Editorial
E Agora, o Kenaf
O 5° Congresso de Química da América do Norte foi realizado em Cancún, em novembro passado. Organizado pelas sociedades de química do Canadá, EUA e México, reuniu vários simpósios, um dos quais sobre o "kenaf".
Esta é uma planta anual, semelhante à juta. Os países desenvolvidos de clima temperado dispõem de poucas fontes naturais de fibras, daí o seu interesse nesta planta. O simpósio mostrou um grande esforço de pesquisa, tratando do cultivo, da produção e do aproveitamento das fibras do kenaf. Um resultado impressionante é a fabricação de compósitos poliméricos leves para construção mecânica e civil.
Por que uma planta não-medicinal recebe tanta atenção em um grande congresso químico? Talvez porque sendo a Química uma ciência central ela deva atenção a tudo que é material, novo e que possa ter um grande impacto sobre a vida de muitos seres humanos.a
O kenaf poderá vir a ser um problema para os muitos brasileiros que vivem da produção de fibras naturais, freqüentemente sob um padrão tecnológico primitivo. Além disso, temos os casos de plantas produtoras de fibras de propriedades intrigantes mas pouco usadas, como a bananeira e o tuncum, este usado por populações pré-colombianas e seus descendentes, mas desconhecido da nossa ciência.
Fibras são hoje necessárias para vestir mais e mais pessoas e para substituir materiais que em um passado recente foram populares, como o amianto. As indústrias de meios de transporte e de móveis demandam mais e mais fibras biodegradáveis.
Talvez o kenaf não tenha muito futuro, no Brasil. Entretanto, sempre podemos aprender, com esse caso e com nossos colegas do Primeiro Mundo, a fazer ciência de alta qualidade, interdisciplinar e que responda a necessidades sociais e econômicas.
Fernando Galembeck
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
23 Jul 2010 -
Data do Fascículo
1997
