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Gestion moderne de la qualité

RESENHAS

Gestion moderne de la qualité

Hugo Bianchini

GESTION MODERNE DE LA QUALITÉ - Por A. H. SCHAAFSMA e F. G. WILLEMZE, Paris: Bibliotèque Technique Philips, 1957, 456 páginas.

Os autores dessa obra são, além de engenheiros, professores da Faculdade Técnica de Delft (Holanda) e do Departamento de Eficiência Técnica e Organização das Usinas Philips. Pertencendo à Biblioteca Técnica da Philips, ela resulta da vivência dos autores e pode ser muito útil aos que lidam com problemas de Controle de Qualidade.

Algumas teorias estatísticas complicadas foram dela eliminadas, mas suas interpretações são bem esclarecidas. A organização do controle é encarada como algo superior à técnica do controle em si.

A fim de melhor apreciar a obra sigamos o seu roteiro:

a) a Parte I descreve os princípios de maneira clara e geral;

b) as Partes II e III tratam dos métodos de controles estatísticos e suas aplicações no tocante à gerência e à avaliação da qualidade;

c) a Parte IV aborda a significação das condições de qualidade, bem como a organização em função da qualidade.

• Na Parte I os autores advogam a tese de que a gerência moderna de qualidade permite tomar decisões baseadas sobre dados reais cujo grau de precisão seja conhecido.

Uma emprêsa, fabricando em grandes séries e arquivando os dados relativos à qualidade dos produtos e aos processos de fabricação, acumula rápidamente abundante documentação. Há necessidade de dispor de um método que lhe permita classificar de maneira metódica êsses dados e representá-los por algumas cifras caraterísticas. No caso a estatística é auxiliar indispensável. Cientes disso, os autores tratam dos métodos estatísticos sobre os quais se baseia a gerência moderna de qualidade.

Por outro lado, o problema da qualidade é, também, problema de organização. Decisões importantes com relação à qualidade são tomadas a cada fase do processo de produção, a cada escalão da hierarquia da emprêsa, e é indispensável conhecer o responsável por essas decisões.

Uma gerência eficiente da qualidade necessita de:

a) acúmulo e interpretação de importantes quantidades de dados;

b) precisa determinação das responsabilidades.

No primeiro capítulo, com auxílio de alguns exemplo, são examinados os aspectos principais do problema da qualidade: os responsáveis pela qualidade, a qualidade e os preços, a garantia da qualidade, a avaliação da qualidade, a utilidade e os limites dos métodos estatísticos.

Seguem-se algumas regras para o estabelecimento de quadros e gráficos para representar os resultados de medidas e outros dados numéricos.

A metodologia na distribuição das freqüências é focalizada de maneira bastante clara em todos os seus tópicos: modo de representar grande número de dados, histograma e polígono das freqüências e emprêgo das distribuições de freqüências.

O capítulo 4 trata dos sistemas de contrôle por amostragens, tanto do controle baseado em grandeza mensuráveis (diâmetro, resistência elétrica etc.), como do controle baseado em grandezas não mensuráveis (côr, aspscto. estado superficial).

O capítulo 5 examina o julgamento sistemático, com base numa amostragem de lotes entrantes ou produtos a fornecer. Alguns métodos correntes são analisados, bem como as condições que garantem um controle eficaz por amostragens.

Os autores passam a descrever com minúcias um sistema de amostragem normalizada, dando especial ênfase aos seguintes tópicos: quadro de amostragem, escolha do pcnto de controle, defeitos e produtos defeituosos, controle dos lotes mais importantes, amostragens reduzidas e numerosas. A seguir, falam do tratamento administrativo através de fichas e cartões de controle.

Na parte II atacam o problema da gerência da qualidade, defendendo a tese de que o controle poda efetuar-se sobre a fabricação, contrariamente aos métodos correntes que visam apenas ao produto acabado.

A finalidade dêsse controle de fabricação baseado em pequenas amostragens é a gerência do processo de fabricação. Êsse estado é obtido tão logo a qualidade dos produtos fabricados seja constante. Êsse contrôle é feito através do valor médio e da dispersão de certa quantidade de pro dutos. São também analisados os meios auxiliares para gerir a qualidade.

