RESUMO
Objetivo:
O presente artigo tem o propósito de investigar qual é a relação entre intangíveis, ambiente macroeconômico e valor de mercado das empresas abertas alemãs, inglesas e portuguesas no período de 1999 a 2016. Apesar de o IAS 38 atribuir valor aos ativos intangíveis, há uma grande lacuna entre a contabilização e a necessidade do mercado. Essa lacuna é dada pelo conservadorismo contábil na contabilização dos ativos intangíveis e por sua difícil mensuração. A verificação do impacto dos intangíveis no valor de mercado da empresa é feita por meio da metodologia proposta por Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
, utilizando proxies como CDS, Libor e Euribor e testes de sensibilidade. Espera-se que o IDE reflita o capital intangível e crie valor ao acionista. Este estudo busca interpretar a contribuição dos intangíveis e a previsão de seu impacto no mercado.
Originalidade/valor:
O tema de avaliação dos ativos intangíveis tem sido abordado de diversas formas. Sua relevância está na necessidade de estabelecer métodos para sua mensuração.
Design/metodologia/abordagem:
A abordagem metodológica é uma pesquisa quantitativa com dados em painel com a utilização do Stata-15. A base de dados é o Capital IQ com empresas de capital aberto, listadas na Alemanha, na Inglaterra e em Portugal de 1999 a 2016, com frequência anual.
Resultados:
Os resultados sugerem que o comprehension value tem uma relação positiva e significante com o valor de mercado das empresas, e que o intangible capital e o intangibles-driven-earnings são positivamente relacionados com os gastos de pesquisa e desenvolvimento e gastos de vendas, gerais e administrativos.
PALAVRAS-CHAVE
Ativos intangíveis; Alemanha; Inglaterra; Portugal; Teste de sensibilidade
ABSTRACT
Purpose:
The present paper is aimed to investigate the relationship between intangible assets, macroeconomic environment and market value of German, English and Portuguese public companies from 1999 to 2016. Although the IAS 38, assigns value to intangible assets, there is a gap between accounting and the market need. This gap is given by accounting conservatism in the accounting of intangible assets and by their difficult measurement. The verification of the impact of the intangibles on the company’s market value is done through the methodology proposed by Gu and Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
, using proxies such as CDS, Libor and Euribor and sensitivity tests. IDE is expected to reflect intangible capital and create shareholder value. This study seeks to interpret the contribution of intangibles and to forecast their impact on the market.
Originality/value:
The theme of evaluation of intangible assets has been approached in several ways. Its relevance lies in the need to establish methods for its measurement.
Design/methodology/approach:
The methodological approach is quantitative research with panel data using Stata-15. The database is the Capital IQ with public companies, listed in Germany, England, and Portugal from 1999 to 2016, with annual frequency.
Findings:
The results suggest that the comprehension value has a positive and significant relationship with the market value of the companies and that the intangible capital and the intangibles-driven-earnings are positively related to research and development expenses and general, administrative procedures.
Keywords
Intangible assets; Germany; England; Portugal; Sensitivity test
1. INTRODUÇÃO
A diferença entre o valor econômico da empresa e o seu valor contábil vem trazendo uma preocupação cada vez maior entre os analistas e investidores, pois essa divergência foi evidenciada pelo índice mundial de Morgan Stanley (2009)Morgan Stanley. 2009. Global Economic Forum. Retrieved from http://www.morganstanley.com/views/gef/index.html
http://www.morganstanley.com/views/gef/i...
, por meio do valor da empresa cotado na bolsa de valores. O valor cotado é em média o dobro do valor patrimonial da empresa, e o valor de mercado de uma empresa varia normalmente de duas a nove vezes em relação ao seu valor contábil.
Quando se trata de valor econômico de uma empresa, Stewart (2003)Stewart, T. A. (2003). The wealth of knowledge: Intellectual capital and the twenty-first century organization. New York: Doubleday. o explica como o resultado da soma dos seus ativos tangíveis e intangíveis. Segundo Jarboe e Ellis (2010)Jarboe, K. P., & Ellis, I. (2010). Intangible assets: Innovative financing for innovation. Issues in Science and Technology, 26(2), 75-80. Retrieved from http://issues.org/26-2/jarboe-2/
http://issues.org/26-2/jarboe-2/...
, as empresas podem gerar resultados baseados em seus ativos físicos e financeiros, e estes podem ser facilmente comprados e vendidos com os seus ativos intangíveis que proporcionam as inovações necessárias para a expansão da empresa, no entanto estes estão geralmente “escondidos” no valor contábil da empresa, mas influenciam na valorização econômica das empresas.
A contabilização do capital humano e de intangíveis em geral é um dos tópicos mais díficeis e complexos de serem mensurados. Até hoje existem muitos pontos de discordância na abordagem do tema, principalmente se devem ser tratados como consumo ou investimentos (Jones & Chiripanhura, 2010Jones, R., & Chiripanhura, B. (2010). Measuring the UK’s human capital stock. Economic & Labour Market Review, 36-63. Retrieved from https://www.ons.gov.uk
https://www.ons.gov.uk...
).
Como valorar uma empresa considerando seus ativos intangíveis não é uma tarefa simples, o Internacional Accounting Standard Board, por meio do IAS38, procura registrar o ativo intangível mais próximo da realidade do mercado. Essa complexidade decorre da diferença entre os cálculos do valor de mercado e do valor contábil de uma empresa (Choi, Kwon, & Lobo, 2000Choi, W. W., Kwon, S. S., & Lobo, G. J. (2000). Market valuation of intangible assets. Journal of Business Research, 49, 35-45. Retrieved from http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0148296398001210
http://www.sciencedirect.com/science/art...
; Demirakos, Strong, & Walker, 2004Demirakos, E. G., Storng, N. C., & Walker, M. (2004). What valuation models do analysts use? Accounting Horizons, 18(4), 221-240. Retrieved from http://aaajournals.org/doi/abs/10.2308/acch.2004.18.4.221?code=aaan-site
http://aaajournals.org/doi/abs/10.2308/a...
; Salamundin, Bakar, Ibrahim, & Hassan, 2010Salamundin, N., Bakar, R., Ibrahim, M. K., & Hassan, F.H. (2010). Intangible assets valuation in the Malaysian capital market. Journal of Intellectual Capital, 11(3), 391-405. Retrieved from http://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/14691931011064608
http://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10...
).
De acordo com o IAS 38, os ativos intangíveis somente são reconhecidos pela contabilidade quando a empresa é vendida, e a diferença do valor de mercado em relação ao valor patrimonial é apurado registrando o goodwill adquirido pela compradora. Jarboe e Ellis (2010)Jarboe, K. P., & Ellis, I. (2010). Intangible assets: Innovative financing for innovation. Issues in Science and Technology, 26(2), 75-80. Retrieved from http://issues.org/26-2/jarboe-2/
http://issues.org/26-2/jarboe-2/...
explicam que os ativos intangíveis somente são registrados quando ocorrem eventos que permitem a mensuração, o registro e a evidenciação, e isso ocorre, por exemplo, quando há uma fusão ou aquisição de empresas, até então a criação desses ativos fica sem evidenciação, gerando um acúmulo que não é evidenciado pelas demonstrações contábeis.
Os ativos intangíveis exercem certa influência no valor das empresas e podem modificar sua estrutura de capital e capacidade de geração de caixa, além de adicionarem valor (Damodaran, 2006Damodaran, A. (2006). Damodaran on valuation: Security analysis for Investment and corporate finance (3rd ed.). New Jersey: John Wiley & Sons.; Ross, Westerfield, & Jaffe, 2016Ross, S. A., Westerfield, R. W., & Jaffe, J. F. (2016). Corporate finance (11th ed.). New York: McGraw-Hill.). Entretanto, surge o questionamento sobre qual é a relação dos ativos intangíveis com o ambiente macroeconômico e o valor de mercado das empresas.
Durante o crescimento econômico dos anos 1990, em meio ao crescimento da globalização, a competição de mercados se intensificou, e os ativos intangíveis foram os principais agentes de aumento de competitividade entre as empresas, como capital tecnológico, conhecimento, capital humano e capital social (Pulido, 2009Pulido, A. (2009). Una comparativa internacional en la mediación del capital intangible de países. Revista de Economia Mundial, 23, 245-261. Retrieved from https://www.redalyc.org
https://www.redalyc.org...
).
