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Aspectos de segurança do hormônio de crescimento

Diretrizes

Pediatria

ASPECTOS DE SEGURANÇA DO HORMÔNIO DE CRESCIMENTO

O hormônio de crescimento recombinante (hrGH) foi introduzido no mercado em 1985 e foi o segundo hormônio recombinante utilizado clinicamente. Muito se tem aprendido com seu uso e algumas dúvidas quanto à sua segurança têm sistematicamente surgido. O Comitê de Especialistas avaliou alguns aspectos quanto à segurança do produto.

Risco de câncer – Não há trabalhos convincentes de incidência aumentada de câncer de mama ou de próstata com o uso de hrGH. Recentes estudos epidemiológicos (caso-controle) mostram que o IGF-I (fator de crescimento insulino-símile) na faixa superior do normal poderia estar associado a maior risco de câncer de próstata e de mama em pré-menopáusicas, mas não em mulheres pós-menopáusicas. A associação de IGF-I alto com IGFBP-3 (sua proteína carregadora) baixa poderia estar relacionada ao risco aumentado desses dois tumores.

Risco de câncer e reposição de GH – Não há dados que sugiram que IGF-I e IGFBP-3 modulem o risco de câncer em pacientes tratados com GH. Pacientes com doenças malignas prévias ou história de radioterapia trazem um risco significante para recorrência e segunda doença maligna.

Aspectos de segurança na terapêutica de GH em crianças – Ao redor de 100.000 crianças têm utilizado GH. Os efeitos adversos são raros. Os principais pontos de segurança a serem observados são:

Risco de malignidade – Vinte por cento das crianças em uso de GH tiveram alguma doença maligna. A evidência atual não indica que o GH aumente a recorrência tumoral. Nesses pacientes que se tornaram deficientes em GH pelo tumor ou pelo seu tratamento iniciam a reposição hormonal uma vez que o tratamento da neoplasia esteja completo e a condição esteja em remissão. Não há evidência de novo câncer ou leucemia em pacientes em uso de GH.

Hipertensão intra-craniana – a forma benigna é documentada em 1/1000 crianças sob tratamento com GH.

Metabolismo de glicose –a redução da sensibilidade a insulina é um efeito fisiológico do GH, mas a homeostasia glicêmica é mantida na grande maioria dos pacientes. O diaberes mellitus não é contra-indicação para uso de GH.

Distúrbios esqueléticos – Deslizamento de cabeça femural, escoliose e necrose avascular podem estar associadas à condição de base para a qual GH foi indicado. Não há evidência que essas condições sejam causadas por GH.

Comentário

É extremamente oportuna a avaliação da Sociedade de Pesquisa em GH já que tem havido com certa insistência, sugestões do papel cancerígeno do GH. Muitas crianças que se tornam deficientes em GH, em decorrência de um tratamento de sua doença de base (tumor cerebral, por exemplo), às vezes se vêm privadas da reposição hormonal, com efeitos metabólicos deletérios e se tornam adultos com baixa estatura, uma seqüela grave e com sérios impactos psicossociais. Com um seguimento cuidadoso, o GH encontra indicação e deve ser administrado sempre que houver evidências claras de sua deficiência.

DURVAL DAMIANI

Referência

Growth Hormone Research Society. Critical evaluation of the safety of recombinant human growth hormone administration : Statement from the Growth Hormone Research Society. J Clin Endocrinol Metab 2001; 86:1868-70.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Set 2002
  • Data do Fascículo
    Jun 2002
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