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O processo dialógico e a mediação da leitura na formação do sujeito leitor

The dialogic process and the mediation of reading in the formation of the reader subject

El proceso dialógico y la mediación de la lectura en la formación del sujeto lector

Resumo:

Objetivo: evidenciar as narrativas que apresentam o ato de ler e a interação de Luca, Manu Tasca e seus seguidores no perfil do Instagram, como processo de interferências que subsidia a formação do sujeito leitor. Metodologia: estudo descritivo de natureza qualitativa e método documental, que se adotou a técnica de observação direta tendo como objeto de investigação o perfil do Instagram de Manu Tasca, como também foi aplicado junto a essa um questionário a fim de registrar suas vivências como leitora e mediadora da leitura. Resultados: Manu Tasca transparece a importância de buscar e identificar o perfil de cada sujeito com que se pretende relacionar em uma atividade mediadora, adotando dispositivos e conteúdos diversos, além de realizar ações plurais que efetivamente contribuam com o desenvolvimento desses sujeitos leitores. Considerações: o processo dialógico é essencial para a realização das atividades de mediação da leitura, devendo os agentes mediadores considerar as mais variadas formas de linguagens, que proporcionem maior conforto no compartilhamento de saberes por parte dos leitores.

Palavras-chave:
leitura; mediação da leitura; formação de leitor; dispositivos informacionais

Abstract:

Objective: to highlight the narratives that present the act of reading and the interaction of Luca, Manu Tasca, and their followers in the Instagram profile, as a process of interference that subsidizes the formation of the reader subject. Methodology: a descriptive study of a qualitative nature that adopted direct observation of Manu Tasca's Instagram profile as a technique, as well as teaching in order to record her experiences as a reader and mediator of reading. Results: Manu Tasca demonstrates the importance of seeking and identifying the profile of each subject with whom one intends to relate in a mediating activity, adopting different devices and contents, in addition to carrying out plural actions that effectively contribute to the development of these reader subjects. Considerations: The dialogical process is essential for carrying out reading mediation activities, and the mediating agents must consider the most varied forms of languages, which provide greater comfort in the sharing of knowledge by the readers.

Keywords:
reading; reading mediation; reader training; informational devices

Resumen:

Objetivo: resaltar las narrativas que presentan el acto de leer y la interacción de Luca, Manu Tasca y sus seguidores en el perfil de Instagram, como un proceso de interferencia que subsidia la formación del sujeto lector. Metodología: estudio descriptivo de carácter cualitativo que adoptó como técnica la observación directa del perfil de Instagram de Manu Tasca, así como la didáctica para registrar sus experiencias como lectora y mediadora de lectura. Resultados: Manu Tasca demuestra la importancia de buscar e identificar el perfil de cada sujeto con el que se pretende relacionar en una actividad mediadora, adoptando diferentes dispositivos y contenidos, además de realizar acciones plurales que contribuyan efectivamente al desarrollo de estos sujetos lectores. Consideraciones: El proceso dialógico es fundamental para realizar actividades de mediación lectora, y los agentes mediadores deben considerar las más variadas formas de lenguajes, que brinden mayor comodidad en el intercambio de saberes por parte de los lectores.

Palabras clave:
lectura; mediación lectora; formación de lectores; dispositivos informativos

1 Introdução

A leitura é um ato que permite os sujeitos se (re)conhecerem e se apropriarem de informações, alcançando a possibilidade de ampliarem seu repertório de saber e interagirem com o outro, portanto, o processo dialógico é essencial para a efetividade da leitura. Nesse sentido, o agente mediador da leitura interage com o objetivo, dispositivos e atividades a serem planejadas e realizadas, entre outros elementos; mas também o subjetivo, desejos e necessidades de conhecer a si e ao outro, de favorecer a atribuição de sentido a ‘territórios’ que ainda não foram experienciados; e embates, por vezes consigo, em busca de respostas a indagações que lhes foram provocadas.

O agir do mediador da leitura requer o ato de ler os diversificados dispositivos informacionais e articulá-los às necessidades dos leitores, subsidiando o processo de apropriação da informação, pautado na singularidade dos sujeitos que integram a pluralidade dos espaços socioculturais. A atuação de Manu Tasca pode ser reconhecida como de uma mediadora da leitura, que inicialmente se disponibiliza a interagir com seu filho Luca, mas sua interferência torna-se valorosa para ressignificar a vida de outros sujeitos, que por meio de sua arte compreendem a busca de se expressarem no mundo. Desse modo, este texto objetiva evidenciar as narrativas que apresentam o ato de ler e a interação de Luca, Manu Tasca e seus seguidores no perfil do Instagram, como processo de interferências que subsidia a formação do sujeito leitor.

Para tanto, na trajetória metodológica adotou-se como técnica a observação direta ao perfil do Instagram de Manu Tasca, como também foi aplicado junto a essa Mãe e Artista Plástica um questionário a fim de registrar suas vivências como leitora e mediadora da leitura. A análise dos dados foi pautada a partir da abordagem qualitativa, em que os resultados foram interpretados à luz da literatura.

2 O processo dialógico na mediação da leitura: atividades e dispositivos utilizados para formação dos leitores

A leitura subsidia o processo de relação do sujeito com o mundo, sua forma de interpretar, interagir, sentir e criar junto à outra sua existência nos espaços socioculturais. É na atribuição de sentido e na expressão das diversas possibilidades de linguagens que o ato de ler ocorre, pois segundo Edmir Perrotti (1999PERROTTI, Edmir. Leitores, ledores e outros afins (apontamentos sobre a formação ao leitor). In: PRADO, Jason; CONDINI, Paulo (org.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Agnus, 1999. cap. 5, p. 31-43., p. 31) “[...] ler é uma atividade que envolve essencialmente um modo de relação com a linguagem e as significações”. Dessa maneira, a leitura proporciona uma (re)ligação do sujeito com o outro e as possibilidades de apropriação de informações, por meio da ampliação das percepções que motivam o sujeito na busca pela construção contínua de seu repertório de saber e vivências em seu cotidiano.

É nessa movência da vida que o sujeito pode inquietar-se pela ausência de respostas às perguntas que lhe são apresentadas pelo outro e por si, na trajetória e desenvolvimento de suas atividades socioculturais. Nessas atividades que são múltiplas, pelos diversos papéis que o sujeito performa na sociedade, as possibilidades de reflexão são alcançadas na complexidade e no aprofundamento que o sujeito realiza pela leitura. Ou seja, quanto maior for o aprofundamento das percepções implícitas nas entrelinhas das linguagens, nas práticas socioculturais, lhe provocar para a realização da leitura, tanto maior será a possibilidade de este refletir sobre as questões que envolvem o processo de saber e conhecer sobre sua existência, e a busca por mais informações. Torna-se essencial, nesse processo de formação do sujeito leitor, e de busca por informações e leituras diversas, a interferência do agente mediador.