Os ativos intangíveis possuem um papel macroeconômico fundamental, pois eles afetam uma economia como um todo, proporcionando inclusive crescimento e tendências cíclicas da economia (Hand & Lev, 2003Hand, J. R. M., & Lev, B. (2003). Intangible assets. New York: Oxford University. ). Com a finalidade de estimar o valor dos ativos intangíveis não registrados no balanço patrimonial, Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
propõem uma metodologia para a estimação do valor de ativos intangíveis que não estão registrados no balanço patrimonial da empresa. Esse método se baseia no conceito econômico de “função de produção”, em que o valor do ativo intangível é estimado por meio da subtração dos retornos normais de ativos físicos e financeiros.
De acordo com os autores, a performance da empresa por meio do seu desempenho econômico (DE) é gerada por seus ativos físicos, financeiros e intangíveis.
A fim de homogeneizarmos as oscilações da valoração dos ativos físicos, considerou-se a média da inflação do período de cada país, que foi subtraída da média do House Price Index dos respectivos países deste estudo, obtendo a proxy do percentual real de valorização imobiliária para o cálculo dos ativos físicos.
Com o intuito de equalizar as variações, os riscos e os diferentes tipos de ativos financeiros, utilizou-se como proxy a média do Euribor para a Alemanha e Portugal. No caso da Inglaterra, adotou-se a média do Libor e utilizou-se o Credit Default Swap (CDS) para o risco dos respectivos países. Hull e White (2000)Hull, J., & White, A. (2000). Valuing credit default swaps: No counterparty default risk. Journal of Derivatives, 8(1), 29-40. Retrieved from http://www.gfigroup.com/portal/pdfs/CredDefSw1.pdf
http://www.gfigroup.com/portal/pdfs/Cred...
explicam que um swap de crédito é um contrato que fornece um seguro contra o risco de default em uma determinada data de uma dada re- ferência. Swaps de crédito são firmados com diversas variáveis em sua composição, em que uma importante característica é o evento de crédito que representa a ocorrência de um “sinistro” da capacidade de pagamento e, consequentemente, o risco inerente de cada país.
Para testarmos os diferentes métodos de ponderação do Ebitda e a taxa de crescimento do intangible-driven earnings (IDE), realizamos testes de sensibilidade a fim de analisarmos o seu impacto no resultado final das projeções das empresas.
Por meio deste estudo, há a pretensão de analisar qual é o impacto dos ativos intangíveis na criação de valor das empresas de capital aberto da Alemanha, da Inglaterra e de Portugal. A estrutura deste artigo está composta da seguinte forma: introdução, referencial teórico, metodologia, resultados e considerações finais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Ativos intangíveis
De acordo com o IAS 38, as normas internacionais de contabilidade definem ativo intangível como “um ativo identificável sem substância física, mantido para ser usado na produção ou no fornecimento de bens ou serviços, para ser alugado para outros, ou para finalidades administrativas”.
De acordo com Liu e Wong (2011)Liu, Q., & Wong, K. P. (2011). Intellectual capital and financing decisions: Evidence from the US patent data. Management Science, 57(10), 1861-1878. Retrieved from http://pubsonline.informs.org/doi/abs/10.1287/mnsc. 1110.1380?journalCode=mnsc
http://pubsonline.informs.org/doi/abs/10...
, capital intelectual é um conjunto de elementos intangíveis que resultam de inovações tecnológicas e geram benefício econômico para a empresa. Os investidores, à medida que reconhecem a importância e os valores dos ativos intangíveis de uma empresa, proporcionam uma valorização da empresa como um todo, fato que não corresponde ao seu valor patrimonial escriturado nos livros contábeis, principalmente pela expectativa da geração de benefícios futuros (Lev, 2004Lev, B. (2004). Sharpening the intangibles edge. Harvard Business Review, June, 109-116. Retrieved from http://raw.rutgers.edu/docs/intangibles/Papers/Sharpening%20the%20Intangibles%20Edge.pdf
http://raw.rutgers.edu/docs/intangibles/...
).
O ativo intangível é não monetário nem identificável e não tem substância física. Subentende-se que, por configurarem como ativos, os in - tangíveis são controlados pela entidade e propiciarão benefícios econômicos futuros (IAS 38). Os ativos intangíveis são aqueles que não possuem forma física e que afetam a performance e o fluxo de caixa das empresas (Damodaran, 2006Damodaran, A. (2006). Damodaran on valuation: Security analysis for Investment and corporate finance (3rd ed.). New Jersey: John Wiley & Sons.).
2.2 Valor de mercado e criação de valor
Rokeach (1973)Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York: The Free Press. define valor como uma crença duradoura em um determinado modelo, balizado por condutas preexistente de carácter pessoal ou socialmente aceito por um grupo. Edvinsson e Malone (1997)Edvinsson, L., & Malone, M. S. (1997). Intellectual capital: Realizing your company’s true value by finding its hidden brainpower. New York: Harper Collins Publishers., Stewart (1999)Stewart, T. A. (1999). Intellectual capital the new wealth of organizations. New York: Doubleday. , Sveiby (1997)Sveiby, K. E. (1997). The new organizational wealth: Managing and measuring. San Francisco: Berret-Koehler. , Lev (2001)Lev, B. (2001). Intangibles: Management, measurement, and reporting. Washington: Brookings. e Kaplan e Norton (2004)Kaplan, R. S., & Norton, D. P. (2004). Strategy maps: Converting intangible assets into tangible outcomes. Boston: Harvard Business School Press. afirmam que a geração de riqueza nas empresas está cada vez mais relacionada aos ativos intangíveis ou ativos intelectuais.
De acordo com Reilly e Schweihs (2014)Reilly, R. F., & Schweihs, R. P. (2014). Valuing intangible assets (2nd ed.). New York: McGraw-Hill. , conhecer o valor dos ativos intangíveis é importante porque a sua avaliação estabelece um valor transacional para compra e venda, além da possibilidade de parâmetros para o planejamento, a análise de crédito e as oportunidades estratégicas.
Quando se analisa o valor de uma empresa, há que se diferenciar o conceito de valor intrínseco do valor de mercado. O valor intrínseco considera o fluxo de caixa que um investidor espera receber no futuro (Sharpe, Alexander, & Bailey, 1999Sharpe, W. F., Alexander, G. J., & Bailey, J. V. (1999). Investments (6th ed.). New Jersey: Prentice Hall.). É o mesmo conceito do fluxo de caixa descontado, resultado da soma dos fluxos de caixa futuros, descontados a uma taxa coerente com o seu nível de risco (Copeland, Koller, & Murrin, 2000Copeland, T., Koller, T., & Murrin, J. (2000). Valuation: Measuring and managing the values of companies (3rd ed.) . New York: McKinsey & Company.; Damodaran, 2006Damodaran, A. (2006). Damodaran on valuation: Security analysis for Investment and corporate finance (3rd ed.). New Jersey: John Wiley & Sons.). Já o valor de mercado pode ser calculado de algumas formas. Para as empresas de capital aberto, a forma mais tradicional é a soma do valor de mercado das ações com as dívidas financeiras a valores de mercado, conforme a Equação 1:
em que:
VM = valor de mercado da empresa;
DM = dívidas financeiras a valores de mercado;
SM = valor de mercado das ações (quantidade de ações X valor da ação).
Stewart (2003)Stewart, T. A. (2003). The wealth of knowledge: Intellectual capital and the twenty-first century organization. New York: Doubleday. , no entanto, sugere que o valor de mercado de uma empresa é a resultante da combinação de seus ativos tangíveis e intangíveis, conforme a Equação 2:
em que:
VM = valor de mercado da empresa;
VAT = valor dos ativos tangíveis;
VAI = valor dos ativos intangíveis.
Segundo Young e O’Byrne (2000)Young, D., O’Byrne, S. F. (2000). EVA® and Value-Based-Management. New York: McGraw Hill. , uma das categorias de avaliação de desempenho é o total shareholder return (TSR), o qual é aplicável somente em empresas de capital aberto e possui a vantagem de incluir as expectativas do mercado sobre o crescimento futuro.
2.3 Classificação dos principais ativos intangíveis
Em 1942, já havia a preocupação com o registro dos ativos intangíveis, e os principais são: marcas, direitos contratuais, design, fórmulas, goodwill, licenças, patentes, royalties, processos, direitos autorais, nomes etc. (Avery, 1942Avery, H. G. (1942). Accounting for intangibles. The Accounting Review, 17, 354-363. Retrieved from https://www.jstorn.org
https://www.jstorn.org...
).
