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Mobilidade Estudantil Internacional como promotora de laços educacionais e institucionais: o caso dos Institutos Confúcio no Brasil

La movilidad estudiantil internacional como promotora de vínculos educativos e institucionales: el caso de los Institutos Confucio en Brasil

Resumo

Este artigo recorre ao quadro analítico da área de Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia. Pretende-se preencher uma lacuna na literatura, observando o assunto caso a caso, entre fatos principalmente brasileiros, ao mesmo tempo que se relacionam esses dados com a literatura internacional sobre o tema dos Institutos Confúcio e da Mobilidade Estudantil Internacional. Este estudo é um tema inédito e recente na área de Mobilidade Estudantil Internacional, que pode contribuir não apenas para as atividades de extensão das universidades brasileiras, mas também para o aprimoramento das relações diplomáticas entre Brasil e China e para projetos de extensão universitária com enfoque interdisciplinar com foco na América Latina. Metodologicamente, desenvolveu-se uma perspectiva qualitativa mas também quantitativa, considerando mapas bibliométricos para estudos interdisciplinares, que podem contribuir para perspectivas futuras, especialmente na área de Ciência, Tecnologia e Sociedade.

Palavras-chave
Instituto Confúci; Mobilidade Estudantil Internacional; Ensino Superior; Mandarim

Resumen

Este artículo utiliza el marco analítico procedente del área de Estudios Sociales de la Ciencia y la Tecnología (CTS). Pretende-se llenar un vacío en la literatura, observando el tema caso por caso, entre hechos principalmente brasileños, al mismo tiempo, conectando estos datos con la literatura internacional sobre los Institutos Confucio y la Movilidad Estudiantil Internacional. Este estudio es un tema reciente y sin precedentes en el área de la Movilidad Estudiantil Internacional, que puede contribuir no solo a las actividades de extensión de las universidades brasileñas, sino también a la mejora de las relaciones diplomáticas entre Brasil y China y a los proyectos de extensión universitaria con enfoque interdisciplinario. Metodológicamente, se desarrolló una perspectiva cualitativa pero también cuantitativa considerando mapas bibliométricos para estudios interdisciplinarios, que pueden contribuir a perspectivas futuras, especialmente en el área de Ciencia, Tecnología y Sociedad.

Palabras clave
Instituto Confucio; Movilidad Estudiantil Internacional; Educación Superior; Mandarín

Abstract

This article uses the social studies of science and technology (STS) analytical framework. It intends to fill a gap in the literature, observing the subject case-by-case, among mainly Brazilian issues, while relating this data to the international literature on the subject of Confucius Institutes and international student mobility. This study covers an unprecedented and recent topic in the area of international student mobility, which can contribute to outreach activities in Brazilian universities, improve diplomatic relations between Brazil and China, and university outreach projects with an interdisciplinary and Latin American focus. A qualitative and quantitative perspective was developed considering bibliometric maps for interdisciplinary studies, which can contribute to future perspectives, especially in science, technology, and society research.

Keywords
Confucius Institute; International Student Mobility; Higher Education; Mandarin

1. Introdução

O tema da internacionalização da educação no Brasil e na América Latina vem despertando interesse de diversos pesquisadores (Chaves & Castro, 2016Chaves, V. L., & Castro, A. M. (2016). Internacionalização da educação superior no Brasil: programas de indução à mobilidade estudantil. Revista Internacional de Educação Superior, 2(1), 118-137.; Maués & Bastos, 2017Maués, O. C., & Bastos, R. S. (2017). Políticas de internacionalização da educação superior: o contexto brasileiro. Educação, 40(3), 333-342. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28999
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). As iniciativas governamentais para a expansão e aprimoramento da inserção e do compartilhamento de experiências universitárias em escala mundial tem sido relevante, mas também alvo de críticas. É necessário ampliar e aprimorar o foco dessas políticas de internacionalização para que os sistemas universitários brasileiro e latino-americano possam cumprir sua missão educacional e social.

Pensar sobre o tema dos Institutos Confúcio (IC) significa sobretudo refletir sobre a temática da formação de profissionais de todas as áreas, com foco em conhecimentos da língua chinesa, de maneira interdisciplinar. São profissionais que podem estabelecer intercâmbio acadêmico com a China e trazer conhecimentos inovadores para o Brasil. Além disso, tal reflexão direciona a comunidade acadêmica a pensar sobre novas formas de ensino e aprendizado, de capacidade dos estudantes de se articularem internacionalmente, de maneira plural, cooperativa e atenta às diferentes perspectivas e visões de mundo. Desde 2004, a China criou mais de 700 Institutos Confúcio e Salas de Aula Confúcio em todo o mundo para promover sua língua e cultura e, assim, moldar sua imagem, conforme Hu et al. (2022)Hu, Y., Sun, Y., & Lien, D. (2022). the resistance and resilience of national image building: An empirical analysis of Confucius Institute Closures in the USA. The Chinese Journal of International Politics, 15(2), 209-226. https://doi.org/10.1093/cjip/poac010
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apontam. Apesar desse número impressionante, os Institutos Confúcio são surpreendentemente pouco estudados, especialmente em termos de sua estrutura real, modo de funcionamento e atividades, como pode ser visto em artigo dos presentes autores (Martinelli et al., 2022Martinelli, M., Andrade, T. H. N., & Furnival, A. C. M. (2022). Os intercâmbios acadêmicos entre Brasil e China: o caso dos Institutos Confúcio no Brasil. Research, Society and Development, 11(7), 4511729635. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29635
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).

O estabelecimento de cooperação internacional é uma questão importante para instituições como os Institutos Confúcio, as agências de fomento que financiam bolsas de estudo no exterior, os Consulados brasileiro e chinês, as universidades que organizam esses programas de intercâmbio e os estudantes que saem do País para expandir seu currículo acadêmico, internacionalizando-se. Por essa razão, fortalece-se o diálogo estrangeiro entre os países, o que pode impulsionar a criação de novas Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como acordos bilaterais. A presença de Políticas Públicas claras no campo do intercâmbio acadêmico permite o acesso a programas internacionais de Mobilidade Estudantil Internacional (MEI), de combate ao racismo cultural e de promoção de acessibilidades aos próprios Consulados que coordenam as relações Brasil-China. Com isso, propõe-se agilizar contratação de professores locais, facilitar retiradas de vistos e evitar burocracias em uma atividade tão oportuna como os Institutos Confúcio, inclusive com a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), órgão máximo de cooperação bilateral coordenado pelos respectivos vice-presidentes do Brasil e da China (Martinelli et al., 2022; Paulino, 2019Paulino, L. A. (2019). O papel dos Institutos Confúcio no Brasil durante o período de 2008-2018: a experiência do Instituto Confúcio na Unesp. Revista do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais, 2(2). https://ieei.unesp.br/index.php/IEEI_MundoeDesenvolvimento/article/view/44
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).