Entre esses agentes mediadores, destaca-se nesta pesquisa o papel essencial do mediador da leitura, que para Sueli Bortolin (2007BORTOLIN, Sueli. O mediador de leitura. INFOhome, Brasil, jun. 2007. , p. 31), é o “[...] indivíduo que aproxima o leitor do texto. Em outras palavras, o mediador é o facilitador dessa relação [...]”. A partir da reflexão apresentada pela autora, faz-se necessário destacar o sentido da palavra ‘texto’, que não se limita ao documento escrito, mas o mediador da leitura utiliza da diversidade de dispositivos informacionais, tais como, iconográficos, sonoros, tridimensionais, entre outros, para interagir e apoiar o ato do sujeito ao expressar suas percepções sobre si e sua relação com o mundo. Ainda de acordo com Sueli Bortolin (2007BORTOLIN, Sueli. O mediador de leitura. INFOhome, Brasil, jun. 2007. ), entre os mediadores da leitura, aqueles que mais se destacam pela presença na formação dos sujeitos leitores são os familiares, os professores e os bibliotecários, devendo esses agentes estarem conscientes da sua responsabilidade nesse processo e da possibilidade de favorecer o encontro entre os sujeitos, utilizando a diversidade de dispositivos informacionais.

Vale ressaltar o entendimento apresentado por Ivete Pieruccini (2007PIERUCCINI, Ivete. Ordem informacional dialógica: mediação como apropriação da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 8., 2007, Salvador. Anais [...]. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2007., p. 5), para quem dispositivo é:

[...] um signo, um mecanismo de intervenção sobre o real, que atua por meio de formas de organização estruturada, utilizando-se de recursos materiais, tecnológicos, simbólicos e relacionais, que atingem os comportamentos e condutas afetivas, cognitivas e comunicativas dos indivíduos.

Nessa perspectiva, o livro, a fotografia, a tela de pintura, escultura, entre outros recursos de expressão dos sujeitos que materializam suas atividades socioculturais são entendidos como dispositivos de informação. Mas também, uma biblioteca, um museu, uma rede social digital que possui uma relação simbólica com os sujeitos e os provocam no desenvolvimento de sua relação com o mundo e consigo, também são dispositivos informacionais. Assim, os agentes mediadores da leitura devem se apropriar dessa diversidade de dispositivos, a fim de realizar suas atividades, como também provocar a criação de novos dispositivos por parte dos sujeitos leitores, como forma de expressão desses e compartilhamento de suas leituras de mundo.

Desde a fase da primeira infância os sujeitos podem ter acesso às narrativas de vida de seus familiares; as histórias de vida de seus pais e as lutas pela subsistência de seus avós; os contos de vizinhos; ou mesmo as falas de empoderamento de um amigo; essas narrativas podem subsidiar a constituição de repertório e percepção de mundo dos sujeitos. Em outra instância, a escola, a biblioteca e outros ambientes sociais, podem provocar (re)encontros entre esses sujeitos leitores e os dispositivos informacionais que ampliam e provocam outras leituras, o que apresenta-se na complexidade da tessitura que a mediação da leitura vai propiciando na formação dos sujeitos leitores, relação destacada por Sueli Bortolin (2010BORTOLIN, Sueli. Mediação oral da literatura: a voz dos bibliotecários lendo ou narrando. 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) -Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010., p. 107), quando evidencia que a mediação da leitura favorece o “[...] posicionamento sociocultural no sentido de levar o cidadão a ler diferentes textos para que ele, com autonomia, exerça plenamente seu papel de cidadão”. Nesse sentido, as instâncias anteriormente citadas, podem favorecer o acesso aos dispositivos físicos ou virtuais, como um livro, uma fotografia, uma rede social digital, em que os detalhes que podem passar despercebidos no frenético vivenciar humano possam ser recuperados a fim de uma leitura mais atenta, com pausa e retorno, de modo que as informações invisibilizadas possam ser transparecidas e (re)conhecidas.

Pode-se citar ainda o entendimento de Ana Claudia Sousa, Raquel Santos e Ingrid Jesus (2020SOUSA, Ana Claudia Medeiros; SANTOS, Raquel do Rosário; JESUS, Ingrid Paixão. Mediação da cultura, da informação e da leitura para o protagonismo social. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 16, p. 1-20, 2020. ) que, ao refletir sobre a mediação da leitura, fizeram uma aproximação dessa ação com o conceito de mediação da informação apresentado por Oswaldo Francisco de Almeida Júnior (2009ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco. Mediação da informação e múltiplas linguagens. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 89-103, 2009. , 2015ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, Sueli; SANTOS NETO, João Arlindo; SILVA, Rovilson. J. (org.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: Abecin, 2015. p. 9-32.). Para as autoras, a mediação da leitura é uma:

[...] ação realizada conscientemente por um profissional da educação, da informação e/ou da cultura, de maneira individual ou coletiva, que propicie uma leitura singular ou plural na ambiência dos dispositivos informacionais, sociais e culturais, na perspectiva de possibilitar a apropriação da informação (Sousa; Santos; Jesus, 2020SOUSA, Ana Claudia Medeiros; SANTOS, Raquel do Rosário; JESUS, Ingrid Paixão. Mediação da cultura, da informação e da leitura para o protagonismo social. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 16, p. 1-20, 2020. , p. 18).

A partir do entendimento das autoras, pode-se perceber que a mediação da leitura, para alcançar o objetivo indicado por Sueli Bortolin (2010BORTOLIN, Sueli. Mediação oral da literatura: a voz dos bibliotecários lendo ou narrando. 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) -Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010.), de propiciar uma formação cidadã, prescinde de um agir consciente, ou seja, mais que a intenção de favorecer encontros entre autores, dispositivos e leitores, esse agir precisa ter embasamento pautado nos valores simbólicos que são representativos para os sujeitos envolvidos na ação, mas também no arcabouço filosófico que fundamenta as discussões de áreas do conhecimento em que os agentes mediadores podem desenvolver e dar continuidade em sua formação.

Nessa perspectiva, atividades que envolvem grupos de sujeitos em um agir que subsidia o compartilhamento de percepções alcançadas nas leituras dos dispositivos e associadas a vivência, evocando a singularidade do ser e religando-os a diversidade dos coletivos que integram, favorece uma atividade mediadora plural da leitura. Por outro lado, os sujeitos leitores apresentam na atualidade a necessidade de uma escuta sensível, sem julgamentos e (pre)conceitos, a recepção e a possibilidade de realização de um ato de ler a si e compartilhar com o outro que medeie, além de dispositivos, também sentimentos e sentidos, torna uma mediação individual da leitura ainda mais valorosa. Assim, a missão do mediador da leitura pressupõe a realização do próprio ato de ler as possibilidades e as necessidades dos leitores, e desenvolver atividades diversificadas de mediação da leitura que alcancem a singularidade dos sujeitos que integram a pluralidade dos espaços socioculturais.