2.3.1 Marcas
Segundo Kotler e Armstrong (2018)Kotler, P., & Armstrong, G. (2018). Principles of marketing (17th ed.). Harlow: Pearson Education. , marca é um nome, termo, símbolo ou design, ou uma combinação desses elementos, para identificar os produtos ou serviços de um vendedor e diferenciá-los de seus concorrentes. Kapferer (2015)Kapferer, J. N. (2015). How luxury brands can grow yet remain rare. Philadelphia: Kogan Page., ao ampliar esse conceito, afirma que a marca estabelece um relacionamento que conduz o produto/serviço ao consumidor por meio de significado e agregação de valores.
Os teóricos há muito especulam que a vontade de pagar pelas marcas hoje poderia depender das experiências dos consumidores no passado, em um máximo de seis meses da exposição da marca ao consumidor. A disposição pela preferência por determinadas marcas é um ativo valioso para as empresas e uma fonte de retornos econômicos futuros (Bronnenberg, Dubé, & Gentzkow, 2012Bronnenberg, B. J., Dubé, J. P., & Gentzkow, M. (2012). The evolution of brand preferences: Evidence from consumer migration. The American Economic Review, 12(6), 2472-2508. Retrieved from https://www.jstorn.org
https://www.jstorn.org...
).
O patrimônio da marca é o bem mais importante que o marketing contribui para uma empresa, fornecendo-lhe poder de preços (Goldfarb, Lu, & Moorthy, 2009Goldfarb, A., Lu, Q., & Moorthy, S. (2009). Measuring brand value in an equilibrium framework. Marketing Science, 28(1), 69-86. Retrieved from https://www.jtorn.org
https://www.jtorn.org...
).
2.3.2 Patentes
Nicholas (2013)Nicholas, T. (2013). Hybrid innovation in Meji, Japan. International Economic Review, 54(2), 575-600. Retrieved from https://www.jstorn.org
https://www.jstorn.org...
explica que, no mundo todo, as patentes são temas centrais para o direito intelectual, sendo também um imperfeito mecanismo para o desenvolvimento tecnológico, além de possuírem uma função formal de proteção da propriedade intelectual e constantemente são medidas para o nível de inovação de uma empresa.
Patentes têm sido reconhecidas como uma rica fonte de recursos de estudo e inovação e mudança tecnológica, proporcionando inúmeras vantagens na utilização delas (Hall, Jaffe, & Trajtenberg, 2005Hall, B., Jaffe, A., & Trajtenberg, M. (2005). Market value and patent citations. The Rand Journal of Economics, 36(1),16-38. Retrieved from https://www.jstron.org
https://www.jstron.org...
).
2.3.3 Pesquisa e desenvolvimento
As atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) são cruciais para o aumento da produtividade e para a transformação da estrutura econômica da empresa (Nadiri & Prucha, 2013Nadiri, M. I., & Prucha, I. R. (2013). Estimation of the depreciation rate of physical and R&D capital in the US. Total manufacturing sector. Economy Inquiry, 34, 43-56. Retrieved from http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1465-7295.1996.tb01363.x/full
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.11...
). São também associadas com a capacidade de inovação das empresas, e essa capacidade é referente a inovar em novos produtos, tecnologia, novas estratégias de mercado e melhoria de processos, proporcionando uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes (Surroca, Tribó, & Waddock, 2010Surroca, J., Tribó, J. A., & Waddock, S. (2010). Corporate responsibility and financial performance: The role of intangible resources. Strategic Management Journal, 31(5), 463-490. Retrieved from http://dx.doi.org/10.1002/smj.820
http://dx.doi.org/10.1002/smj.820...
).
Hall et al. (2005)Hall, B., Jaffe, A., & Trajtenberg, M. (2005). Market value and patent citations. The Rand Journal of Economics, 36(1),16-38. Retrieved from https://www.jstron.org
https://www.jstron.org...
destacam que as atividades de P&D conduzidas por empresas privadas são atividades de investimento, em que as empresas acumulam um estoque de conhecimento. Se esse estoque de conhecimento contribui positivamente para o fluxo de caixa da empresa, isso será observado em seu valor de mercado.
Hendriksen e Breda (1999)Hendriksen, E. S., & Breda, M. F. V. (1999). Teoria da contabilidade. (2nd ed.). (Antônio Zaratto Sanvicente, Transl.). São Paulo: Atlas. afirmam que, como tratamento contábil a ser dado aos gastos com P&D, se não for possível antecipar o efeito de tais gastos na geração de receitas futuras, devem-se alocar esses desembolsos como despesa; caso seja possível identificar projetos bem-sucedidos capazes de gerar receitas futuras, podem ser ativados ao menos os custos diretos com tais projetos, para serem amortizados durante períodos em que eles trarão benefício econômico futuro.
2.3.4 Direitos autorais
Segundo Giblin (2017)Giblin, R. (2017). Reimagining copyright’s duration. Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2561108
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?...
, os fins dos direitos autorais são muitos e variados, sobretudo por causa da regulamentação contratual do direito, principalmente em decorrência do longo histórico de disputa pela sua detenção. Podem-se identificar quatro objetivos que são predominantes usados para justificar os termos existentes:
-
Incentivar a produção cultural inicial.
-
Incentivar a produção cultural adicional produzindo recompensas que subsidiem o investimento em novos trabalhos.
-
Incentivar investimentos contínuos em obras existentes (ou seja, assegurar sua preservação e disponibilidade contínua).
-
Reconhecer e recompensar autores por suas contribuições criativas.
2.3.5 Franquias e licenças
De acordo com Kotler e Armstrong (2018)Kotler, P., & Armstrong, G. (2018). Principles of marketing (17th ed.). Harlow: Pearson Education. , franquias e licenças podem ser contratadas por um tempo definido, indefinido ou perpétuo.
O registro desse ativo intangível é realizado na conta patrimonial de franquias ou licenças somente quando existem pagamentos adiantados de taxas e outras despesas que são identificáveis com a aquisição do direito de operação, envolvendo a concessão e transferência de marca, tecnologia, consultoria operacional e produtos ou serviços.
2.3.6 Pesquisa de marketing
Segundo Martins (2008)Martins, E (2008). Palestra virtual sobre a nova lei das S/A e a internacionalização da contabilidade. Retrieved from https://slideplayer.com.br/slide/3423021/
https://slideplayer.com.br/slide/3423021...
, uma pesquisa de marketing pode se referir a uma pesquisa pura, voltada ao desenvolvimento de novas ciências e tecno logias, ou a uma pesquisa aplicada, voltada ao desenvolvimento de produtos e processos.
A fim de que seja contabilizada a pesquisa de marketing, a conta desenvolvimento de novos produtos possui alguns critérios:
-
Aspecto técnico: se forem dados esses projetos já como líquidos e certos.
-
Aspecto financeiro: se já houver estudos que mostrem que eles são viáveis.
-
A empresa deve ter recursos próprios ou já assegurados, contratados com terceiros, para completar todo o projeto de desenvolvimento.
2.4 Goodwill
A valorização de um determinado ativo em relação ao seu valor quando foi adquirido no passado é o denominado goodwill (Thulin, 1919Thulin, F. (1919). Goodwill and others nondepreciable and depreciable intangible property as “invested capital”. Michigan Law Review, 17(4), 294-309. Retrieved from https://www.jstorn.org
https://www.jstorn.org...
). Portanto, Winiarsky (2016)Winiarsky, M. (2016). FASB looks to cut out second step of goodwill accounting. Compliance Week, 13(150), 54-56. Retrieved from https://www.complianceweek.com/news/news-article/fasb-looks-to-cut-out-that-%E2%80%98second-step%E2%80%99-of-goodwill-accounting#.WdDCSltSzIU
https://www.complianceweek.com/news/news...
destaca que o FASB desenvolveu um teste em duas etapas para determinar se o goodwill deve ser escriturado. O primeiro passo consiste em comparar o valor justo da unidade de relatório para o valor contábil nos livros. Se for maior que o valor contábil, o goodwill é considerado e registrado; no entanto, se for menor, isso desencadeia o segundo passo que consiste em identificar o valor justo de todos os ativos e passivos, situação ocasionada em uma aquisição de negócio.
Para Hendriksen e Breda (1999)Hendriksen, E. S., & Breda, M. F. V. (1999). Teoria da contabilidade. (2nd ed.). (Antônio Zaratto Sanvicente, Transl.). São Paulo: Atlas., o goodwill é um ativo intangível, como contas a receber, despesas antecipadas, aplicações financeiras e outras de fácil identificação.
