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Novas perspectivas, novas práticas e tensões no ensino de língua e literatura alemãs: sobre crises e demandas identitárias, insurgentes, decoloniais, antirracistas

New perspectives, new practices and tensions in German language and literature teaching: on identity, insurgent, decolonial and anti-racist crises and demands

Introdução ao dossiê temático

Este dossiê temático é fruto dos anseios de um grupo de professores de universidades públicas e estudantes de pós-graduação de todo o país, reunidos em um grupo de trabalho para pensar e pesquisar o ensino da língua e da cultura alemães no Brasil, a partir das temáticas insurgentes e das teorias críticas que interpelam a germanística brasileira na atualidade.

Com base em suas pesquisas acadêmicas, nas aulas que ministram e nas culturas regionais nas quais estão imersos, esses professores sentiram a necessidade de atender às demandas oriundas das comunidades nas quais estão inseridos, que pela sua diversidade e representatividade, apresentam questionamentos acerca do alemão enquanto língua estrangeira e língua de herança no Brasil - problemáticas que envolvem desde materiais e conteúdos didáticos, passando por práticas em sala de aula e até as próprias identidades dos aprendizes.

No âmbito da germanística brasileira, ressaltamos os debates, diálogos e pesquisas do GEPELAB4 4 http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6169709883400771 (Grupo de Estudos e Pesquisa de Ensino de Língua Alemã no e do Brasil) para nossa formação e desenvolvimento no campo. É notório no ensino de língua e cultura alemãs, no Brasil e mesmo na Alemanha, o recente diálogo com as teorias decoloniais e perspectivas críticas dentro da Linguística Aplicada. Nosso grupo busca justamente ampliar esse debate, trazendo novas abordagens, publicando artigos e livros sobre suas temáticas, além de expandir seu escopo teórico-metodológico no letramento racial crítico.

Há nos estudos germanísticos no Brasil, uma ausência, um vazio sobre a história e a cultura da população negra na Alemanha5 5 Farbe bekennen. Afro-deutsche Frauen auf den Spuren ihrer Geschichte, de May Ayim, Katharina Oguntoye e Dagmar Schultz, é um livro indispensável nesta temática. e não só, sobre a própria diversidade étnica e populacional, além de cultural, daquele país. Assume-se a narrativa da homogeneidade cultural alemã como um discurso perene. Urge repararmos esse equívoco, nas suas mais diversas manifestações históricas, culturais, estéticas, literárias e sociais. É importante resgatar este universo diverso que a Alemanha manifesta, sobretudo atualmente, e relacioná-lo, numa perspectiva comparada, às condições históricas e sociais que temos no Brasil. Estamos perdendo qualidade analítica, profundidade temática e diversidade de abordagens ao ignorar a pluralidade étnica, cultural e social da cultura alemã.

Assim sendo, na sociedade alemã crê-se que são a cultura e a língua os traços de unidade da nação e sua permanência, apesar de a Alemanha ter sido um dos últimos países a concluir sua integração territorial na Europa (ALMEIDA 2009ALMEIDA, Jorge de. Introdução. In: ALMEIDA, Jorge; BADER, Wolfgang (orgs). Pensamento alemão no século XX. Grandes protagonistas e recepção no brasil. Vol. 1. São Paulo: Cosacnaify, 2009, 11-22.: 12-13). Essa percepção tem algumas origens, dentre as quais, algumas de forte cunho essencialista, que se apoiam em narrativas e fábulas nórdicas e europeias. Para essas últimas, ser alemão significa ser branco, loiro, de olhos azuis, europeu e cristão. Mesmo entre os europeus, sentir-se branco é uma exclusividade alemã historicamente cultivada, ou seja, os alemães seriam “os brancos” dos brancos (EL-TAYEB 2020EL-TAYEB, Fatima. Schwarze Deutsche. Der Diskurs um “Rasse“ und Nationale Identität 1890-1933. Frankfurt, New York: Campus Verlag, 2020.).

Daí a importância de trabalhar com essa visão essencialista e limitada da cultura e língua alemãs, no contexto brasileiro. Há uma distância da representação social, cultural e linguística que é preciso situar e relacionar aos fatos históricos modernos e contemporâneos. Atualmente, a Alemanha é um país de imigração, com uma contribuição relevante de vários imigrantes europeus, latino-americanos, africanos e asiáticos. Da mesma forma, sua cultura vem demonstrando uma dinâmica criativa, oriunda dessa presença no conjunto de sua sociedade.

