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Funcionalidade em vítimas não fatais de acidente de trânsito

Resumo

Introdução

Os acidentes de trânsito são um problema para o sistema de saúde e para a sociedade, evidenciado pelas altas taxas de óbito, internações e atendimento nos serviços de saúde em função das lesões graves e incapacidades, repercutindo na funcionalidade e qualidade de vida dos indivíduos.

Objetivo

Identificar medidas de desfecho nos estudos sobre vítimas não fatais de acidentes de trânsito, para cumprir a primeira das etapas no desenvolvimento de um core set da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) para vítimas não fatais de acidentes de trânsito.

Métodos

Trata-se de uma revisão sistemática cuja busca foi feita nas bases de dados PubMed/MEDLINE e SciELO, entre 2011 e 2022, utilizando termos em inglês. A estratégia de busca combinou termos sobre as consequências dos acidentes de trânsito em adultos. A seleção dos artigos deu-se por dois revisores independentes, aplicando os critérios de elegibilidade.

Resultados

Foram localizados 626 estudos nas bases de dados e incluídos, na revisão, 91 artigos. As consequências observadas nos estudos foram lesões, fraturas e traumas. Na extração das medidas de desfecho, 780 conceitos foram identificados, vinculados a um total de 124 categorias da CIF nos componentes: função do corpo (30 categorias); estrutura do corpo (72 categorias); atividade e participação (20 categorias); e fatores ambientais (duas categorias).

Conclusão

Esta revisão sistemática revelou que as principais consequências dos acidentes de trânsito para as vítimas não fatais estão nas estruturas do corpo relacionadas ao movimento e à mobilidade e estabilidade das articulações.

Palavras-chaves
Pessoas com deficiência; Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde; Acidentes de trânsito; Ferimentos e lesões

Abstract

Introduction

Traffic accidents are a problem for the health system and society, evidenced by the high rates of deaths, hospitalizations and care in health services due to serious injuries and disabilities, affecting the functioning and quality of life of individuals.

Objective

To identify outcome measures in studies on victims of non-fatal traffic accidents, to fulfill the first step in the development of a Core Set of the International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) for victims of non-fatal traffic accidents.

Methods

A systematic review of published articles was carried out in the electronic databases PubMed/MEDLINE and SciELO, between 2011 and 2022, using terms in English. The search strategy combined terms about the consequences of traffic accidents in adults. The selection of articles was carried out by two independent reviewers, applying the eligibility criteria.

Results

A total of 626 studies were located in the databases, and 91 articles were included in the review. The consequences observed in the studies were injuries, fractures and trauma. When extracting outcome measures, 780 concepts were identified, linked to a total of 124 ICF categories, in the components: body function (30 categories); body structure (72 categories); activity and participation (20 categories); and environmental factors (two categories).

Conclusion

This systematic review revealed that the main consequences of non-fatal traffic accidents for victims are in the body structures related to the movement, mobility and stability of joints.

Keywords
Disabled people; International Classification of Functioning, Disability and Health; Traffic accidents; Wounds and injuries