O goodwill é um ativo intangível no balanço que surge quando uma empresa compra outra e nela integra declarações financeiras. Após os ativos e passivos individuais da empresa adquirida serem adicionados ao balanço patrimonial, o goodwill representa o prêmio que a empresa compradora paga para obter o negócio (Tammy, 2017Tammy, W. (2017). FASB kills bundersome goodwill impairment test. Compliance Week, Jan 2017. Retrieved from https://www.complianceweek.com/fasb-kills-burdensome-goodwill-impairment-test/9978.article
https://www.complianceweek.com/fasb-kill...
).
Diante das características expostas anteriormente, o goodwill é um ativo complexo de ser definido e mensurado, e, por consequência, reconhecido contabilmente, salvo em uma transação de compra e venda, chegando-se à diferença entre o valor patrimonial e o valor transacional. Para Hendriksen (1991)Hendriksen, E. S., & Breda, M. F. V. (1991). Accounting theory. New York: Irwin Professional Publishing., como resultado da falta de usos alternativos, da falta de separabilidade e da incerteza associada aos benefícios econômicos futuros, o ágio torna o reconhecimento contábil questionável.
2.5 Métodos de mensuração de ativos intangíveis
Hovakimian (2006)Hovakimian, A. (2006). Are observed capital structures determined by equity market timing?. The Journal of Financial and Quantitative Analysis, 41(1), 221-243. Retrieved from https://www.jstron.org
https://www.jstron.org...
explica que o valor contábil é o valor patrimonial registrado nos relatórios contábeis, e o valor comercial ou de mercado é o preço da ação da empresa no mercado de bolsa de valores. A relação entre valor contábil e valor de mercado é o chamado índice de market-to-book (M/B).
Rhodes-Kropf e Robinson (2008)Rhodes-Kropf, M., & Robinson, D. T. (2008). The Market for mergers and the boundaries of the firm. The Journal of Finance, 63(3), 1169-1211. Retrieved from http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1. 1.582.3462&rep=rep1&type=pdf
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/dow...
afirmam que o market-to-book se deve à existência de expectativa de retornos futuros desse ativo, enquanto, segundo Luthy (1998)Luthy, D. H. (1998). Intellectual capital and its measurement. Retrieved from http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.200.5655&rep=rep1&type=df
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/dow...
, é possível distinguir pelo menos quatro categorias de metodologia de avaliação para intangíveis:
-
Método do capital intelectual direto: os componentes do capital intelectual são medidos de forma direta ou por coeficientes agregados.
-
Método de capitalização de mercado: é calculada a diferença entre a capitalização de mercado e o valor dos ativos tangíveis.
-
Método de retorno sobre ativos: utiliza a relação entre as receitas da entidade e o valor dos ativos tangíveis.
-
Método score cards: é utilizada a metodologia do Balanced Score Card para avaliar os ativos intangíveis.
Stewart (1999)Stewart, T. A. (1999). Intellectual capital the new wealth of organizations. New York: Doubleday. afirma que, apesar de confusos, os demonstrativos de resultados das empresas não descrevem claramente o desempenho financeiro delas, além de ser um erro misturar medidas de desempenho financeiro com capital intelectual; ainda assim, devemos usá-los a fim de evitar um erro ainda maior.
2.6 Proposta de Gu e Lev
Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
propõem uma metodologia de valoração dos ativos intangíveis que não estão registrados no balanço patrimonial da empresa em decorrência do conservadorismo contábil e da necessidade do mercado na valoração real de seus ativos.
O método de valoração dos ativos intangíveis possui um conceito econômico de “função de produção”, em que da subtração dos retornos normais de ativos físicos e financeiros obtém-se o valor do DE da empresa.
O conceito econômico de função de produção é um princípio básico da economia e está relacionado à escassez de recursos disponíveis, contrabalançando as necessidades do homem que são ilimitadas e compreendendo a relação física entre as quantidades usadas de um certo conjunto de insumos e as quantidades (Solow, 1956Solow, R. (1956). A contribution to the theory of economic growth. Quarterly Journal of Economics, 70(1), 65-94., 1957Solow, R. (1957). Technical change and the aggregate production function. Review of Economic Studies, 39, 321-330.). Essa formulação é uma derivação da teoria clássica do crescimento na economia.
Esse conceito pode ser aplicado a um produto ou serviço, uma empresa, um setor de atividade ou até mesmo uma economia inteira.
Algebricamente, a função de produção pode ser apresentada da seguinte forma:
em que:
Q = quantidade de produto produzido;
L = quantidade de fatores produtivos do trabalho;
K = quantidade de fatores de capital produtivo.
Com a descoberta empírica de que capital e trabalho por si sós são incapazes de explicar a criação de valor, tem havido uma busca por fatores que poderiam ser incorporados à função de produção para exaurir os fatores responsáveis pela criação de valor. Assim, o fator intangível foi incorporado ao modelo.
Deve-se enfatizar que a discussão começa a ser conduzida da maneira mais adequada para mensurar a contribuição do capital e do trabalho, uma vez que a contribuição dos intangíveis é o excedente após a dedução da contribuição de capital e do trabalho.
A proposta de Gu e Lev (2003Gu, F., & Lev, B. (2003). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. Recuparado de http://www.stern.nyu.edu/~blev/.
http://www.stern.nyu.edu/~blev/...
, 2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
baseia-se em uma função de produção ampliada, que continha apenas os fatores de produção: capital e trabalho. A função de produção ampliada considera os intangíveis um fator de produção, gerando o DE da empresa, composto por ativos físicos, financeiros e intangíveis.
A equação proposta é:
em que α, β e δ representam as contribuições de uma unidade de ativos para o desempenho da empresa.
Segundo Gu e Lev (2003Gu, F., & Lev, B. (2003). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. Recuparado de http://www.stern.nyu.edu/~blev/.
http://www.stern.nyu.edu/~blev/...
, 2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
, o IDE é a equação na qual o DE é deduzido da contribuição de ativos físicos e ativos financeiros.
A metodologia de Gu e Lev (2003)Gu, F., & Lev, B. (2003). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. Recuparado de http://www.stern.nyu.edu/~blev/.
http://www.stern.nyu.edu/~blev/...
é composta por cinco etapas para calcular a contribuição dos ativos intangíveis por meio da projeção do IDE e o estoque de ativos intangíveis.
2.6.1 Etapa 1: Cálculo do DE
Para estimar os “lucros normalizados”, Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
utilizaram a média histórica dos últimos cinco anos como base para a previsão de lucros futuros, considerando P&D e treinamento dos empregados, a fim de considerar os investimentos em capital intangível. Para o presente trabalho, foram considerados 13 anos de média histórica. O cálculo do DE foi baseado na ponderação do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização - Ebitda (Basso, Oliveira, Kimura, & Braune, 2015Basso, L. F., Oliveira, J. A. S., Kimura, H., & Braune, E. S. (2015). The impact of intangibles on value creation: Comparative analysis of the Gu and Lev methodology for the United States software and hardware sector. Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 21(2), 73-83. Retrieved from http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1135252314000392
http://www.sciencedirect.com/science/art...
).
Neste estudo, os dados foram computados a partir de 1999, o mesmo ano em que o Mercado Comum Europeu adotou o euro como moeda oficial do grupo econômico. Para medir a sensibilidade das variáveis que impactam o IDE, foram realizados testes de sensibilidade na ponderação do Ebitda, e, como resultado, obteve-se uma elasticidade de 0,85% para o cálculo do IDE, o mesmo Ebtida de Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
dos seis anos subsequentes, respectivamente 4,76%, 9,52%, 14,29%, 19,05%, 23,81% e 28,57% para cada ano.
2.6.2 Etapa 2: Cálculo dos ativos físicos e financeiros
Estudos anteriores usaram dados do mercado imobiliário para o cálculo de ativos físicos nos Estados Unidos (Poterba, 1998Poterba, J. M. (1998). The rate of return to corporate capital and factor shares: New estimates using revised national income accounts and capital stock data. Cambridge: National Bureau of Economic Research (pp. 211-246). Retrieved from http://www.nber.org/papers/w6263
http://www.nber.org/papers/w6263...
), e outros consideraram os fatores de produção e trabalho para o cálculo de ativos físicos nos Estados Unidos, na Coreia e no Japão (Nadiri & Kim, 1996Nadiri, M. I., & Kim, S. (1996). R&D, production structure and productivity growth: A comparison of the US, Japanese and Korean manufacturing sectors. National Bureau of Economic Research, 1-29. January 2006. Retrieved from https://www.researchgate.net/publication/5193481_RD_Production_Structure_and_Productivity_Growth_A_Comparison_of_the_US_Japanese_ and_Korean_Manufacturing_Sectors
https://www.researchgate.net/publication...