Nessa perspectiva, este artigo aborda os seguintes temas principais: (1) Dados bibliométricos quantitativos sobre os termos “Mandarin” e “International Student Mobility”, por palavra-chave, por meio do software VOSviewer, na tentativa de mapear a literatura a respeito do tema. Esses dados representam Indicadores Científicos sobre o tema no mundo e orientam a pesquisa qualitativa sobre o conteúdo dos artigos relacionados ao tema; (2) Dados sobre os Institutos Confúcio no mundo; (3) Dados sobre os IC do Brasil – com especial atenção aos da Universidade Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) –, fruto de um estudo de caso com entrevistas e análise documental. A título de considerações finais, será apresentada uma série de questões – referentes ao universo da MEI em relação ao caso dos IC no Brasil – que precisam ser enfrentadas por especialistas e pelos IC; e algumas possíveis soluções e desafios relacionados à sua gestão no Brasil – e também a possíveis trabalhos futuros.

Entre as contribuições deste artigo, podem-se destacar: (Primeiro): este é o resultado de uma Dissertação de Mestrado realizada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que contou com uma revisão de literatura feita de forma digital e não digital, muitas vezes por indicação dos atores da pesquisa de campo, além de uma análise de documentos sugeridos pelos atores da pesquisa. (Segundo): este é um tema inédito e recente da área de Mobilidade Internacional, que pode contribuir não somente para as atividades de extensão das universidades brasileiras, mas também para o aperfeiçoamento das relações diplomáticas entre Brasil e China e para os projetos de extensão universitária com enfoque interdisciplinar com foco na América Latina (Martinelli et al., 2022Martinelli, M., Andrade, T. H. N., & Furnival, A. C. M. (2022). Os intercâmbios acadêmicos entre Brasil e China: o caso dos Institutos Confúcio no Brasil. Research, Society and Development, 11(7), 4511729635. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29635
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). (Terceiro): em nível metodológico, utilizou-se uma perspectiva qualitativa mas também quantitativa para estudos interdisciplinares, que pode contribuir para estudos futuros especialmente da área de Ciência, Tecnologia e Sociedade (STS). (Quarto): ainda em nível metodológico, este artigo é resultado do cruzamento de um levantamento na Base de Dados Scopus, por meio do uso do software VOSviewer, com entrevistas semiestruturadas (Bernard, 2006Bernard, H. R. (2017). Research methods in anthropology: Qualitative and quantitative approaches. Rowman & Littlefield.) e análise de conteúdo dos artigos (Bardin, 2016Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo: edição revista e ampliada. Edições 70.), o que resulta em uma análise metanarrativa (Greenhalgh, 2022Greenhalgh, T. (2022). Meta-Narrative mapping: A new approach to the systematic review of complex evidence. Narrative Research in Health and Illness, 349-381. https://doi.org/10.1002/9780470755167.ch21
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; Greenhalgh et al., 2005Greenhalgh, T., Robert, G., Macfarlane, F., Bate, P., Kyriakidou, O., & Peacock, R. (2005). Storylines of research in diffusion of innovation: A meta-narrative approach to systematic review. Social Science & Medicine, 61(2), 417-430. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2004.12.001
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; Wong et al., 2013Wong, G., Greenhalgh, T., Westhorp, G., Buckingham, J., & Pawson, R. (2013). RAMESES publication standards: meta-narrative reviews. BMC Medicine, 11, 20. https://doi.org/10.1186/1741-7015-11-20
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), ou seja, sistemática e de análise de conteúdo (quali-quanti) da literatura abordada. (Quinto): este artigo pretende preencher um gap de literatura; observar o tema de forma caso a caso, a partir dos principais casos brasileiros (Unesp e Unicamp), de maneira microfísica; e, ao mesmo tempo, conectar esses dados com a literatura internacional sobre Institutos Confúcio e MEI em nível macro.

2. Métodos

Esta pesquisa partiu da seguinte indagação: como a MEI, por meio dos IC, contribuiu para o desempenho das universidades públicas brasileiras? Dentro disso, neste estudo, realizou-se uma análise multinível (focando nos níveis micro e macro), entrelaçando análises qualitativas e quantitativas, com uma utilização de métodos mistos. Assim, os fenômenos foram observados em um nível macro, por meio de padrões estruturais e tendências de grande escala, reunindo elementos de Economia e Relações Internacionais; mas também em nível micro, com o estudo de caso dos IC da Unesp e da Unicamp, mediante entrevistas semiestruturadas e análise documental nos websites das instituições entre os anos de 2018 e 2022. Focou-se na definição do conceito, na descrição de características e na identificação de situações em que a combinação de técnicas fosse analiticamente desejável, a partir do material disponibilizado pelos autores nas entrevistas semiestruturadas, que orientaram essa busca empírico-teórica.

As principais recomendações da literatura foram consideradas, e exemplos de situações concretas foram usados ​​para ilustrar o modo como a triangulação de técnicas pode ser usada. Realizaram-se pesquisas bibliográficas e bibliométricas – o que permitiu compreender melhor os intercâmbios acadêmicos – por meio da busca de resultados com uso de palavras-chave para essa abordagem quantitativa entre os anos de 2018 e 2023. Focou-se não só no número de artigos publicados por ano sobre o assunto e na busca de nichos teóricos que se encaixassem nas palavras-chave selecionadas (Faria et al., 2011Faria, L. I. L. et al. (2011). Análise da produção científica a partir de publicações em periódicos especializados. In Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo 2010. FAPESP. https://bv.fapesp.br/pt/73/estatisticas/
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; Martinelli et al., 2022Martinelli, M., Andrade, T. H. N., & Furnival, A. C. M. (2022). Os intercâmbios acadêmicos entre Brasil e China: o caso dos Institutos Confúcio no Brasil. Research, Society and Development, 11(7), 4511729635. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29635
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; Pritchard, 1969Pritchard, A. (1969). Statistical bibliography or bibliometrics? Journal of Documentation, 25(4), 348-349.), mas também na análise de conteúdo de alguns deles (Bardin, 2016Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo: edição revista e ampliada. Edições 70.). As entrevistas foram semiestruturadas (Bernard, 2006) e utilizadas como um norte para a composição da revisão de literatura – utilizou-se ainda o material disponibilizado pelos atores da pesquisa.