Nessa conjuntura, destaca-se a importância do processo dialógico, em que os sujeitos alcancem a segurança de expressar-se com liberdade, entendendo a complexidade do agir mediador que favorece o espaço entre a escuta e a possibilidade de ‘fala’, conforme reflete Henriette Gomes (2020GOMES, Henriette Ferreira. Mediação da informação e suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política: um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social. Informação e Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 30, n. 4, p. 1-23, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2020v30n4.57047 . Acesso em: 20 maio 2023.
https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783....
, p. 14) quando afirma que “Os sujeitos da ação comunicativa precisam transitar com ‘conforto emocional’ [...]”. Nesse sentido, ao evocar a percepção da constituição de suas identidades que por vezes foram conduzidas por terrenos inférteis de expressão ou a ausência da possibilidade de opções, da liberdade de apresentarem suas ideias ou manifestarem como contraditórios, esses sujeitos (leitores e mediadores) da leitura de mundo - de um mundo silenciador - calaram-se, mas podem na atividade mediadora da leitura evocar esses movimentos, ressignificar seus sentimentos e sentirem o conforto e o prazer de compartilhar, de criar e de perceber a mudança do outro e de si pela memória:

[...] um mediador consciente do significado da ação mediadora, passa a considerar e desenvolver o processo dialógico, buscando observar e compreender as singularidades dos sujeitos envolvidos na ação de interferência, assegurado a todos o espaço de voz, de modo que estejam envolvidos e protagonizando a ação (Gomes, 2020GOMES, Henriette Ferreira. Mediação da informação e suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política: um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social. Informação e Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 30, n. 4, p. 1-23, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2020v30n4.57047 . Acesso em: 20 maio 2023.
https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783....
, p.12).

É importante que o agente mediador busque no outro as diversas formas dele se expressar na ação mediadora, haja vista, como defende Paulo Freire (2016FREIRE, Paulo. Conscientização. São Paulo: Cortez, 2016. , p. 136) “O diálogo também exige uma fé profunda no homem, em seu poder de fazer e refazer, criar e recriar [...]”. O silêncio pode significar a ausência de uma linguagem que é coletiva, em que as opções apresentadas não são confortáveis para aquele ser que é individual; ou do tempo necessário de reflexão e maturação da leitura e da apropriação de informações que foram acessadas nas atividades de mediação da leitura. Nas diversas possibilidades de percepções que o agente mediador realiza das singularidades que constituem o sujeito leitor, torna-se relevante que esse atue de maneira consciente, interferindo no processo de formação desse exercitar a leitura e o processo dialógico que contribuirá para a efetividade da apropriação de informações, ampliando repertórios de saber e do agir junto ao coletivo que integra, atuando para que a transformação sociocultural seja alcançada.

Essa reflexão ganha adensamento na afirmação realizada por Oswaldo Francisco de Almeida Júnior (2009ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco. Mediação da informação e múltiplas linguagens. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 89-103, 2009. , p. 96), para quem “Não há conhecimento no isolamento, ao contrário, ele se constrói na relação com o mundo, com os outros homens”. O ato de ler, refletir, compartilhar, comunicar tornam-se essenciais para a construção do conhecimento. Assim, o agente mediador da leitura e o leitor devem libertar-se do imaginário de uma ação solitária e perceberem que o ato coletivo e conjunto, torna-se essencial para a efetividade da construção e crescimento dos sujeitos nos diversos espaços socioculturais. Até os ‘super-heróis’ ganham destaque e conseguem atingir seus objetivos quando atuam em uma ‘liga da justiça’.

Torna-se necessário evidenciar o compartilhamento de narrativas sobre ações mediadoras da leitura que vêm contribuindo para a formação de sujeitos leitores, utilizando a diversidade de linguagens que potencializam o processo dialógico, entre essas ações, aquelas que são transparecidas por meio das redes sociais digitais. “[...] pode-se afirmar que o conhecimento emerge da articulação de agenciamentos no coletivo, das experiências coletivas, que se conectam a redes de sentido, tecidas na experiência singular das memórias dos sujeitos” (Gomes, 2020GOMES, Henriette Ferreira. Mediação da informação e suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política: um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social. Informação e Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 30, n. 4, p. 1-23, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2020v30n4.57047 . Acesso em: 20 maio 2023.
https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783....
, p.8). Dessa maneira, os perfis criados nas redes sociais digitais, por exemplo, no Instagram, Twitter, Facebook, entre outros, podem ser dispositivos de articulação e ‘agenciamento’ do e com o coletivo, a fim de compartilhar práticas, experiências, enfim, leituras que fortalecem os sujeitos em sua individualidade e agrega-os na pluralidade de seus coletivos.

Para Alex Primo (2007PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós, Brasília, v. 9, p. 1-21, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.30962/ec.153 . Acesso em: 20 maio 2023.
https://doi.org/10.30962/ec.153...
, p. 7) “[...] uma rede social online não se forma pela simples conexão de terminais. Trata-se de um processo emergente, que mantém sua existência através de interações entre os envolvidos”. Um perfil criado em uma rede social digital se fortalece pelo compartilhamento de conteúdos que os sujeitos expressam, por meio das múltiplas leituras e linguagens que utilizam para representarem seus repertórios, pautados nas leituras que realizam de si e do mundo. Ainda de acordo com o autor a interação social “[...] é caracterizada não apenas pelas mensagens trocadas (o conteúdo) e pelos interagentes que se encontram em dado contexto (geográfico, social, político, temporal), mas também pelo relacionamento que existe entre eles” (Primo, 2007PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós, Brasília, v. 9, p. 1-21, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.30962/ec.153 . Acesso em: 20 maio 2023.
https://doi.org/10.30962/ec.153...
, p. 7). Ou seja, a percepção desses sujeitos que a rede social digital auxiliou no entrelaçamento de vidas que se conectam e fortalecem o sentimento de (re)existirem e ressignificarem seu lugar no mundo, conduzindo-os em uma relação consciente sobre si e o outro. “[...] tal relacionamento apresenta reciprocidade (uma compreensão equivalente dos interagentes sobre a natureza e qualidade de seu relacionamento), intensidade e intimidade (a familiaridade entre eles) ” (Primo, 2007PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós, Brasília, v. 9, p. 1-21, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.30962/ec.153 . Acesso em: 20 maio 2023.
https://doi.org/10.30962/ec.153...
, p. 8).