As razões dos esforços são definidas pelo axioma inglês: "A qualidade não pode ser inspecionada no produto; deve ser inerente a êle" (ou construída, obtida com êle).

No capítulo 6 os autores atentam para o problema da caraterização das distribuições de freqüência. Para facilitar a comparação das distribuições é recomendável representar a tendência geral e a dispersão por grandezas determinadas. Êsse capítulo estuda também as grandezas que caraterizam a tendência geral (valor médio e mediana), as, grandezas para a dispersão, a escolha do número de classes e o emprêgo da média de classes.

No capítulo 7 são examinados alguns aspectos teóricos e práticos da distribuição normal, além do emprêgo das tabelas de probabilidades e das distribuições extraordinárias.

O capítulo 8 é inteiramente dedicado à importância das amostragens em relação à dispersão da média e da mediana.

O capítulo 9 é dedicado ao controle da fabricação baseado em grandezas mensuráveis, sua finalidade, natureza das divergências constatadas, registros dos resultados do controle e sua utilidade.

O capítulo 10 tem por objeto o controle de fabricação baseado em grandezas não mensuráveis. Para tal contrc!e de atributos durante a fabricação é necessário recorrer a amostragens.

Refere-se, a seguir à significação das amostragens para o controle dos atributos e à ficha em cruz. E examina as três variantes da ficha em cruz:

a) sistema de amostragem simples, onde a decisão é baseada diretamente na amostragem;

b) sistema de amostragem dupla, onde a amostragem conduz a uma das decisões seguintes: a qualidade é boa, a qualidade é má ou a qualidade é duvidosa (nesse último caso procede-se a uma segunda amostragem que conduz à decisão definitiva);

c) sistema de amostragem cumulativo, onde cada amostragem conduz a uma decisão direta, mas que depende igualmente dos resultados de certo número de amostragens efetuadas anteriormente (compara-se o número total de "defeituosos" encontrados durante certo período com o número total de produtos controlados durante êsse período).

A seguir, faz-se uma análise sistemática das fichas em cruz.

• A Parte III é dedicada à avaliação da qualidade e abrange os sistemas de amostragens e as caraterísticas de controle para o controle baseado em grandezas mensuráveis, com especial ênfase quanto à amostragem e ao tratamento dos resultados de controle.

O capítulo 11 salienta bem, através de vários exemplos, os métodos através dos quais é possível estabelecer um controle eficaz dos produtos, desde que se tenha uma idéia exata das probabilidades. Alguns parágrafos são dedicados ao cálculo e à descrição das caraterísticas de controle, bem como ao cálculo das probabilidades de aceitação de lotes com diversas porcentagens de defeituosos.

A seguir, são analisadas as grandezas das caraterísticas de controle, dentre as quais se destacam: a porcentagem de controle, a porcentagem de defeituosos máximos irregularmente transmitidos (100 pt) LTPD - Lot Tolerance Per Cent Detective, o nível de fabricação desejado (100 pa), AQL - Acceptable Quality Levei, a porcentagem de defeituosos máximos transmitidos em média (100 pgm), o ponto de controle (100 po), a comparação das porcentagens do controle. É ventilado, também, o problema da avaliação de um lote com auxílio de uma amostragem, através de tabelas de limites e intervalos de certeza.

O capítulo 12 trata dos sistemas de amostragens, entendido como um conjunto lógico de grandezas do lote, de porcentagens de controle, de grandezas de amostras e de critérios (número de defeitos tolerados na amostra).

Existem, pois, sistemas de amostragens simples, dupla, múltipla e contínua.

A escolha de um sistema de amostragem é orientada pela escolha da porcentagem de controle. Dentre os sistemas de amostragem simples e dupla os autores analisam o sistema de amostragem normalizado Philips, as tabelas de DODGE e ROMIG e as da Universidade de Colômbia, além de estabelecerem comparações e adaptações dos sistemas de amostragens.

Dentre os sistemas de amostragens múltiplas, também progressivos, são analisados os métodos de WOLD, as tabelas da Universidade de Colúmbia e o sistema da Van Der Heem (emprêsa localizada na cidade de Haia).

Entre os sistemas de amostragens contínuas há o de DODGE e o da Philips.