Nessa perspectiva, Denzin (1970, 2011) afirmou que a combinação de diferentes teorias, métodos e fontes de dados podia ajudar a superar os vieses natural ou humanista que afetavam estudos com abordagens de método único; e que parecia que a abordagem de métodos mistos era e continua sendo, de fato, o destino das Ciências Sociais e dos estudos interdisciplinares, como também apontou Ostrom (2011)Ostrom, E. (2011). Background on the Institutional Analysis and Development Framework. Policy Studies Journal, 39(1), 7-27. https://doi.org/10.1111/j.1541-0072.2010.00394.x
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. Portanto, realidades complexas exigem métodos e perspectivas sistêmicas que precisam ir além dos padrões binários para serem tratados de forma heterogênea, a partir de realidades assimétricas, como é o caso do Brasil e de países em desenvolvimento. Visões que combinam perspectivas micro, meso e macrofísicas são necessárias para serem capazes de responder às questões que se destacam.

Assim, propõe-se uma abordagem metanarrativa (Greenhalgh, 2022Greenhalgh, T. (2022). Meta-Narrative mapping: A new approach to the systematic review of complex evidence. Narrative Research in Health and Illness, 349-381. https://doi.org/10.1002/9780470755167.ch21
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; Greenhalgh et al., 2005Greenhalgh, T., Robert, G., Macfarlane, F., Bate, P., Kyriakidou, O., & Peacock, R. (2005). Storylines of research in diffusion of innovation: A meta-narrative approach to systematic review. Social Science & Medicine, 61(2), 417-430. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2004.12.001
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; Wong et al., 2013Wong, G., Greenhalgh, T., Westhorp, G., Buckingham, J., & Pawson, R. (2013). RAMESES publication standards: meta-narrative reviews. BMC Medicine, 11, 20. https://doi.org/10.1186/1741-7015-11-20
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), que une pesquisas sistemáticas quantitativas com pesquisas narrativas sobre o conteúdo (Bardin, 2016Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo: edição revista e ampliada. Edições 70.) desses artigos encontrados nas bases de dados da pesquisa quantitativa. É uma metodologia bastante utilizada em áreas interdisciplinares, de artigos de revisão; e, também, com pesquisa de campo exploratória. O método metanarrativo tem sido utilizado sob a perspectiva de estudos da área da saúde dando amplitude à discussão (Day et al., 2020Day, G., Robert, G., & Rafferty, A. M. (2020). Gratitude in health care: A meta-narrative review. Qualitative health research, 30(14), 2303-2315.; Garvin & Eylis, 1997; Greenhalgh, 2022Greenhalgh, T. (2022). Meta-Narrative mapping: A new approach to the systematic review of complex evidence. Narrative Research in Health and Illness, 349-381. https://doi.org/10.1002/9780470755167.ch21
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; Greenhalgh et al., 2005Greenhalgh, T., Robert, G., Macfarlane, F., Bate, P., Kyriakidou, O., & Peacock, R. (2005). Storylines of research in diffusion of innovation: A meta-narrative approach to systematic review. Social Science & Medicine, 61(2), 417-430. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2004.12.001
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; Jenkins et al., 2018Jenkins, J. A., Pontefract, S. K., Cresswell, K., Williams, R., Sheikh, A., & Coleman, J. J. (2018). Antimicrobial stewardship using electronic prescribing systems in hospital settings: A scoping review of interventions and outcome measures. JAC Antimicrob Resist, 1-12. https://doi.org/10.1093/jacamr/dlac063
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; Sinclair et al., 2017Sinclair, S., Raffin-Bouchal, S., Venturato, L., Mijovic-Kondejewski, J., & Smith-MacDonald, L. (2017). Compassion fatigue: A meta-narrative review of the healthcare literature. International Journal of Nursing Studies, 69, 9-24.; Vanderloo, 2014Vanderloo, L. M. (2014). Screen-viewing among preschoolers in childcare: A systematic review. BMC Pediatrics, 14(1), 205. https://doi.org/10.1186/1471-2431-14-205
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; Wong et al., 2013Wong, G., Greenhalgh, T., Westhorp, G., Buckingham, J., & Pawson, R. (2013). RAMESES publication standards: meta-narrative reviews. BMC Medicine, 11, 20. https://doi.org/10.1186/1741-7015-11-20
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), bem como em diferentes áreas do conhecimento, como estudos ambientais (Face-Butler et al., 2022), estudos de alfabetização na cultura chinesa (Li et al., 2022Li, M. H., Whitehead, M., Green, N., Ren, H., Cheng, C. F., Lin, L. L. C., ... Sum, R. K. W. (2022). Operationally defining physical literacy in Chinese culture: Results of a meta-narrative synthesis and the Panel's recommendations. Journal of Exercise Science & Fitness, 20(3), 236-248.) e estudos de sustentabilidade e governança global (Billi, 2022Billi, M. (2022). Sustainability as a meta-narrative: The semantics of global governance? A systems-theoretical and concept-historical analysis. Economía y Política, 9(2), 137-169.).

Além disso, foi feito um estudo de caso abrangendo dois objetos: o IC da Unesp e o IC da Unicamp, com realização de entrevistas semiestruturadas, análise dos websites e observação do fenômeno. Destacamos que a primeira autora deste artigo realizou dois anos de experiência no IC da Unicamp como aluna regular do Ensino de Mandarim Básico e, com isso, conseguiu inserir-se no caso e observar o fenômeno dos IC de perto. Foram realizadas dez entrevistas semiestruturadas, em que foram entrevistados seis intercambistas brasileiros que estudaram no Instituto Confúcio da Unesp ou da Unicamp e quatro autoridades sobre o assunto, entre elas os diretores dos IC de ambas as universidades.

3. Medidas quantitativas: revisão sistemática da literatura

3.1. Caracterização da amostra

(1.ª Etapa) Planejamento da Pesquisa – Partiu-se das seguintes questões: (i) como está a produção de artigos científicos na área de Mandarim em nível global?; e (ii) como está a produção de artigos científicos na área International Student Mobility em nível global?

(2.ª Etapa) Pesquisa em Banco de Dados – Foi consultada a base de dados Scopus – os resultados dessa busca estão destacados na Figura 1.

Figura 1
Resultados da Scopus

(3.ª Etapa) Métodos de Pesquisa em Bases de Dados - Utilizou-se a análise por palavras-chave e o software VOSviewer.

(4.º passo) Resultados

(5.º passo) Análise dos Resultados

Essas etapas podem ser melhor resumidas pelo esquema mostrado na Figura 2.

Figura 2
Figura da busca bibliométrica

3.2. Os gráficos em forma de clusters

Nesta etapa, optou-se por trazer primeiramente os resultados matemático-estatísticos e, posteriormente, as reflexões interpretativas sobre os gráficos. O artigo selecionou dois campos de palavras-chave: “Mandarin” e “International Student Mobility”. Os gráficos para Institutos Confúcio encontram-se em Martinelli et al. (2022)Martinelli, M., Andrade, T. H. N., & Furnival, A. C. M. (2022). Os intercâmbios acadêmicos entre Brasil e China: o caso dos Institutos Confúcio no Brasil. Research, Society and Development, 11(7), 4511729635. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29635
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. O Gráfico 1, a seguir, mostra os indicadores científicos em torno da palavra-chave “Mandarin”.

