RESUMO:
A lesão renal aguda (IRA) é uma síndrome complexa, associada à progressão desfavorável, especialmente em cães na unidade de terapia intensiva (UTI) e apresenta alta morbidade e mortalidade. O diagnóstico de IRA requer combinação de testes laboratoriais, como a creatinina sérica e ureia, considerados pouco sensíveis e específicos para a detecção precoce de graus discretos durante a perda de função renal. O biomarcador cistatina C é considerado superior por apresentar uma melhor correlação com a taxa de filtração glomerular. No entanto, existem poucos estudos que demonstram a utilidade da cistatina C em cães na UTI. O objetivo deste estudo foi comparar a cistatina C com o nível sérico de creatinina para detectar o estágio inicial da IRA em cães em terapia intensiva. As dosagens desses analitos foram realizadas no momento da admissão, 24 e 48 horas após. A cistatina C apresentou concentrações mais elevadas em 78,6%, enquanto a creatinina sérica aumentou apenas em 28,5% dos cães. Os resultados demonstraram que a cistatina C pode ser utilizada para a detecção precoce de lesão renal aguda em cães de UTIs devido à sua maior sensibilidade em relação aos marcadores tradicionais.
TERMOS DE INDEXAÇÃO:
Cistatina C; UTI; lesão renal aguda; creatinina; caninos; clínica
ABSTRACT:
Acute kidney injury (AKI) is a complex syndrome, associated with unfavorable progression, especially in dogs in the intensive care unit (ICU), and presents high morbidity and mortality. The diagnosis of AKI requires a combination of laboratory tests, such as serum creatinine and urea, considered to be poorly sensitive and specific for the early detection of discrete degrees during loss of renal function. The biomarker cystatin C is considered superior because it has a better correlation with the glomerular filtration rate. However, there are few studies that demonstrate the utility of cystatin C in dogs in ICU. The objective of this study was to compare cystatin C to creatinine serum level to detect early stage of AKI in dogs in an intensive care. Measurements of these analytes were performed at the time of admission, 24 and 48 hours after. Serum cystatin C presented higher concentrations in 78.6% while serum creatinina elevated in only 28.5% of the dogs. The results demonstrated that cystatin C can be used for the early detection of acute kidney injury in dogs in ICUs because of its greater sensitivity compared to traditional markers.
INDEX TERMS:
Cystatin C; UTI; acute kidney injury; creatinine; dogs; clinics
Introdução
A injúria renal aguda (IRA) é uma doença multifatorial, extremamente frequente em unidades de terapia intensiva (UTI), que complica várias condições clínico-cirúrgicas, além de estar associada à elevada taxa de morbimortalidade (Costa et al. 2003Costa J.A.C., Vieira-Neto O.M. & Moysés Neto M. 2003. Insuficiência renal aguda. Medicina, Ribeirão Preto, 36:307-324., Nunes et al. 2010Nunes T.F., Brunetta D.M., Leal C.M., Pisi P.C.B. & Roriz-Filho J.S. 2010. Insuficiência renal aguda. Med. 43(3):272-282. <http://dx.doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v43i3p272-282>
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, Mehta et al. 2011Mehta R.L., Bouchard J., Soroko S.B., Ikizler T.A., Paganini E.P., Chertow G.M. & Himmelfarb J. 2011. Sepsis as a cause and consequence of acute kidney injury: program to improve care in acute renal disease. Int. Care Med. 37(2):241-250. <http://dx.doi.org/10.1007/s00134-010-2089-9> <PMid:21152901>
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, Harison et al. 2012Harison E., Langston C., Palma D. & Lamb K. 2012. Acute azotemia as a predictor of mortality in dogs and cats. J. Vet. Int. Med. 26(5):1093-1098. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-1676.2012.00985.x> <PMid:22882549>
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, Mugford et al. 2013Mugford A., Li R. & Humm K. 2013. Acute kidney injury in dogs and cats: pathogenesis and diagnosis. In Practice 35(5):253-264. <http://dx.doi.org/10.1136/inp.f2868>
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). Entretanto, seus efeitos podem ser minimizados quando diagnosticada e tratada precoce e adequadamente. A medida da taxa de filtração glomerular (TFG) é considerada “teste ouro” para avaliar a função renal, entretanto, é um método trabalhoso e de difícil execução nesse cenário clínico (Linnetz & Graves 2010Linnetz E.H. & Graves T.K. 2010. Glomerular filtration rate in general small animal practice. Compend. Contin. Educ. Vet. 32(10):E1-E5. <PMid:21308659>, Gabriel et al. 2011Gabriel I.C., Nishida S.K. & Kirsztajn G.M. 2011. Cistatina C sérica uma alternativa pratica para avaliação da função renal. J. Bras. Nefrol. 33(2):261-267. <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-28002011000200023> <PMid:21789445>
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, Silva & Brune 2011Silva M.M.H. & Brune M.F.S.S. 2011. Importância do cálculo da taxa de filtração glomerular na avaliação da função renal de adultos. Revta Bras. Farm. 92(3):160-165.). Classicamente, os biomarcadores utilizados para o diagnóstico de IRA, ureia e creatinina séricas, são marcadores funcionais e não refletem diretamente a lesão celular sendo, portanto, considerados pouco sensíveis e inespecíficos para detecção de perda discreta da função renal, o que limita a intervenção adequada em tempo hábil (Bellomo et al. 2004Bellomo R., Ronco C., Kellum J.A., Mehta R.L. & Palevsky P. 2004. Acute renal failure - definition, outcome measures, animal models, fluid therapy and information technology needs: the Second International Consensus Conference of the Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) Group. Critical Care 8(4):204-212. <http://dx.doi.org/10.1186/cc2872> <PMid:15312219>
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, Grauer 2005Grauer G.F. 2005. Early detection of renal damage and disease in dogs and cats. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 35(3):581-596. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.12.013> <PMid:15833560>
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, Martensson et al. 2012Mårtensson J., Martling C.R. & Bell M. 2012. Novel biomarkers of acute kidney injury and failure: clinical applicability. Brit. J. Anaest. 109(6):843-850. <http://dx.doi.org/10.1093/bja/aes357> <PMid:23048068>
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, Palm & Davis 2012Palm C.A. & Davis C. 2012. Application of novel biomarkers in dogs with experimental acute kidney injury. Advanced Renal Therapies Symposium, New York. Disponível em <Disponível em www.amcny.org/sites/.../files/ARTS%202012%20Proceedings.pdf
> Acesso em 15 jan. 2017.
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).
A inabilidade clínica caracterizada pela ausência de métodos diagnósticos capazes de sinalizar a instalação da IRA têm estimulado esforços para identificar e implantar o uso de marcadores mais sensíveis (Bellomo et al. 2004Bellomo R., Ronco C., Kellum J.A., Mehta R.L. & Palevsky P. 2004. Acute renal failure - definition, outcome measures, animal models, fluid therapy and information technology needs: the Second International Consensus Conference of the Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) Group. Critical Care 8(4):204-212. <http://dx.doi.org/10.1186/cc2872> <PMid:15312219>
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, Coca et al. 2008Coca S.G., Yalavarthy R., Concato J. & Parikh C.R. 2008. Biomarkers for the diagnosis and risk stratification of acute kidney injury: a systematic review. Kid. Int. 73(9):1008-1016. <http://dx.doi.org/10.1038/sj.ki.5002729> <PMid:18094679>
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, Bagshaw & Gibney 2008Bagshaw S.M. & Gibney N. 2008. Conventional markers of kidney function. Critical Care Med. 36(Suppl.4):152-158. <http://dx.doi.org/10.1097/CCM.0b013e318168c613> <PMid:18382187>
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). Neste contexto, nos últimos anos, vários biomarcadores têm sido estudados, dentre estes, se destaca a cistatina C, uma proteína de baixo peso molecular que apresenta melhor correlação com a taxa de filtração glomerular (TFG) e com desempenho superior à creatinina sérica, além de ser menos influenciada por fatores extra-renais. Portanto, apresenta-se como candidato promissor para conceituar e definir a lesão renal aguda em substituição ou adição aos parâmetros atualmente utilizados (Miyagawa et al. 2009Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2009. Evaluation of the measurement of the serum Cystatin C by Enzyme-linked Immunosorbent assay for humans as a marker of the glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Med. 71(9):1169-1176. <PMid:19801896>, Shoukath & Patil 2014Shoukath A.R. & Patil S. 2014. Serum Cystatin C concentration levels as a marker of acute renal failure in critical ill patients. Al Ameen J. Med. Sci. 7(1):65-71., Cortellini et al. 2015Cortellini S., Pelligand L., Syme H., Chang Y.M. & Adamantos S. 2015. Neutophil Gelatinase-Associated Lipocain in dogs with sepsis undergoing emergency laparotomy: a prospective case control study. J. Vet. Int. Med. 29(6):1595-1602. <http://dx.doi.org/10.1111/jvim.13638> <PMid:26415728>
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).