Nessa conjuntura, torna-se essencial o papel dos agentes mediadores da leitura que favoreçam a adoção desses diversos dispositivos para promover e fortalecer o relacionamento entre os sujeitos que potencializam o compartilhamento e o processo dialógico, a fim de evidenciar a pluralidade de leituras de mundo e provocar a ressignificação sobre ações que podem ser realizadas e/ou transparecidas com o coletivo. Assim, as narrativas apresentadas nas atividades de mediação da leitura, que expressam a diversidade de possibilidades de apoio na formação do sujeito leitor, de maneira crítica e humanizadora, devem ser refletidas e apresentadas em estudos desenvolvidos na Ciência da Informação.

3 Metodologia

Este é um estudo descritivo, de natureza qualitativa, que adota o método documental, cujo objetivo foi evidenciar as narrativas que apresentam o ato de ler e a interação de Luca, Manu Tasca e seus seguidores no perfil do Instagram, como processo de interferências que subsidia a formação do sujeito leitor. Para tanto, o corpus desta pesquisa foram as práticas mediadoras da leitura da Manu Tasca junto ao seu filho Luca, tendo como objetivo central de sua interferência a potência transformadora de desenvolver sua expressão de ler e se comunicar no mundo, a partir de uma metodologia própria que constitui diversas expressões imagéticas, por meio da ludicidade. Segundo Manu Tasca, seu filho Luca possui a síndrome Jacobsen, que é uma condição genética que pode influenciar no déficit cognitivo (ManuTasca, 2022MANU Tasca. Brasil, jan. 2022 - maio 2023. Instagram: @artepralulu. Disponível em: https://www.instagram.com/artepralulu/ . Acesso em: 20 maio 2023.
https://www.instagram.com/artepralulu/...
-2023).

A partir das experiências alcançadas por Manu Tasca e Luca no desenvolvimento de leituras de si e do mundo, essa Artista Plástica compartilha em seu perfil no Instagram suas vivências e descobertas com o Luca, como também divulga seu trabalho, enquanto realiza ações mediadoras, influenciando a aproximação com repertórios de leitura, como também o acesso e obtenção de suas obras. Dessa maneira, o objetivo apresentado por Manu Tasca da criação de seu perfil é documentar o trabalho pedagógico que realiza com Luca e, com isso, ajudar outras famílias.

No processo de coleta de dados foi utilizada a técnica de observação direta, com o uso do diário de campo, tendo como objeto de investigação o perfil no Instagram da Artista Plástica, analisando o conteúdo disponibilizado por ela, entre o período de janeiro de 2022 e maio de 2023, observando os conteúdos disponibilizados, como também a reação do público a partir dessas informações compartilhadas por Manu Tasca. Posteriormente, foi aplicado um questionário com cinco perguntas discursivas, de modo a evidenciar as narrativas da Artista, junto a seu filho e outros sujeitos, verificando formas de interação adotadas por eles, como também analisar de que modo a leitura atravessa seu fazer e interfere na formação de sujeitos leitores.

Após o processo de coleta de dados, os resultados foram tratados, sendo as narrativas selecionadas a partir de sua representatividade, comparando-as a outras informações compartilhadas na rede social digital supracitada, como também alinhadas ao objetivo traçado nesta pesquisa. Tais resultados foram analisados e discutidos à luz da literatura, conforme apresentados na próxima seção.

4 Apresentação e discussão dos resultados

A partir da trajetória investigativa, foi possível identificar indícios da vivência de uma mãe, Manu Tasca que, para além de sua formação profissional como médica cardiologista, deseja comunicar-se com seu filho Luca, que possui a síndrome de Jacobsen e compartilhar seus saberes, tornando-se Artista Plástica, que utiliza o desenho como dispositivo para mediar a leitura de mundo e também proporcionar ao Luca o (re)conhecimento e a leitura de si. Essa Mãe adota um dispositivo de informação, que é o desenho, para comunicar-se e favorecer que sua leitura de mundo seja compartilhada com seu filho. Essa vivência que a princípio parece singular, torna-se uma ‘lupa’ para condutas existentes e que se deseja ser conscientes, visto que cada sujeito possui linguagens que lhes proporcionam maior conforto no momento de compartilhar saberes e expressar suas percepções. Entretanto, culturalmente e de maneira colonial, a escrita tornou-se uma linguagem preponderante, comparada às demais, o que ao analisar a experiência de Manu e Luca, conduz a reflexão sobre modos diversos de expressar e ler a si e o mundo.

Luca quer entender o que sente, se expressar e compreender o mundo a sua volta; Manu Tasca deseja se relacionar com seu filho e realizar uma mediação que possibilite Luca experienciar esse mundo tão complexo; o desenho apresenta-se como um dispositivo informacional que, conforme Ivete Pieruccini (2007PIERUCCINI, Ivete. Ordem informacional dialógica: mediação como apropriação da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 8., 2007, Salvador. Anais [...]. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2007.) defende, interfere no comportamento e na conduta do ser no mundo. Assim, os agentes mediadores precisam refletir sobre a diversidade de ações e dispositivos que precisam ser produzidos, segundo o perfil, o desejo e a demanda dos sujeitos diversos e singulares que integram os ambientes socioculturais.

Com a aplicação do questionário junto à Manu Tasca, foi evidenciado o processo de desenvolvimento de atividades de mediação da leitura com seu filho Luca e alguns indícios de interferências junto aos seus seguidores em seu perfil no Instagram. Para tanto, partiu-se da busca por entender o significado de leitura para essa artista plástica e Mãe do Luca. Nesse sentido, Manu Tasca afirma que:

Para mim a leitura é uma forma de viver vidas que não caberiam em uma só vida. É adquirir conhecimento através da experiência de outros. É poder conhecer culturas muito diferentes da nossa, viajar sem sair de casa e viver aventuras sem correr riscos. É expandir nosso mundo restrito por questões geográficas e assim poder expandir a mente.1 1 Informações provenientes do questionário respondido por com Manu Tasca no dia 24 de maio de 2023.

Manu Tasca evidencia a potência da leitura em favorecer encontros entre os sujeitos, possibilitando que as barreiras geográficas, temporais e sociais sejam rompidas, como também sendo a instância essencial que favorece o acesso e a apropriação da informação, dado que corrobora com a reflexão realizada por Oswaldo Francisco de Almeida Júnior (2009ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco. Mediação da informação e múltiplas linguagens. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 89-103, 2009. ), para quem acredita não existir conhecimento no isolamento, e sim na relação com o mundo, com os outros homens. Nesse sentido, percebe-se que essa mediadora da leitura possui uma consciência sobre a relevância do ato de ler, essencial para realizar a interferência na formação leitora do Luca, como também dos demais sujeitos que integram sua comunidade, por exemplo, em seu perfil no Instagram.