Deste modo, ressaltamos a importância de trabalhar com questões como a constituição dos sujeitos em termos de gênero, etnia e classe; educação linguística e antirracista na formação de professores; as negociações interculturais ou mesmo transculturais entre o Brasil e os países de língua alemã; a necessidade de uma produção científica e pedagógica de materiais e conteúdos didáticos que façam a mediação entre as diferentes culturas que circulam neste campo do conhecimento, bem como a atualização e adequação de conteúdos que permeiam o ensino-aprendizagem de alemão.

Da mesma maneira, ressaltamos a pouca circulação de obras e autores de língua alemã que qualificam a variedade e criatividade das obras literárias que vêm sendo publicadas nas últimas décadas. Autores como Tawada Yoko, (referida neste Dossiê com o artigo “Tawada Yoko: além da exofonia”, de Fabio Saldanha), Sharon Otoo, que ganhou em 2016 o prêmio Ingebord Bachmann, além de Dinçer Güçyeters e Ciani-Sophia Hoeder, que apresenta um diálogo com um público mais jovem nas mídias digitais; bem como, por outro lado, a recepção de obras brasileiras na Alemanha, como é o caso de Carolina Maria de Jesus com Quarto de Despejo ou Itamar Vieira Júnior, com Torto Arado; do mesmo modo, como exemplo, as possibilidades de interlocução com as obras do escritor Abdulrazak Gurnah, laureado pelo Prêmio Nobel em 2021, que abordam o colonialismo alemão na África, sem o exotismo que marcou determinada literatura na Alemanha em décadas passadas.

Uma série de outros escritores, artistas visuais, cineastas, poetas e músicos tem contribuído com novas linguagens, experimentos e propostas estéticas que vem movimentando a cena artística alemã. Podemos também nos referir os intercâmbios culturais, como aquele que trouxe Grada Kilomba à curadoria da última Bienal de São Paulo, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, curador da Haus der Kulturen der Welt (HKW) de Berlim, que será o responsável pela Bienal de São Paulo em 2025, assim como o cineasta brasileiro Karim Aïnouz, que tem realizado filmes na Alemanha. Nesse mesmo campo, a linguagem fílmica de Fatih Akin dialoga com o cinema brasileiro dos últimos anos. Essas novas dinâmicas culturais parecem recursos atraentes para jovens aprendizes já imersos na cultura midiática e digital. Em todas essas expressões artísticas, a questão da tradução literária e da tradução cultural evocam dinâmicas importantes da linguagem e suas interfaces sociais. Lentamente, a germanística brasileira vem se abrindo a esses debates, o que afirma a necessidade de maior discussão e circulação dessas inovações entre seus estudiosos.

É amplamente sabido que o Brasil e a Alemanha se modificaram bastante nas últimas décadas. Essas mudanças são reflexo das transformações sociais, políticas e culturais que se observaram interna e internacionalmente. No entanto, à maior diversidade étnica, cultural e social, se constituíram resistências às mudanças em curso, o que demonstra a complexidade dos processos históricos em movimento nessas sociedades. No mundo contemporâneo, como nação de imigração, a Alemanha experimenta uma tensão com a visão tradicional da (unívoca e uniforme) cultura alemã; o Brasil se vê cada vez mais como um país de maioria negra, onde diversas comunidades tradicionais se organizam em resistência contra os ataques às culturas locais. Ambos os países enfrentam disputas sobre sua identidade enquanto formação nacional.

Esse contexto exige dos seus observadores uma atenção dedicada a perscrutar suas causas, de modo a compreendê-las em suas singularidades em um momento histórico, no qual as tecnologias de comunicação e informação reforçam o dinamismo do Zeitgeist que orienta a vida cotidiana.

De onde partimos

Tendo em vista essas disputas de sentido e visões de mundo, três mulheres oriundas de contextos sócio-espaciais, étnicos e familiares distintos, se reuniram para propor esse Dossiê, a fim de apresentar trabalhos que pudessem refletir e propor leituras a partir desse debate qualificado. Somos três professoras pesquisadoras que estudam temáticas convergentes, como a literatura que enfoca os estudos de gênero e étnico-raciais, os quais englobam a formação de professoras negras de alemão, o movimento afro-alemão e o protagonismo das feministas negras alemães.

Somos também mulheres que despertaram para a importância de situar seus trabalhos dentro de perspectivas de análise que respeitem a diversidade presente nas sociedades e nos movimentos sociais, entendendo a sala de aula como lugar privilegiado na formação de aprendizes críticos. Há aqui, portanto, um posicionamento claro de recusa à homogeneização, ao essencialismo e ao apagamento do Outro. Compreendemos também que este diálogo não é fácil, nem rápido. Requer um tempo de maturação e cuidado, pois deve ser construído a partir das diferenças que podem ser reconhecidas e conjugadas segundo os interesses comuns.