Introdução

Os acidentes de trânsito constituem um importante problema de saúde pública, evidenciado pelo crescente número de internações, lesões graves, incapacidades, aumento nos gastos financeiros e maior demanda por serviços de urgência e emergência, atenção especializada e reabilitação, além do impacto biopsicossocial, econômico e previdenciário. Atingem principalmente adultos jovens, motociclistas, do sexo masculino, economicamente ativos, e causam danos individuais e coletivos irreparáveis.11. Morais Neto OL, Montenegro MMS, Monteiro RA, Siqueira Jr JB, Silva MMA, Lima CM, et al. Mortalidade por acidentes de transporte terrestre no Brasil na última década: tendência e aglomerados de risco. Cienc Saude Colet. 2012;17(9):2223-36. https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000900002
https://doi.org/10.1590/S1413-8123201200...
,22. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2014: uma análise da situação de saúde e das causas externas. Brasília: Ministério da Saúde; 2015. 462 p. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2014_analise_situacao.pdf
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Diante das várias consequências dos acidentes de trânsito, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a cada ano 1,3 milhões de pessoas são mortas e dezenas de milhões são feridas ou incapacitadas em decorrência dos acidentes de trânsito.33. Organização Pan-Americana da Saúde. Relatório do Seminário no Brasil para fortalecer a implantação de medidas voltadas à mobilidade sustentável em cidades brasileiras. Brasília: OPAS; 2019. https://iris.paho.org/handle/10665.2/51099
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A OMS afirma ser grande o número de pessoas que sofrem lesões não fatais em decorrência de acidentes de trânsito e que ficam incapacitadas, causando pressão sobre os serviços de saúde e necessitando de procedimentos especializados como cirurgias, internações em unidades de terapia intensiva, próteses, órteses e outros recursos de alta complexidade.33. Organização Pan-Americana da Saúde. Relatório do Seminário no Brasil para fortalecer a implantação de medidas voltadas à mobilidade sustentável em cidades brasileiras. Brasília: OPAS; 2019. https://iris.paho.org/handle/10665.2/51099
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,44. World Health Organization. Global status report on road safety 2023. Genebra: WHO; 2023. https://www.who.int/teams/social-determinants-of-health/safety-and-mobility/global-status-report-on-road-safety-2023
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Acrescidas a esse cenário, as incapacidades tendem a ocasionar redução da capacidade individual em desenvolver atividades rotineiras e esperadas da vida em sociedade, repercutindo na funcionalidade e qualidade de vida dos indivíduos.55. Pan RH, Chang NT, Chu D, Hsu KF, Hsu YN, Hsu JC, et al. Epidemiology of orthopedic fractures and other injuries among inpatients admitted due to traffic accidents: a 10-year nationwide survey in Taiwan. ScientificWorldJournal. 2014;2014:637872. https://doi.org/10.1155/2014/637872
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A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) foi estabelecida pela OMS como um sistema de classificação que oferece uma base conceitual para definir, descrever e medir a funcionalidade humana, além de padronizar a linguagem e auxiliar na comunicação e na troca de informações sobre a saúde e os estados relacionadas a ela.66. Castaneda L, Castro SS. Publicações brasileiras referentes à Classificação Internacional de Funcionalidade. Acta Fisiatr. 2013;20(1):29-36. https://doi.org/10.5935/0104-7795.20130006
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A CIF representa uma mudança de paradigma no pensar a deficiência e a incapacidade, saindo do modelo biomédico linear para o biopsicossocial, que inclui as interações do estado de saúde e dos fatores contextuais, constituindo um instrumento importante para a avaliação das condições de vida e para a promoção de políticas de inclusão social.77. Buchalla CM. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Acta Fisiatr. 2003;10(1):29-31. https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v10i1a102426
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Estabelecendo-se como uma ferramenta multidimensional, que permite visualizar a saúde humana sob várias vertentes e realizar diversas abordagens, a CIF ainda pode ser usada em muitos setores (saúde, educação, previdência social, estatística, políticas públicas) e em diversos cenários, como as práticas clínicas, o ensino e a pesquisa.88. Ruaro JA, Ruaro MB, Souza DE, Fréz AR, Guerra RO. Panorama e perfil da utilização da CIF no Brasil - uma década de história. Rev Bras Fisioter. 2012;16(6):454-62. https://doi.org/10.1590/S1413-35552012005000063
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Além de oferecer uma abordagem abrangente e holística à saúde, inclui a interação entre a condição de saúde de uma pessoa, os fatores ambientais e pessoais. Quando adotada nos serviços de saúde, possibilita uma compreensão mais abrangente das necessidades e capacidades dos indivíduos, expandindo-se a um cuidado mais personalizado e eficaz. A abordagem biopsicossocial da CIF promove a inclusão de diferentes perspectivas no processo de avaliação e tratamento, promovendo, assim, um cuidado mais centrado no paciente e considerando as complexidades da experiência humana em relação à saúde e à doença.99. Ustün B, Chatterji S, Kostanjsek N. Comments from WHO for the Journal of Rehabilitation Medicine Special Supplement on ICF Core Sets. J Rehabil Med. 2004;(44 Suppl):7-8. https://doi.org/10.1080/16501960410015344
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10. Farias N, Buchalla CM. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol. 2005;8(2):187-93. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2005000200011
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11. Fontes AP, Fernandes AA, Botelho MA. Funcionalidade e incapacidade: aspectos conceptuais, estruturais e de aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Rev Port Saude Publica. 2010;28(2):171-8. https://www.elsevier.es/en-revista-revista-portuguesa-saude-publica-323-articulo-funcionalidade-e-incapacidade-aspectos-conceptuais-S0870902510700080
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-1212. Riberto M. Core sets da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Rev Bras Enferm. 2011; 64(5):938-46. https://doi.org/10.1590/S0034-71672011000500021
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Como forma de tornar a classificação mais prática, a OMS e a CIF (ICF Research Branch) propuseram a elaboração de listas mais curtas de classificação, os core sets ou “conjunto principal”, “conjunto básico”, “itens essenciais”. Trata-se de um conjunto básico de códigos de maior relevância da CIF, para descrever uma determinada situação de saúde, a ser utilizado em todos os indivíduos, seja em estudos clínicos ou epidemiológicos.1313. Ribeiro LC. Elaboração de conjunto principal da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) para mulheres com câncer do colo do útero no Brasil [dissertation]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; 2015. 140 p. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34316
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Embora alguns autores discordem do uso dos core sets, esses têm sido utilizados em alguns países, conforme referido em estudo realizado com o Centro Colaborador da Família de Classificações Internacionais da OMS, o qual teve o objetivo de apresentar um retrato global e atualizado das principais utilizações da CIF ao longo de 20 anos.1414. Leonardi M, Lee H, Kostanjsek N, Fornari A, Raggi A, Martinuzzi A, et al. 20 Years of ICF-International Classification of Functioning, Disability and Health: uses and applications around the world. Int J Environ Res Public Health. 2022;19(18): 11321. https://doi.org/10.3390/ijerph191811321
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Os conjuntos básicos começaram a ser produzidas a partir de 2004 e são vários existentes em todo o mundo para diferentes condições de saúde, como: câncer de mama, obesidade, dor generalizada crônica, condições neurológicas, Aids, câncer de colo do útero, entre outros.1313. Ribeiro LC. Elaboração de conjunto principal da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) para mulheres com câncer do colo do útero no Brasil [dissertation]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; 2015. 140 p. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34316
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,1515. Brach M, Cieza A, Stucki G, Füssl M, Cole A, Ellerin B, et al. ICF Core Sets for breast cancer. J Rehabil Med. 2004;(44 Suppl):121-7. https://doi.org/10.1080/16501960410016811
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16. Stucki A, Stoll T, Cieza A, Weigl M, Giardini A, Wever D, et al. ICF Core Sets for obstructive pulmonary disease. J Rehabil Med. 2004;(44 Suppl):114-20. https://doi.org/10.1080/16501960410016794
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17. Cieza A, Stucki A, Geyh S, Berteanu M, Quittan M, Simon A, et al. ICF Core Sets for chronic ischaemic heart disease. J Rehabil Med. 2004;(44 Suppl):94-9. https://doi.org/10.1080/16501960410016785
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-1818. Buchalla CM, Cavalheiro TR. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e a Aids: uma proposta de core set. Acta Fisiatr. 2008;15(1):42-8. https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v15i1a102908
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Até o momento, porém, não foram identificados, na literatura nacional e internacional, core sets para a classificação da funcionalidade e incapacidade em vítimas de acidentes de trânsito.

