Acessibilidade / Reportar erro

Galactorreia após mastoplastia de aumento

Prezado Editor,

Gostaríamos de elogiar os autores do artigo intitulado “Galactorreia: como abordar essa complicação incomum após mamoplastia de aumento”, publicado no último número da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica. O trabalho destaca-se por chamar a atenção de problema endócrino que pode ocorrer após mastoplastia de aumento.

A galactorreia pode ou não estar associada à hiperprolactinemia11 Basile FV, Basile AR. Diagnosis and management of galactorrhea after breast augmentation. Plast Reconstr Surg. 2015;135(5):1349-56. PMID: 25919249 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000001156
http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000...

2 Rosique RG, Rosique MJF, Peretti JP. Postaugmentation galactocele without periareolar incision and 8 years after pregnancy. Plast Reconstr Surg Open. 2016;4(3):e644. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/GOX.0000000000000648
http://dx.doi.org/10.1097/GOX.0000000000...
-33 Yang EJ. Lee KT, Pyon JK, Bang SI. Treatment algorithm of galactorrhea after augmentation mammoplasty. Ann Plast Surg. 2012;69(3):247-9. PMID: 22214792 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/SAP.0b013e31822af880
http://dx.doi.org/10.1097/SAP.0b013e3182...
. A prolactina possui, além do seu papel na lactogênese, funções osmorregulatórias e imunológicas, como modulação de linfócitos T e macrófagos. A sua adequada regulação pode interferir no processo de cicatrização pós-operatória44 Ignacak A, Kasztelnik M, Sliwa T, Korbut RA, Radja K, Guzik TJ. Prolactin--not only lactotrophin. A “new” view of the “old” hormone. J Physiol Pharmacol. 2012;63(5):435-43.,55 Chavez-Rueda K, Hérnández J, Zenteno E, Leaños-Miranda A, Legorreta-Haquet MV, Blanco-Favela F. Identification of prolactin as a novel immunomodulator on the expression of costimulatory molecules and cytokine secretions on T and B human lymphocytes. Clin Immunol. 2005;116(2):182-91. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.clim.2005.03.013
http://dx.doi.org/10.1016/j.clim.2005.03...
.

Existem causas fisiológicas, patológicas e farmacológicas para a hiperprolactinemia, tais como: gravidez, amamentação, estrogenioterapia, exercício, estresse psicológico, medicações que interfiram no tônus dopaminérgico como anti-histamínicos, antihipertensivos e anticonvulsivantes, além do hipotireoidismo primário e adenomas hipofisários.

Um dos estímulos mais importantes da secreção da prolactina em paciente com galactorreia após mamoplastia de aumento é o estímulo mamilar pela distensão abrupta e compressão. Assim, também a irritação ou a lesão da parede torácica por queimadura, herpes zoster e lesão nervosa intercostal têm mecanismo semelhante. Além de descartar gravidez, amamentação e galactocele, como sugerido no algoritmo do artigo.

Contudo, é fundamental a dosagem de prolactina como explicitamos acima, pois é importante na adequação da resposta terapêutica ao agonista dopaminérgico e na investigação de doenças associadas à hiperprolactinemia. A dosagem de TSH para o diagnóstico de hipotiroidismo e a ressonância nuclear magnética da sela túrcica podem ser necessárias.

O cirurgião deve estar atento aos fatores que aumentam risco de infecção do implante, tais como incisão periareolar e presença de coleção ou galactocele ao redor do implante. A associação desses fatores de risco em pacientes com prolactina elevada aumenta a necessidade do uso de agonistas dopaminérgicos, tais como a cabergolina11 Basile FV, Basile AR. Diagnosis and management of galactorrhea after breast augmentation. Plast Reconstr Surg. 2015;135(5):1349-56. PMID: 25919249 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000001156
http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000...
,33 Yang EJ. Lee KT, Pyon JK, Bang SI. Treatment algorithm of galactorrhea after augmentation mammoplasty. Ann Plast Surg. 2012;69(3):247-9. PMID: 22214792 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/SAP.0b013e31822af880
http://dx.doi.org/10.1097/SAP.0b013e3182...
.