Essa proposta se estrutura por meio de experiências de vida, narrativas e memórias próprias e alheias de mulheres que se deixaram afetar pelo Outro (FERREIRA 2019FERREIRA, Aparecida de Jesus. Letramento racial crítico, através de narrativas autobiográficas. Campos Gerais, Paraná: Editora Estúdio Texto, 2019.). O encontro não é aleatório, embora indeterminado. A cultura e a língua alemães nos atravessam em diferentes sentidos, desde vivências familiares às escolhas de vida, passando pelo exercício da docência como uma proposta de transformação social. Portanto, o registro dessa tessitura, entretida em várias mãos, se nos afigura como fundamental para a apresentação do presente Dossiê, para além de suas ancoragens teóricas e metodológicas.

Perspectivas pós-coloniais e decoloniais

A crítica da Modernidade e sua crise sistêmica, desdobrada em vários campos do conhecimento e da vida, desde pelo menos a década de 1970, exigiu dos intelectuais e pesquisadores uma reconfiguração do pensamento e das ideias. Esse movimento ganhou força especialmente nas margens da cultura ocidental, onde a crítica da matriz hegemônica originada no continente europeu teve efeitos paradigmáticos em termos de reconfiguração do debate, considerando as diferentes visões de mundo, as formas de vida por elas engendradas e as cisões epistêmicas que deram origem a novas interpretações do eu.

Dos questionamentos aos modelos de pensamento e das práticas deles derivados, surgiram teorias que puseram em dúvida as premissas e as práticas até então aceitas e, no seu lugar, reconhecem novas formas de ser e pensar o humano a partir de vivências e experiências desprezadas na construção do mundo moderno. Deste modo, no decurso desta clivagem, surgiram as teorias pós-coloniais − de modo geral no sul asiático - e as teorias decoloniais na América Latina, que se expandiram e influenciaram estudiosos na Europa e na América do Norte. Esse trânsito de ideias, teorias e formas de pensar resultou em mudanças substantivas nas formas de saber e poder.

Somente a partir de meados dos anos 1990 é que os estudos pós-coloniais encontraram terreno nas discussões da Germanística dos países de língua alemã. A origem desse atraso reside no fato de que, durante muito tempo, a importância do colonialismo foi negligenciada em toda a Alemanha. Em razão disso, as perspectivas pós-coloniais podem conectar-se aos trabalhos preliminares de outras críticas ao cânone, em especial às feministas, que transformaram o próprio conceito de cânone: o processo de canonização não é mais visto como um desenvolvimento relativamente orgânico - no qual textos relevantes são colecionados por seu valor estético e pedagógico -, mas sim como uma abordagem interpretativa da tradição (GEIER 2019GEIER, Andrea. Crítica ao cânone sob uma perspectiva pós-colonial. A África escura. Disponível em Disponível em https://www.goethe.de/prj/lat/pt/dis/21784873.html (20/11/21).
https://www.goethe.de/prj/lat/pt/dis/217...
: s.p.).

Na década anterior, o debate sobre Leitkultur e Multikulturalismus (OHLERT 2015OHLERT, Martin. Zwischen „Multikulturalismus“ und „Leitkultur“. Wiesbaden: Springer VS, 2015.) na Alemanha pautou as discussões sobre identidade, pertencimento, nação, integração e diferença nos meios intelectuais e políticos, nas mídias sociais e culturais alemães. Atualmente, há uma Alemanha mais diversa étnica e culturalmente que precisa se refletir nos estudos de língua e cultura alemã no Brasil. Inclusive, ao nosso ver, este reconhecimento ajudará bastante na identificação e na familiaridade com o ensino-aprendizagem do alemão pelos estudantes brasileiros. No entanto, como nos adverte a entrevista realizada com o professor Lynn Mario Menezes de Souza (SOUZA; HASHIGUTI 2022SOUZA, Lynn M. T. Menezes de; HASHIGUTI, Simone. Decolonialidade e(m) Linguística Aplicada: Uma entrevista com Lynn Mario Trindade Menezes de Souza. Polifonia, v. 29, n. 53, 149-177, 2022.) para debater a influência dessas teorias na Linguística Aplicada6 6 Não trouxemos os nomes clássicos do debate internacional, porque já são conhecidos pelo público qualificado e, principalmente, porque muitos são discutidos e citados nos artigos presentes neste Dossiê. , precisamos estar atentos à aplicação direta e sem mediações ao caso brasileiro, à relação intrínseca entre o uso teórico e a prática acadêmica e as diferenças entre os fundamentos das teorias pós-coloniais e decoloniais.

