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Tendências

TENDÊNCIAS

O Encarte Tendências apresenta os dados da onda brasileira do Latin American Public Opinion (LAPOP) realizado em 2007 - o LAPOP é um survey aplicado a partir de um consórcio entre a Universidade de Goiás e a Vanderbit University associado ao Americas Barometer. A pesquisa foi coordenada por Denise Paiva (UFG), e teve a colaboração de Yan de Souza Carreirão (UFSC), Simone Bohn (York University, Canadá) e Rachel Meneguello (CESOP/Unicamp).

O Encarte reúne dados sobre os comportamentos político e social dos brasileiros e está organizado em seis seções. A primeira delas aborda opiniões sobre o regime democrático, sua definição e satisfação com seu funcionamento no país e pergunta aos entrevistados quais circunstâncias justificariam um golpe militar ou a dissolução das instituições representativas; mostra também dados sobre aprovação de lei que, por exemplo, proíba manifestações populares e censure meios de comunicação e programas com conteúdo crítico ao governo.

A segunda seção apresenta as formas de participação política e social aprovadas pelos cidadãos e as contrapõe com os dados de participação nas mesmas. Trazendo ainda dados de mobilização e participação em associações e comunidades locais, esta seção mostra o hiato existente entre as formas de participação apoiadas e aquelas de fato praticadas pelos cidadãos.

A terceira seção recupera a importância do voto para os diferentes poderes (legislativo e executivo) e níveis de governo (municipal, estadual e federal), tratando ainda do envolvimento dos cidadãos nas campanhas eleitorais. Apesar de reconhecerem a importância da participação eleitoral, os cidadãos revelam um baixo engajamento nas atividades de campanha.

Tanto a quarta como a quinta seção deste Tendências abordam o âmbito das considerações morais na vida pública. A primeira delas enfoca as relações de clientela e a troca de votos, focalizando o contraste entre as expectativas sobre as atitudes dos cidadãos expostos às ofertas eleitoreiras dos candidatos e as opiniões sobre o que eles deveriam fazer diante de tais ofertas. Em seguida, a quinta seção trata das relações entre corrupção, política, administração e serviços públicos. Embora a corrupção seja prática reprovada pela ampla maioria dos entrevistados, os dados registram situações que são, em alguma medida, toleradas por eles.

Traçando as opiniões e a adesão dos entrevistados sobre o sistema político brasileiro bem como seu envolvimento com a política, a sexta seção finaliza este encarte mostrando o desengajamento político dos entrevistados mas, ao contrário do que se podia esperar, as opiniões sobre o sistema político não revelam percepções tão negativas sobre seu funcionamento e efetividade.

Editores de OP

O Brasil é um país democrático?

Após 22 anos de democratização, é notável que pouco mais da metade dos entrevistados definam o Brasil apenas como “mais ou menos democrático” e que um percentual apenas um pouco menor concorde que a democracia possa funcionar sem partidos políticos.

52,9% dos significados de democracia mencionados remetem a alguma das dimensões consagradas do regime, como as liberdades de escolha e expressão e a igualdade.

Adesão à democracia

É elevada a preferência pelo regime democrático entre os brasileiros. Por volta de 2/3 acham-no melhor do que suas alternativas; ainda assim, é também notável que pelo menos em torno de 20% dos entrevistados apontem circunstâncias no país que podem justificar um golpe militar.

Satisfação com a democracia

Apesar de mais da metade dos entrevistados declararem-se pouco ou muito insatisfeitos com o funcionamento da democracia no país, a grande maioria acredita que os problemas do país podem se resolver com a participação de todos e através do voto popular.

Sobre censura e proibição

A maioria expressiva de entrevistados desaprova medidas do governo que censurem comportamentos políticos e sociais e proíbam protestos e grupos de oposição e críticos a ele. Apesar disso, é notável que quase 1/5 dos entrevistados afirmam-se indiferentes a várias dessas medidas; destaca-se ainda um percentual de mais de 25% que aprovam a censura a programas de TV que defendam o casamento homossexual.