O objetivo desse estudo foi avaliar o desempenho da cistatina C sérica comparando-a com a creatinina sérica para diagnóstico precoce de injúria renal aguda em cães criticamente enfermos internados na UTI.
Material e Métodos
Foram utilizados 28 cães de diferentes sexos, idades e raças, criticamente enfermos admitidos na UTI do Hospital Veterinário (HV) da UFMG, no período de janeiro a junho de 2016. Os animais apresentaram valores séricos de creatinina inferior a 1,6mg/dl. Animais azotêmicos, creatinina sérica > 1,6mg/dl, ou portadores de doença renal crônica (DRC) na admissão na UTI foram excluídos deste trabalho.
Este projeto foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Minas Gerais, sob o protocolo nº 56/2015.
Avaliação laboratorial. O valor de referência para cistatina C utilizado foi de 0,57 a 1,29mg/L, obtido após análise sérica em 19 animais clinicamente hígidos, atendidos no Hospital Veterinário, sem alterações laboratoriais compatíveis com disfunção renal e com valores séricos de creatinina dentro da normalidade (0,5 a 1,6mg/dl), de acordo com a literatura. Tais valores foram tidos como intervalo de referência para este estudo. A cistatina C sérica foi medida utilizando o método imunoturbidimetrico (Cistatina C turbiquest Plus Labtest®), calibrado com cistatina C canina purificada (Cystatin C Canine E. coli; RD472009100, BioVendor Researchs and Diagnostic products). Todas as análises foram realizadas no aparelho COBAS MIRA PLUS (Roche®) alocado no Laboratório de Patologia Clínica do HV/UFMG.
Realizou-se a monitoração diária da função renal nos animais, através dos valores séricos de creatinina e cistatina C, acompanhados durante no mínimo 48 horas totalizando quatro coletas (admissão, 24, 48 e 72 horas). Todas as coletas de sangue foram realizadas com o animal em jejum de, no mínimo 8 horas. O primeiro valor obtido quando na entrada do UTI foi considerado valor basal de cada paciente. A concentração da creatinina sérica foi considerada o “padrão ouro” para caracterização da função renal normal (<1,6mg/dl) ou alterada (>1,6mg/dl) e para orientar a análise do comportamento da cistatina C canina. A injúria renal aguda (IRA) foi definida como aumento de creatinina sérica >1,6mg/dl e de cistatina C >1,29mg/L, em análise pontual, critério este mais utilizado na rotina clínica.
Análise estatística. As variáveis quantitativas foram descritas através dos valores mínimos e máximos, do cálculo das médias, desvio-padrão(s) e mediana. A distribuição de normalidade foi verificada pelo teste Lilliefors e de homocedasticidade pelo teste de Bartlett. As variáveis qualitativas foram apresentadas em frequências absolutas e relativas. Foi utilizado o teste de Kruskal Wallis para comparação das médias entre os grupos, quando os dados se mantiveram não paramétricos. A análise de distribuição das características individuais (sexo, raça e idade) foi efetuada com o teste não paramétrico de Qui-quadrado. A análise entre as variáveis quantitativas avaliadas no estudo foi realizada através do coeficiente de correlação linear de Spearman e de Pearson. O nível de significância considerado para os testes foi de 5%.
A análise estatística foi realizada utilizando-se os programas SAS e SISVAR, para as variáveis não paramétricas foi utilizado o Action_R (programado em linguagem R) usando o teste de Friedman.
Resultados
Dentre os 28 animais, foram avaliados 12 (42,9%) machos e 16 (57,1%) fêmeas, com idade média de 7,9±4,14 anos (variação de 2 a 16 anos). Os cães pesavam em média 12,57 ±11,07 (2 a 40) kg.
As avaliações laboratoriais constaram de dosagens de creatinina e de cistatina C séricas, sendo que a primeira foi considerada como o padrão ouro para diagnóstico de injúria renal aguda. O Quadro 1 resume os resultados obtidos. Entre os animais admitidos na UTI, as médias observadas foram de 1,04±0,65mg/dl e 1,28±0,35mg/L para creatinina e cistatina C, respectivamente.
Após estabelecer os valores de referência de cistatina C sérica em cães hígidos, foram avaliados 28 cães gravemente enfermos internados na UTI do Hospital Veterinário/UFMG, durante os meses de janeiro a junho de 2016. Embora tenha havido variação discreta dos valores séricos de ambos os analitos, não houve diferença significativa, quando se comparou a média dos quatro tempos analisados (Quadro 1). Contudo a análise dos valores individuais comparadas ao intervalo de referência demonstrou elevação precoce, indicando alteração da função renal. Esse comportamento foi diferente entre os dois biomarcadores (Quadro 2).
Para comparar o desempenho dos biomarcadores no monitoramento longitudinal da lesão renal, consideraram-se apenas os cães que apresentavam dosagens nos três primeiros tempos avaliados.
A creatinina sérica diagnosticou 8 animais (28,5%) como portadores de IRA enquanto a cistatina C evidenciou 22 animais (78,6%). A análise da creatinina não foi eficiente para diagnosticar lesão renal em nenhum animal no tempo inicial (admissão na UTI), enquanto a avaliação da cistatina C apontou para injúria renal em 32,1% (9/28) dos animais. Após 48 horas, houve azotemia discreta em 25% (7/28) evidenciada pela creatinina e, em 47,4% (9/19) evidenciada pela cistatina C. Finalmente, no tempo de 72h, foram avaliados apenas 16 animais e, neste tempo, observou-se que a creatinina detectou um e a cistatina C quatro novos casos entre os onze cães que ainda permaneciam sem lesão renal. A elevação da cistatina C foi progressiva e associada à gravidade da lesão renal evidenciada pela creatinina sérica (Quadro 2 e 3).
Discussão
As condições clínicas dos animais criticamente enfermos e hemodinamicamente instáveis enfatizam a necessidade de utilização de métodos auxiliares de diagnóstico precoces, uma vez que nestes pacientes existe a necessidade de exames rápidos que auxiliem na conduta clínica (Bagshaw & Gibney 2008Bagshaw S.M. & Gibney N. 2008. Conventional markers of kidney function. Critical Care Med. 36(Suppl.4):152-158. <http://dx.doi.org/10.1097/CCM.0b013e318168c613> <PMid:18382187>
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, Byrne & Hwang 2011Byrne M.W. & Hwang J.Q. 2011. Ultrasound in the critically ill. Ultrasound Clin. 6(2):235-259. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cult.2011.03.003>
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, Alves et al. 2012Alves C.M.P., Barros M.C. & Figueiredo P.V.T. 2012. Diferentes abordagens na detecção da disfunção renal em pacientes graves. Revta Bras. Med. 10(3):183-189.)