A Figura 1, associada a narrativa da Manu Tasca (a seguir), disponibilizadas em seu perfil no Instagram, tornam-se indícios da vivência dessa mediadora como leitora, e do compartilhamento de como ela desenvolve o ato da leitura.

Figura 1-
Indicações de leituras realizadas por Manu Tasca a partir de seu repertório

“O que guardo ao lado da cama” Volta e meia me perguntam por aqui o que eu estou lendo! Não sei vocês, mas eu não consigo ler um livro só. Eu preciso de opções, de livros de romance misturados com fotografia, com arte, as vezes um livro médico e até mesmo um livrinho infantil. No momento esses quatro andam aqui pela casa [...] Para tornar minha leitura mais delícia, os marcadores do artepralulu que me enchem de orgulho e alegria ❤️ [...] E vocês??? Gostam de ler 1 livrinhos vez ou são que nem eu???? Aproveita e deixa uma dica de livro aqui pra nós! (MANU TASCA, 2022MANU Tasca. Brasil, jan. 2022 - maio 2023. Instagram: @artepralulu. Disponível em: https://www.instagram.com/artepralulu/ . Acesso em: 20 maio 2023.
https://www.instagram.com/artepralulu/...
-2023). 2 2 A postagem obteve 411 curtidas; 7.373 reproduções e 23 comentários até o dia 26 de junho de 2023.

Ao observar a Figura e o texto escrito, associado à imagem - que alcançaram 7.373 reproduções, até o momento da coleta de dados - percebe-se que Manu Tasca possui e compartilha um modo próprio de realizar a leitura, destacado por ela quando diz: “Não sei vocês, mas eu não consigo ler um livro só”. Ao apresentar essa afirmação, pode-se verificar que cada sujeito realiza a leitura de um modo singular, alguns atentam-se às imagens, outros à linguagem escrita, ainda se tem alguns leitores que leem simultaneamente diferentes dispositivos, como a Manu, outros preferem uma leitura sequenciada, em que se pode ler ‘pausando o tempo’ e voltando às frases e detalhes que o produtor desejou evidenciar. Manu Tasca, como leitora, e nesse ato também mediadora, problematiza com sua frase as possibilidades de ler, que não se julga ou avalia como assertivas, mas, demonstra, novamente, a pluralidade de possibilidades mediante a diversidade de sujeitos.

Também buscou-se apresentar a vivência da Manu Tasca e do Luca, em que desenvolveram um processo mediador de leitura, essa ação evoca um ato de ler realizado de maneira intra e interpessoal. Sobre as atividades que vem performando junto ao Luca, Manu Tasca, afirma que:

Meu trabalho com Luca sempre foi para que ele se tornasse uma criança que conseguisse se comunicar com o mundo, então o primeiro passo foi reconhecer que ele era visual e com isso construir uma comunicação bem rudimentar e simplificada através de sinais, fotografias e desenhos de livros. Esse primeiro foi fundamental para acalmar a ansiedade e fazer ele reconhecer sentimentos básicos como fome, sono, cansaço etc… depois passamos para desenvolver a imaginação para que ele pudesse, a partir do lúdico, aprender situações sociais. Os livros e as minhas ilustrações entraram forte, junto com as brincadeiras com bonecos e fantoches. E para mim esse aspecto de desenvolver a imaginação e inserir Luca nas histórias, tornando ele personagem, foi fundamental para o desenvolvimento dele e socialização. Além disso, a pequena biblioteca que temos em casa e o fato de eu desenhar para ele dá autonomia para que ele busque os temas que precisa e quer trabalhar e que me faça encomendas, o que me ajuda a entender suas dúvidas e aquilo que ele está precisando abordar.

Observa-se na fala da Manu Tasca a importância de buscar e identificar o perfil de cada sujeito com que se pretende relacionar em uma atividade mediadora. Esse sujeito pode ser ‘o mesmo’ ou ‘diferente’ em decorrência do tempo, ou seja, na dinamicidade da vida, apresentando diversas necessidades que o impulsiona, em uma busca, junto ao agente mediador, de ressignificar-se, interferindo - como indicado por Manu Tasca - nos dispositivos (recursos e ambientes); ações (atividades e busca por habilidades e competências do mediador) e na relação dialógica que se estabelece entre os sujeitos que integram a ação. Desse modo, o perfil do sujeito leitor interfere no processo de mediação da leitura que se realiza conscientemente, devendo-se, portanto, utilizar diferentes dispositivos, ser desenvolvida em contextos e lugares distintos, impulsionar autoleituras por parte dos sujeitos - leitores e mediadores - fundamentando-se no processo dialógico que possibilita a ressignificação de cada parte que constitui o conjunto que integra a mediação, subsidiando a ampliação do repertório cultural dos sujeitos leitores.

Também se torna perceptível a necessidade de desenvolver a atividade mediadora compreendendo-a como dinâmica, que sua realização não pressupõe na conclusão, mas a cada novo público, ambiente, momento, e outros fatores que interferem na ação, se constitui a necessidade de mudança dessa atividade, portanto, uma ação mediadora não é estática, mas requer fluidez, segundo a complexidade dos elementos que integram o processo mediador. A partir da Figura 2, e do texto escrito associado a ela, apresenta-se indícios que a linguagem utilizada entre Luca e Manu Tasca, alcançou um novo objetivo mediante a situação que vivenciaram e desejaram refletir e solucionar. Ou seja, o desenho que em alguns momentos foi um dispositivo utilizado na mediação para interpretar aspectos relacionados a determinada circunstância, assume no momento relatado, uma função específica, demandando uma nova abordagem na atividade de mediação realizada junto a Luca.