). No entanto, para o presente estudo, o cálculo dos ativos físicos considerou o índice de preços da habitação (house price index - HPI) na base anual média do período, utilizando a fonte do Eurostat, que é o percentual da valorização imobiliária utili zada na Europa.
Para neutralizar os efeitos, a inflação foi subtraída da taxa média do HPI, obtendo-se o percentual real de valorização de imóveis utilizado como proxy para o cálculo dos ativos físicos.
Como proxy para o cálculo dos ativos financeiros, foram utilizados Libor e Euribor, e, como proxy do risco-país, considerou-se o CDS para cada país.
2.6.3 Etapa 3: Cálculo do IDE
A equação para o cálculo do IDE é:
Os valores de X foram considerados proxies para a rentabilidade média dos ativos físicos da Alemanha, de Portugal e da Inglaterra, respectivamente -0,13%, -0,75% e 3,85%; e os valores Y foram considerados proxies para a rentabilidade média dos ativos financeiros, respectivamente 2,33%, 2,33% e 3,54%.
A utilização do custo histórico do ativo físico por meio de dados contábeis, em vez de custo de reposição, gera uma tendência a substituir o DE e superestimar o IDE e, consequentemente, os ativos intangíveis.
2.6.4 Etapa 4: Cálculo do IDE para os três períodos futuros
Para estimar os lucros corporativos futuros, uma série de IDE foi projetada ao longo de três períodos futuros em que diferentes valores de cres cimento econômico são assumidos: no primeiro período, de 1 a 13 anos; no segundo, de 14 para 18 anos, ponderado até um crescimento de 1,5%; e no terceiro, de 19 ao infinito. Subsequentemente, dado o valor do DE e os valores dos ativos físicos e financeiros dos balanços patrimoniais da empresa, o valor dos ativos intangíveis foi derivado.
Calculou-se o IDE da empresa para os três períodos. O segundo período é uma projeção na qual o IDE pode convergir linearmente para um crescimento médio de 1,5%, e o terceiro período é uma projeção de crescimento constante de 1,5%.
Neste estudo, completando a metodologia proposta por Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
, foi realizado um teste de sensibilidade em relação à taxa de crescimento das empresas.
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (International Monetary Fund, 2017Hovakimian, A. (2006). Are observed capital structures determined by equity market timing?. The Journal of Financial and Quantitative Analysis, 41(1), 221-243. Retrieved from https://www.jstron.org
https://www.jstron.org...
) estimam uma taxa de crescimento constante de 1,5%. Portanto, para o teste de sensibilidade, considerou-se uma taxa de crescimento de 0,5%: 1,0%, 1,5%, 2,0% e 2,5%.
Após a realização do teste de sensibilidade das taxas de crescimento para o cálculo do IDE de todas as empresas deste estudo, como mostra a Figura 2.6.4.2, houve uma elasticidade de 0,197% para a ponderação do Ebitda.
TESTE DE SENSIBILIDADE – TAXA DE CRESCIMENTO: A RELAÇÃO DA VARIÁVEL DE CRESCIMENTO MACROECONÔMICO EM RELAÇÃO AO CÁLCULO DO IDE
Tendo em vista os resultados dos testes de sensibilidade, verificaram-se a irrelevância do impacto do IDE e uma variação de 0,5% na taxa de crescimento, sendo considerada a taxa de crescimento de 1,5% estimada (International Monetary Fund, 2017Hovakimian, A. (2006). Are observed capital structures determined by equity market timing?. The Journal of Financial and Quantitative Analysis, 41(1), 221-243. Retrieved from https://www.jstron.org
https://www.jstron.org...
) para este estudo.
2.6.5 Etapa 5: Determinação do estoque de capital intangível
Para obter o capital intangível, calcularam-se, a partir da série IDE, o valor presente de ganhos futuros e sua perpetuidade por uma taxa de desconto de 1,5%.
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa quantitativa tem como objetivo medir o impacto dos ativos intangíveis em empresas de capital aberto na Alemanha, na Inglaterra e em Portugal, utilizando a metodologia proposta por Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
. Com o objetivo de melhorar a metodologia de Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
, as proxies CDS foram usadas para calcular a variável risco-país; para calcular os ativos financeiros, utilizaram-se o Libor e Euribor como proxy; e adotou-se o Índice de Preços Imobiliários para o cálculo do ativo imobilizado. Além disso, realizaram-se dois testes de sensibilidade: 1. a ponderação Ebitda para o cálculo do IDE e seu cálculo de elasticidade de todas as empresas deste estudo, com uma taxa de 0,85% pelo uso do método de ponderação de Ebitda linear, este foi proposto por Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
; 2. o percentual de crescimento para o cálculo do IDE nos três períodos futuros, numa faixa de taxa de crescimento de 0,5%, 1,0%, 1,5%, 2,0% e 2,5%. Obteve-se uma elasticidade de 0,197% para cada 0,5% de taxa de crescimento. Portanto, para este trabalho, considerou-se a estimativa de crescimento prevista pelo FMI (International Monetary Fund, 2017Hovakimian, A. (2006). Are observed capital structures determined by equity market timing?. The Journal of Financial and Quantitative Analysis, 41(1), 221-243. Retrieved from https://www.jstron.org
https://www.jstron.org...
) de 1,5%.
O banco de dados é o Capital IQ, e os dados foram obtidos de 1999 a 2016; os testes econométricos foram realizados com o software Stata-15.
Após a perda do grau de liberdade, por causa do atraso de um período, bem como em razão dos dados faltantes em parte do banco de dados ausente, a amostra final da pesquisa é composta por 519 empresas da Alemanha, 1.151 empresas da Inglaterra e 28 de Portugal.
Para responder ao problema de pesquisa deste projeto, foram utilizados os pressupostos baseados na proposta de Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
.
-
H1: Quanto maiores o investimento em pesquisa e desenvolvimento (RD), o dispêndio de capital (CAPEX) e as despesas com vendas, gerais e administrativas (SGA), maior o IDE das empresas.
-
H2: Quanto maiores o investimento em pesquisa e desenvolvimento (RD), o dispêndio de capital (CAPEX) e as despesas com vendas, gerais e administrativas (SGA), maior o intangible capital (IC) das empresas.
-
H3: Quanto maiores o grau de intangibilidade (IDE), a performance operacional e sua variação (EARN), maior o retorno total ao acionista (TSR).
-
H4: Quanto maior o comprehensive value (CV), maior o valor de mercado (MV).
-
H5: Quanto maior a margem de capital intangível (ICM), maior o retorno total ao acionista (TSR).
-
H6: Quanto maior a margem de ganhos intangíveis (IDEM), maior o retorno total ao acionista (TSR).
-
H7: Quanto maior a margem de capital intangível operacional (ICOM), maior o retorno total ao acionista (TSR).
-
H8: Quanto maior a razão entre o capital intangível e o valor contábil (ICBV), maior o retorno total ao acionista (TSR).
-
H9: Quanto maior a razão entre o valor de mercado e o comprehensive value (MtCV), maior o retorno total ao acionista (TSR).
-
H10: Quanto maior o retorno sobre o investimento em pesquisa e desenvolvimento (RI), maior o retorno total ao acionista (TSR).
3.1 Variáveis de pesquisa
A Figura 3.1.1 mostra as variáveis de busca extraídas do banco de dados do Capital IQ, bem como as siglas, a descrição e o código.
3.2 Construção das variáveis
De acordo com a Figura 3.2.1, para este trabalho, as variáveis da base de dados foram consideradas com o objetivo de analisar a intangibilidade das empresas (Basso et al., 2015Basso, L. F., Oliveira, J. A. S., Kimura, H., & Braune, E. S. (2015). The impact of intangibles on value creation: Comparative analysis of the Gu and Lev methodology for the United States software and hardware sector. Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 21(2), 73-83. Retrieved from http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1135252314000392
http://www.sciencedirect.com/science/art...
).
4. RESULTADOS
Como resultado de um painel com dados desequilibrados e como uma suposição de dados estacionária para não perder um grau de liberdade, o teste de raiz unitária não foi considerado, então existem diferentes números de empresas nas variáveis independentes.
A Figura 4.1 representa as estatísticas descritivas da Alemanha, da Inglaterra e de Portugal.