Após uma avaliação endócrina e de imagem das mamas normais, em uma paciente com concentrações séricas de prolactina normais que apresente galactorreia após mastoplastia de aumento, a galactorreia pode ser considerada fisiológica e transitória devido ao excessivo estímulo do tecido mamário, apresentando pouca possibilidade de doença subjacente. Nesses casos, a melhor conduta é o acompanhamento médico com o endocrinologista e o cirurgião plástico, com dosagens periódicas da prolactina.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Basile FV, Basile AR. Diagnosis and management of galactorrhea after breast augmentation. Plast Reconstr Surg. 2015;135(5):1349-56. PMID: 25919249 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000001156
    » https://doi.org/10.1097/PRS.0000000000001156
  • 2
    Rosique RG, Rosique MJF, Peretti JP. Postaugmentation galactocele without periareolar incision and 8 years after pregnancy. Plast Reconstr Surg Open. 2016;4(3):e644. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/GOX.0000000000000648
    » https://doi.org/10.1097/GOX.0000000000000648
  • 3
    Yang EJ. Lee KT, Pyon JK, Bang SI. Treatment algorithm of galactorrhea after augmentation mammoplasty. Ann Plast Surg. 2012;69(3):247-9. PMID: 22214792 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/SAP.0b013e31822af880
    » https://doi.org/10.1097/SAP.0b013e31822af880
  • 4
    Ignacak A, Kasztelnik M, Sliwa T, Korbut RA, Radja K, Guzik TJ. Prolactin--not only lactotrophin. A “new” view of the “old” hormone. J Physiol Pharmacol. 2012;63(5):435-43.
  • 5
    Chavez-Rueda K, Hérnández J, Zenteno E, Leaños-Miranda A, Legorreta-Haquet MV, Blanco-Favela F. Identification of prolactin as a novel immunomodulator on the expression of costimulatory molecules and cytokine secretions on T and B human lymphocytes. Clin Immunol. 2005;116(2):182-91. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.clim.2005.03.013
    » https://doi.org/10.1016/j.clim.2005.03.013

Galactorreia: como abordar essa complicação incomum após mamoplastia de aumento

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Primeiramente, agradeço em nome de todos os autores, o elogio referente ao trabalho intitulado “Galactorréia: como abordar essa complicação incomum após mamoplastia de aumento”, publicado no último número da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica.

A carta de autoria do Dr Jefferson Lessa Soares de Macedo destaca pontos importantes na abordagem da galactorréia como a detecção de fatores de riscos pré e intra-operatórios, evidenciando que, na maioria dos casos, a galactorreia é fisiológica e transitória, com níveis de prolactina normais, ocasionada pela distensão abrupta do tecido mamário. A orientação para dosagem dos hormônios tireoideanos (T3, T4 e TSH), além da prolactina, é um dado importante que deveria ser acrescentado ao algoritmo de investigação, já que o hipotireoidismo primário pode ser um dos fatores de risco para tal complicação.

Não está bem clara a conduta sugerida pelos autores para o uso dos inibidores da lactação. Acreditamos que, mesmo em casos de galactorréia fisiológica, com níveis de prolactina normais, o uso dessas medicações seria benéfico por inibir a produção lactífera, pois diminuiria o tempo de drenagem e provavelmente o risco de contaminação e contractura capsular.

A excelente carta acrescenta dados importantes para o manejo dessa complicação e contribui para uma abordagem mais completa no diagnóstico e no tratamento da galactorréia após mamoplastias de aumento. Agradecemos pela contribuição.

Galactorrhea: how to address this unusual complication after augmentation mammoplasty

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

First, I thank you on behalf of all authors for the compliment on the work entitled, “Galactorrhea: how to approach this uncommon complication after mammoplasty augmentation,” published in the latest issue of the Brazilian Journal of Plastic Surgery.

The letter from Dr. Jefferson Lessa Soares de Macedo highlights important aspects regarding the approach to galactorrhea for detection of preoperative and intraoperative risk factors. He pointed out that galactorrhea is physiological and transient, with normal prolactin levels, and is caused by abrupt distension of the breast tissue in most cases. Recommendation for the appropriate dosages of thyroid hormones (T3, T4, and TSH) and prolactin is an important factor. This should be added to the investigation algorithm, as the primary hypothyroidism may be a risk factor of such complication.

The conduct suggested by the authors for the use of lactation inhibitors is not clear. We believe the use of these medications would be beneficial because it inhibits lactic production even in cases of MD physiological, with normal prolactin levels. It would decrease drainage time and probably the risk of contamination and capsular contracture. The excellent letter adds important data for managing this complication and contributes to a more complete diagnosis and treatment of galactorrhea after augmentation mammoplasty. We appreciate the contribution.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2017

Histórico

  • Recebido
    06 Ago 2016
  • Aceito
    30 Out 2016
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Rua Funchal, 129 - 2º Andar / cep: 04551-060, São Paulo - SP / Brasil, Tel: +55 (11) 3044-0000 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbcp@cirurgiaplastica.org.br