A metodologia utilizada neste estudo permitiu a observação de diferenças do desempenho entre os biomarcadores avaliados. O monitoramento longitudinal da cistatina C comparada à creatinina em cães criticamente enfermos não foi descrito anteriormente na literatura. Porém, a avaliação pontual da cistatina C em animais com doença renal crônica (DRC) apresenta relatos (Antognoni et al. 2007Antognoni M.T., Siepi D., Porciello F., Rueca F. & Fruganti G. 2007. Use of serum cistatin C determination as a marker of renal function in the dog. Vet. Res. Commun. 31(Supl.1):269-271. <PMid:17682892>, Miyagawa et al. 2009Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2009. Evaluation of the measurement of the serum Cystatin C by Enzyme-linked Immunosorbent assay for humans as a marker of the glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Med. 71(9):1169-1176. <PMid:19801896>).
Diversos estudos em medicina têm sugerido que a cistatina C como marcador de disfunção renal superior à creatinina sérica (Martinez & Simon 2003Martinez I.K.H. & Simon D.J.J. 2003. Utilidad clínica de la cistatina C como marcador de función renal. An. Med. Ass. Med. Hosp. ABC 48(4):216-222., Magro 2007Magro M.C.S. 2007. Cistatina C e RIFLE: avanços na avaliação da função renal em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Tese de Doutorado, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. Disponível em <Disponível em www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-22032007-092317/.../Marcia_Magro.pdf
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, García Acuña et al. 2009García Acuña J.M., González-Babarro E., Grigorian Shamagian L., Peña-Gil C., Vidal Pérez R., López-Lago A.M., Gutiérrez Feijoó M. & González-Juanatey J.R. 2009. La cistatina C aporta más information que otros parâmetros de funcion renal em La estratificacion del riesgo de los pacientes com síndrome coronário agudo. Revta Esp. Cardiol. 62(5):510-519. <http://dx.doi.org/10.1016/S0300-8932(09)71031-0>
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, Alcivar et al. 2010Alcivar J.V., Puig G.C., Jeani W.L. & Flor M. 2010. Determinacion de cistatin C como marcador de functon renal en pacientes normo albuminúricos com Diabetes Mellitus tipo 2. Rev. Med. FCM-UCSG 16(4):250-256., Nejat et al. 2010Nejat M., Pickering J.W., Walker R.J. & Endre Z.H. 2010. Rapid detection of acute kidney injury by plasma cystatin C in the intensive care unit. Nephrol. Dial. Transplant. 25(10):3283-3289. <http://dx.doi.org/10.1093/ndt/gfq176> <PMid:20350927>
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, Gabriel et al. 2011Gabriel I.C., Nishida S.K. & Kirsztajn G.M. 2011. Cistatina C sérica uma alternativa pratica para avaliação da função renal. J. Bras. Nefrol. 33(2):261-267. <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-28002011000200023> <PMid:21789445>
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, Shoukath & Patil 2014Shoukath A.R. & Patil S. 2014. Serum Cystatin C concentration levels as a marker of acute renal failure in critical ill patients. Al Ameen J. Med. Sci. 7(1):65-71.). Outros, entretanto, não evidenciaram diferenças significativas entre os dois (Krieser et al. 2002Krieser D., Rosenberg A.R. & Kainer G. 2002. The relationship between serum creatinine, serum cystatin C and glomerular filtration rate in pediatric renal transplant recipients: a pilot study. Pediat. Transp. 6(5):392-395. <http://dx.doi.org/10.1034/j.1399-3046.2002.02012.x> <PMid:12390425>
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, Hamed et al. 2013Hamed H.M., El-Sherbini S.A., Barakat N.A., Farid T.M. & Rasheed E.A. 2013. Serum cystatin C is a poor biomarker for diagnosing acute kidney injury in critically-ill children. Indian J. Crit. Care Med. 17(2):92-98. <http://dx.doi.org/10.4103/0972-5229.114829> <PMid:23983414>
https://doi.org/10.4103/0972-5229.114829...
). Em veterinária, os estudos também apresentam resultados diversos e poucos avaliaram cães com IRA, fato que sinaliza a necessidade de trabalhos adicionais para avaliar o desempenho, limitações e situações nas quais a dosagem da cistatina C realmente é indicada (Almy et al. 2002Almy F.S., Christopher M.M., King D.R. & Brown S.A. 2002. Evaluation of cystatin C as an endógenos marker of glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Int. Med. 16(1):45-51. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-1676.2002.tb01605.x> <PMid:11822803>
https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2002...
, Braun et al. 2002Braun J.P., Perxachs A., Pechereau D. & Farge F. 2002. Plasma cystatin C in the dog: reference values and variations with renal failure. Comp. Clin. Pathol. 11(1):44-49. <http://dx.doi.org/10.1007/s580-002-8081-2>
https://doi.org/10.1007/s580-002-8081-2...
, Antognoni et al. 2005Antognoni M.T., Siepi D., Porciello F. & Fruganti G. 2005. Use of serum cystatin C determination as a marker of de renal function in the dog. Vet. Res. Commun. 29(Suppl.2):265-267. <http://dx.doi.org/10.1007/s11259-005-0058-5> <PMid:16244971>
https://doi.org/10.1007/s11259-005-0058-...
, Scally et al. 2006Scally M.P., Leisewitz A.L., Lobetti R.G. & Thompson P.N. 2006. The elevated serum urea: creatinine ratio in canine babesiosis in South Africa is not of renal origin. J. S. Afr. Vet. Assoc. 77(4):175-178. <http://dx.doi.org/10.4102/jsava.v77i4.373> <PMid:17458340>
https://doi.org/10.4102/jsava.v77i4.373...
, Wehner et al. 2008Wehner A., Hartmann K. & Hirschberger J. 2008. Utility of serum cystatin C as a clinical measure of renal function in dogs. J. Am. An. Hosp. Assoc. 44(3):131-138. <http://dx.doi.org/10.5326/0440131> <PMid:18451071>
https://doi.org/10.5326/0440131...
, Miyagawa et al. 2010Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2010. Factors that affect glomerular filtration rate and indireters markers of renal function in dogs and cats. J. Vet. Med. Sci. 72(9):1129-1136. <http://dx.doi.org/10.1292/jvms.09-0443> <PMid:20410678>
https://doi.org/10.1292/jvms.09-0443...
, Monti et al. 2012Monti P., Benchekroun G., Berlato D. & Archer J. 2012. Initial evaluation of canine urinary cystatin C as marker of renal tubular function. J. Small Anim. Pract. 53(5):254-259. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1748-5827.2012.01198.x> <PMid:22489749>
https://doi.org/10.1111/j.1748-5827.2012...
, Waki 2013Waki M.F. 2013. Estudo da progressão da doença renal crônica em cães, segundo a classificação em estágios, pela avaliação sequencial da proteinúria pela eletroforese urinária e determinação de albuminuria. Dissertação Mestrado, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo. Disponível em <Disponível em www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-14052013-112906/
> Acesso em 15 fev. 2017.
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10...
, Rodrigues 2016Rodrigues R.D. 2016. Estudo das alterações hematológicas e urinárias em cães em diferentes estágios de disfunção renal e avaliação do biomarcador cistatina C. Dissertação Mestrado, Faculdade de Medicina Veterinária de Uberlândia, Uberlânddia. Disponível em <Disponível em https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/17782
> Acesso em 15 fev. 2017.
https://repositorio.ufu.br/handle/123456...
).