A construção dos core sets da CIF envolve um processo científico, baseado na proposta de Selb et al.19 e Bickenbach et al.,2020. Bickenbach JE, Cieza A, Selb M, Stucki G. ICF Core Sets: Manual for Clinical Practice. Göttingen: Hogrefe & Huber Pub; 2020.constituído de vários métodos: 1) revisão sistemática da literatura para identificar a perspectiva dos pesquisadores sobre as medidas de desfechos relacionados ao objeto investigado; neste caso, os acidentes de trânsito; 2) pesquisa clínica com indivíduos para analisar os problemas mais comumente relacionados à incapacidade e qualidade de vida em vítimas de acidentes de trânsito utilizando o checklist da CIF como ferramenta de avaliação; 3) pesquisa qua-litativa utilizando entrevistas semiestruturadas a fim de invetigar a percepção dos indivíduos sobre a sua condição de saúde; e 4) pesquisa com especialistas (estudo Delphi) a fim de identificar a percepção dos profissionais de saúde sobre os fatores funcionais e ambientais mais relevantes das vítimas de acidentes de trânsito.

Com o propósito de cumprir a primeira das etapas previstas para o desenvolvimento de um core set da CIF para vítimas não fatais de acidentes de trânsito, este trabalho busca responder à seguinte pergunta: quais as consequências em adultos vítimas não fatais de acidentes de trânsito no mundo? Assim, a revisão sistemática teve como objetivo identificar as medidas de desfecho abordadas nos estudos publicados sobre vítimas não fatais de acidentes de trânsito e correlacionar com a CIF.