Figura 2-
Desenho produzido por Manu Tasca e Luca para expressar os sentimentos de Luca decorrentes de sua ausência na escola

Se tem uma coisa que Lulu ama é ir para a escola. Ele adora estar com os amigos, fazer atividades e aprender novas palavras. Porém essa terça-feira foi um dia especialmente difícil e Lulu não conseguiu ir. Durante o dia, entre uma nebulização e outra ele me perguntava se as pessoas na escola estavam sentindo sua falta. “É claro que sentem Lulu. Você é muito querido.” Ontem, com medo de não conseguir ir à escola novamente, me pediu para fazer um desenho. “Me desenha mamãe, bem grande igual ao meu tamanho” e com a régua se mediu e depois mediu o maior papel que encontrou. “Esse tá bom” ele disse me alcançando o papel e as canetinhas. “Eu tenho um plano mamãe” “é mesmo Lupi? E qual é o plano?” “Vou levar esse Lulu que você tá desenhando para a escola para ser eu se eu não conseguir ir. Aí a galera não vai sentir falta.” “Ah, entendi. Ótima ideia” “tem que colocar o telefone assim na boca pra eu falar, se não eles vão perceber que não sou eu de verdade” “tá bom, acho que vai ficar legal” Quando eu terminei o desenho ele pegou para recortar. Fiquei olhando impressionada como ele evoluiu com a tesoura e nisso nem eu nem ele percebemos que a tesoura passou deslizante bem no meio do desenho dividindo o Lulu substituto em 2. O vídeo mostra direitinho esse momento. Eu, prontamente virei o desenho e remendei com fita crepe. “Pronto! Agora tá perfeito” mas ele seguiu olhando para a folha remendada mais um tempinho e depois disse “deixa pra lá, acho que a galera ia ver que não era o Lulu de verdade. Eles me amam assim” apontou para si mesmo “vou tentar ir para a escola para eles não sentirem saudade de mim” E se vocês acham que ele aprovou o desenho, estão enganados… mandou eu mudar a cor do cabelo para marrom que ele diz que não é amarelo kkkkk, reclamou que não fiz os olhinhos caídos de sempre, disse que era para o short ser preto e que os pés estão errados 🙄 (MANU TASCA, 2022MANU Tasca. Brasil, jan. 2022 - maio 2023. Instagram: @artepralulu. Disponível em: https://www.instagram.com/artepralulu/ . Acesso em: 20 maio 2023.
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-2023). 3 3 A postagem alcançou 570 curtidas e 35 comentários até o dia 26 de junho de 2023.

O texto que descreve a situação vivenciada por Luca e sua Mãe, que alcançou uma repercussão de 570 curtidas e 35 comentários de seus seguidores no perfil do Instagram, além de possibilitar uma percepção sobre uma leitura realizada de si e uma forma, por meio do dispositivo, de compartilhar os sentimentos do leitor, também se torna um convite para perceber que os dispositivos informacionais alcançam uma ‘liberdade’ depois de sua produção. Luca percebeu que o desenho não poderia ser ele, apresentado para o leitor dos textos (de Manu Tasca e deste) que toda produção sociocultural que possibilita a criação de um dispositivo também deve anunciar ao seu produtor a necessidade de desvincular-se desse dispositivo, pois oferece aos leitores percepções distintas, e leituras complexas, mediante as vivências de cada sujeito. É preciso refletir o contexto histórico e cultural em que o dispositivo foi produzido, como esse que deu origem a representação do Luca, mas ele convida a refletir que esse dispositivo ‘não o substitui’, portanto, a necessidade de entender que o produtor e o sujeito leitor possuem particularidades que os diferem de um processo que originou o dispositivo ou a leitura, em determinado tempo e espaço.

Quando perguntado a Manu Tasca como interage e compartilha suas leituras de mundo com Luca e os demais sujeitos, a Artista Plástica reflete que “Para meu público eu apresento através de dicas de leituras, compartilhando os títulos que considero relevantes para o meu conteúdo que leva em consideração o mundo feminino, da maternidade, da maternidade atípica e da pedagogia” A partir do exposto por Manu Tasca, percebe-se que ela delineia os tipos de conteúdo que deseja compartilhar com seu público, em que esses são pautados em determinados temas que permeiam e/ou são provenientes das vivências com o Luca. Observa-se um agir consciente, em que a Artista Plástica utiliza o seu perfil do Instagram como dispositivo que alcança sujeitos leitores para além de seu território, desse modo, Manu Tasca utiliza essa rede social online como propõe Alex Primo (2007PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós, Brasília, v. 9, p. 1-21, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.30962/ec.153 . Acesso em: 20 maio 2023.
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) como um dispositivo que potencializa interações entre os sujeitos. A Artista Plástica também interfere, por meio de suas obras e utilização do Instagram, como dispositivos informacionais, de modo que os sujeitos possam também ampliar suas percepções de mundo e alargar as formas de expressão, quando propõe o uso da arte plástica como uma linguagem e o Instagram como um espaço para compartilhar suas experiências.

No que se refere aos procedimentos utilizados por ela para interagir e potencializar a formação leitora de Luca, Manu Tasca assevera que:

Para o Luca a leitura foi introduzida primeiro em forma de fantoches e desenhos que eu criava e crio ainda para contar alguma história que eu tenha lido ou escutado. Há também a utilização do livro de uma forma bem adaptada, às vezes conto toda a história do livro escolhendo apenas uma imagem ou faço um resumo do que tá escrito abreviando para poder manter a atenção dele. A repetição é muito importante também. Dou preferência para livros com muita ilustração e pouco texto pois ele é muito visual e leio sempre antes pois consigo então adaptar mudando palavras que não sejam do vocabulário dele. Vou sempre atrás de livros que falem de assuntos que precisamos trabalhar no momento e também aqueles que são do interesse dele e intercalo com livros de aventuras e histórias que são divertidas. Usamos muito atlas e livros tipo catálogos.

Essa fala de Manu Tasca amplia as informações apresentadas, anteriormente neste texto, sobre os procedimentos adotados por essa mediadora da leitura no desenvolvimento de suas ações. Por exemplo, quando ela cita o uso de dispositivos criados, ou não, pelo mediador - fantoches, desenhos, livros - conteúdo decorrentes de uma intencionalidade do mediador ou da necessidade apresentada pelo leitor. A abordagem utilizada na ação é outro elemento integrador dos procedimentos adotados por Manu Tasca, como a repetição, o resumo, a adaptação dos textos e a performance. Esse último elemento, percebe-se quando a Manu Tasca afirma integrar o Luca entre os personagens das narrativas que compartilham. Outros recursos podem ser identificados pelos leitores, mas é relevante ratificar que a intencionalidade dessa mediadora é um atributo de sua conscientização segundo os objetivos que deseja alcançar, por exemplo, da formação leitora do Luca, e para tanto, de sua atenção no momento da atividade e da efetiva interação desse leitor. Assim, os agentes mediadores precisam realizar uma leitura sobre suas ações, de modo a analisar os procedimentos e dispositivos, bem como a intencionalidade que subsidiam suas atividades, conforme julga Sueli Bortolin (2010BORTOLIN, Sueli. Mediação oral da literatura: a voz dos bibliotecários lendo ou narrando. 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) -Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010.) ao evidenciar que a mediação da leitura requer um posicionamento sociocultural do mediador e que este utilize diferentes ‘textos’ e subsidie a emancipação do sujeito leitor.

