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RAE: DESAFIOS PARA O FUTURO

Uma honra ter sido indicada como editora-chefe da RAE-Revista de Administração de Empresas, e é com muita alegria que assumo a responsabilidade por essa tarefa. Quero destacar o belo trabalho realizado pelo professor Eduardo Diniz, à frente da revista nesses últimos sete anos. Em sintonia com os cenários nacional e internacional, Eduardo promoveu mudanças que colocaram a RAE em ótimas posições em diversos indicadores de qualidade. Em seus editoriais, debateu a gestão e modelos de negócios na área de editoração científica, questões de similaridade e plágio, acesso aberto e internacionalização. Em decorrência de seu trabalho consistente, a revista está classificada atualmente como A2 na avaliação da CAPES, indexada no Journal Citation Reports® da Thomson Reuters, e conta com publicações de autoria e parcerias internacionais, em português, espanhol ou inglês. O debate sobre a questão do idioma nas publicações dos periódicos acadêmicos brasileiros continua em aberto e presente também na revista. A RAE mantém sua edição impressa para assinantes, mas está totalmente disponível on-line, com um número excepcional de acessos.

A RAE conta com uma equipe que gerencia todo o fluxo editorial das revistas GV-executivo, cujo foco, remodelado, passa a ter divulgação de pesquisas aplicadas, e GVcasos, especializada em casos de ensino. A equipe também apoia a gestão dos processos editoriais de outros dois periódicos: Journal of Operations and Supply Chain Management (JOSCM) e Cadernos Gestão Pública e Cidadania (CGPC), coordenados pelos editores-chefes Juliana Bonomi Santos e Mário Aquino Alves, respectivamente. Aprendi com o professor Eduardo que o compartilhamento de processos em uma única estrutura organizacional é denominado publisher, que acompanha as tarefas acadêmicas do editor-chefe da RAE e de toda a equipe antes e após a publicação. Profundos agradecimentos ao professor Eduardo pela organização de todas essas atividades.

É indiscutível que revistas acadêmicas delimitam os contornos de um campo científico: o que é publicado (e o que não é publicado) contribui para dar a direção àquilo que se entende por academia. E a produção científica em administração tem sido teórica e metodologicamente contestada. Essa é uma questão debatida internacionalmente, mas que ganha tons mais dramáticos quando se trata do cenário nacional. Tal constatação, entretanto, não deve nos desanimar; pelo contrário, torna o papel da comunidade científica nacional ainda mais desafiador. Os programas de pós-graduação têm um papel relevante na produção de conhecimento, e as revistas, uma função essencial na sua disseminação.

Desde sua criação, em 1961, a RAE tem tido uma história respeitável nesse processo, que incluiu várias vozes ao longo de sua existência. A trajetória de sucesso da revista deve-se ao apoio da Fundação Getulio Vargas e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo. Além do apoio institucional, evidentemente, temos que destacar o papel da própria comunidade: os autores, os revisores e os editores científicos, que dialogam com os pesquisadores e enriquecem o debate na área. A RAE precisa ter cada vez mais um papel inovador, com abertura para identificar oportunidades e interesses dos pesquisadores em diversas áreas da administração, e disseminar conhecimento, com pesquisas qualitativas, quantitativas ou múltiplos métodos, robustas na sua formulação, que tragam insights sobre teorias e práticas organizacionais e que abram caminhos inexplorados. A pluralidade de abordagens promove um espaço de liberdade que permite o florescimento de novas ideias e avanços no campo. Fazer pesquisa é risco, implica estar aberto ao inesperado e, muitas vezes, contrapor ordens estabelecidas.

Ainda que o passado seja valoroso, é preciso pensar no futuro da RAE. Nossa visão para o futuro inclui, em primeiro lugar, manter a qualidade que sempre foi sua marca, o rigor científico e a relevância, fatores que promovem o fortalecimento do nosso campo; e, em segundo lugar, aumentar seu fator de impacto. Esperamos contar com a contribuição de pesquisadores para publicações de artigos, fóruns e debates que permitam avançar nas fronteiras do conhecimento em administração. É fundamental contribuir para o pensamento de vanguarda no campo.

Reforço o compromisso da RAE com os princípios éticos, a transparência nos processos de avaliação e editoração, a tradição de avaliação cega por pares, a diversidade teórica e metodológica e o objetivo de contribuir para o desenvolvimento científico em administração de empresas no País. Que a conversação aberta, plural e democrática esteja sempre presente entre os múltiplos atores que compõem a nossa comunidade.

Nesta segunda edição, publicamos artigos que marcam a orientação pluralista da revista, com temas de estratégia, estudos organizacionais, marketing, gestão de pessoas, empreendedorismo, entre outros. Completam esta edição a nossa tradicional seção Pensata, com o provocante artigo Green microfinance: A new frontier to inclusive financial services, de Rafael Magnus Barbosa Moser e Lauro Gonzalez; a resenha de Carlos A. Caldeira e David Kallás sobre o livro "Good strategy/bad strategy: The difference and why it matters", de autoria de Richard Rumelt; e as indicações bibliográficas, nas quais contamos com as sugestões de livros sobre crowdfunding, dos professores Wesley Mendes-da-Silva e Cristiane C. Gattaz, e acordos internacionais, do professor Silvio Miyazaki.

Boa leitura!

MARIA JOSÉ TONELLI | Editora-chefe
Professora da Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo - São Paulo - SP, Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2016
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