Nesse estudo utilizou-se o ensaio imunoturbidimétrico humano, devidamente calibrado com a cistatina C canina purificada (Cystatin C Canine E. coli; RD472009100; 0,1mg) com a finalidade de se certificar a acurácia desta técnica (Oliveira & Mendes 2010Oliveira C.A. & Mendes M.E. 2010. Gestão da Fase Analítica do Laboratório: Como Assegurar a Qualidade na Prática. Vol.1. Control Lab, Rio de Janeiro. 146p. Disponível em <Disponível em https://controllab.com/pdf/gestao_fase_analitica_vol1.pdf
> Acesso em 15 fev. 2017.
https://controllab.com/pdf/gestao_fase_a...
, Killeen et al. 2014Killeen A.A., Long T., Souers R., Styer P., Ventura C.B. & Klee G.G. 2014. Verifying performance characteristics of quantitative analytical systems, calibration verification, linearity, and analytical measurement range. Arch. Pathol. Lab. Med. 138(9):1173-1181. <http://dx.doi.org/10.5858/arpa.2013-0051-CP> <PMid:25171699>
https://doi.org/10.5858/arpa.2013-0051-C...
). Esse cuidado está referendado por Almy et al. (2002)Almy F.S., Christopher M.M., King D.R. & Brown S.A. 2002. Evaluation of cystatin C as an endógenos marker of glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Int. Med. 16(1):45-51. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-1676.2002.tb01605.x> <PMid:11822803>
https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2002...
e Miyagawa et al. (2009)Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2009. Evaluation of the measurement of the serum Cystatin C by Enzyme-linked Immunosorbent assay for humans as a marker of the glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Med. 71(9):1169-1176. <PMid:19801896> que consideraram desvantagem a não utilização da cistatina C canina na recuperação analítica do método. Todos os procedimentos de validação da técnica seguiram os protocolos da ANVISA (2003)ANVISA 2003. Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos, Resolução 899. Disponível em <Disponível em portal.anvisa.gov.br/documents/.../RE.../10773d22-ab7f-473c-ab4e-6827dd5f4d42
> Acesso em 15 jan. 2017.
portal.anvisa.gov.br/documents/.../RE......
e INMETRO (2007)INMETRO 2007. Orientação sobre validação de métodos de ensaios químicos: DOQ-CGCRE-008. Disponível em <Disponível em www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001161.pdf
> Acesso em 15 jan. 2017.
www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/R...
, atendendo às normas estabelecidas.
De acordo com a literatura cães hígidos podem apresentar valores de referência entre 0,18-1,60mg∕ L de cistatina C pelo método imunoturbidimétrico (Jensen et al. 2001Jensen A.L., Bomholt M. & Moe L. 2001. Preliminary evaluation of a Particle-enhanced Turbidimetric Immunoassay (PETIA) for the determination of serum cystatin C-like Immunoreactivity in dogs. Vet. Clin. Pathol. 30(2):86-90. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-165X.2001.tb00263.x> <PMid:12024321>
https://doi.org/10.1111/j.1939-165X.2001...
, Almy et al. 2002Almy F.S., Christopher M.M., King D.R. & Brown S.A. 2002. Evaluation of cystatin C as an endógenos marker of glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Int. Med. 16(1):45-51. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-1676.2002.tb01605.x> <PMid:11822803>
https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2002...
, Braun et al. 2002Braun J.P., Perxachs A., Pechereau D. & Farge F. 2002. Plasma cystatin C in the dog: reference values and variations with renal failure. Comp. Clin. Pathol. 11(1):44-49. <http://dx.doi.org/10.1007/s580-002-8081-2>
https://doi.org/10.1007/s580-002-8081-2...
, Pagitz et al. 2007Pagitz M., Frommlet F. & Schwendenwein I. 2007. Evaluation of biological variance of cystatin C in comparison with other endogenous markers of glomerular filtration rate in healthy dogs. J. Vet. Intern. Med. 21(5):936-942. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-1676.2007.tb03046.x> <PMid:17939546>
https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2007...
, Wehner et al. 2008Wehner A., Hartmann K. & Hirschberger J. 2008. Utility of serum cystatin C as a clinical measure of renal function in dogs. J. Am. An. Hosp. Assoc. 44(3):131-138. <http://dx.doi.org/10.5326/0440131> <PMid:18451071>
https://doi.org/10.5326/0440131...
, Monti et al. 2012Monti P., Benchekroun G., Berlato D. & Archer J. 2012. Initial evaluation of canine urinary cystatin C as marker of renal tubular function. J. Small Anim. Pract. 53(5):254-259. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1748-5827.2012.01198.x> <PMid:22489749>
https://doi.org/10.1111/j.1748-5827.2012...
). Nesse estudo, os valores obtidos foram semelhantes aos supracitados, diferença mínimas podem ser justificados pela utilização de diferentes kits entre os estudos. A concentração de cistatina C em cães hígidos variou de 0,63 a 1,19mg ∕L (média de 0,93 e desvio padrão de ±0,18). O quintil 0,025 e 0,0975 (determinado como media ±2 SD) foi de 0,57mg∕L e 1,29mg∕L, respectivamente, indicando, portanto, este intervalo como referência para cães hígidos.
Uma das principais caraterísticas de um biomarcador é que sofra pouca influência de fatores extra renais. Nesse sentido, neste estudo, observou-se que não houve correlação entre sexo, idade, peso com as concentrações medidas de cistatina C nos cães do grupo controle. Portanto, pode-se utilizar faixa única de referência independente destas variáveis. Esses resultados são observados em humanos (Martinez & Simon 2003Martinez I.K.H. & Simon D.J.J. 2003. Utilidad clínica de la cistatina C como marcador de función renal. An. Med. Ass. Med. Hosp. ABC 48(4):216-222., Grubb 2011Grubb A. 2011. Cystatin C as biomarker in kidney disease, p.291-305. In: Edelstein C. L. (Ed), Biomarkers in Kidney Disease. Saunders Elsevier, Amsterdam . <http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-12-375672-5.10007-6>.
https://doi.org/10.1016/B978-0-12-375672...
), assim como em cães (Braun et al. 2002Braun J.P., Perxachs A., Pechereau D. & Farge F. 2002. Plasma cystatin C in the dog: reference values and variations with renal failure. Comp. Clin. Pathol. 11(1):44-49. <http://dx.doi.org/10.1007/s580-002-8081-2>
https://doi.org/10.1007/s580-002-8081-2...
, Wehner et al. 2008Wehner A., Hartmann K. & Hirschberger J. 2008. Utility of serum cystatin C as a clinical measure of renal function in dogs. J. Am. An. Hosp. Assoc. 44(3):131-138. <http://dx.doi.org/10.5326/0440131> <PMid:18451071>
https://doi.org/10.5326/0440131...
, Miyagawa et al. 2009Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2009. Evaluation of the measurement of the serum Cystatin C by Enzyme-linked Immunosorbent assay for humans as a marker of the glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Med. 71(9):1169-1176. <PMid:19801896>). Esses dados indicam nítida vantagem deste biomarcador quando comparado a creatinina, que é fortemente influenciada pelos fatores mencionados (Lees 2004Lees G.E. 2004. Early diagnosis of renal disease and renal failure. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 34(4):867-885. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.03.004> <PMid:15223206>
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.03.0...
, Grauer 2005Grauer G.F. 2005. Early detection of renal damage and disease in dogs and cats. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 35(3):581-596. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.12.013> <PMid:15833560>
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.12.0...
, Heine & Lefebvre 2007Heine R. & Lefebvre H.P. 2007. Assessment of renal function, p.117-126. In: Elliot J. & Grauer G.F. (Eds), Manual of Canine and Feline Nephrology and Urology. 2nd ed. BSAVA, London., Lefebvre 2011Lefebvre H. 2011. Renal function testing, p.91-97. In: Bartges J. & Polsin D. (Eds), Nephrology and Urology of Small Animals. Wiley-Blackwell, Ames.).