Gráfico 1
Indicadores Científicos em torno da palavra-chave “Mandarin”

O termo selecionado “Mandarin” está em relação direta com o termo “Language”, que, por sua vez, está em relação com o termo “Learning”, o que leva a crer que o termo “Mandarin” mantém relação com a área do Aprendizado, mas também com o desenvolvimento da linguagem e com a comunicação (“Communication”). Por outro lado, o termo “Chinese” está diante de termos como “Cultural Factor” e “Executive Function”, o que implica pensar que o interesse pelo idioma chinês tem a ver com o desenvolvimento de habilidades culturais e empresariais, inclusive porque “Problem Solving” é uma habilidade típica de áreas administrativas. Entende-se que o estudante opta por viajar para se tornar bilíngue (“Bilinguals”) e, mais do que isso, multilíngue (“Multilinguism”), para enriquecer seu desempenho acadêmico (“Academic Achievement”) e se desenvolver profissionalmente, em busca de uma gramática própria (“Speech Production”), para aprimorar sua capacidade de tomar decisões (“Decision Making”) e vislumbrar um paradigma mundializado (“Visual World Paradigm”). O Gráfico 2 apresenta os Indicadores Científicos em torno da palavra-chave “International Student Mobility”.

Gráfico 2
Indicadores Científicos em torno da palavra-chave “International Student Mobility”

O termo selecionado “Mobilidade Estudantil Internacional”, além de estar atrelado aos termos “Higher Education” e “Academic Mobility”, está atrelado ao termo “International Migration”, o que reforça que a Mobilidade Internacional possibilita a migração e, por causa da evidência do termo “Employability”, pode levar a uma maior empregabilidade por parte dos cidadãos em situação de intercâmbio. Assim, pode haver redução do preconceito contra essa comunidade internacional à medida que essas pessoas conseguem algum tipo de empregabilidade. Por outro lado, destaca-se o termo “Elite Schools”, juntamente com “Integration”, o que significa que mesmo que haja uma predominância das elites culturais na MEI, elas acabam por precisar se integrar com as classes minoritárias em situação de intercâmbio, e isso pode ser algo natural do processo de globalização e internacionalização das culturas. Afinal, tal como aponta o termo “Belonging”, o sentimento de pertencimento é algo bastante acentuado e une fronteiras educacionais e democráticas. Além disso, a “Cultural Identity” é marcada pelo entrelaçamento entre as diferenças e pelos laços fortes de identidade cultural, o que os Intercâmbios Acadêmicos vêm reforçar de maneira incisiva diante da experiência com o convívio entre as diferenças, sejam esses estudantes de classes elíticas ou não. O sentido do sentimento de pertencimento de integração quando se está no exterior é muito sobressalente, mesmo que cada um parta de seu próprio “background familiar”.

Outro tema que se sobressai é o da Sustentabilidade, atrelado ao termo da Governança. Conforme os presentes autores constataram em outro artigo (Martinelli et al., 2022Martinelli, M., Andrade, T. H. N., & Furnival, A. C. M. (2022). Os intercâmbios acadêmicos entre Brasil e China: o caso dos Institutos Confúcio no Brasil. Research, Society and Development, 11(7), 4511729635. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29635
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), houve uma explosão de artigos a partir de 2013 por conta da ascensão da temática ambiental na China devido a uma preocupação muito forte com as emissões de gás carbônico, o que foi dar origem ao Acordo de Paris em 2015, com a emergência da problemática ambiental. A partir disso, o tema da Sustentabilidade tomou formas consagradas e a MEI se viu diante de problemas como os da emergência climática e os problemas de proteção à biodiversidade e preservação da biosfera e de florestas como a Amazônica. Esse é um tema recorrente do momento, e até mesmo as provas de proficiência contam com esses assuntos em suas dinâmicas pedagógicas. O tema remete a questões de governança e aos temas ligados à democracia e suas formas de gestão de Políticas de Governança Climática, inclusive quando ligadas às diretrizes dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

4. Discussão: medidas qualitativas

4.1. Os Institutos Confúcio no mundo

O primeiro IC do mundo foi inaugurado em junho de 2004 como um instituto piloto em Tashkent, Uzbequistão. Entretanto – como sendo parte do plano de governo chinês de usar a cultura e a linguagem para desenvolver relações amigáveis com outras nações –, o primeiro IC oficial foi inaugurado em Seul na República da Coréia do Sul em 21 de novembro de 2004 e modelado a partir das experiências europeias, tais como as instituições British Council e Alliance Française.

O Instituto Confúcio (chinês simplificado: 孔子学院; chinês tradicional: 孔子學院) – cujos objetivos são promover a língua e a cultura da China; dar apoio ao ensino da língua chinesa; e facilitar o intercâmbio cultural em todo o mundo por meio da associação dos IC – está vinculado ao Ministério da Educação da República Popular da China. Sua sede encontra-se em Pequim. O nome do Instituto dá-se em homenagem ao notável pensador chinês, Confúcio, e é resultado das relações comerciais entre ambos os países, iniciadas em 2002, que extrapolou para relações de ensino e pesquisa, conforme informou participante P1 em entrevista em 2018.

O programa Instituto Confúcio começou em 2004, e as unidades operam em cooperação com faculdades e universidades em todo o mundo. O financiamento é compartilhado entre a Hanban – órgão chinês responsável por administrar os IC no mundo – e as instituições de acolhimento. Há também um programa dedicado ao fornecimento de professores e materiais de instrução para escolas secundárias. Muitos países lusófonos firmaram contrato com o programa Instituto Confúcio. Em Portugal, há Institutos Confúcio instalados nas seguintes instituições de Ensino Superior: Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra, Universidade do Minho, Universidade do Algarve, Universidade de Aveiro, Instituto Politécnico de Viseu, Instituto Politécnico de Castelo Branco e Instituto Politécnico de Leiria. Há também a parceria para suporte do ensino do idioma chinês em algumas escolas secundárias públicas de Portugal (Kwan, 2013Kwan, Y. W. C. (2013). Understanding Canadian-Chinese university partnerships through the confucius institute. University of Toronto.).

Desse modo, os IC são organizações sem fins lucrativos com base nos seguintes serviços essenciais:

  • Ensinar a língua chinesa.

  • Treinar instrutores capazes de ensinar língua chinesa.

  • Fornecer recursos para o ensino sobre língua chinesa.

  • Administrar testes de proficiência chinesa como Hanyu Shuiping Kaoshi (HSK e HSKK).