Métodos

A revisão sistemática visa sistematizar o conhecimento de determinada área de estudo para sua execução. Neste estudo, seguiram-se os seguintes passos: (1) elaboração da pergunta de pesquisa; (2) busca na literatura; (3) seleção dos artigos; (4) extração dos dados; (5) avaliação da qualidade metodológica; (6) síntese dos dados; (7) avaliação da qualidade das evidências; (8) redação e publicação dos resultados.2121. Galvão TF, Pereira MG. Revisões sistemáticas da literatura: passos para sua elaboração. Epidemiol Serv Saude. 2014;23(1): 183-4. http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742014000100018
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?scri...
Um protocolo detalhado foi registrado no Prospero (CRD42023452808).

A pergunta da pesquisa contemplou os quatro componentes do anagrama PICO: população (adultos vítimas de acidentes de trânsito de todo o mundo); intervenção ou exposição (acidentes de trânsito); comparação (não se aplica); e desfecho (consequências como lesões, ferimentos, traumas, sequelas, incapacidades). As buscas na literatura foram realizadas nas bases de dados PubMed (U.S. National Library of Medicine – MEDLINE) e SciELO (Scientific Electronic Library Online), em periódicos publicados no período de 2011 a 2022, sem restrições de idioma.

Os seguintes termos foram utilizados para identificar publicações sobre as consequências dos acidentes de trânsito em adultos: “traffic accident”, “traffic collision”, “traffic crashes”, “consequences”, “injuries”, “wounds”, "trauma severity indices", "disabled persons", “sequel”, “disabilit”, "international classification of functioning". Para a construção da estratégia de busca, esses termos foram combinados utilizando-se operadores booleanos AND e/ou OR conforme as regras de cada base de dados (Tabela 1).

Tabela 1
Descritores usados na busca dos artigos nas bases eletrônicas

O critério de inclusão estabelecido foi estudo primário que apresentasse dados sobre as consequências, lesões, ferimentos, traumas, sequelas ou incapacidades em adultos envolvidos em acidentes de trânsito. Como critérios de exclusão foram considerados artigos que não disponibilizavam acesso ao resumo ou ao texto completo, estudos apenas sobre mortalidade, estudos qualitativos, estudos de caso, ensaios clínicos, estudos metodológicos e validação de instrumento.

A etapa de seleção dos estudos se deu pela avaliação dos títulos e dos resumos, realizada por dois revisores independentes, aplicando os critérios de elegibilidade definidos. Em caso de discordância, houve a análise de um terceiro revisor independente. A concordância entre os pesquisadores para a elegibilidade dos estudos foi analisada através do coeficiente de Kappa: leve (K < 0,4), moderada (K ≤ 0,4 a < 0,8), forte (K ≤ 0,8 a < 1,0) e perfeita (K = 1,0)2222. Arango HG. Bioestatística - Teórica e computacional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2012.

A avaliação da qualidade metodológica dos estudos e das evidências em uma revisão sistemática tem o objetivo de diminuir a presença de vieses e o impacto na validade do estudo; portanto, foram utilizados os itens contidos na iniciativa Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) para a avaliação dos estudos. Os 22 itens na lista de verificação do STROBE estabelecem o que deve conter nos estudos observacionais para uma descrição mais completa e precisa do objeto de pesquisa, sendo inclusos na revisão os estudos que contemplarem mais de 16 itens (75%) do STROBE.

Para a extração das medidas de desfecho, os revisores, de forma independente, analisaram os artigos completos, identificando os conceitos (lesões, ferimentos, traumas, sequelas ou incapacidades decorrentes dos acidentes de trânsito) contidos nas medidas de desfecho, incluindo todos os tipos de medidas avaliadas, como: ferimentos, lesões, problemas nas estruturas e funções do corpo, traumas, índices de gravidade, incapacidades, sequelas, limitações em desenvolver qualquer atividade esperada na vida diária, bem como restrições em participar da vida em sociedade. Após esta etapa, os conceitos significativos mais relevantes contidos nas medidas de desfecho foram ligados à categoria mais específica da CIF, de acordo com as regras de ligação propostas por Cieza et al.2323. Cieza A, Geyh S, Chatterji S, Kostanjsek N, Ustün B, Stucki G. ICF linking rules: an update based on lessons learned. J Rehabil Med. 2005;37(4):212-8. https://doi.org/10.1080/16501970510040263
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,2424. Cieza A, Fayed N, Bickenbach J, Prodinger B. Refinements of the ICF Linking Rules to strengthen their potential for establishing comparability of health information. Disabil Rehabil. 2019;41(5):574-83. https://doi.org/10.3109/09638288.2016.1145258
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Para a realização dessa etapa, dois revisores com experiência na utilização da CIF realizaram a ligação, ou seja, classificaram/codificaram os conceitos usando os códigos de classificação, e quando não houve consenso entre os dois, um terceiro revisor classificou o conceito.