Alinhado ao exposto, Manu Tasca cita que utiliza dispositivos para se comunicar com o Luca, dentre eles a fotografia, que conforme a Artista Plástica tem por objetivo trabalhar a memória, devido à dificuldade que ele apresenta de se lembrar de situações. Manu Tasca também cita a utilização de:

[...] ilustrações como uma forma lúdica de trazer questões do dia-a-dia como exploração de sentimentos, criação de histórias sociais através dos fantoches de papel, ilustrações que ele me pede é que geralmente exploram sentimentos como medo, alegria, inclusão etc… também usamos as ilustrações para que ele aprenda cores e letras. Faço muitos materiais didáticos como o diário do aventureiro para que ele entenda melhor viagens, fazemos muitos calendários, agendas com a rotina dele. Crio muitos personagens pois ele é muito empático então se afeiçoa aos personagens e aprende através deles. Os livros são usados mais para contar histórias sociais, para relaxar com histórias divertidas, gosto muito das lendas e contos de fadas. Ele ama mapas então temos muitos livros com mapas. Ele ama aventuras então piratas, aventureiros etc… eu gosto que os livros estimulam a imaginação. Faço bastantes jogos como o pescador de emoções, jogo da memória etc… e desenho bastante ele como personagem, ele gosta de se ver como policial, pirata, aventureiro entre outros. Temos personagens que moram em nossa casa que são desenhados como a caveira e o passarinho dourado que trazem sempre desafios e atividades como caça ao tesouro, charadas que estimulam a leitura e a contar etc.

Em algumas fases da vida, os sujeitos passam a pensar como seria se optassem por determinados caminhos e projetos de vida. Por exemplo, “se eu cursar Biblioteconomia?” “Se eu me tornar um(a) professor(a)?” “Se minha atuação como mediador(a) da leitura contribuirá na formação leitora de outros sujeitos?”. Ou seja, são questionamentos e ideias que, ao serem projetadas, são, ainda que uma imaginação, associadas à dinamicidade do mundo. Com Luca e os leitores que têm acesso aos filmes, fotografias, esculturas, músicas e livros, que utilizam a ‘imaginação’ para performar sua ação na narrativa, não é diferente das leituras/questões enunciadas acima. Assim, pretende-se esclarecer que se vive realizando leituras que possuem uma linha tênue entre a performance do ‘mundo real’ e da que se deseja projetar em um ‘mundo singular’, aquele que pode existir, ou apenas existe para que se possam experienciar ou entender sentimentos e sensações, que entre outros elementos, são informações, sobre si e o mundo, que se deseja apropriar.

Refletir e entender os sentimentos é um ato complexo que demanda uma leitura de si e um processo dialógico com o outro, que pode estar fisicamente ou por meio de um dispositivo informacional interferindo no ato de se (re)conhecer no mundo, a Mãe do Luca produziu um dispositivo, ilustrado na Figura 3, que o apoia nessa trajetória complexa que é conhecer a si e os sentimentos que são gerados a partir da sua relação com o outro.

Figura 3-
Exemplo de dispositivo e procedimentos de leituras adotados por Manu Tasca com o Luca expostos no Instagram

Outro dia fomos pescar sentimentos, esse tem sido o jogo predileto do Lulu. Ele olhou a caixinha e com uma carinha um tanto desanimada me disse: “São muitos sentimentos mamãe” Eu o incentivei a continuar mesmo assim. Ele pescou a tristeza e depois o orgulho e a ansiedade e a solidão. “Mas não é nenhum desses que eu quero agora. Posso pescar com a mão?” E lá foi ele com sua mãozinha bem certeira e pescou a alegria. “Liga para alegria mamãe. Quero perguntar uma coisa” “Trim, trim, alegria?!? Bom dia! Lulu quer falar com você. Pronto Lulu, faça sua pergunta” “Como é que faz pra ficar alegre quando estamos tristes?” Então a alegria, vulgo mamãe, responde “pensa em alguma coisa que você gosta muito de fazer” “Ah, essa é fácil! Eu gosto de brincar com a galera, de comer pão de queijo com açaí, de dormir na casa da vovó, de abraço… um monte de coisa” Devolveu os sentimentos para a caixinha e saiu para brincar. E assim Lulu nos ensinou uma outra maneira de usar o pescador de emoções. E você? Se pudesse fazer uma pergunta para a alegria, qual seria? (MANU TASCA, 2022MANU Tasca. Brasil, jan. 2022 - maio 2023. Instagram: @artepralulu. Disponível em: https://www.instagram.com/artepralulu/ . Acesso em: 20 maio 2023.
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-2023). 4 4 A postagem alcançou 911 curtidas; 35 comentários e 12.169 reproduções até o dia 26 de junho de 2023.

A descrição da Figura 3 indica o alcance dos dispositivos que são produzidos e utilizados por Manu Tasca para favorecer o processo dialógico dela com Luca e, consequentemente, dele com seus sentimentos e com o mundo. Os dispositivos informacionais são provenientes das atividades socioculturais realizadas pelos sujeitos, no cumprimento de suas funções e que possuem uma intencionalidade nesse processo, no caso de Manu Tasca ocorre a partir do desejo de interagir, de contribuir com a emancipação de Luca e possibilitar que ele expresse suas necessidades e anseios, ressignificando a si, a Manu Tasca e os próprios objetivos que ela poderia inicialmente traçar nesse processo. Entretanto, pode-se dizer que esses dispositivos, apesar de seu objetivo inicial e a intenção que são projetados, podem ser utilizados de acordo com o desejo e a necessidade de outros sujeitos em realizar ações que são demandadas a partir de suas vivências. Assim, os dispositivos informacionais criados pelos sujeitos em sua relação com o mundo podem ganhar ‘territórios’ antes não pensados pelo produtor, no caso de Manu Tasca suas obras têm ajudado outros sujeitos a dialogarem consigo e com o outro, nesse processo de (re)leitura e ampliação de seus repertórios de saber.

Manu Tasca que antes exercia a medicina, alcança nas artes plásticas seu objetivo inicial de se comunicar com o Luca, mas esse projeto de vida se amplia quando outros sujeitos a demandam a produzir suas artes para que também possam ter acesso a esses dispositivos. Manu Tasca produz obras e as disponibiliza em sua loja virtual, como também ensina outros sujeitos a expressarem sua leitura de mundo através da arte. Dessa maneira, o mediador da leitura deve ter a percepção e estar atento que seus objetivos iniciais podem e devem sofrer alterações a partir da interação e interferência com o público, sendo demandado a ressignificar suas intenções iniciais, a fim de agir conscientemente em seu objetivo maior que é propiciar que o ato de ler seja significativo, corroborando com a defesa de Henriette Gomes (2020GOMES, Henriette Ferreira. Mediação da informação e suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política: um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social. Informação e Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 30, n. 4, p. 1-23, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2020v30n4.57047 . Acesso em: 20 maio 2023.
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) ao afirmar que os sujeitos precisam de ‘conforto emocional’ ao realizarem a ação comunicativa, o que demanda do agente mediador um processo dialógico humanizador, consciente e que proporcione liberdade do outro expressar-se.

