI, não foi possível verificar se esse recurso realmente está em funcionamento em todas as bibliotecas, pois os pesquisadores não possuem acesso a todos os catálogos como usuário.

A DSI é uma oportunidade de promoção da biblioteca forum, ou seja, de atuar enquanto promotora do conhecimento coletivo, pois, ao mesmo tempo em que atua enquanto forma de divulgação de produtos e serviços, pode trazer informações sobre a preferência dos usuários e da comunidade científica em que se insere. Pode, inclusive, promover a ajuda mútua entre a comunidade acadêmica, permitindo que os próprios usuários colaborem com sugestões de leitura em pesquisa junto aos demais.

Em relação às ferramentas de acessibilidade (categoria 9), como visto na Figura 5, 66,67% dos OPACs permitem o uso de recursos para ampliar e diminuir a fonte (12 catálogos); em 61,11%, o uso de alto contraste (11 catálogos); em 5,56%, da língua brasileira de sinais (Libras) (1 catálogo); 5,56%, do negrito (1 catálogo); e 5,56%, alterar cores (1 catálogo).

Figura 5
acessibilidade nos catálogos OPAC

A busca por formações instrumentais (categoria 10) se mostra uma ferramenta importante e valiosa aos estudantes e pesquisadores de Música. Muitas vezes, o aluno é estudante de determinado instrumento ou vinculado a certo grupo instrumental, de formação camerística, com poucos integrantes, ou orquestral, com um número maior de participantes. A busca por formações instrumentais permite selecionar partituras ou gravações musicais específicas para seu desenvolvimento técnico ou que possam ser aproveitadas na formação de um repertório a ser ensaiado e apresentado individual ou coletivamente em uma performance musical. Da mesma maneira, um pesquisador em Música, por meio da busca por formações musicais, pode selecionar partituras ou gravações específicas para o conjunto instrumental de interesse de sua pesquisa, facilitando a busca e melhorando a qualidade final de seu trabalho. Apesar disso, percebeu-se que apenas 33,3% (6 catálogos) apresentaram esse recurso de busca e 77,7% (12 catálogos) não apresentaram esse recurso de busca.

Da mesma maneira, a busca por tipologias documentais na área de Música (categoria 11) tem o potencial de melhorar a qualidade da pesquisa realizada pelos usuários, alunos ou pesquisadores. Muitas vezes, o interesse da investigação realizada pode estar em localizar informações em tipos documentais distintos, tais como partituras e gravações, que poderão ser usadas como referências para o desenvolvimento de pesquisas ou para a criação de um repertório musical próprio para um indivíduo ou grupo musical ao qual o usuário pode estar vinculado, conforme relatado anteriormente. Esse tipo de busca pode ou não estar vinculada à categoria anterior (categoria 10). Analisando os dados obtidos, percebeu-se que, diferentemente da busca por formações instrumentais, na qual a maioria dos OPACs analisados não possibilitou tal recurso de busca, as tipologias documentais são mais amplamente disponibilizadas enquanto recurso, com um total de 77,78% (14 catálogos) nos quais é possível realizar a pesquisa dessa maneira, e 22,22% (4 catálogos) nos quais não é possível realizá-la.

Dentre os catálogos que possibilitam este recurso de pesquisa, os principais tipos documentais na área de Música disponibilizados para consulta são as partituras e as gravações, sendo estas nos formatos Compact Disc (CDs), Long Plays (LPs) ou fitas cassetes. Dois dos formatos localizados para esta categoria, as fitas magnéticas de rolo ou Digital Audio Tape (DAT), não foram disponibilizados em nenhuma das instituições analisadas. Entretanto, cabe ressaltar que, em algumas delas, a mídia não é especificada, com o resultado obtido sendo identificado por “gravação de som”, “gravação outros” ou “áudio”, havendo, portanto, a possibilidade que tais mídias possam estar inseridas nesses resultados.