A análise descritiva dos conceitos identificados foi realizada por meio de frequências absolutivas e relativas. O grau de concordância entre os dois profissionais que avaliaram os resumos e realizaram a ligação dos conceitos com a CIF foi calculado através do coeficiente de Kappa simples. Foram incluídas na lista de categorias candidatas do core set da CIF as que apresentaram frequência percentual igual ou maior que 5% das publicações, sendo considerado independente da possibilidade de maior detalhamento na ligação com a classificação o segundo nível hierárquico.

Resultados

A estratégia de busca localizou 626 estudos nas bases de dados pesquisadas, 79 dos quais foram removidos por duplicidade, restando 547 estudos para análise de título e resumo. Sequentemente, seguindo os critérios de exclusão estabelecidos, 107 artigos foram lidos na íntegra para a análise de elegibilidade. Considerando o tipo de estudo e objeto de pesquisa, 16 foram excluídos, resultando em 91 estudos incluídos na revisão. A Figura 1 apresenta o processo de seleção dos artigos desta revisão.


Figura 1 - Fluxograma com o processo de seleção dos artigos estudados.

No tocante à qualidade dos estudos incluídos na revisão, a mediana percentual foi de 88,6% (77,3-100). Todos os estudos contemplaram mais de 16 itens da iniciativa STROBE e, portanto, nenhum foi excluído nesta etapa.

Os artigos selecionados foram provenientes de 34 países, com representação dos cinco continentes, sendo a maioria das pesquisas desenvolvidos na Ásia (38,2%), Europa (38,2%) e África (11,7%). Foram publicados por 65 periódicos diferentes, sendo as revistas "Traffic Injury Prevention", "Injury", "International Journal of Critical Illness and Injury Science" e "Accident Analysis & Prevention" responsáveis por 30,7% das publicações.

Todos os artigos elegíveis para a revisão sistemática tinham como desenho de estudo métodos observacionais para descrição das vítimas de acidentes de trânsito, sendo 73,6% estudos seccionais. O número de participantes nas pesquisas variou de 14 a 653.386, com idade média de 25 a 70,9 anos. As principais consequências identificadas nos artigos selecionados foram lesões, fraturas e traumas nas várias partes do corpo. Na Tabela 2 são apresentadas as características e desfechos dos estudos.

Tabela 2
Principais características dos estudos elegíveis sobre as consequências dos acidentes de trânsito e avaliação da qualidade para a revisão sistemática (n = 91)

Do total de estudos, apenas 15 utilizaram instrumentos padronizados. Os mais utilizados foram Injury Severity Score (ISS), em oito estudos, e Abbreviated Injury Scale (AIS), em cinco estudos, sendo os conceitos das consequências dos acidentes de trânsito (lesões, ferimentos, traumas, sequelas, incapacidades) identificados nas medidas de desfechos.

O coeficiente de Kappa encontrado na etapa de análise dos resumos mostrou que há uma confiabilidade moderada entre os observadores (K = 0,767; concordância = 89,7%).2222. Arango HG. Bioestatística - Teórica e computacional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2012. Já na etapa de ligação com os conteúdos da CIF, o teste de Kappa mostrou que há um desacordo entre os observadores (K = - 0,050; concordância = 89,2%).

Um total de 780 conceitos foram extraídos das medidas de desfecho, identificados nos 91 estudos selecionados. Destes, 76 conceitos (9,9%) foram considerados como não definidos pela CIF e 51 (6,6%) como condição de saúde. Os outros 653 conceitos foram vinculados a um total de 124 categorias diferentes da CIF. No total, um conceito (0,1%) foi vinculado ao primeiro nível da CIF, 453 (69,5%) a categorias de segundo nível, 160 (24,5%) a categorias de terceiro nível e 39 (5,9%) a categorias de quarto nível.