  • Prestar serviços de informação e consultoria relacionados com educação, cultura e outras áreas.

  • Conduzir atividades de intercâmbio linguístico e cultural entre China e outros países.

A proposta principal dos IC é promover a Educação da língua chinesa em todo o mundo; melhorar os intercâmbios culturais e educacionais; e fomentar a cooperação com outros países, de modo a fortalecer o multiculturalismo e em busca de criar um mundo em harmonia com as diferenças. Segundo site do IC da Unicamp (https://www.institutoconfucio.unicamp.br/), o HSK é o exame oficial de proficiência em chinês para medir a habilidade dos alunos em se comunicar na língua chinesa em seu dia a dia, no meio acadêmico e também no campo profissional. Os dois primeiros níveis do HSK avaliam a habilidade de compreensão de leitura e auditiva, enquanto os demais níveis avaliam também a habilidade escrita. Já o HSKK é o teste oral que avalia em níveis básico, intermediário e avançado os conhecimentos de estudantes de chinês. Esses exames, segundo o site, são reconhecidos pelo governo chinês, pelas empresas e pelas universidades do país. Sendo assim, a aprovação no exame é um pré-requisito para quem for se candidatar a bolsas de estudo ou vagas de emprego na China.

Do ponto de vista geopolítico, a discussão é se a China e os Estados Unidos da América (EUA) estabeleceram instituições culturais de forma mútua, por meio das implementações dos Institutos Confúcio, da mesma forma que o Centro Cultural Americano. Embora os Institutos Confúcio e os Centros Culturais Americanos difiram em termos de formação e gestão institucional, segundo seus colegas, eles cumprem o papel da diplomacia pública quase como uma agência quase diplomática que atrai uma ampla gama de atividades culturais. Segundo Lien e Tang (2022)Lien, D., & Tang, P. (2022). Let's play tic-tac-toe: Confucius Institutes versus American Cultural Centres. Economic and Political Studies Journal, 10(2), 129-154. https://doi.org/10.1080/20954816.2021.1920194
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, a estagnação dos centros culturais americanos na China e a crise dos Institutos Confúcio nos Estados Unidos têm a mesma fonte: a pressão política. Assim, as trajetórias de desenvolvimento de ambas as instituições estão intimamente relacionadas ao desenvolvimento e mudança das relações políticas sino-americanas, tal como nas perspectivas com as relações Brasil-China (Lien & Tang, 2022Lien, D., & Tang, P. (2022). Let's play tic-tac-toe: Confucius Institutes versus American Cultural Centres. Economic and Political Studies Journal, 10(2), 129-154. https://doi.org/10.1080/20954816.2021.1920194
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).

Nesse processo, a atitude da China é relativamente moderada para manter o desenvolvimento contínuo de relações bilaterais amistosas, enquanto os Estados Unidos estão preocupados com a ascensão da China como seu rival econômico e estratégico, o que mudará a política chinesa e imporá rígidos controles políticos. Nesse sentido, a disputa comercial sino-americana e o impacto da pandemia de Covid-19 pioraram ainda mais as relações entre a China e os EUA – segundo os autores, as perspectivas futuras dos Institutos Confúcio nos Estados Unidos são preocupantes. No entanto, devido a muitas incertezas, o futuro do Instituto Confúcio ainda precisa ser explorado (Lien & Tang, 2022Lien, D., & Tang, P. (2022). Let's play tic-tac-toe: Confucius Institutes versus American Cultural Centres. Economic and Political Studies Journal, 10(2), 129-154. https://doi.org/10.1080/20954816.2021.1920194
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).

Por outro lado, a literatura chinesa sobre o tema desenvolveu um conceito denominado National Image Building (NIB), que consiste nos esforços do país emissor para melhorar as impressões e atitudes em relação a ele no país receptor. A expectativa do emissor do NIB é uma recepção mais calorosa de pessoas, produtos e investimentos no país anfitrião. Independentemente do tamanho ou poder do país, o NIB tornou-se comum em todo o mundo, mas até agora não há consenso sobre sua eficácia. Segundo Hu et al. (2022)Hu, Y., Sun, Y., & Lien, D. (2022). the resistance and resilience of national image building: An empirical analysis of Confucius Institute Closures in the USA. The Chinese Journal of International Politics, 15(2), 209-226. https://doi.org/10.1093/cjip/poac010
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, existe uma vasta literatura de certo modo já consolidada sobre estratégias e meios para fornecer NIB, como por meio de investimentos estrangeiros, criação de indústrias culturais transfronteiriças e envolvimento em comunicação internacional, entre outros. Mas até que ponto e de que maneira esses esforços funcionam ainda é pouco pesquisado. O que parece evidente é que o NIB é uma forma de resiliência ao controle político-militar dos EUA.

Nesse sentido, a maioria dos artigos mais recentes sobre os IC no mundo vão apontar na direção das implicações do fechamento dos IC para a reputação da China. À luz da literatura do NIB, é provável que se manifestem em dois aspectos: (i) a promoção do intercâmbio econômico; e (ii) o atingimento de uma parcela da população maior que a acadêmica, integrando toda a comunidade interessada no aprendizado do Mandarim (Martinelli et al., 2022Martinelli, M., Andrade, T. H. N., & Furnival, A. C. M. (2022). Os intercâmbios acadêmicos entre Brasil e China: o caso dos Institutos Confúcio no Brasil. Research, Society and Development, 11(7), 4511729635. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29635
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). Sobre a imagem da China, o efeito shutdown e o efeito ice cream referem-se ao impacto negativo de um encerramento de IC diante da reputação da China entre os cidadãos dos EUA, bem como de todos os países anfitriões. O shutdown fecha, enquanto o ice cream penetra pelo seu poder suave e resiste inabalável como a força de uma criança (Hu et al., 2022Hu, Y., Sun, Y., & Lien, D. (2022). the resistance and resilience of national image building: An empirical analysis of Confucius Institute Closures in the USA. The Chinese Journal of International Politics, 15(2), 209-226. https://doi.org/10.1093/cjip/poac010
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).