Na categoria 12, dentre os 18 OPACs analisados, apenas 33,3% (6 catálogos) estão integrados a duas mídias sociais (Figura 6): Facebook/Meta e Twitter/X. Os recursos Web 2.0 são oferecidos por 66,7% (12 catálogos). Entre eles, estão: avaliar, postar comentários e sugestões, favoritar, escanear código QR e etiquetar. Apenas uma biblioteca permite compartilhamento com software de elaboração de referência bibliográfica.

Figura 6
integração com mídias sociais

Avaliar se refere à ação de atribuir uma quantidade de estrelas ao recurso, o que pode ser visto como “ação que gerará um sentimento de cooperação, que na sua opinião pode ser considerada por outros. A avaliação ainda tem o benefício de ajudar os usuários a decidirem sobre os materiais de interesse” (Souza; Silva, 2022SOUZA, Mariana Tolentino Marques de; SILVA, Márcio Bezerra da. Idealização de um sistema de automação de biblioteca 2.0: sugestões de recursos da web 2.0 que fomentem a participação dos usuários. In CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 29, [s. l.]. Anais[…] São Paulo: Febab, 2022, p. 1-12. Disponível em: https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd2022/article/view/2572/2605. Acesso em: 04 out. 2023.
https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd20...
, p. 7). O mesmo pode ser dito sobre a possibilidade de postar comentários e enviar sugestões.

Quanto a favoritar, permite que o usuário mantenha salvos os itens de sua preferência, o que facilita a procura e o acesso aos registros já buscados anteriormente (Souza; Silva, 2022SOUZA, Mariana Tolentino Marques de; SILVA, Márcio Bezerra da. Idealização de um sistema de automação de biblioteca 2.0: sugestões de recursos da web 2.0 que fomentem a participação dos usuários. In CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 29, [s. l.]. Anais[…] São Paulo: Febab, 2022, p. 1-12. Disponível em: https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd2022/article/view/2572/2605. Acesso em: 04 out. 2023.
https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd20...
). Mas essa ferramenta poderia ser extrapolada, permitindo o compartilhamento de listas de favoritos entre os usuários, o que possibilitaria que pudessem visualizar os itens de colegas, professores e pesquisadores que possuem os mesmos interesses que os seus. Isso geraria uma rede de comunicação baseada em interesses, o que pode proporcionar melhorias no aprendizado coletivo.

Sobre o código QR, são ao menos duas facilidades possíveis: transferir dados do registro para o celular, e assim salvá-lo para uso posterior ou compartilhamento, e inserir o código em outros documentos, como sites, material didático, videoaulas, redes sociais etc., o que permite a difusão do conteúdo entre os usuários.

A atribuição de etiquetas (tags) permite a indexação social, promovendo interação entre a comunidade com base na descrição de palavras-chave feita pelos próprios usuários, o que não somente amplia a interação ativa no catálogo, como também pode favorecer o sentimento de pertencimento quando o usuário tiver suas contribuições voluntárias aceitas (Souza; Silva, 2022SOUZA, Mariana Tolentino Marques de; SILVA, Márcio Bezerra da. Idealização de um sistema de automação de biblioteca 2.0: sugestões de recursos da web 2.0 que fomentem a participação dos usuários. In CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 29, [s. l.]. Anais[…] São Paulo: Febab, 2022, p. 1-12. Disponível em: https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd2022/article/view/2572/2605. Acesso em: 04 out. 2023.
https://anaiscbbd.emnuvens.com.br/cbbd20...
). Uma possibilidade, tal como ocorre em páginas que permitem a etiquetagem, é que os usuários passem a seguir tags, ou seja, possam receber notificações quando alguma postagem receber a etiqueta escolhida.

Quanto ao compartilhamento com software de elaboração de referência bibliográfica, seria esperado que tal recurso fosse permitido por mais bibliotecas, em especial tendo em vista a grande presença e importância das referências para trabalhos acadêmicos em todos os níveis.