As características clínicas dos pacientes apresentaram similaridade com as da amostra avaliada por Lee et al. (2011)Lee Y.J., Chang C.C., Chan J.P., Hsu W.L., Lin K.W. & Wong M.L. 2011. Prognosis of acute kidney injury in dogs using RIFLE (Risk, Injury, Failure, Loss and End-stage renal failure) like criteria. Vet. Rec. 168(10):264-269. <http://dx.doi.org/10.1136/vr.c6234> <PMid:21498176>
https://doi.org/10.1136/vr.c6234...
no cenário de terapia intensiva. Ambos os estudos demonstram a inexistência de relação entre as características individuais (sexo, idade, raça) e o desenvolvimento de injúria renal aguda.
A maioria dos cães (67,8%), utilizados nesse estudo, era jovem e adulta (<10 anos). Entretanto, de acordo com a literatura, idade avançada é um fator de risco para o desenvolvimento de IRA, pois agrava doenças pré-existentes e desencadeia novas patologias devido ao emprego de fármacos com potencial risco para nefro toxicidade (Nunes et al. 2010Nunes T.F., Brunetta D.M., Leal C.M., Pisi P.C.B. & Roriz-Filho J.S. 2010. Insuficiência renal aguda. Med. 43(3):272-282. <http://dx.doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v43i3p272-282>
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262....
, Ross 2011Ross L. 2011. Acute kidney injury in dogs and cats. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 41(1):1-14. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2010.09.003> <PMid:21251508>
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2010.09.0...
, Wang et al. 2014Wang X., Bonventre J.V. & Parrish A.R. 2014. The aging kidney: increased susceptibility to nephrotoxicity. Int. J. Mol. Sci. 15(9):15358-15376. <http://dx.doi.org/10.3390/ijms150915358> <PMid:25257519>
https://doi.org/10.3390/ijms150915358...
). Sendo assim, alterações estruturais e funcionais nos rins, associadas a doenças crônicas, tornam os idosos mais susceptíveis a lesão renal (Grauer 2005Grauer G.F. 2005. Early detection of renal damage and disease in dogs and cats. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 35(3):581-596. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.12.013> <PMid:15833560>
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, Nunes et al. 2010Nunes T.F., Brunetta D.M., Leal C.M., Pisi P.C.B. & Roriz-Filho J.S. 2010. Insuficiência renal aguda. Med. 43(3):272-282. <http://dx.doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v43i3p272-282>
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262....
, Ross 2011Ross L. 2011. Acute kidney injury in dogs and cats. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 41(1):1-14. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2010.09.003> <PMid:21251508>
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, Mugford et al. 2013Mugford A., Li R. & Humm K. 2013. Acute kidney injury in dogs and cats: pathogenesis and diagnosis. In Practice 35(5):253-264. <http://dx.doi.org/10.1136/inp.f2868>
https://doi.org/10.1136/inp.f2868...
). Acredita-se que esse achado esteja associado ao perfil dos animais avaliados, que apresentaram estado clínico crítico, cujas comorbidades, tais como doenças infecciosas, pós-cirúrgicos complicados, causas iatrogênicas e sepse foram consideradas predisponentes para o desenvolvimento de IRA.
Portanto, atenção especial deve ser dada ao desenvolvimento de IRA durante hospitalização, quando vários procedimentos executados são potencialmente lesivos ao rim (Garcia et al. 2005Garcia T.P.R., Romero M.P., Poletti N.A.A., Cesarino C.B. & Ribeiro R.C.H.M. 2005. Principais motivos de internação do paciente com insuficiência renal aguda na UTI. Arq. Ciência Saúde 12(3):146-150., Armitage & Tomson 2007Armitage A.J. & Tomson C. 2007. Acute renal failure. Renal Failure 3(2):79-84., Harison et al. 2012Harison E., Langston C., Palma D. & Lamb K. 2012. Acute azotemia as a predictor of mortality in dogs and cats. J. Vet. Int. Med. 26(5):1093-1098. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-1676.2012.00985.x> <PMid:22882549>
https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2012...
, Santos & Marinho 2013Santos E.S. & Marinho C.M.S. 2013. Principais causas de insuficiência renal aguda em unidades de terapia intensiva: intervenção de enfermagem. Revta Enfermagem Referência 3(9):181-189. <http://dx.doi.org/10.12707/RIII1272>
https://doi.org/10.12707/RIII1272...
, Cortellini et al. 2015Cortellini S., Pelligand L., Syme H., Chang Y.M. & Adamantos S. 2015. Neutophil Gelatinase-Associated Lipocain in dogs with sepsis undergoing emergency laparotomy: a prospective case control study. J. Vet. Int. Med. 29(6):1595-1602. <http://dx.doi.org/10.1111/jvim.13638> <PMid:26415728>
https://doi.org/10.1111/jvim.13638...
). Os animais neste estudo tiveram como diagnóstico primário pós-cirúrgicos complicados (28,6%), piometra (14,2%), cetoacidose diabética (10,7%), hemoparasitose (10,7%), encefalite (10,7%), intoxicação por anti-inflamatórios não esteroides (7,1%), discoespondilite (3,6%), leishmaniose (3,6%), pancreatite (3,6%), doença periodontal (3,6%) e insuficiência cardíaca congestiva (3,6%). Outra observação foi a ocorrência de complicações clínicas importantes durante sua permanência na UTI, como sepse (53,6%) peritonite (33,3%), hipotensão (33,3%), e hipoxemia (7,4%). Dados etiológicos estes, em conformidade com a literatura consultada, a qual enfatiza que a IRA na UTI é de origem multifatorial, associada a outras comorbidades e complicações (Costa et al. 2003Costa J.A.C., Vieira-Neto O.M. & Moysés Neto M. 2003. Insuficiência renal aguda. Medicina, Ribeirão Preto, 36:307-324., Kenney et al. 2010Kenney E.M., Rozanski E.A., Rush J.E., DeLaforcade-Buress A.M., Berg J.R., Silverstein D.C., Montealegre C.D., Jutkowitz L.A., Adamantos S., Ovbey D.H., Boysen S.R. & Shaw S.P. 2010. Association between outcome and organ system dysfunction in dogs with sepsis: 114 cases (2003-2007). J. Am. Vet. Med. Assoc. 236(1):83-87. <http://dx.doi.org/10.2460/javma.236.1.83> <PMid:20043806>
https://doi.org/10.2460/javma.236.1.83...
, Thoen & Kerl 2011Thoen M.E. & Kerl M.E. 2011. Characterization of acute kidney injury in hospitalized dogs and evaluation of a veterinary acute kidney injury staging system. J. Vet. Emerg. Crit. Care 21(6):648-657. <PMid:22316258>, Mugford et al. 2013Mugford A., Li R. & Humm K. 2013. Acute kidney injury in dogs and cats: pathogenesis and diagnosis. In Practice 35(5):253-264. <http://dx.doi.org/10.1136/inp.f2868>
https://doi.org/10.1136/inp.f2868...
, Cortellini et al. 2015Cortellini S., Pelligand L., Syme H., Chang Y.M. & Adamantos S. 2015. Neutophil Gelatinase-Associated Lipocain in dogs with sepsis undergoing emergency laparotomy: a prospective case control study. J. Vet. Int. Med. 29(6):1595-1602. <http://dx.doi.org/10.1111/jvim.13638> <PMid:26415728>
https://doi.org/10.1111/jvim.13638...
).
Não houve diferença significativa entre os valores de creatinina sérica no momento da admissão nem entre os diferentes períodos de tempo analisados (Quadro 1). Este fato provavelmente, se deve às características clínicas da população avaliada, na qual os animais eram pacientes não azotêmicos na admissão e apresentaram azotemia moderada durante a permanência na UTI (Quadro 2).