Os Estados Unidos são reconhecidos como o símbolo da antítese à China e ao governo chinês. O governo chinês também reconheceu o papel das instituições de crédito em sua estratégia de construção de soft power. Entretanto, como resultado, quase todo fechamento dos IC gerou debates públicos sobre a relação entre a China e ambos os países. Curiosamente, as declarações das universidades sobre o fechamento dos IC geralmente não são politicamente conectadas ou negativas. O próprio fechamento dos IC acabou por enviar um sinal negativo, criando uma tendência na mídia americana de associar o fechamento do IC a propaganda política, espionagem técnica e financeira e preocupações com a liberdade acadêmica. Esse raciocínio usa o fechamento dos IC para validar o comportamento supostamente censurável da China, manchando assim a imagem desse país. Essa é uma problemática em questão nos dias de hoje, tal como apontam os autores Hu et al. (2022)Hu, Y., Sun, Y., & Lien, D. (2022). the resistance and resilience of national image building: An empirical analysis of Confucius Institute Closures in the USA. The Chinese Journal of International Politics, 15(2), 209-226. https://doi.org/10.1093/cjip/poac010
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. Os IC precisam resistir e mostrar sua possibilidade de ajudar no desenvolvimento multilíngue e multilateral das universidades públicas brasileiras e estrangeiras. Afinal, o soft power pode muito bem acontecer de forma inversa. O que parece ocorrer é que os Estados Unidos utilizam as disputas geopolíticas e seus interesses comerciais como pano de fundo para ancorar suas críticas aos IC.

Há artigos que vão investigar as experiências interculturais vividas pelos professores do Instituto Confúcio durante a tríplice crise, ou seja: crise de hegemonia, crise de legitimidade e crise institucional, segundo Santos (2021)Santos, B. de S. (2021). O futuro começa agora: da pandemia à utopia. Boitempo., mas também na crise entre Brasil-EUA-China a partir do governo de Donald Trump em 2017. A pandemia, a hostilidade aos IC e o racismo desenfreado levaram ao fechamento de muitos Institutos e fizeram os professores da língua chinesa retornarem para a China (Lu & Hua, 2022Lu, X., & Hua, Z. (2022). Teacher resilience and triple crises: Confucius Institute teachers’ lived experiences during the Covid-19 pandemic. Applied Linguistics Review.), como contou também participante P2 em entrevista em 2018. Assim, o NIB, bem como a atitude de muitos professores, corrobora uma atitude de resiliência importante para a manutenção das relações sino-americanas. Além disso, manter a imagem da China e fortalecer os laços com o Brasil são formas de se contrapor à hegemonia institucional e militar de alianças políticas mais conservadoras dos EUA.

Os dados demonstram o modo como a resiliência do professor, como um construto multifacetado e dinâmico, oferece uma postura analítica de compreensão da maneira como os professores respondem à incerteza e imprevisibilidade em suas vidas profissionais. Ao compreender a experiência dos professores de IC durante as crises tríplices (Brasil-EUA-China), segundo Gu e Day (2013)Gu, Q., & Day, C. (2013). Challenges to teacher resilience: Conditions count. British Educational Research Journal, 39(1), 22-44. https://doi.org/10.1080/01411926.2011.623152
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, mostra-se pertinente uma coaprendizagem, o apoio mútuo e a solidariedade, capazes de desempenhar um papel significativo na capacitação da resiliência dos professores. Isso complementa a observação anterior sobre o papel das condições pessoais, relacionais e organizacionais na resiliência do professor. Vale pensar um pouco sobre o caso brasileiro.

4.2 Os Institutos Confúcio no Brasil

No Brasil, há Institutos Confúcio instalados em instituições públicas e privadas de Ensino Superior nas cinco regiões do País: Unesp, Unicamp, Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). Nos anos de 2018 e 2019, outros dois IC foram criados nos estados do Amazonas e do Maranhão, conhecidos como “Salas Instituto Confúcio da Unesp”, que significam na prática uma continuação do trabalho do IC da Unesp de São Paulo (Paulino, 2019Paulino, L. A. (2019). O papel dos Institutos Confúcio no Brasil durante o período de 2008-2018: a experiência do Instituto Confúcio na Unesp. Revista do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais, 2(2). https://ieei.unesp.br/index.php/IEEI_MundoeDesenvolvimento/article/view/44
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).

O primeiro IC criado no Brasil foi na Unesp em parceria com a Universidade de Hubei e foi inaugurado no dia 26 de novembro de 2008. Já o IC da Unicamp surgiu de uma parceria com a Universidade de Pequim em 23 de março de 2015. A criação dos IC no Brasil coloca-se como mostrado na Figura 3, apesar do fechamento de alguns e da transformação digital das atividades de Ensino da língua.

Figura 3
Linha do Tempo dos IC no Brasil

Nos dados do Instituto Confúcio da Unesp (Paulino, 2019Paulino, L. A. (2019). O papel dos Institutos Confúcio no Brasil durante o período de 2008-2018: a experiência do Instituto Confúcio na Unesp. Revista do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais, 2(2). https://ieei.unesp.br/index.php/IEEI_MundoeDesenvolvimento/article/view/44
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), destaca-se a distribuição dos alunos dos IC de São Paulo em relação às suas funções na comunidade acadêmica local. Afinal, grande parte dessa resiliência nos tempos de pandemia se deu certamente por meio de uma atitude local e de muitas esferas sociais. Os IC sofreram fortemente com a situação de pandemia, e isso pode ser visto no fato de o gráfico mostrado na Figura 3 não ter continuidade a partir de 2019. Por outro lado, destaca-se a importância da participação da comunidade local nos IC, conforme mostra o Gráfico 3, a seguir.

Gráfico 3
Distribuição percentual dos alunos do Instituto Confúcio da Unesp, segundo origem na comunidade (2019)

O Gráfico 3 abre uma gama de interpretações com relação ao modo como a comunidade ativa nos IC está se distribuindo. A maioria das pessoas que frequenta os IC é composta por estudantes da universidade anfitriã, como a Unesp ou a Unicamp. Mas há um número considerável de estudantes dos IC que é de origem da comunidade em que cada IC está alocado, comumente dentro de universidades. Isso não mudou muito até os tempos recentes. Nesse sentido, ao mesmo tempo, é importante olhar para a forma como os estudantes estão encontrando oportunidades para saírem do País com bolsa e qual a relação entre as suas áreas de atuação nas universidades e as oportunidades de financiamento para Intercâmbios Acadêmicos com a China, por exemplo.

A missão do Instituto Confúcio na Unesp é o ensino da língua chinesa, a divulgação da cultura e da história da China e o fortalecimento do intercâmbio cultural e acadêmico entre o Brasil e a China. De modo semelhante, a missão do Instituto Confúcio na Unicamp – fruto do convênio entre a Unicamp e a Sede do Instituto Confúcio na China (Hanban), em parceria com a Beijing Jiaotong University (BJTU) – é contribuir para a cooperação internacional entre os países, difundindo a língua chinesa e promovendo eventos culturais importantes para a comunidade acadêmica. Em ambas as universidades paulistas, os IC oferecem cursos de língua e cultura chinesa ministrados por profissionais – credenciados pela Hanban – altamente qualificados para lecionar mandarim como língua estrangeira. Também são ofertadas matérias com informações gerais sobre a China, com intuito de ampliar a comunicação e a cooperação entre os dois países em áreas como economia, comércio, cultura e tecnologia. Além disso, procuram parcerias com empresas chinesas locais para servir de ponte de comunicação entre a China e o Brasil, proporcionando oportunidades de emprego, pesquisas e bolsas.