Segundo Ribeiro (2021RIBEIRO, Mariana Ambrósio. Recursos da web 2.0 em sistemas de automação de bibliotecas: aplicabilidades pelo olhar das universidades do Plano Piloto de Brasília. Brasília, 2021. Monografia (Bacharelado em Biblioteconomia) - Universidade de Brasília, Brasília, 2021. Disponível em: https://bdm.unb.br/handle/10483/28606. Acesso em: 17 out. 2023.
https://bdm.unb.br/handle/10483/28606...
, p. 68), que investigou o conhecimento de bibliotecários sobre o uso de recursos Web 2.0 em bibliotecas, há diferenças entre conhecê-los e empregá-los nos sistemas de automação, “[...] o que demonstra a pouca imersão dos sistemas de bibliotecas aos preceitos de participação ativa, como um resultado da inteligência coletiva daquele público”.

Tendo em vista os dados identificados na categoria 2, que apontam 100% de compatibilidade dos softwares com dispositivos móveis, questiona-se como tal pode ultrapassar a mera consulta e funcionar de forma integrada aos recursos Web 2.0, ou seja, de que formas um aplicativo pode permitir o uso ativo das ferramentas de modo a promover maior interação com a equipe da biblioteca e também dos usuários entre si.

Tendo em vista que “Mediar é, nesse sentido, vincular ao mundo, é ação de construção de identidades culturais.” (Perrotti; Pieruccini, 2014PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. A mediação cultural como categoria autônoma. Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 01-22, out. 2014. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/19992. Acesso em: 17 out. 2023.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
, p. 16), a baixa incidência de uso de recursos do tipo Web 2.0 incita questionamentos quanto à real possibilidade de utilização dos OPACs como promotores culturais.

É preciso criar vínculos simbólicos entre os diferentes, espaços de transição, pontos de convivência que tornam possível o “viver juntos”, em especial em época de mudanças que alteram relações de tempo e espaço, via tecnologias virtuais cada vez mais onipresentes na experiência cotidiana, em escala global (Perrotti; Pieruccini, 2014PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. A mediação cultural como categoria autônoma. Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 01-22, out. 2014. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/19992. Acesso em: 17 out. 2023.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
, p. 11).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se que os catálogos públicos de acesso on-line das instituições paulistas que oferecem cursos de graduação em Música, de modo geral, seguem um modelo de biblioteca emporium, priorizando ferramentas de busca, identificação e acesso aos registros bibliográficos. Recursos que permitem a personalização e a interação entre usuários ou usuários e equipe bibliotecária, são escassos e não demonstram a criação de um modelo de biblioteca forum.

Dessa forma, aponta-se a necessidade de reflexão sobre o catálogo enquanto um possível elemento de distanciamento entre biblioteca e usuários, e não de comunicação, como defendido pelos profissionais da área. Esse distanciamento pode ser fruto do desconhecimento do contexto histórico, político e cultural da realidade que permeia a universidade, ou até mesmo uma pretensa superioridade dos OPACs. Segundo Perroti (2016), quando o enfoque é na difusão, não há valorização dos saberes dos usuários.

Como são unidirecionais, os dispositivos de difusão partem da hipótese da suposta superioridade dos repertórios culturais disponibilizados, quando comparados aos dos sujeitos que com ele se relacionam. Desse modo, a cultura dos diferentes públicos não é reconhecida como tal pelos modelos difusionistas (Perrotti, 2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5...
, p. 25).

Para que possa haver, portanto, a superação do modelo difusionista percebido por Perrotti, a presente pesquisa buscou identificar quais seriam as possíveis melhorias para os catálogos das bibliotecas universitárias brasileiras do estado de São Paulo de IES que oferecem graduação em Música, de forma que as mesmas possam se aprimorar enquanto ferramentas de pesquisa, ensino-aprendizagem e apropriação cultural.

De uma maneira geral, para que se atinja tal objetivo, inicialmente se faz necessário que mais instituições ofereçam catálogos on-line de acesso público, pois, no momento de coleta dos dados desta pesquisa, 35,72% dos OPACs analisados não ofereciam este serviço.

Na categoria 1, percebeu-se que seria importante que as instituições identificassem os softwares utilizados, mesmo que tenham sido desenvolvidos internamente, e que todos os OPACs permitam o uso de ferramentas ou protocolos para interoperabilidade.