O banco de dados é composto por todas as empresas de capital aberto na Alemanha, na Inglaterra e em Portugal disponíveis no Capital IQ, independentemente do setor e tamanho, por isso um alto desvio padrão das variáveis pode ser verificado.
Por causa da presença de Ebitda com valores negativos na base de dados, existem valores para as variáveis dependentes e variáveis independentes negativas, refletindo perdas ao longo do tempo para parte das empresas no período do estudo.
A Figura 4.2 representa a matriz de correlação das hipóteses.
A Figura 4.3 mostra os resultados das hipóteses.
Nas hipóteses 1 e 2, respectivamente, IDE e IC foram altamente cor relacionados com SGA e P&D; e na hipótese 4 MV com CV. Para todas as hipóteses, realizaram-se os seguintes testes: 1. teste de Chow ou teste F, para verificar o melhor modelo entre o modelo Polled e o de efeitos fixos; depois o 2. teste LM Breuch-Pays, para verificar qual o melhor modelo entre Polled e o modelo de efeitos aleatórios; 3. teste de Hausman, para verificar o melhor modelo entre efeitos fixos e efeitos aleatórios; 4. teste de Wald, que indica a presença de heteroscedasticidade; e 5. teste de Wooldridge, que indica a presença de dados correlacionados.
Na primeira hipótese, mostra-se que quanto maiores o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), o dispêndio de capital em ativos tangíveis (CAPEX) e as despesas gerais e administrativas (SGA), maior é o ganho intangível (IDE). Hipótese não rejeitada para a Alemanha e Inglaterra com um nível de significância de 1%. Para Portugal, a hipótese não apresentou significância; e as variáveis independentes da Alemanha e da Inglaterra explicaram o IDE, respectivamente, em 75,13% e 93,83%, evidenciando que podem existir medidas consistentes para a mensuração dos intangíveis.
A segunda hipótese foi demonstrar que quanto maiores o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), os dispêndios de capital em ativos tangíveis (CAPEX) e as despesas gerais e administrativas (SGA), maior é o capital intangível (IC) na Alemanha, na Inglaterra e em Portugal, com um nível de significância de 1%. As variáveis independentes explicaram o IDE em 75,16%, respectivamente, em relação às medidas financeiras para a mensuração dos investimentos em ativos intangíveis: 93,06% e 73,28%, evidenciando que as variáveis da hipótese 2 podem ser medidas consistentes para a mensuração de ativos intangíveis.
A terceira hipótese mostra que quanto maior o comprehensive value (CV), maior é o retorno total ao acionista (TSR), hipótese não rejeitada para a Alemanha com nível de significância de 5%. No caso da Inglaterra, houve um nível de significância de 10%. Para Portugal, a hipótese apresentou um nível de significância de 1%; as variáveis independentes explicaram a variável independente, respectivamente, em 53,79%, 37,23% e 81,27%, mostrando evidências que podem ser medidas consistentes para a mensuração dos intangíveis.
Na quarta hipótese, demonstrou-se que quanto maior o comprehensive value (CV), maior é o valor de mercado da empresa (MV), de forma que estaria relacionado às medidas financeiras para a mensuração dos investimentos em intangíveis; hipótese não rejeitada para Alemanha, Inglaterra e Portugal com nível de significância de 5%, respectivamente, 1% e 5%. Para Alemanha, Inglaterra e Portugal, as variáveis independentes explicaram a MV respectivamente em 82,13%, 94,76% e 86,82%, mostrando evidências que podem ser medidas consistentes para a mensuração de intangíveis.
A quinta hipótese demonstra que quanto maior a margem de capital intangível (ICM), maior é o retorno total ao acionista (TSR), o que estaria relacionado às medidas financeiras para a mensuração dos investimentos em intangíveis. Essa hipótese não foi rejeitada para Alemanha, Inglaterra e Portugal, respectivamente, com nível de significância de 1%, 5% e 10; as variáveis independentes explicaram o MV em 0,01%, 0,01% e 11,86%, e, embora tenham apresentado uso significativo no modelo, as variáveis independentes apresentaram baixo poder explicativo da variável dependente, evidenciando, assim, evidências fracas de que podem ser medidas consistentes para a mensuração dos intangíveis.
Na sexta hipótese, procurou-se demonstrar que quanto maior a margem de capital do intangível (IDEM), maior o retorno total ao acionista (TSR), de forma que estaria relacionado às medidas financeiras para a mensuração dos investimentos em intangíveis; em que H0 não foi rejeitada para a Alemanha e Portugal, e os modelos não foram significativos, e para a Inglaterra com um nível de significância de 5%. Para a Inglaterra, as variáveis independentes explicaram o IDEM em 0,01%.
A sétima hipótese demonstra que quanto maior a margem operacional intangível de capital (ICOM), maior o retorno total ao acionista (TSR), hipótese em que H0 não foi rejeitada para as empresas da Alemanha, Inglaterra e Portugal, e os modelos não apresentaram significância, evidenciando que não são medidas consistentes para a mensuração dos intangíveis.
Na oitava hipótese, buscou-se demonstrar que quanto maior o capital intangível ao valor contábil (ICVB), maior o retorno total ao acionista (TSR), hipótese em que H0 não foi rejeitada pelas empresas da Alemanha, da Inglaterra e de Portugal. Esses modelos não apresentaram significância, evidenciando que não são medidas consistentes para a mensuração dos intangíveis.
Na nona hipótese, buscou-se demonstrar que quanto maior o mercado ao valor compreensivo (MtCV), maior o retorno total ao acionista (TSR), hipótese em que H0 não foi rejeitada pelas empresas da Alemanha, da Inglaterra e de Portugal. Os modelos não apresentaram significância, evidenciando que não são medidas consistentes para a mensuração dos intangíveis.
Na décima hipótese, procurou-se demonstrar que quanto maior o retorno sobre o investimento em pesquisa e desenvolvimento (RI), maior é o retorno total ao acionista (TSR), hipótese em que H0 foi rejeitada para as empresas da Alemanha com um nível de significância de 1% para as empresas da Inglaterra e de Portugal. O modelo não apresentou significância, não rejeitando, portanto, H0. Para as empresas da Alemanha, as variáveis independentes explicaram a variável dependente em 0,12%, evidenciando que não são medidas consistentes para a mensuração dos intangíveis.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema de avaliação dos ativos intangíveis e o impacto no valor de mercado da empresa tem sido avaliado nos estudos das áreas financeiras de diversas formas. Sua relevância está na necessidade de estabelecer métodos e ferramentas para medir o valor desses ativos em um mercado em que eles são negociados com frequência.
Para realizar esta pesquisa, foram testadas dez hipóteses utilizando o modelo de dados em painel e amostras extraídas da base de dados Capital IQ de empresas públicas da Alemanha, de Portugal e da Inglaterra, de 1999 a 2016. O risco de cada país foi medido pela proxy CDS, assim como testes de sensibilidade foram realizados na ponderação de Ebitda pelo método proposto por Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
e pelo método de ponderação linear em seis anos, com taxa de crescimento da economia em 0,5%, 1,0%, 1,5%, 2,0% e 2,5%; e, em ambos os testes, os resultados de sensibilidade não apresentaram níveis relevantes de variação. A defasagem de um período nas variáveis independentes foi realizada em relação à variável dependente.
O presente estudo teve como objetivo analisar o impacto dos ativos intangíveis em empresas de capital aberto na Alemanha, na Inglaterra e em Portugal, de acordo com o modelo proposto por Gu e Lev (2011)Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
https://www.igiglobal.com/chapter/intang...
. A amostra foi composta por 519 empresas da Alemanha, 1.151 da Inglaterra e 28 empresas de Portugal, cujos dados foram obtidos na base de dados do Capital IQ sobre o período de 1999 a 2016. Essas empresas foram analisadas por um modelo de regressão com dados em painel.
Na primeira e segunda hipóteses, o CAPEX apresentou correlação negativa com a variável dependente, sugerindo que o investimento em ativos físicos contribui negativamente para a geração de ativos intangíveis, pois o investimento em CAPEX gera ativos tangíveis, o oposto dos ativos intangíveis em uma criação de valor para uma empresa.