Sobre formas de participação e ação política

A participação em manifestações e em grupos para resolver problemas da comunidade e o trabalho em campanhas eleitorais são aprovados pela maioria dos entrevistados, embora, nos três casos, sejam também significantes os percentuais de indiferença. Por outro lado, a invasão e/ou ocupação de propriedades privadas e edifícios em geral e a realização “da justiça com as próprias mãos” quando o Estado não a realiza são as formas de participação política mais enfaticamente rejeitadas.

Aprova ou desaprova?

Formas de participação e ação política

Associativismo e Participação

Os dados mostram que a participação política em organizações ou associações é muito baixa, assim como o envolvimento em manifestações e protestos públicos.

Engajamento e Confiança

Apenas por volta de 30% dos entrevistados acreditam que as pessoas de sua comunidade são muito dignas de confiança, e esse mesmo percentual, aproximadamente, contribuiu para a solução de problemas da mesma.

Dentre os que declaram ter contribuído para solucionar algum problema comunitário, a principal forma dessa realização foi pecuniária ou material

A importância do voto

Em consonância com o apoio à democracia eleitoral mostrada na seção I deste Encarte, os entrevistados, majoritariamente, consideram importante votar para os diversos cargos. Entretanto, o grau de importância varia, sobretudo entre cargos executivos e legislativos.

Dos entrevistados que não votaram em 2006, quase 10% declaram não ter votado por não terem interesse.

Entre aqueles que votaram para presidente, sobressaem razões associadas às qualidades do candidato escolhido, o plano de governo e à confiança que ele inspira.

Principais razões do voto

As propostas e a pessoa do candidato estão entre as principais razões do voto para cargos legislativos.

Atenção à propaganda doscandidatos das eleições de 2006no horário eleitoral gratuito

Embora a propaganda eleitoral gratuita não seja determinante do voto, pelo menos em torno da metade dos entrevistados declaram tê-la assistido durante a campanha de 2006. Os eleitores prestam mais atenção na propaganda para eleição presidencial.

Envolvimento na campanha eleitoral

Os dados mostram que é baixo o envolvimento dos entrevistados com as campanhas eleitorais.

Ainda assim, em torno de 1/5 deles colou cartazes em apoio a algum candidato ou tentou convencer outras pessoas a votarem nele.

Clientelismo e a troca de votos

Os dados mostram que há uma disposição em considerar a relação de representação como uma relação de troca. A maioria aprova as diversas situações de troca de voto, e mostra expectativa ainda maior quanto à disposição dos outros em aceitar as ofertas pelo voto. Os cidadãos com maior escolaridade e renda são os que menos aprovam essas atitudes.

Honestiade e desempenho governamental

"As maiores discordâncias"

Maioria expressiva de entrevistados reprova os comportamentos administrativo e eleitoral dos políticos, mas há gradações nessas avaliações negativas conforme o aspecto considerado. Nesse sentido, é notável que mais de 1/4 dos entrevistados tolerem que um político roube ou aceite suborno se fizer obras e o que a população necessita.

Honestidade e desempenho governamental

"As maiores concordâncias"

Os dados revelam também contradições nas opiniões dos entrevistados: embora mais da metade deles concorde que todos os políticos roubam, quase 70% concordam também que há políticos honestos.

Apoio ao sistema x Proteção do sistema político

Segundo a pesquisa, apesar do apoio ao regime democrático, mais de 50% dos entrevistados não sentem orgulho de viver no sistema político brasileiro.

Os entrevistados também estão divididos com relação ao sentimento de proteção aos seus direitos, o respeito pelas instituições políticas e o apoio ao sistema.

Você se interessa por política?

É grande o desinteresse pela política entre os entrevistados: mais de 90% têm mais ou menos, pouco ou nenhum interesse nela. Os dados mostram também uma associação esperada entre o interesse e as clivagens de renda e escolaridade: quanto mais escolaridade e renda, maior é o interesse.

Distribuição dos entrevistadosda pesquisa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jan 2010
  • Data do Fascículo
    Nov 2009
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