Neste estudo, observou-se que 28,6% (8/28) dos animais avaliados desenvolveram IRA, segundo o critério adotado (creatinina sérica >1,6mg∕dl), durante o período avaliado. A baixa incidência de IRA evidenciada pela creatinina se deve a baixa sensibilidade deste analito (Bellomo et al., 2004Bellomo R., Ronco C., Kellum J.A., Mehta R.L. & Palevsky P. 2004. Acute renal failure - definition, outcome measures, animal models, fluid therapy and information technology needs: the Second International Consensus Conference of the Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) Group. Critical Care 8(4):204-212. <http://dx.doi.org/10.1186/cc2872> <PMid:15312219>
https://doi.org/10.1186/cc2872...
, Segev 2012Segev G. 2012. Scoring systems in acute kidney injury. Advance Therapies Symposium, p.78-80. Disponível em <Disponível em www.amcny.org/sites/.../files/ARTS%202012%20Proceedings.pdf
> Acesso em 15 jan. 2017.
www.amcny.org/sites/.../files/ARTS%20201...
). Esse parâmetro permitiu identificar o desenvolvimento da IRA somente a partir de 48 horas de avaliação (Quadro 3), demonstrando que existe evolução dissociada entre decréscimo de TFG e valores séricos de creatinina (Lefebvre 2011Lefebvre H. 2011. Renal function testing, p.91-97. In: Bartges J. & Polsin D. (Eds), Nephrology and Urology of Small Animals. Wiley-Blackwell, Ames.). Neste contexto, ao utilizarmos somente este analito como forma de diagnóstico de IRA observou que, embora os animais avaliados estivessem em estado grave e com risco elevado de lesão, apresentaram baixa prevalência desta afecção. Dados sobre a prevalência de IRA em cães são escassos em veterinária e a incidência depende do critério utilizado. Entretanto espera-se maior prevalência em pacientes graves (Griffiths & Kanagasundaram 2011Griffiths L. & Kanagasundaram N.S. 2011. Assessment and initial management of acute kidney injury. Medicine 37(2):390-398. <http://dx.doi.org/10.1016/j.mpmed.2011.04.010>
https://doi.org/10.1016/j.mpmed.2011.04....
, Okamoto et al. 2012Okamoto T.Y., Dias J.C.Y., Taguti P., Sacon M.F., Kauss I.A.M., Carrilho C.M.D.M., Cardoso L.T.Q., Grion C.C. & Matsuo T. 2012. Insuficiência renal aguda em pacientes com sepse grave: fatores prognósticos. Sci. Med. 22(3):138-141., Santos & Marinho 2013Santos E.S. & Marinho C.M.S. 2013. Principais causas de insuficiência renal aguda em unidades de terapia intensiva: intervenção de enfermagem. Revta Enfermagem Referência 3(9):181-189. <http://dx.doi.org/10.12707/RIII1272>
https://doi.org/10.12707/RIII1272...
), como descrito por Segev et al. (2015)Segev G., Daminet S., Meyer E., De Loor J., Cohen A., Aroch I. & Bruchim Y. 2015. Characterization of kidney damage using several renal biomarkers in dogs with naturally occurring heatstroke. The Vet. J. 206(2):231-235. <http://dx.doi.org/10.1016/j.tvjl.2015.07.004> <PMid:26346257>
https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2015.07.0...
que avaliaram cães com insolação e observaram a ocorrência de IRA em 63% deles. Outros estudos analisando IRA em pacientes graves relatam incidência entre 12 e 14% (Kenney et al. 2010Kenney E.M., Rozanski E.A., Rush J.E., DeLaforcade-Buress A.M., Berg J.R., Silverstein D.C., Montealegre C.D., Jutkowitz L.A., Adamantos S., Ovbey D.H., Boysen S.R. & Shaw S.P. 2010. Association between outcome and organ system dysfunction in dogs with sepsis: 114 cases (2003-2007). J. Am. Vet. Med. Assoc. 236(1):83-87. <http://dx.doi.org/10.2460/javma.236.1.83> <PMid:20043806>
https://doi.org/10.2460/javma.236.1.83...
, Thoen & Kerl 2011Thoen M.E. & Kerl M.E. 2011. Characterization of acute kidney injury in hospitalized dogs and evaluation of a veterinary acute kidney injury staging system. J. Vet. Emerg. Crit. Care 21(6):648-657. <PMid:22316258>, Cortellini et al. 2015Cortellini S., Pelligand L., Syme H., Chang Y.M. & Adamantos S. 2015. Neutophil Gelatinase-Associated Lipocain in dogs with sepsis undergoing emergency laparotomy: a prospective case control study. J. Vet. Int. Med. 29(6):1595-1602. <http://dx.doi.org/10.1111/jvim.13638> <PMid:26415728>
https://doi.org/10.1111/jvim.13638...
), utilizando critérios diferentes para o diagnóstico.
Essa controvérsia entre os estudos pode ser justificada pela baixa sensibilidade da creatinina sérica para evidenciar graus leves de lesão renal, o que dificulta a utilização de ações preventivas e de tratamento, prejudicando a evolução e prognóstico dos pacientes (Braun et al. 2003Braun J., Lefebvre H. & Watson A.D. 2003. Creatinine in the dog: a review. Vet. Clin. Pathol. 32(4):162-179. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-165X.2003.tb00332.x> <PMid:14655101>
https://doi.org/10.1111/j.1939-165X.2003...
, Bellomo et al. 2004Bellomo R., Ronco C., Kellum J.A., Mehta R.L. & Palevsky P. 2004. Acute renal failure - definition, outcome measures, animal models, fluid therapy and information technology needs: the Second International Consensus Conference of the Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) Group. Critical Care 8(4):204-212. <http://dx.doi.org/10.1186/cc2872> <PMid:15312219>
https://doi.org/10.1186/cc2872...
, Lees 2004Lees G.E. 2004. Early diagnosis of renal disease and renal failure. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 34(4):867-885. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.03.004> <PMid:15223206>
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.03.0...
, Nguyen & Devarajan 2008Nguyen M.T. & Devarajan P. 2008. Biomarkers for the early detection of acute kidney injury. Pediatr. Nephrol. 23(12):2151-2157. <http://dx.doi.org/10.1007/s00467-007-0470-x> <PMid:17394022>
https://doi.org/10.1007/s00467-007-0470-...
, Harison et al. 2012Harison E., Langston C., Palma D. & Lamb K. 2012. Acute azotemia as a predictor of mortality in dogs and cats. J. Vet. Int. Med. 26(5):1093-1098. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-1676.2012.00985.x> <PMid:22882549>
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). Como observado neste estudo e também descrito pela literatura, aumentos nos valores de creatinina, só ocorreram a partir de 48 horas após a admissão, portanto, no tempo de detecção da lesão renal, utilizando este biomarcador, é possível que já tenha ocorrido perda significativa da função renal, o que reduz a eficiência da intervenção terapêutica para corrigi-la. Tradicionalmente o melhor parâmetro para a avaliação de função renal é a medida da TFG, a qual avalia a capacidade de filtração, a habilidade de excreção e relaciona-se diretamente com o parênquima renal funcional. Contudo, sua mensuração envolve técnicas trabalhosas, dispendiosas e morosas e, por isso tem sido pouco utilizada na pratica clínica e, principalmente, no cenário da terapia intensiva, onde a função renal tende a alterar rapidamente (Sodre et al. 2007Sodré F.L., Costa J.C.B. & Lima J.C.C. 2007. Avaliação da função e lesão renal: um desafio laboratorial. J. Bras. Patol. Med. Lab. 43(5):329-337. <http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442007000500005>
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, Linnetz & Graves 2010Linnetz E.H. & Graves T.K. 2010. Glomerular filtration rate in general small animal practice. Compend. Contin. Educ. Vet. 32(10):E1-E5. <PMid:21308659>, Bastos & Kirsztajn 2011Bastos M.G. & Kirsztajn G.M. 2011. Doença renal crônica: importância do diagnóstico precoce, encaminhamento imediato e abordagem interdisciplinar estruturada para melhora do desfecho em pacientes ainda não submetidos à diálise. J. Bras. Nefrol. 33(1):93-108. <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-28002011000100013> <PMid:21541469>
https://doi.org/10.1590/S0101-2800201100...