Os IC localizados na Unesp e na Unicamp promovem eventos culturais para disseminar a cultura chinesa. Na Unesp, esses eventos tomam o formato de palestras na área de empreendedorismo na China, ao passo que na Unicamp o enfoque é uma agenda cultural mais intensa, com o Festival do Barco do Dragão, o Festival da Lua, a Comemoração do Dia Internacional do Instituto Confúcio, entre outros, com objetivo de trazer os costumes e hábitos do povo chinês à comunidade local. Promovem inclusive eventos que divulgam os estudos do grupo Brasil-China da Unicamp, minicursos na área e, também, mostras de cinema chinês.

Em termos de oportunidades de intercâmbio, o IC localizado na Unicamp oferece oportunidades de bolsa e experiência de trabalho em Beijing Jiatong, e oportunidades de participar no Summer Camp da Beijing Jiatong University. Já no IC na Unesp, os convênios de intercâmbios ficam chancelados pelas Santander Universidades, Universia Intercâmbios e Faculdades Integradas Rio Branco.

A Figura 4 apresenta a relação entre área de atuação, número de bolsas e quantidade de artigos publicados.

Figura 4
Relação entre área de atuação, número de bolsas e quantidade de artigos publicados

A Figura 4 tem como objetivo mostrar uma relação entre as áreas de atuação de estudantes de graduação, o número de bolsas incluindo as tradicionais – por exemplo: Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – e a quantidade de publicações por área de atuação. É uma forma de pensar se alunos com bolsa produzem mais e se isso tem relação com a área de atuação e as formas de financiamento em pesquisa.

Portanto, fica uma conclusão de que os estudantes de graduação com bolsa Fapesp ou com outros tipos de bolsas (Capes e CNPq) são os que mais saem do País. Além disso, as áreas de ciências biológicas, saúde, exatas e da terra e ciências agrárias são as que mais agregam bolsas de estudos e estão mais propensas a enviarem seus alunos para o exterior. Por outro lado, as áreas interdisciplinares têm um número alto de aquisição de bolsas Fapesp e uma probabilidade alta de terem seus bolsistas em intercâmbio acadêmico, o que não acontece com os bolsistas da área com outras formas de financiamento. Por fim, estudantes de ciências humanas, engenharias, linguística e letras e ciências humanas aplicadas têm a menor porcentagem tanto na produção de artigos científicos quanto na obtenção de bolsa, mas têm ainda a possibilidade de ir ao exterior e adquirir aquisição acadêmica por outras formas de financiamento.

De qualquer forma, os IC têm demonstrado a importância do Ensino no exterior como uma experiência de aprendizagem transformadora e pluralista. Segundo Fernández-Álvarez et al. (2022)Fernández-Álvarez, Ó., Li, Q., & Chen, C. (2022). Transformative Learning: Intercultural adaptation of chinese teachers at the Confucius Institute in Spain. Chinese Journal of Applied Linguistics, 45(2), 294-315. https://doi.org/10.1515/cjal-2022-0209
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, nos últimos anos, têm sido realizados muitos estudos – capazes de trazer efeitos extremamente benéficos para os alunos – que demonstram o valor do Ensino no exterior em relação tanto à formação de professores quanto ao desenvolvimento profissional no que diz respeito ao ensino e seus benefícios. Diversos aspectos diferentes foram investigados nesses estudos, como aprendizado transformativo e adaptação cultural dos professores de um IC da Espanha.

Driscoll et al. (2014)Driscoll, P., Rowe, J. E., & Thomaeet, M. (2014). The sustainable impact of a short comparative teaching placement abroad on primary school language teachers’ professional, linguistic and cultural skills. The Language Learning Journal, 42(3), 307-320. revelam o desenvolvimento da competência intercultural em uma experiência de aprendizagem transformadora na formação de professores que atuam no exterior, o que afeta sua socialização profissional, bem como os resultados de aumento da sua confiança como líderes e professores no processo de aprendizagem. Cushner (2007)Cushner, K. (2007). The role of experience in the making of Internationally-Minded Teachers. Teacher Education Quarterly. https://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ795140.pdf
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enfatiza a melhoria da comunicação intercultural e, além disso, a capacidade de se comunicar e colaborar efetivamente com pessoas cujas atitudes, valores, base de conhecimento e habilidades podem diferir significativamente das suas. Além disso, mostra o modo como a formação de professores com mentalidade internacional afeta os jovens nas escolas e, portanto, recomenda o envolvimento na comunicação e aprendizagem interpessoais e interculturais, gerando práticas multiculturais inovadoras.

Para tanto, a internacionalização tornou-se uma questão importante na avaliação do Ensino Superior tanto chinês quanto brasileiro, na busca para encontrar parceiros no exterior, como evidencia o fluxo de mão dupla de alunos e professores com experiência internacional. Além de expandir o alcance e a influência das universidades chinesas, o Instituto Confúcio oferece oportunidades valiosas para a formação de professores e desenvolvimento profissional com uma visão global. Spangler (2016)Spangler, J. (2016). Chinese education models in a global age: Myth or reality? In C., Chou & J. Spangler (Eds.), Chinese Education Models in a Global Age. Education in the Asia-Pacific Region: Issues, Concerns and Prospects. Springer. https://doi.org/10.1007/978-981-10-0330-1_24
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destacou muitos benefícios do ensino no exterior que devem incentivar mais professores a participar de programas do Instituto Confúcio ou outros programas internacionais que incluem mobilidade e experiência para aprimorar o profissionalismo.

Bodycott e Walker (2000)Bodycott, P., & Walker, A. (2000). Teaching abroad: Lessons learned about intercultural understanding for teachers in higher education. Teaching in Higher Education, 5(1), 79-94. realizam um estudo de caso em um ambiente universitário de Hong Kong e focam no contraste entre Oriente e Ocidente para abordar questões de linguagem e comunicação, distância social e cultural, além de estratégias de ensino adequadas a contextos interculturais. A conclusão deles é de que a compreensão intercultural deve estar presente nos programas de estudo e deve ser um objetivo e uma responsabilidade compartilhada de alunos e professores. Os estudos de caso são muito interessantes porque tornam a visão sobre o Ensino uma eterna busca por levar em consideração as diferenças culturais, o desejo (diferenciado) das populações, a diversidade na forma de recursos (naturais, humanos, financeiros) disponíveis; isto é, formas diferentes de produção de conhecimento, pois a ciência é culturalmente construída e situada e ela incorpora conhecimentos locais ao lado de universais, em uma espécie de dança entre as realidades microfísica e macrofísica.