Então, a questão que se nos coloca é: como é que podemos pensar a língua fora da ideia de homogeneidade? Ou seja, como podemos pensar a língua na sua plena heterogeneidade, na sua variabilidade e no seu dinamismo, como Mikhail Bakhtin (1981) já apontara? Isto para mim tem estreita relação com uma visão decolonial e decolonizante da língua, que nos permite entendê-la não mais como norma abstrata, mas como um fenômeno sócio-histórico. (SOUZA; HASHIGUTI 2022SOUZA, Lynn M. T. Menezes de; HASHIGUTI, Simone. Decolonialidade e(m) Linguística Aplicada: Uma entrevista com Lynn Mario Trindade Menezes de Souza. Polifonia, v. 29, n. 53, 149-177, 2022.: 156)

Outro propósito do presente Dossiê é avaliar como a Alemanha se aproximou do Brasil nas últimas décadas, a partir de uma produção literária, estética e crítica que evoca vivências subalternizadas e a construção de suas agências contra a invisibilização de sua existência em ambos os países.

O Dossiê “Novas perspectivas, novas práticas e tensões no ensino de língua e literatura alemãs: sobre crises e demandas identitárias, insurgentes, decoloniais, antirracistas” reuniu onze artigos de temáticas plurais e embasados em teorias críticas, versando sobre literatura, ensino e cultura de língua alemã, de autoria de professores atuantes em universidades, assim como pesquisadores de pós-graduação. Dessa forma, acreditamos poder oferecer um painel rico e atualizado de visões alternativas, a partir de abordagens pós-coloniais e decoloniais.

O artigo de Elaine C. Roschel Nunes, “Reflexões sobre práticas descolonizantes em Educação Linguística: compartilhando experiências com a língua alemã no Brasil” tem como propósito investigar contribuições do debate decolonial no âmbito da educação linguística, com foco na língua alemã, visando alternativas para o desenvolvimento de materiais e práticas pedagógicas críticas.

Elaine Calça, em “Kafka e o cinema colonial: representações do passado colonial”, discute a relação entre ficção, realidade e imaginário do colonialismo alemão, tendo como objeto de análise a narrativa de “Na Colônia Penal de Kafka”, e dos filmes “África Oriental Alemã. Uma grande escola pública na província de Usambara” e “Secretário de Estado Dr. Solf visita o Togo em Outubro de 1913”.

O artigo “Representações identitárias em três livros didáticos de alemão como língua adicional: reflexões sobre as imagens de família”, de autoria de Marceli Aquino e Mergenfel Vaz Ferreira, discute as representações identitárias que orientam o ensino de língua alemã em uma amostra de três livros didáticos, investigando o potencial semiótico e discursivo dos materiais, tendo como norteador o tema “família”.

Fábio Saldanha, em “Tawada Yoko: além da exofonia”, aponta a existência de uma paralaxe dentro da fortuna crítica Tawadiana. Entende-se como os termos aplicados têm como consequência a manutenção, não a superação, da diferença cultural, apoiando-se em teóricos como Homi K. Bhabha, Gayatri C. Spivak e Jacques Derrida.

Marina Grilli, no artigo “A tensão entre as línguas teuto-brasileiras e a colonialidade linguística nas práticas de ensino de alemão para brasileiros” defende a substituição de práticas de ensino de alemão já consolidadas no Brasil pela educação linguística crítica em alemão.

Ivanete da Hora Sampaio e Milan Puh, em “(De)colonialidade na trajetória de uma professora negra de alemão: construindo e analisando a biografia de Laís Manhães Naka”, relatam a experiência de construção e análise da trajetória de uma professora negra de alemão, Laís Manhães Naka.

José Mauro Pinheiro, no artigo “Estampa da diversidade: um modelo de inclusão “blindada” no metrô alemão”, tem por objetivo analisar os efeitos de sentido gerados para diversidade no discurso midiático, comumente percebido ou pretendido como inclusivo.

Gundo Rial y Costas Geuss analisa em “As muitas traduções culturais do ensino da língua alemã no Brasil”, várias traduções culturais e a negociação de significados, sob uma perspectiva transcultural no ensino da língua alemã em nosso país.

