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The economics of AID

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

The economics of AID

Por J . M. Healey. London. Library of Modem Economics, Routledge and Kegan Paul Ltd. 1971.

A ajuda econômica dos países "desenvolvidos" aos "subdesenvolvidos" é um dos tópicos menos compreendido da realidade econômica de hoje. As populações dos países de onde origina esta ajuda tendem a considerá-la de maneira ambivalente: de um lado sentem certo complexo de culpa ligado ao fato de que são ricos face à pobreza do resto do mundo; e dentro desse enfoque sentem certa responsabilidade em ajudar os pobres do resto do globo. Por outro lado, essas mesmas populações sentem que existem problemas internos em seus países que merecem prioridade, dados os recursos que, embora mais abundantes localmente que no terceiro mundo, ainda assim são escassos. Uma destas atitudes tende a prevalecer, dependendo de aspectos conjunturais nos respectivos países doadores de ajuda.

Em contraposição a estes pontos de vista, muitas vezes de fundo emotivo por parte dos povos desenvolvidos, temos as posições de seus respectivos governos que, embora tendam a refletir em algum grau as correntes de opinião pública, normalmente lançam mão de uma abordagem mais pragmática em relação à ajuda externa. Os motivos que podemos atribuir aos governos desses países dividem-se, para fins de análise - pois raramente eles atuam independentemente uns dos outros - em dois tipos: comerciais e político-estratégicos. Admite-se que a probabilidade de motivos puramente humanitários por parte de governos seja pequena.

O trabalho do Professor Healy tem como objetivo a utilização dos instrumentos da análise econômica para maximizar o impacto da ajuda externa na consecução dos objetivos governamentais esboçados acima. Lembremos que a ciência econômica tem como meta principal a maximização dos efeitos positivos (lucro, bem-estar, ou outra variável qualquer) que se quer obter, com o mínimo de utilização, de recursos escassos mas necessários. No caso da ajuda externa, os objetivos podem dizer respeito à melhoria da posição comercial ou político-estratégica do Estado doador em relação ao Estado recipiente.

O meio aqui considerado é a ajuda externa. Pergunta-se qual forma deve este tomar para ter seu máximo impacto com o mínimo de custo, em termos de recursos para o Estado doador. Este é o assunto do livro em pauta. O Professor Healy desdobra seu estudo de maneira sistemática, começando com o estudo dos motivos que levam países a participar, seja como doadores, seja como recebedores no fluxo de ajuda externa. Logo depois expõe os princípios de alocação que devem ser adotados, condicionados aos objetivos ou motivos de ambas as partes na transação. Definidos estes preliminares, investiga a relação que existe ou pode existir entre a ajuda econômica e o processo de desenvolvimento econômico dos países contemplados com a ajuda. Posteriormente investiga a ajuda econômica quando toma a forma de empréstimos e os termos em que são concedidos estes empréstimos. Aqui é feita uma análise tento das vantagens como das desvantagens desse tipo de ajuda do lado do país credor e do país devedor. A parte final desse estudo investiga a ajuda "amarrada", onde o recebedor é forçado a gastar os recursos obtidos na compra de bens e serviços exclusivamente no país que concede a ajuda.

O nível de tratamento dado ao assunto, embora o autor tente negá-lo, é bastante sofisticado. Excetuando-se os primeiros dois capítulos, exige-se do leitor certa familiaridade com o instrumental analítico dos economistas, ou ao menos uma base em engenharia econômica elementar ou matemática financeira. Isto não detrai do valor do livro ao menos em sua parte introdutória, que deverá ser do conhecimento de todos que se interessam em levantar o véu de mistificação que geralmente encobre o assunto de ajuda externa originária tanto nos países ocidentais como nos países comunistas.

DENNIS CINTRA LEITE

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1971
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