Na categoria 2, apesar de os OPACs oferecerem interação com dispositivos móveis, o ideal seria que pudessem promover uma efetiva mediação por meio deles. Tal interação, inclusive, pode ser utilizada como levantamento de indicadores para desenvolvimento de coleções, projetos de ação cultural, estudos de usos e usuários etc.

Na categoria 3, que todas os OPACs ofereçam buscas para além das “simples” e “avançadas”, ampliando as possibilidades disponíveis.

Na categoria 4, que todas os OPACs permitam o uso de operadores booleanos para uma efetiva recuperação da informação. Além disso, que todas os OPACs permitam salvar o histórico e personalizar a pesquisa, possibilitando, dessa forma, valorizar os diferentes contextos dos usuários, com o uso de ferramentas mais personalizadas ou que disponibilizam o compartilhamento de resultados de busca em diversos canais, agregando recursos mais interativos. E também que as OPACs tenham um canal mais interativo de ajuda, com o uso chats ou chatbots, por exemplo.

Nas categorias 6, 7 e 8, que os OPACs permitam recursos mais especializados, tais como serviços de DSI, sugestões, novidades e recomendações.

Na categoria 9, que os OPACs disponibilizem mais recursos de acessibilidade, promovendo a interação com a pessoa com deficiência (PcD).

Na categoria 10, que as OPACs disponibilizem a busca por formações instrumentais, permitindo uma pesquisa mais adequada aos objetivos específicos dos usuários estudantes e pesquisadores da área de Música.

Na categoria 11, que os OPACs disponibilizem a busca por tipologias documentais da área de Música, inclusive especificando todos os tipos de mídias disponíveis quando se tratar de gravações sonoras. Aqui cabe uma relação com as novas diretrizes de catalogação, estabelecidas no Resource Description and Access (RDA), que abrange campos de descrição como tipo de conteúdo (336), tipo de mídia (337), suporte (338), música notada (348), meio de performance (382), entre outros, e que precisam ficar claros para os usuários, de modo a aparecer no catálogo de forma didática e inequívoca.

E, por fim, na categoria 12, que os OPACs possam estar integrados às mídias sociais, inclusive com as novas mídias que surgem atualmente, para que os recursos Web 2.0 possam efetivamente promover uma interação entre usuários e entre usuários e bibliotecas, buscando gerar uma rede de comunicação baseada em interesses e proporcionar melhorias no aprendizado coletivo. Sobre esta questão, percebe-se que elementos de análise mais sofisticados poderiam ter sido utilizados, em especial os referentes aos próprios recursos Web 2.0 ou até mesmo quanto à Web 3.0. Entretanto, estariam fora do contexto dos atuais OPACs, que se mostraram estar aquém de dispositivos digitais atuais, que têm usado recursos como inteligência artificial e gamificação, por exemplo.

Dessa forma, acredita-se que os catálogos de acesso público, não sendo dispositivos neutros nem deslocados do contexto social, histórico e educacional em que se inserem, devem dar um passo além e repensar suas ferramentas enquanto ato político de formação da identidade cidadã e que extrapole o senso comum de usuários, na direção de enxergá-los como “[...] cidadãos que protagonizam processos socioculturais muitas vezes difíceis de produção de sentidos, [...] afinadas com processos de participação afirmativa nas dinâmicas culturais.” (Perrotti, 2016PERROTTI, Edmir. Infoeducação: um passo além científico-profissional. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 04-31, jul./dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n2p05. Acesso em: 17 out. 2023.
https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5...
, p. 26).

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  • FINANCIAMENTO

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  • CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM

    Não se aplica
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Não se aplica.
  • PUBLISHER

    Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

Editado por

EDITORES

Edgar Bisset Alvarez, Genilson Geraldo, Jônatas Edison da Silva, Mayara Madeira Trevisol, Edna Karina da Silva Lira e Luan Soares Silva.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    11 Out 2023
  • Aceito
    01 Abr 2024
  • Publicado
    05 Jul 2024
Creative Common - by 4.0
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