O artigo “Atividades com atravessamentos decoloniais: insurgências epistêmico-ideológicas para uma pedagogia transgressora no ensino de alemão”, de Mauricio Rosa e Daniel Rosa, propõe como atividades de ensino de alemão com atravessamentos decoloniais podem contribuir para a reflexão acerca de valores ideológicos pós-coloniais.

Deborah de Mello Marcellino, Anderson da Silva Santos e Carolina Souto Maior, em “Doch, ich bin Deutsche: um exemplo de representatividade preta no material didático de alemão”, têm como objetivo dialogar com os conceitos de colonialidade e decolonialidade no ensino-aprendizado de alemão como língua adicional.

Finalmente, Karen Pupp Spinassé, em “A interculturalidade na aula de DaF sob uma perspectiva decolonial”, discute a abordagem da competência intercultural e sua importância para o aprendiz de alemão como língua estrangeira, trazendo reflexões sobre o papel do professor nessa formação

Em nosso texto convocatório, defendemos que entendimento ampliado de que o estudo/contato com/de línguas estrangeiras contribui decisivamente para a autonomia política de um cidadão, além de abrir perspectivas para uma atuação informada e qualificada aos desafios do mundo globalizado contemporâneo.

Após o sofrimento causado pela epidemia do novo Coronavírus, seguimos enfrentando profundas crises, enquanto a humanidade se apresenta mais e mais plural, com inúmeras vozes, antes silenciadas, abafadas, a reivindicar seus direitos. De que forma as metodologias, os temas escolhidos, os materiais didáticos, os olhares sobre a literatura e a cultura de países de língua alemã respondem a essas demandas? Propomos mais uma pergunta mobilizadora do que uma resposta. Algumas respostas (e mais perguntas), no formato de pesquisas de viés problematizador e propositivo podem ser encontradas ao longo da leitura dos onze artigos. Boa leitura!

Referências bibliográficas

  • ALMEIDA, Jorge de. Introdução. In: ALMEIDA, Jorge; BADER, Wolfgang (orgs). Pensamento alemão no século XX. Grandes protagonistas e recepção no brasil. Vol. 1. São Paulo: Cosacnaify, 2009, 11-22.
  • EL-TAYEB, Fatima. Schwarze Deutsche. Der Diskurs um “Rasse“ und Nationale Identität 1890-1933. Frankfurt, New York: Campus Verlag, 2020.
  • FERREIRA, Aparecida de Jesus. Letramento racial crítico, através de narrativas autobiográficas. Campos Gerais, Paraná: Editora Estúdio Texto, 2019.
  • GEIER, Andrea. Crítica ao cânone sob uma perspectiva pós-colonial. A África escura. Disponível em Disponível em https://www.goethe.de/prj/lat/pt/dis/21784873.html (20/11/21).
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  • KOEPSELL, Philipp Khabo. Literatura negra alemã. Pátria, identidade e racismo, 2019. Disponível em Disponível em https://www.goethe.de/prj/hum/pt/dos/zug/21754686.html (18/06/24).
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  • LANDULFO, Cristiane; MATTOS, Doris. Suleando conceitos em linguagens. Decolonialidades e epistemologias outras. Campinas: Pontes Editores, 2022.
  • MARTINS, Catarina. Mulheres, raça e etnicidades. Introdução aos feminismos decoloniais. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2024.
  • OHLERT, Martin. Zwischen „Multikulturalismus“ und „Leitkultur“. Wiesbaden: Springer VS, 2015.
  • OGUNTOYE, Katharina; AYIM, May; SCHULTZ, Dagmar. Farbe bekennen. Afro-deutsche Frauen auf den Spuren ihrer Geschichte. Berlin: Orlanda Buchverlag, 2020.
  • SOUZA, Lynn M. T. Menezes de; HASHIGUTI, Simone. Decolonialidade e(m) Linguística Aplicada: Uma entrevista com Lynn Mario Trindade Menezes de Souza. Polifonia, v. 29, n. 53, 149-177, 2022.
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    Farbe bekennen. Afro-deutsche Frauen auf den Spuren ihrer Geschichte, de May Ayim, Katharina Oguntoye e Dagmar Schultz, é um livro indispensável nesta temática.
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    Não trouxemos os nomes clássicos do debate internacional, porque já são conhecidos pelo público qualificado e, principalmente, porque muitos são discutidos e citados nos artigos presentes neste Dossiê.
Editora: Dörthe Uphoff

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2024

Histórico

  • Recebido
    14 Jun 2024
  • Aceito
    18 Jun 2024
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