Ressalta-se que onze conceitos foram vinculados a mais de uma categoria da CIF. No detalhamento do número de categorias por nível em cada componente da CIF, tem-se:

  • - Função do corpo: uma categoria de primeiro nível da CIF, 72 de segundo nível, uma de terceiro nível e 11 de quarto nível;

  • - Estrutura do corpo: 351 categorias de segundo nível, 157 de terceiro nível e 28 de quarto nível;

  • - Atividade e participação: 27 de segundo nível, dois de terceiro nível e nenhum de quarto nível;

  • - Fatores ambientais: três de segundo nível.

Quanto à frequência das categorias da CIF mais relacionadas em cada componente, destacou-se a estrutura do corpo (82,1%), conforme observado na Tabela 3.

Tabela 3
Distribuição da frequência dos componentes e capítulos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) vinculados aos conceitos contidos nos estudos selecionados

Das 124 categorias da CIF classificadas em cada domínio, foram relacionadas no componente função do corpo seis dos oito capítulos (30 categorias); no componente estrutura do corpo todos os oito capítulos foram incluídos (72 categorias); no componente atividade e participação foram oito de nove capítulos (20 categorias); e dois dos cinco capítulos (duas categorias) no componente fatores ambientais (Tabela 3).

As categorias de segundo nível mais frequentes foram: função do corpo: funções emocionais (b152), sensação de dor (b280), funções relacionadas à mobilidade das articulações (b710), funções reparadoras da pele (b820); estrutura do corpo: estrutura do cérebro (s110), da região da cabeça e do pescoço (s710), da extremidade superior (s730), da região pélvica (s740), da extremidade inferior (s750), do tronco (s760); atividade e participação: lidar com o estresse e outras demandas psicológicas (d240).

Dezoito categorias de segundo nível da CIF apresentaram prevalência maior que 5% em todos os estudos elegíveis. Foram identificadas 5 categorias no componente função do corpo, 12 categorias em estrutura do corpo, uma categoria de atividade e participação e nenhuma categoria em fatores ambientais (Tabela 4).

Tabela 4
Categorias de segundo nível da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) com prevalência maior que 5% nos estudos elegíveis (n = 91) para a revisão

Discussão

Este artigo explorou dados e evidências disponíveis globalmente para identificar e categorizar as consequências experimentadas por adultos vítimas não fatais de acidentes de trânsito. Ao analisar os estudos incluídos na revisão, foi possível identificar as categorias da CIF mais relevantes em uma variedade de contextos.

Essas categorias, juntamente a sua frequência de ocorrência, podem fornecer orientações valiosas para o desenvolvimento de core sets da CIF que capturem os aspectos mais essenciais da funcionalidade e incapacidade em populações específicas. Ao preencher essa lacuna de conhecimento, pretende-se contribuir para um entendimento das implicações dos acidentes de trânsito na funcionalidade e no bem-estar desses indivíduos.

Os artigos elegíveis para esta revisão sistemática tem como desenho de estudo métodos observacionais que abrangem uma variedade de desenhos, como estudos de coorte, de caso-controle e seccionais. Esses estudos permitem a observação direta das vítimas ao longo do tempo, capturando uma ampla gama de informações relacionadas a lesões, sequelas, incapacidades funcionais, bem como aspectos psicossociais e de qualidade de vida.2525. Scheuringer M, Grill E, Boldt C, Mittrach R, Müllner P, Stucki G. Systematic review of measures and their concepts used in published studies focusing on rehabilitation in the acute hospital and in early post-acute rehabilitation facilities. Disabil Rehabil. 2005;27(7-8):419-29. https://doi.org/10.1080/09638280400014089
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,2626. Post MWM, Kirchberger I, Scheuringer M, Wollaars MM, Geyh S. Outcome parameters in spinal cord injury research: a systematic review using the International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) as a reference. Spinal Cord. 2010;48(7):522-8. https://doi.org/10.1038/sc.2009.177
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Desde a sua publicação em 2001, a CIF é reconhecida como uma classificação completa e abrangente para descrever a saúde e os estados relacionados à saúde, porém sua utilização completa é um desafio pela extensa lista de categorias. Logo, para torná-la mais prática, a OMS propôs a elaboração de core sets.1111. Fontes AP, Fernandes AA, Botelho MA. Funcionalidade e incapacidade: aspectos conceptuais, estruturais e de aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Rev Port Saude Publica. 2010;28(2):171-8. https://www.elsevier.es/en-revista-revista-portuguesa-saude-publica-323-articulo-funcionalidade-e-incapacidade-aspectos-conceptuais-S0870902510700080
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,1212. Riberto M. Core sets da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Rev Bras Enferm. 2011; 64(5):938-46. https://doi.org/10.1590/S0034-71672011000500021
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Dispondo do referencial teórico da CIF foi possível identificar e quantificar as consequências dos acidentes de trânsito em adultos e extrair as medidas de desfecho citadas nos 91 estudos incluídos nesta revisão sis-temática. Extraiu-se um total de 769 conceitos dos artigos selecionados, sendo 642 vinculados a um total de 124 categorias da CIF. O número de conceitos extraídos dos resultados corrobora a complexidade das consequências dos acidentes de trânsito, estabelecendo, assim, as categorias mais observadas nas pesquisas para inclusão no core set da CIF para vítimas não fatais de acidentes de trânsito.