, Von Hendy-Willson & Pressler 2011Von Hendy-Willson V.E. & Pressler B.M. 2011. An overview of glomerular filtration rate testing in dogs and cats. Vet. J. 188(2):156-165. <http://dx.doi.org/10.1016/j.tvjl.2010.05.006> <PMid:20541957>
https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2010.05.0...
, Pressler 2013Pressler B.M. 2013. Clinical approach to advanced renal function testing in dogs and cats. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 43(6):1193-1208, v. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2013.07.011> <PMid:24144085>
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2013.07.0...
). Neste estudo a TFG não pode ser realizada devido às condições instáveis dos pacientes e à sobrecarga hídrica instituída no tratamento, os quais afetam os valores da TFG, independentemente da função renal (Miyagawa et al. 2010Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2010. Factors that affect glomerular filtration rate and indireters markers of renal function in dogs and cats. J. Vet. Med. Sci. 72(9):1129-1136. <http://dx.doi.org/10.1292/jvms.09-0443> <PMid:20410678>
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, Von Hendy-Willson & Pressler 2011Von Hendy-Willson V.E. & Pressler B.M. 2011. An overview of glomerular filtration rate testing in dogs and cats. Vet. J. 188(2):156-165. <http://dx.doi.org/10.1016/j.tvjl.2010.05.006> <PMid:20541957>
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).
Diferentemente da creatinina, os valores séricos de cistatina C foram significativamente maiores nos animais da UTI. Vale ressaltar que a análise entre os diferentes tempos não demonstrou diferença significativa (Quadro 1). Nesse sentido, observou-se que a cistatina C detectou 78,6% (22/28) de cães com IRA enquanto a creatinina apontou apenas 28,5% (8/28) de ocorrência de IRA (Quadros 2 e 3). Esses dados indicam maior sensibilidade da cistatina C na identificação dos pacientes acometidos com IRA e estão em conformidade com estudos anteriores (Pasa et al. 2008Pasa S., Kilie N., Atasoy A., Derincegoz O.O. & Karul A. 2008. Serum Cystatin C concentration as a marker of acute renal dysfunction in critically ill dogs. J. Anim. Vet. Adv. 7:1410-1412., Sasaki et al. 2014Sasaki A., Sasaki Y., Iwama R., Shimamura S., Yabe K., Takasuna K., Ichijo T., Furuhama K. & Satoh H. 2014. Comparison of renal biomarkers with glomerular filtration rate in susceptibility to the detection of gentamicin induced acute kidney injury in dogs. J. Comp. Pathol. 151(2/3):264-270. <http://dx.doi.org/10.1016/j.jcpa.2014.06.001> <PMid:25086870>
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, Shoukath & Patil 2014Shoukath A.R. & Patil S. 2014. Serum Cystatin C concentration levels as a marker of acute renal failure in critical ill patients. Al Ameen J. Med. Sci. 7(1):65-71., Choi et al. 2017Choi B.S., Moon H.S., Seo S.H. & Hyun C. 2017. Evaluation of serum cystatin C and symmetric dimethylarginine concentrations in dogs with heart failure from chronic mitral valvular insufficiency. J. Vet. Med. Sci. 79(1):41-46. <http://dx.doi.org/10.1292/jvms.16-0188> <PMid:27725349>
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) e que enfatizam a baixa sensibilidade da creatinina sérica no diagnóstico precoce de lesão renal (Braun et al. 2003Braun J., Lefebvre H. & Watson A.D. 2003. Creatinine in the dog: a review. Vet. Clin. Pathol. 32(4):162-179. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-165X.2003.tb00332.x> <PMid:14655101>
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, Grauer 2005Grauer G.F. 2005. Early detection of renal damage and disease in dogs and cats. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 35(3):581-596. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.12.013> <PMid:15833560>
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.12.0...
, Brown et al. 2015Brown N., Segev G., Francey T., Kass P. & Cowgill L.D. 2015. Glomerular filtration rate, urine production, and fractional clearance of electrolytes in acute kidney injury in dogs and their association with survival. J. Vet. Int. Med. 29(1):28-34. <http://dx.doi.org/10.1111/jvim.12518> <PMid:25594609>
https://doi.org/10.1111/jvim.12518...
). Devido a isto, alguns estudos sinalizam a necessidade de mudanças na utilização dos valores de referência da creatinina sérica e propõem o monitoramento longidutinal deste analito com a finalidade de classificar e estadiar os diferentes graus de lesão renal (Dalton 2011Dalton R.N. 2011. Creatinina sérica e taxa de filtração glomerular: percepção e realidade. J. Bras. Patol. Med. Labor. 47(11):10-11., Segev 2012Segev G. 2012. Scoring systems in acute kidney injury. Advance Therapies Symposium, p.78-80. Disponível em <Disponível em www.amcny.org/sites/.../files/ARTS%202012%20Proceedings.pdf
> Acesso em 15 jan. 2017.
www.amcny.org/sites/.../files/ARTS%20201...
, IRIS 2013IRIS 2013. Grading of Acute Kidney Injury (AKI) in dogs and cats. Disponível em <Disponível em http://www.iris-kidney.com/guidelines/en/staging_ckd.shtml
> Acesso em 5 nov. 2016.
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).
A cistatina C também se revelou superior na precocidade da detecção. Foram detectados nove animais nas primeiras 24, nove em 48 horas e quatro animais com lesão renal aguda em 72 horas de observação. Em contrapartida, a creatinina detectou menor número e mais tardiamente, sendo sete casos às 48 horas e um após 72 horas, quando analisou-se o valor pontual acima de 1,6mg/dL. Sendo assim a cistatina C apresentou um comportamento diferenciado, demonstrando maior precocidade e sensibilidade para detectar diminuições discretas da TFG e melhor poder discriminatório na predição de IRA, principalmente quando mensurada na admissão à UTI. Os dados indicam também maior acurácia no monitoramento individual, uma vez que, independentemente do tempo analisado, resultou em maior número de casos detectados (Quadro 3).
Esses dados são importantes, pois de acordo com a literatura a cistatina C apresenta alta especificidade e correlação com a TFG (Miyagawa et al. 2009Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2009. Evaluation of the measurement of the serum Cystatin C by Enzyme-linked Immunosorbent assay for humans as a marker of the glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Med. 71(9):1169-1176. <PMid:19801896>). Considerando-se isso, discretas alterações devem ser valorizadas, pois podem representar mudanças significativas no quadro clínico e exercerem influência no prognóstico, da mesma forma que Neri (2007)Neri L.A. 2007. Validação do método de imunonefelométrico para dosagem de cistatina C, como marcador de função renal. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina São Paulo, São Paulo. Disponível em <Disponível em www.scielo.br/pdf/jbpml/v46n6/a04v46n6.pdf
> Acesso em 15 jan. 2017.
www.scielo.br/pdf/jbpml/v46n6/a04v46n6.p...
e Grubb (2011)Grubb A. 2011. Cystatin C as biomarker in kidney disease, p.291-305. In: Edelstein C. L. (Ed), Biomarkers in Kidney Disease. Saunders Elsevier, Amsterdam . <http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-12-375672-5.10007-6>.