Quanto aos relatos de experiência sobre a sua influência na formação leitora do sujeito, Manu Tasca afirma:

Acho que o fato de estar sempre cercada de livros e utilizá-los seja como objeto, seja em partes ou para a minha própria leitura, fazem com que, hoje, Luca se interesse pelas histórias e pelos livros. Recentemente disse a terapeuta que quer muito aprender a ler. Considero esse interesse uma vitória, é um trabalho longo realizado desde o momento que ele nasceu.

A partir dessa experiência compartilhada por Manu Tasca, pode-se refletir sobre a interferência do mediador da leitura com base em sua relação com os dispositivos, ou seja, ela em sua resposta transparece o entendimento da potência transformadora advinda do dispositivo livro.

Mas, o que é a leitura? Entre as respostas mais imediatas, pode-se dizer que se refere à atribuição de sentido aos dispositivos e fenômenos que se apresentam no cotidiano, decodificando-os e interpretando-os a partir da vivência e relação que os sujeitos alcançam com o mundo o qual está inserido e consigo, pois, como defende Edmir Perrotti (1999PERROTTI, Edmir. Leitores, ledores e outros afins (apontamentos sobre a formação ao leitor). In: PRADO, Jason; CONDINI, Paulo (org.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Agnus, 1999. cap. 5, p. 31-43.) a leitura é uma atividade que resulta da relação com a linguagem e as significações. Essa reflexão é demandada a partir da fala da Manu Tasca, visto que o Luca já realiza leituras diversas, mais complexas do que se pode desejar ao decodificar palavras. Mas, sua busca a projeta para a leitura de um novo signo, aquele que o Luca poderá ampliar sua interação com outros a partir da possibilidade de se expressar e dialogar por meio da escrita. Se para Manu Tasca leitura é produzir conhecimentos através da experiência de outros, interferir na “expansão de nossa mente”, pautar a leitura em uma única forma de linguagem é restringir a possibilidade do outro, que é diferente e se comunica de modo diverso. Assim, o mediador da leitura precisa considerar as diversas possibilidades de expressão por parte dos sujeitos, como também de adotar dispositivos informacionais que são produzidos decorrentes dessas múltiplas ações de (re)conhecimento e relações do sujeito no mundo.

5 Considerações finais

Os resultados alcançados nesta pesquisa transparecem a necessidade dos mediadores da leitura potencializarem, por meio de suas ações e dispositivos informacionais, o (re)encontro dos sujeitos leitores e produtores de tais dispositivos, considerando suas singularidades e a diversidade das demandas advindas da pluralidade dos ambientes socioculturais que integram. As atividades mediadoras da leitura precisam ser ancoradas na conscientização da potência da leitura, sendo essa uma instância essencial para o alcance da apropriação da informação, que Manu Tasca evidencia ao fundamentar seu agir, considerando a necessidade de tecer caminhos de encontros entre os sujeitos, possibilitando a dialogicidade entre eles, demandando, portanto, o rompimento das barreiras geográficas, temporais e sociais.

Constatou-se que Manu Tasca adota o desenho como um dispositivo de informação que favorece o processo dialógico com o Luca, como também amplia a leitura de mundo desse leitor em formação, além de promover o compartilhamento dessas vivências com os seguidores de seu perfil no Instagram, possibilitando que esses também realizem leituras diversas sobre os dispositivos e aspectos relacionados à sua realidade. Os dispositivos e as atividades realizadas por Manu Tasca, que a princípio parecem singulares, projetam luz nas ações de mediadores da leitura, ao mobilizar uma ação consciente ancorada na percepção das demandas e desejos dos leitores, considerando as mais variadas formas de linguagens, que lhes podem proporcionar maior conforto no compartilhamento de saberes e expressar suas percepções. Assim, adotar os diversos dispositivos e perceber que os sujeitos interagem de modo distinto, torna-se um enfrentamento aos padrões ditados culturalmente que consideram a linguagem escrita preponderante frente às demais, silenciando e excluindo aquele que poderia compartilhar suas leituras e saberes por meio das demais expressões.

Reitera-se que os agentes mediadores precisam considerar a diversidade de dispositivos que necessitam estar alinhados ao perfil, desejo e demanda dos sujeitos singulares que compõem os ambientes socioculturais. Para tanto, as atividades de mediação da leitura podem considerar princípios e procedimentos enunciados na vivência de Manu Tasca, por exemplo, além da diversidade de dispositivos, também produzir conteúdos que transparecem a pluralidade das manifestações socioculturais; além de integrar o leitor como participante essencial desse processo. Para além desses elementos, a experiência de Manu Tasca evidencia a possibilidade de fomentar uma reflexão da movência da vida que os sujeitos leitores assumem na trajetória e desempenho de suas atividades, considerando os diversos papéis que esses performam na sociedade e do enredamento da leitura frente a essas ações por eles realizadas.

A partir da compreensão sobre a dinamicidade da vida e da atuação dos sujeitos leitores, portanto, da complexidade que se estabelece no ato de ler das relações socioculturais, as atividades de mediação da leitura precisam ser moventes, flexibilizando-se segundo as necessidades e considerando o desejo dos sujeitos que integram - leitores e produtores dos dispositivos. Portanto, a ação mediadora não é estática, requerendo fluidez, para que se possa alcançar um processo humanizador e consciente por parte dos sujeitos envolvidos. Assim, a missão do mediador da leitura pressupõe a realização consciente do próprio ato de ler as nuances que constituem os perfis dos leitores, e desenvolver atividades, adotando dispositivos diversificados que alcancem a representatividade requerida pelos sujeitos em sua singularidade e a pluralidade dos espaços que ocupam.

Referências

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    » https://doi.org/10.22478/ufpb.1809-4783.2020v30n4.57047
  • MANU Tasca. Brasil, jan. 2022 - maio 2023. Instagram: @artepralulu. Disponível em: https://www.instagram.com/artepralulu/ Acesso em: 20 maio 2023.
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    Informações provenientes do questionário respondido por com Manu Tasca no dia 24 de maio de 2023.
  • 2
    A postagem obteve 411 curtidas; 7.373 reproduções e 23 comentários até o dia 26 de junho de 2023.
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    A postagem alcançou 911 curtidas; 35 comentários e 12.169 reproduções até o dia 26 de junho de 2023.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jul 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    25 Set 2023
  • Aceito
    14 Dez 2023
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