A seguir, os autores comparam os sistemas de amostragens, bem como as relações entre as diversas grandezas caraterísticas respectivas.

O capítulo 13 é dedicado às caraterísticas de controle para o controle baseado em grandezas mensuráveis.

Assim, são analisados os casos em que o controle é baseado em variáveis no caso de uma dispersão normal conhecida. Seguem-se parágrafos relativos ao cálculo da ca raterística de controle e do ponto de controle, bem como exemplos e comparações entre controles baseados sobre atributos e os baseados sobre variáveis. Finalmente, é estudado o caso de controle baseado sobre variáveis no caso de uma dispersão normal desconhecida.

• Na Parte IV os autores analisam a regulamentação e organização da qualidade.

No capítulo 14 fazem algumas considerações sobre o estabelecimento das prescrições de qualidade, começando pelos aspectos econômicos das tolerâncias, insistindo nas conseqüências da noção de dispersão natural e na significação de sua análise.

O problema de escolha da porcentagem tolerada de defeituosos e o da soma das tolerâncias são exaustivamente analisados.

O capítulo 15 trata da determinação e significação da imprecisão de medida. São analisados os casos de imprecisão de medida nos casos de emprêgo de um só instrumento de medida e no caso de dois instrumentos análogos de medida. No tocante à determinação da imprecisão de controle, são analisadas sua significação, bem como as conseqüências inerentes a uma só medida e a duas medidas.

O capítulo 16 é dedicado à organização do controle de qualidade.

Os problemas inerentes à qualidade constituem, em grande parte, questões de organização. São relacionados não só a fatores técnicos, mas igualmente à escolha do pessoal, à coordenação dos estudos, à produção, ao controle, ao preço de custo etc..

Os autores ressaltam o interêsse dos setores de fabricação, vendas e escritório de estudos em função da qualidade.

Analisam as diversas funções da qualidade, a escolha do nível de qualidade, as prescrições estabelecidas, a gerência da qualidade e o julgamento da qualidade. Também analisam as funções dos diversos serviços que constróem a qualidade, desde o escritório de estudos (projeto do produto e projeto do ferramental) ao departamento de fabricação, culminando na central de qualidade.

O capítulo 17 trata dos problemas inerentes à criação e à manutenção da organização. Advoga a introdução dos métodos estatísticos no controle da qualidade como meios auxiliares. E analisa a evolução e o crescimento das organizações, assinalando os princípios mais importantes e a validade geral dos métodos e concepções descritos.

• No Apêndice I são explicados pormenorizadamente leis e métodos estatísticos utilizados, principalmente quanto a noções e princípios do cálculo de probabilidades, distribuição binominal, cálculo das caraterísticas de controle com auxílio da distribuição de POISSON, e cálculo dos sistemas de amostragens duplas.

As comparações das médias quando os dados normais

são conhecidos e quando não se dispõe de dados normais são também focalizadas.

Dentre os princípios do cálculo de correlação convém assinalar; o coeficiente de correlação, a linha de regressão, o significado do coeficiente de correlação e a regressão não linear,

• O Apêndice II apresenta uma bibliografia resumida, convindo consultar para daãos mais pormenorizados: BUTTERBANGH, "Bibliografia de Controle Estatístico de Qualidade" e, do mesmo autor, "Suplemento da Bibliografia de Controle Estatístico de Qualidade", Imprensa da Universidade de Washington} 1946 e 1951, respectivamente.

Dentre as obras recomendadas sobre qualidade, controle e organização, controle estatístico de qualidade e métodos estatísticos, citam-se: "Controle de Qualidade", de FERGENBAUM; "Manual do Controle de Qualidade", de JURÁN e outros; "Manual de Controle da Qualidade dos Materiais", da ASTM e "Técnicas Modernas de Controle de Fabricação", de J. MOTHES.

No Apêndice III diversos artigos de revistas são citados e classificados segundo o assunto tratado, entre os quais metalurgia, indústria eletrotécnica, química e farmacêutica, têxtil; supervisão e controle; projetos; experiências e tolerâncias.

O Apêndice IV coleciona várias tabelas e diagramas, além de várias tabelas do sistema de amostragem da Philips.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jul 2015
  • Data do Fascículo
    Mar 1966
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