Na terceira hipótese, tentou-se testar se quanto maior o comprehensive value (CV), maior o retorno ao acionista (TSR). Os resultados da hipótese 3 mostraram que há uma relação positiva e significativa em EARN; e os modelos apresentaram nível de significância de 5% para a Alemanha, 10% para a Inglaterra e 1% para Portugal. Embora os resultados sugiram que o IDE tenha um efeito negativo nos retornos dos acionistas, os modelos podem ser utilizados para medir a intangibilidade das empresas. Isso significa que quanto maior a variação do Ebitda, maior o capital intangível que reflete em um TSR maior, e isso representa que o Ebitda é uma boa medida para criar valor para o acionista e é constantemente monitorado pelas empresas de conselhos.
Na quarta hipótese, tentou-se testar se quanto maior o comprehensive value (CV), maior o valor de mercado da empresa (VM). Os resultados mostraram que existe uma relação positiva e significativa no CV, e os modelos apresentaram um nível de significância de 1% para Alemanha, Inglaterra e Portugal, sugerindo que são boas medidas para a intangibilidade das empresas. Isso significa que quanto maior a diferença do capital intangível, que é o valor presente da série do IDE, e o valor contábil, maior é o valor relacionado aos ativos intangíveis não contabilizados por causa das regras contábeis, mas o mercado agrega valor àqueles valores para esses fatores independentes dos livros, gerando uma maior VM.
Na quinta hipótese, foi testado se quanto maior a margem intangível de capital (ICM), maior o retorno ao acionista (TSR). Os resultados dessa hipótese sugerem que o ICM é positivamente relacionado e significativo com o TSR para a Alemanha e Inglaterra, e negativamente relacionado para Portugal. O ICM é significativo na utilização do modelo ao nível de 1% para a Alemanha e 10% para Inglaterra e Portugal, sugerindo que são bons instrumentos para medir a intangibilidade das empresas. Isso significa que quanto maior for a venda, maiores serão o Ebitda, o IC e consequentemente o ICM. Portugal apresentou uma relação negativa, pois possui alta colinearidade, que geralmente as estatísticas invertem o sinal dos resultados dos testes.
Da sexta à décima hipótese, os resultados dos coeficientes estimados não foram estatisticamente significantes, com exceção da sexta e da décima hipóteses da Alemanha.
Na sexta hipótese, tentou-se testar se quanto maior a margem de ganho intangível (IDEM), maior o retorno ao acionista (TSR). Os resultados dessa hipótese sugerem que o IDEM é positivamente relacionado e significativo com o TSR e tem significância na utilização do modelo ao nível de 1% para a Alemanha. Isso significa que quanto maior for o faturamento, maiores serão o Ebitda, o IC, o IDE e consequentemente o IDEM.
Na décima hipótese, foi testado se quanto maior o retorno sobre o investimento em pesquisa e desenvolvimento (RI), maior o retorno aos acionistas (TSR). Os resultados dessa hipótese sugerem que a RI está positivamente relacionada e é significativa com a TSR e tem significância na utilização do modelo ao nível de 5% para a Alemanha. Isso significa que, pelas ativi dades de pesquisa e desenvolvimento, a empresa gera vantagem competitiva de mercado em relação aos concorrentes, que impactam ganhos adicionais, gerando um maior Ebitda e um maior TSR.
Por meio do teste de sensibilidade do Ebitda, observou-se que há uma pequena variação no valor total dos IDEs de cada país, devido à repercussão dos efeitos do capital intangível acumulado ao longo dos anos; considerou-se também a defasagem de um período nas variáveis independentes em relação à variável dependente, a fim de refletir os efeitos das ações variáveis ao longo dos anos.
Foi realizado um teste de sensibilidade ao crescimento do PIB para estudar o desempenho das empresas em IDE e sua sensibilidade na criação de valor intangível, sugerindo que o aumento ou a diminuição de um ambiente macroeconômico impactam diretamente os resultados e a intangibilidade das empresas.
A partir dos resultados das dez hipóteses deste estudo para cada um dos três países, verificou-se que as hipóteses de um a cinco sugerem que a maioria dos índices de intangibilidade tem uma relação positiva e significativa com o valor de mercado da empresa, entretanto os resultados das premissas seis a dez precisam ser reavaliados em relação à criação de valor para o acionista, e estudos adicionais são necessários para se chegar a uma conclusão sobre esses indicadores.
Segundo Basso et al. (2015)Basso, L. F., Oliveira, J. A. S., Kimura, H., & Braune, E. S. (2015). The impact of intangibles on value creation: Comparative analysis of the Gu and Lev methodology for the United States software and hardware sector. Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 21(2), 73-83. Retrieved from http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1135252314000392
http://www.sciencedirect.com/science/art...
, estudos com o setor de serviços dos Estados Unidos mostraram resultados semelhantes aos obtidos neste estudo.
Por meio deste artigo, como lições aprendidas, há a necessidade de um estudo mais aprofundado por setor, estabelecendo dummy por setor: indústria, comércio e serviço; e o desmembramento da hipótese 3 e mais de uma hipótese para haver uma análise mais precisa.
A temática dos ativos intangíveis tem sido um desafio para as empresas e para o mercado, tanto em seu aspecto contábil em seu reconhecimento e mensuração quanto no financeiro em sua valorização e criação de valor para o mercado e os acionistas. Assim, este artigo não foi concebido para ser um fim ou para cobrir todos os aspectos da questão, mas para ser um meio e visar a uma melhor compreensão. Como sugestão de melhoria e estudos futuros: 1. segmentar empresas por setor; 2. segmentar empresas por tamanho de faturamento; 3. segmentar empresas entre intensivo tangível e intangível; 4. realizar estudos com outros países; e 5. utilizar outras medidas de valor, tais como: lucro líquido, mudanças no dispêndio em investimento em pesquisa e desenvolvimento e marketing, treinamento e outros recursos de capital intangível.
REFERENCES
- Avery, H. G. (1942). Accounting for intangibles. The Accounting Review, 17, 354-363. Retrieved from https://www.jstorn.org
» https://www.jstorn.org - Basso, L. F., Oliveira, J. A. S., Kimura, H., & Braune, E. S. (2015). The impact of intangibles on value creation: Comparative analysis of the Gu and Lev methodology for the United States software and hardware sector. Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 21(2), 73-83. Retrieved from http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1135252314000392
» http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1135252314000392 - Bronnenberg, B. J., Dubé, J. P., & Gentzkow, M. (2012). The evolution of brand preferences: Evidence from consumer migration. The American Economic Review, 12(6), 2472-2508. Retrieved from https://www.jstorn.org
» https://www.jstorn.org - Choi, W. W., Kwon, S. S., & Lobo, G. J. (2000). Market valuation of intangible assets. Journal of Business Research, 49, 35-45. Retrieved from http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0148296398001210
» http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0148296398001210 - Copeland, T., Koller, T., & Murrin, J. (2000). Valuation: Measuring and managing the values of companies (3rd ed.) . New York: McKinsey & Company.
- Damodaran, A. (2006). Damodaran on valuation: Security analysis for Investment and corporate finance (3rd ed.). New Jersey: John Wiley & Sons.
- Demirakos, E. G., Storng, N. C., & Walker, M. (2004). What valuation models do analysts use? Accounting Horizons, 18(4), 221-240. Retrieved from http://aaajournals.org/doi/abs/10.2308/acch.2004.18.4.221?code=aaan-site
» http://aaajournals.org/doi/abs/10.2308/acch.2004.18.4.221?code=aaan-site - Edvinsson, L., & Malone, M. S. (1997). Intellectual capital: Realizing your company’s true value by finding its hidden brainpower New York: Harper Collins Publishers.
- Giblin, R. (2017). Reimagining copyright’s duration Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2561108
» https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2561108 - Goldfarb, A., Lu, Q., & Moorthy, S. (2009). Measuring brand value in an equilibrium framework. Marketing Science, 28(1), 69-86. Retrieved from https://www.jtorn.org
» https://www.jtorn.org - Gu, F., & Lev, B. (2003). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness Recuparado de http://www.stern.nyu.edu/~blev/
» http://www.stern.nyu.edu/~blev/ - Gu, F., & Lev, B. (2011). Intangible assets-measurement, drivers, usefulness. In G. Schiuma (Ed.). Managing knowledge assets and business value creation in organizations: Measures and dynamics (pp. 110-124). New York: IGI Global Snippet. Retrieved from https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252
» https://www.igiglobal.com/chapter/intangibleassetsmeasurementdriversusefulness/50252 - Hall, B., Jaffe, A., & Trajtenberg, M. (2005). Market value and patent citations. The Rand Journal of Economics, 36(1),16-38. Retrieved from https://www.jstron.org
» https://www.jstron.org - Hand, J. R. M., & Lev, B. (2003). Intangible assets New York: Oxford University.