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mencionaram em seus estudos. A precocidade e a correlação entre a concentração sérica de cistatina C e TFG foram demonstradas anteriormente em cães com disfunção renal (Jensen et al. 2001Jensen A.L., Bomholt M. & Moe L. 2001. Preliminary evaluation of a Particle-enhanced Turbidimetric Immunoassay (PETIA) for the determination of serum cystatin C-like Immunoreactivity in dogs. Vet. Clin. Pathol. 30(2):86-90. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1939-165X.2001.tb00263.x> <PMid:12024321>
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, Braun et al. 2002Braun J.P., Perxachs A., Pechereau D. & Farge F. 2002. Plasma cystatin C in the dog: reference values and variations with renal failure. Comp. Clin. Pathol. 11(1):44-49. <http://dx.doi.org/10.1007/s580-002-8081-2>
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, Wehner et al. 2008Wehner A., Hartmann K. & Hirschberger J. 2008. Utility of serum cystatin C as a clinical measure of renal function in dogs. J. Am. An. Hosp. Assoc. 44(3):131-138. <http://dx.doi.org/10.5326/0440131> <PMid:18451071>
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, Miyagawa et al. 2009Miyagawa Y., Takemura N. & Hirose H. 2009. Evaluation of the measurement of the serum Cystatin C by Enzyme-linked Immunosorbent assay for humans as a marker of the glomerular filtration rate in dogs. J. Vet. Med. 71(9):1169-1176. <PMid:19801896>, Pasa et al. 2009Pasa S., Bayramli G., Atasoy A., Karul A., Ertug S. & Ozensoy Toz S. 2009. Evaluation of serum cystatin C in dogs with visceral leishmaniosis. Vet. Res. Commun. 33(6):529-534. <http://dx.doi.org/10.1007/s11259-008-9200-5> <PMid:19140021>
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, Didem et al. 2015Didem P., Kerem U., Nuran A., Murat G. & Gulay C. 2015. Assessment of renal function using canine cystatin-c levels in canine babesiosis and ehrlichiosis. Acta Vet., Belgrade, 65(1):56-65. <http://dx.doi.org/10.1515/acve-2015-0004>
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). Kavitha et al. (2011)Kavitha K., Yathiraj S. & Ramchandra S.G. 2011. Serum cystatin C as a marker for renal dysfunction and its correlation with creatinine and blood urea nitrogen (BUN). J. Com. Vet. Assoc. 27(1):15-17. ao avaliarem cães com suspeita de lesão renal observaram aumento da cistatina C em 35%, e corroboraram sua superioridade comparada à creatinina, dados semelhantes foram encontrados por Choi et al. (2017)Choi B.S., Moon H.S., Seo S.H. & Hyun C. 2017. Evaluation of serum cystatin C and symmetric dimethylarginine concentrations in dogs with heart failure from chronic mitral valvular insufficiency. J. Vet. Med. Sci. 79(1):41-46. <http://dx.doi.org/10.1292/jvms.16-0188> <PMid:27725349>
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ao avaliarem cães cardiopatas. Entretanto, estes estudos fizeram uma avaliação pontual deste biomarcador, não sendo realizado monitoramento longitudinal e em pacientes críticos. Os dados deste estudo corroboram os poucos relatos da literatura, que indicam alta incidência, com taxa variando entre 30 a 60% nos pacientes sob cuidados críticos (Lunn 2011Lunn F. 2011. The kidney in critically ill small animals. Vet. Clin. N. Am., Small Anim. Pract. 41(4):727-744, vi. <http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2011.03.020> <PMid:21757089>
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, Cortellini et al. 2015Cortellini S., Pelligand L., Syme H., Chang Y.M. & Adamantos S. 2015. Neutophil Gelatinase-Associated Lipocain in dogs with sepsis undergoing emergency laparotomy: a prospective case control study. J. Vet. Int. Med. 29(6):1595-1602. <http://dx.doi.org/10.1111/jvim.13638> <PMid:26415728>
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, Segev et al. 2016Segev G., Langston C., Takada K., Kass P.H. & Cowgill L.D. 2016. Validation of a clinical scoring system for outcome prediction in dogs with acute kidney injury managed by hemodialysis. J. Vet. Int. Med. 30(3):803-807. <http://dx.doi.org/10.1111/jvim.13930> <PMid:26995335>
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).
Aumentos de cistatina C indicaram falha renal não evidenciada pela creatinina sérica em avaliação pontual, demonstrando mais uma vez as limitações desta última para o diagnóstico de IRA. Reforçando também que terapias direcionadas para melhora da função renal, devam ser iniciadas, ainda que os valores de creatinina estejam normais, conforme também evidenciado por Segev et al. (2015)Segev G., Daminet S., Meyer E., De Loor J., Cohen A., Aroch I. & Bruchim Y. 2015. Characterization of kidney damage using several renal biomarkers in dogs with naturally occurring heatstroke. The Vet. J. 206(2):231-235. <http://dx.doi.org/10.1016/j.tvjl.2015.07.004> <PMid:26346257>
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Segundo o critério IRIS (2013)IRIS 2013. Grading of Acute Kidney Injury (AKI) in dogs and cats. Disponível em <Disponível em http://www.iris-kidney.com/guidelines/en/staging_ckd.shtml
> Acesso em 5 nov. 2016.
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o monitoramento longitudinal da creatinina permite classificar animais com IRA quando acréscimos de 0,3mg/dl ocorrem na evolução de 48 horas. A análise dos dados individuais neste estudo demonstrou aumentos de 0,3mg/dl de creatinina sérica em 12 cães indicando IRA com 48 horas e, mais quatro animais com 72 horas, totalizando 16 animais portadores de IRA. Por sua vez, a cistatina C diagnosticou 22 animais, iniciando com nove animais já na admissão (Quadro 2).
O presente estudo demonstrou, portanto, o melhor desempenho da cistatina C na detecção de discretas alterações na função renal nos cães em UTI, sendo uma ferramenta diagnóstica promissora, o que facilita a utilização de medidas preventivas e de tratamento, favorecendo a evolução e prognóstico dos animais acometidos (Doi et al. 2011Doi K., Negishi K., Ishizu T., Katagiri D., Fujita T., Matsubara T., Yahagi N., Sugaya T. & Noiri E. 2011. Evaluation of new acute kidney injury biomarkers in a mixed intensive care unit. Critical Care 39(11):2464-2469. <PMid:21705884>, Monti et al. 2012Monti P., Benchekroun G., Berlato D. & Archer J. 2012. Initial evaluation of canine urinary cystatin C as marker of renal tubular function. J. Small Anim. Pract. 53(5):254-259. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1748-5827.2012.01198.x> <PMid:22489749>
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, Segev et al. 2015Segev G., Daminet S., Meyer E., De Loor J., Cohen A., Aroch I. & Bruchim Y. 2015. Characterization of kidney damage using several renal biomarkers in dogs with naturally occurring heatstroke. The Vet. J. 206(2):231-235. <http://dx.doi.org/10.1016/j.tvjl.2015.07.004> <PMid:26346257>
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). A literatura aponta como restrições do uso da cistatina C, o custo e a disponibilidade dos kits diagnósticos, que dificultariam sua adoção na prática clínica (Krieser et al. 2002Krieser D., Rosenberg A.R. & Kainer G. 2002. The relationship between serum creatinine, serum cystatin C and glomerular filtration rate in pediatric renal transplant recipients: a pilot study. Pediat. Transp. 6(5):392-395. <http://dx.doi.org/10.1034/j.1399-3046.2002.02012.x> <PMid:12390425>
https://doi.org/10.1034/j.1399-3046.2002...
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Conclusão
Nas condições em que este estudo foi conduzido, pode-se concluir que a cistatina C sérica aumenta precocemente e indica IRA subclínica, não evidenciada pela creatinina sérica sendo, portanto, mais sensível na detecção precoce de IRA em cães instáveis e criticamente enfermos.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Out 2018
Histórico
-
Recebido
23 Nov 2017 -
Aceito
26 Jan 2018