Embora a apresentação clínica dos estudos possa ser diversa, as principais consequências foram lesões, fraturas e traumas nas várias partes do corpo.33. Organização Pan-Americana da Saúde. Relatório do Seminário no Brasil para fortalecer a implantação de medidas voltadas à mobilidade sustentável em cidades brasileiras. Brasília: OPAS; 2019. https://iris.paho.org/handle/10665.2/51099
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https://doi.org/10.1590/1980-54972017000...
Compreender a natureza e a extensão dessas consequências é crucial para estabelecer intervenções eficazes, principalmente na assistência e reabilitação das vítimas.

Conforme as regras de ligação propostas por Cieza et al.,2323. Cieza A, Geyh S, Chatterji S, Kostanjsek N, Ustün B, Stucki G. ICF linking rules: an update based on lessons learned. J Rehabil Med. 2005;37(4):212-8. https://doi.org/10.1080/16501970510040263
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https://doi.org/10.3109/09638288.2016.11...
a maioria dos conceitos (83,5%) contidos nas medidas de desfecho foram vinculados à CIF. Os de-mais foram considerados como não definidos pela CIF (quando as categorias desta não puderam ser escolhi-das com precisão) ou como condição de saúde (quando o conceito significativo não estava contido na CIF, principalmente categorias codificadas pela CID-10), sendo orientado o uso conjunto das duas classificações. Em uma revisão sistemática para identificar as medidas de resultados de ensaios clínicos sobre doença cardíaca isquêmica crônica, diabetes mellitus, obesidade e doença pulmonar obstrutiva, Wolf et al.3131. Wolff B, Cieza A, Parentin A, Rauch A, Sigl T, Brockow T, et al. Identifying the concepts contained in outcome measures of clinical trials on four internal disorders using the International Classification of Functioning, Disability and Health as a reference. J Rehabil Med. 2004;(44 Suppl):37-42. https://doi.org/10.1080/16501960410015407
https://doi.org/10.1080/1650196041001540...
chegaram ao mesmo resultado na vinculação dos conceitos.

Entre as medidas de desfecho extraídas dos estudos, os conceitos estavam relacionados a todos os componentes da CIF: funções do corpo; estruturas do corpo; atividades e participação; fatores ambientais. A maioria, entretanto, referia-se ao componente estrutura do corpo, contemplado na CIF como deficiência (quando o indivíduo apresenta algum problema nas funções ou nas estruturas do corpo, como um desvio significativo ou uma perda). As funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas do corpo, inclusive funções psicológicas, e as estruturas do corpo são as partes anatômicas como órgãos, membros e seus componentes.3232. Organização Mundial de Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: Edusp; 2015. 334 p.

Entre as deficiências de estrutura do corpo, o domínio de maior prevalência foi o das estruturas relacionadas ao movimento, estrutura da região da cabeça e do pescoço, extremidade superior e inferior, região pélvica e tronco, seguido do componente das funções do corpo, no qual as categorias funções emocionais, sensação de dor, as relacionadas à mobilidade e estabilidade das articulações e as funções reparadoras da pele foram as mais vinculadas, assim como em outros estudos.33. Organização Pan-Americana da Saúde. Relatório do Seminário no Brasil para fortalecer a implantação de medidas voltadas à mobilidade sustentável em cidades brasileiras. Brasília: OPAS; 2019. https://iris.paho.org/handle/10665.2/51099
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https://doi.org/10.1590/1414-462X2021290...