- Hendriksen, E. S., & Breda, M. F. V. (1991). Accounting theory New York: Irwin Professional Publishing.
- Hendriksen, E. S., & Breda, M. F. V. (1999). Teoria da contabilidade. (2nd ed.). (Antônio Zaratto Sanvicente, Transl.). São Paulo: Atlas.
- Hovakimian, A. (2006). Are observed capital structures determined by equity market timing?. The Journal of Financial and Quantitative Analysis, 41(1), 221-243. Retrieved from https://www.jstron.org
» https://www.jstron.org - Hull, J., & White, A. (2000). Valuing credit default swaps: No counterparty default risk. Journal of Derivatives, 8(1), 29-40. Retrieved from http://www.gfigroup.com/portal/pdfs/CredDefSw1.pdf
» http://www.gfigroup.com/portal/pdfs/CredDefSw1.pdf - International Accounting Standard (2001). IAS 38 - Intangible assets Retrieved from https://www.ias.org
» https://www.ias.org - International Monetary Fund (2017). World economic and financial survey: World Economic outlook Retrieved from https://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2017/01/weodata/index.aspx
» https://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2017/01/weodata/index.aspx - Jarboe, K. P., & Ellis, I. (2010). Intangible assets: Innovative financing for innovation. Issues in Science and Technology, 26(2), 75-80. Retrieved from http://issues.org/26-2/jarboe-2/
» http://issues.org/26-2/jarboe-2/ - Jones, R., & Chiripanhura, B. (2010). Measuring the UK’s human capital stock. Economic & Labour Market Review, 36-63. Retrieved from https://www.ons.gov.uk
» https://www.ons.gov.uk - Kapferer, J. N. (2015). How luxury brands can grow yet remain rare Philadelphia: Kogan Page.
- Kaplan, R. S., & Norton, D. P. (2004). Strategy maps: Converting intangible assets into tangible outcomes Boston: Harvard Business School Press.
- Kotler, P., & Armstrong, G. (2018). Principles of marketing (17th ed.). Harlow: Pearson Education.
- Lev, B. (2001). Intangibles: Management, measurement, and reporting Washington: Brookings.
- Lev, B. (2004). Sharpening the intangibles edge. Harvard Business Review, June, 109-116. Retrieved from http://raw.rutgers.edu/docs/intangibles/Papers/Sharpening%20the%20Intangibles%20Edge.pdf
» http://raw.rutgers.edu/docs/intangibles/Papers/Sharpening%20the%20Intangibles%20Edge.pdf - Liu, Q., & Wong, K. P. (2011). Intellectual capital and financing decisions: Evidence from the US patent data. Management Science, 57(10), 1861-1878. Retrieved from http://pubsonline.informs.org/doi/abs/10.1287/mnsc. 1110.1380?journalCode=mnsc
» http://pubsonline.informs.org/doi/abs/10.1287/mnsc. 1110.1380?journalCode=mnsc - Luthy, D. H. (1998). Intellectual capital and its measurement Retrieved from http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.200.5655&rep=rep1&type=df
» http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.200.5655&rep=rep1&type=df - Martins, E (2008). Palestra virtual sobre a nova lei das S/A e a internacionalização da contabilidade Retrieved from https://slideplayer.com.br/slide/3423021/
» https://slideplayer.com.br/slide/3423021/ - Martins, E., Schmidt, P., Santos, J. L., & Marins, S. P. (2017). Avaliação de empresas São Paulo: Atlas.
- Morgan Stanley. 2009. Global Economic Forum Retrieved from http://www.morganstanley.com/views/gef/index.html
» http://www.morganstanley.com/views/gef/index.html - Nadiri, M. I., & Kim, S. (1996). R&D, production structure and productivity growth: A comparison of the US, Japanese and Korean manufacturing sectors. National Bureau of Economic Research, 1-29. January 2006. Retrieved from https://www.researchgate.net/publication/5193481_RD_Production_Structure_and_Productivity_Growth_A_Comparison_of_the_US_Japanese_ and_Korean_Manufacturing_Sectors
» https://www.researchgate.net/publication/5193481_RD_Production_Structure_and_Productivity_Growth_A_Comparison_of_the_US_Japanese_ and_Korean_Manufacturing_Sectors - Nadiri, M. I., & Prucha, I. R. (2013). Estimation of the depreciation rate of physical and R&D capital in the US. Total manufacturing sector. Economy Inquiry, 34, 43-56. Retrieved from http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1465-7295.1996.tb01363.x/full
» http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1465-7295.1996.tb01363.x/full - Nicholas, T. (2013). Hybrid innovation in Meji, Japan. International Economic Review, 54(2), 575-600. Retrieved from https://www.jstorn.org
» https://www.jstorn.org - Poterba, J. M. (1998). The rate of return to corporate capital and factor shares: New estimates using revised national income accounts and capital stock data Cambridge: National Bureau of Economic Research (pp. 211-246). Retrieved from http://www.nber.org/papers/w6263
» http://www.nber.org/papers/w6263 - Pulido, A. (2009). Una comparativa internacional en la mediación del capital intangible de países. Revista de Economia Mundial, 23, 245-261. Retrieved from https://www.redalyc.org
» https://www.redalyc.org - Reilly, R. F., & Schweihs, R. P. (2014). Valuing intangible assets (2nd ed.). New York: McGraw-Hill.
- Rhodes-Kropf, M., & Robinson, D. T. (2008). The Market for mergers and the boundaries of the firm. The Journal of Finance, 63(3), 1169-1211. Retrieved from http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1. 1.582.3462&rep=rep1&type=pdf
» http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1. 1.582.3462&rep=rep1&type=pdf - Rokeach, M. (1973). The nature of human values New York: The Free Press.
- Ross, S. A., Westerfield, R. W., & Jaffe, J. F. (2016). Corporate finance (11th ed.). New York: McGraw-Hill.
- Salamundin, N., Bakar, R., Ibrahim, M. K., & Hassan, F.H. (2010). Intangible assets valuation in the Malaysian capital market. Journal of Intellectual Capital, 11(3), 391-405. Retrieved from http://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/14691931011064608
» http://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/14691931011064608 - Sharpe, W. F., Alexander, G. J., & Bailey, J. V. (1999). Investments (6th ed.). New Jersey: Prentice Hall.
- Solow, R. (1956). A contribution to the theory of economic growth. Quarterly Journal of Economics, 70(1), 65-94.
- Solow, R. (1957). Technical change and the aggregate production function. Review of Economic Studies, 39, 321-330.
- Stewart, T. A. (1999). Intellectual capital the new wealth of organizations New York: Doubleday.
- Stewart, T. A. (2003). The wealth of knowledge: Intellectual capital and the twenty-first century organization New York: Doubleday.
- Surroca, J., Tribó, J. A., & Waddock, S. (2010). Corporate responsibility and financial performance: The role of intangible resources. Strategic Management Journal, 31(5), 463-490. Retrieved from http://dx.doi.org/10.1002/smj.820
» http://dx.doi.org/10.1002/smj.820 - Sveiby, K. E. (1997). The new organizational wealth: Managing and measuring San Francisco: Berret-Koehler.
- Tammy, W. (2017). FASB kills bundersome goodwill impairment test. Compliance Week, Jan 2017. Retrieved from https://www.complianceweek.com/fasb-kills-burdensome-goodwill-impairment-test/9978.article
» https://www.complianceweek.com/fasb-kills-burdensome-goodwill-impairment-test/9978.article - Thulin, F. (1919). Goodwill and others nondepreciable and depreciable intangible property as “invested capital”. Michigan Law Review, 17(4), 294-309. Retrieved from https://www.jstorn.org
» https://www.jstorn.org - Winiarsky, M. (2016). FASB looks to cut out second step of goodwill accounting. Compliance Week, 13(150), 54-56. Retrieved from https://www.complianceweek.com/news/news-article/fasb-looks-to-cut-out-that-%E2%80%98second-step%E2%80%99-of-goodwill-accounting#.WdDCSltSzIU
» https://www.complianceweek.com/news/news-article/fasb-looks-to-cut-out-that-%E2%80%98second-step%E2%80%99-of-goodwill-accounting#.WdDCSltSzIU - Young, D., O’Byrne, S. F. (2000). EVA® and Value-Based-Management New York: McGraw Hill.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
12 Ago 2019 -
Data do Fascículo
2019
Histórico
-
Recebido
29 Out 2018 -
Aceito
02 Jan 2019