Ressalta-se a importância de práticas colaborativas e gestões adaptativas de Políticas e Programas, que gerem senso crítico e maturidade a partir da ampliação de conhecimento e cultura dos estudantes e os preparem como cidadãos para as atividades que venham a desenvolver futuramente. Além disso, os IC podem atuar de maneira mais incisiva na formação da língua chinesa com caráter interdisciplinar com foco nas mais diversas áreas do conhecimento, já que eles são capazes de abrigar as mais diversas áreas do conhecimento e têm grande potencial para efetivar a interdisciplinaridade em sua prática pedagógica. É importante, portanto, compreender a questão dos Institutos Confúcio enquanto agenda de extensão universitária capaz de promover a Inclusão Social, o foco interdisciplinar e o multilateralismo (Pereira et al., 2015Pereira, G., Aidar, S., & Rosalem, V. (2021). Uma visão geral sobre liderança: conceitos, evolução das teorias e liderança 4.0. Enciclopedia Biosfera, 18(37). http://www.conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/5341
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).

Por outro lado, finalmente, o gap de literatura que este trabalho pretendeu preencher foi observar o tema de forma caso a caso, entre os principais casos brasileiros, de maneira microfísica, conectando esses dados com a literatura internacional sobre Institutos Confúcio e MEI em nível macro. A intenção foi precisamente interligar os documentos e as entrevistas abordados e indicados pela empiria à discussão sobre o tema da MEI com foco específico nos debates sobre os Institutos Confúcio no mundo. Portanto, diante dessa nova configuração política brasileira, são pertinentes possíveis reconfigurações das relações Brasil-China e novos desdobramentos de extensões universitárias com foco nos Institutos Confúcio. Pode haver mais abertura para essas iniciativas, bem como estímulos educacionais, dada a possível abertura econômica entre ambos os países. Mostram-se pertinentes ainda possíveis correlações entre as práticas dos IC e os Programas de Internacionalização como Ciências Sem Fronteiras, Capes-Print, CNPq e Fapesp, pois as agências de fomento terão mais oportunidades de ampliação dos estudantes com número de bolsas, o que impacta o ranking das universidades brasileiras e aprimora o Ensino Superior de um modo geral. Mais do que melhorar a imagem da China, tal como aponta a literatura internacional, os IC são uma forma intrínseca de melhorar a qualidade de vida dos estudantes universitários e da comunidade que os frequenta, abrindo novos horizontes educacionais e de networking rumo à Internacionalização.

5. Conclusões

O modelo de funcionamento dos Institutos Confúcio, que se baseia na cooperação de duas universidades, uma local e outra chinesa – a universidade local administra o Instituto Confúcio; e a universidade chinesa envia professores e cuida da parte pedagógica –, oferece inúmeras vantagens. No entanto, esse modelo também cria algumas dificuldades para o funcionamento dos Institutos Confúcio no Brasil e em toda a América Latina, principalmente quando as universidades locais são universidades públicas filiadas ao governo federal ou aos governos estaduais. Esses desafios são relacionados à situação econômica do Brasil; e estruturais, relacionados às regras de trabalho das universidades públicas brasileiras (tanto federais quanto estaduais) e à legislação brasileira em geral, o que interfere diretamente nas relações de cooperação Brasil-China (Paulino, 2019Paulino, L. A. (2019). O papel dos Institutos Confúcio no Brasil durante o período de 2008-2018: a experiência do Instituto Confúcio na Unesp. Revista do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais, 2(2). https://ieei.unesp.br/index.php/IEEI_MundoeDesenvolvimento/article/view/44
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).

Portanto, o tema dos Institutos Confúcio deve ser aprofundado, inclusive por meio de abordagens antropológicas que estudem a fundo o funcionamento dos IC, para a formulação de novas Políticas Públicas com base em dados empíricos mais específicos sobre o modo como pensam e agem esses Institutos. Nesse sentido, a dinâmica de promoção da ciência e tecnologia, e sobretudo da interdisciplinaridade, tem forte impacto econômico e cultural. As universidades e todo o País se beneficiam oportunamente dessas iniciativas. Além disso, os Institutos Confúcio são uma forma muito importante de extensão universitária para aprimoramento do perfil do aluno e uma possibilidade real de ampliar o currículo por meio desses mecanismos de mobilidade estudantil internacional. Vale também um estudo mais profundo sobre essa forma de atividade estudantil diante de uma bibliografia específica sobre extensão universitária. Reconhecendo as fragilidades deste trabalho, especialmente quanto à falta de uma pesquisa empírica robusta e de maior inserção antropológica, histórica e demográfica, aponta-se na direção de estudos que mapeiem a arena dos IC de maneira qualitativa, profunda e atenta aos desafios das gestões brasileira e chinesa.

Por fim, além das contribuições destacadas na discussão aqui proposta, mostra-se pertinente pensar em novas relações da Mobilidade Internacional dos Professores em si, no caso, de Mandarim. Afinal, é preciso não só aprimorar os desafios e as oportunidades dos alunos das universidades anfitriãs, mostram-se também necessários Programas de Mobilidade dos próprios professores – uns que, de um lado, vêm para o Brasil ensinar a língua estrangeira chinesa; e outros que, de outro lado, precisam sair do Brasil para aperfeiçoar sua dinâmica pedagógica e linguística. Afinal, como apontam algumas fontes, sem os professores, a internacionalização dos estudantes jamais seria possível (Postiglione, 2022Postiglione, G. A. (2022, Abril). Sino-US Relations and the Academic Research Enterprise: Strategic Competition versus a Convergence of Mutual Interests. American Journal of Chinese Studies, 29(1), 19-32.).

Reconhecimentos

Os autores gostariam de agradecer à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ao Instituto Confúcio da Unicamp e ao Instituto Confúcio da Unesp pelo apoio educacional e institucional a esta pesquisa. Além disso, agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que tem financiado esta pesquisa desde 2018.

  • Apoio e financiamento:

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
  • Revisão textual:

    Normalização bibliográfica (APA 7ª Ed.), preparação e revisão textual em português: Andréa de Freitas Ianni andreaianni1@gmail.com Versão para língua inglesa: Marina Martinelli 7marinamartinelli7@gmail.com e Ariadne Chloe Mary Furnival chloe@ufscar.br Preparação e revisão textual em inglês: Viviane Ramos vivianeramos@gmail.com

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Editado por

Editores responsáveis:

Editor Associado responsável: Wivian Weller https://orcid.org/0000-0003-1450-2004
Editor Chefe responsável: Silvio Gallo https://orcid.org/0000-0003-2221-5160

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    14 Fev 2023
  • Revisado
    07 Nov 2023
  • Aceito
    11 Jan 2024
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