Ao utilizar a CIF como um instrumento de referência, constata-se que a classificação estabelece um modelo teórico integrado dos aspectos biomédicos, sociais e pessoais, o modelo biopsicossocial, ascendendo ao modelo biomédico pautado na linearidade das doenças e agravos.37 Nesta conjuntura, observa-se que as categorias de segundo nível da CIF estabelecidas, como a perspectiva dos pesquisadores, inclui basicamente os aspectos do modelo biomédico, com baixa frequência dos conceitos de atividade e participação e quase nenhuma categoria dos fatores ambientais. Embora os

fatores ambientais sejam essenciais para avaliar a funcionalidade como parte do contexto em que vivem os indivíduos, os estudos que compuseram esta revisão não destacaram sua relevância na interação com as condições de saúde das populações estudadas, na medida em que as abordagens se restringiram fortemente aos aspectos biológicos.

Sabendo-se que os fatores ambientais influenciam o processo de funcionalidade e incapacidade dos indivíduos pela interação com os demais componentes da CIF (funções e estruturas do corpo, atividades e participação), mesmo este fato não tendo sido evidenciado nesta revisão, torna-se fundamental considerá-los na análise dos impactos à saúde, haja vista sua vinculação com o desempenho humano, com a participação social e condições de vida e saúde da população.88. Ruaro JA, Ruaro MB, Souza DE, Fréz AR, Guerra RO. Panorama e perfil da utilização da CIF no Brasil - uma década de história. Rev Bras Fisioter. 2012;16(6):454-62. https://doi.org/10.1590/S1413-35552012005000063
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Apesar de a cada ano milhares de pessoas sofrerem lesões não fatais em decorrência de acidentes de trânsito e ficarem incapacitadas, o que interfere na capacidade individual em desenvolver atividades espe-radas da vida em sociedade, ainda são escassas as pesquisas que descrevam as condições de funcionalidade e incapacidade, assim como os fatores ambientais que interferem na vida das vítimas de acidentes de trânsito.44. World Health Organization. Global status report on road safety 2023. Genebra: WHO; 2023. https://www.who.int/teams/social-determinants-of-health/safety-and-mobility/global-status-report-on-road-safety-2023
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Utilizar uma versão adaptada do STROBE para eleger os artigos com melhores qualidades metodológi-cas pode ser uma limitação deste estudo, considerando que o objetivo desta revisão sistemática foi identificar as consequências dos acidentes de trânsito em estudos observacionais, por serem mais frequentes nas pesquisas relacionadas a esses agravos. Desta forma, buscou-se incluir estudos que apresentassem as melhores descrições das medidas de desfecho. Ao utilizar resultados de diferentes estudos, as diferenças metodológicas devem ser consideradas, pois podem interferir nos resultados.

Outra provável limitação foi a discordância entre os observadores na etapa de ligação com os conteúdos da CIF, expressa pelo coeficiente de Kappa; entretanto, acredita-se que esta limitação possa ter sido atenuada por meio do consenso entre os observadores.

A funcionalidade e a incapacidade dos sobreviventes de acidentes de trânsito são temas relevantes pela necessidade de se compreender o universo contextual da vítima, seu desempenho e capacidade em desen-volver as atividades rotineiras da vida em sociedade, incluindo a contribuição ou interferência dos fatores ambientais no estado de saúde destes indivíduos.

Conclusão

Esta revisão sistemática identificou e extraiu um número importante de conceitos primários sobre as consequências dos acidentes de trânsito nas medidas de desfechos dos estudos selecionados. Ao vinculá-los aos componentes da CIF, observou-se maior frequência de desfechos alusivos às estruturas relacionadas ao movimento, à mobilidade e estabilidade das articulações e à sensação de dor. Evidenciou-se que os estudos que contemplaram esta revisão estão voltados para as características do modelo biomédico, com um olhar

sobre o corpo doente, não vislumbrando a funcionali-dade e tampouco os fatores ambientais que concorrem para a melhoria ou não da funcionalidade do indivíduo.

O presente resultado será combinado com os resultados de outros três estudos preparatórios. Os quatro estudos vão capturar as perspectivas dos pesquisadores, de vítimas de acidentes de trânsito e de especialistas, e servirão como base científica para o desenvolvimento de um core set da CIF para vítimas não fatais de acidentes de trânsito para uso em pesquisa e na prática clínica.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    01 Set 2023
  • Revisado
    12 Mar 2024
  • Aceito
    02 Abr 2024
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