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Fatores socioculturais e o empreendedorismo dos jovens nas regiões rurais

Resumo

Objetivo:

Este trabalho tem por objetivo mostrar o impacto de dois importantes fatores socioculturais no nível da atividade empreendedora de jovens indivíduos nas regiões rurais.

Metodologia:

O estudo empírico é baseado em uma amostra coletada de uma pesquisa com população adulta, que foi analisada utilizando um modelo Logit que faz o controle para as fontes territoriais e de idade da heterogeneidade. O quadro teórico está ancorado em uma perspectiva de contingência que enfatiza as influências únicas do ambiente contextual na motivação do comportamento empreendedor.

Resultados:

Os principais achados deste estudo é que na Espanha a probabilidade de ser empreendedoramente ativo não difere para indivíduos jovens e para os mais velhos, e entre as regiões rural e urbana. Surpreendentemente, diferente do mostrado na maioria dos estudos, os modelos exemplares de empreendorismo não têm qualquer efeito no empreendedorismo dos jovens indivíduos nas regiões rurais da Espanha, enquanto que o impacto negativo do medo de fracassar no empreendedorismo dos jovens indivíduos nas regiões rurais é muito maior do que para o restante da população.

Contribuições:

Nossos achados revelam que o contexto (regional) tem um impacto mais significativo no empreendedorismo para alguns segmentos (jovens indivíduos) da população do que para outros.

Palavras-chave:
Jovens; rural; empreendedorismo; medo do fracasso; modelos exemplares

Abstract

Purpose:

This paper aims to demonstrate the impact of two important socio-cultural factors on the level of the entrepreneurial activity of young individuals in rural regions.

Design/methodology/approach:

Our empirical study is based on a sample collected from an adult population survey, and analyzed using a logit model that controls for territorial and aging sources of heterogeneity. Our theoretical framework is anchored on a contingency perspective that emphasizes the unique influences of the contextual environment in driving entrepreneurial behavior.

Findings:

The main findings of our study is that in Spain the likelihood of being entrepreneurially active is no different for young and old individuals, and between rural and urban regions. Surprisingly, unlike shown in most studies, entrepreneurial role models do not have any effect on the entrepreneurship by young individuals in rural regions of Spain, while the negative impact of fear of failure in the entrepreneurship on young individuals in rural regions is much higher compared to the rest of the population.

Originality/value:

Our findings reveal that the context (regional) has a more significant impact on entrepreneurship for some segments (younger individuals) of the population than for others.

Keywords:
Youths; rural; entrepreneurship; fear of failure; role models

1 INTRODUÇÃO

O empreendedorismo está sendo cada vez mais reconhecido como um componente fundamental do crescimento econômico, da geração de empregos e da inovação (Carree & Thurik, 2010Carree, M. A., & Thurik, A. R. (2010). The impact of entrepreneurship on economic growth. In Z. J. Acs & D. B. Audretsch (Eds), Handbook of entrepreneurship research (pp. 557-594). New York: Springer.; Fritsch &Wyrwich, in pressFritsch, M., & Wyrwich, M. (in press). The effect of entrepreneurship on economic development: An empirical analysis using regional entrepreneurship culture. Journal of Economic Geography, 2016.; Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE], 2003Organisation for Economic Co-operation and Development. (2003). Entrepreneurship and local economic development: Programme and policy recommendations. Paris: Author.; Van Praag, Versloot, 2007Van Praag, C. M., & Versloot, P. H. (2007). What is the value of entrepreneurship? A review of recent research. Small Business Economics, 29(4), 351-382.). A forte correlação positiva entre o empreendedorismo e o crescimento econômico (Acs, Desai & Hessels, 2008Acs, Z. J., Desai, S., & Hessels, J. (2008). Entrepreneurship, economic development and institutions. Small Business Economics, 31(3), 219-234.; Bosma & Levie, 2010Bosma, N., & Levie, J. (2010). Global Entrepreneurship Monitor: 2009 Global report. Retrieved from http://gemconsortium.org/report
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) levou alguns autores a sugerir o empreendedorismo como a chave para a revitalização rural (North & Smallbone, 2006North, D., & Smallbone, D. (2006). Developing entrepreneurship and enterprise in Europe’s peripheral rural areas: Some issues facing policy-makers. European Planning Studies, 14(1), 41-60.; Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE], 2009bOrganisation for Economic Co-operation and Development. (2009). OECD Rural Policy Reviews: Spain. Paris: Author.). Argumenta-se que os benefícios do empreendedorismo nas regiões rurais são muitos. O empreendedorismo ajuda a diversificar a economia rural, reduzindo a dependência de uma base monoindustrial (Bryden & Hart, 2005Bryden, J., & Hart, K. (2005). Why local economies differ: The dynamics of rural areas in Europe. Aberdeen, Scotland: The Edwin Mellen Press.). O empreendedorismo oferece oportunidades para a diversificação de habilidades entre a população rural, bem como atrai novos residentes, assim oferecendo estímulo para o crescimento da economia rural (Akgun, Nijkamp, Baycan & Brons, 2010Akgün, A. A., Nijkamp, P., Baycan, T., & Brons, M. (2010). Embeddedness of entrepreneurs in rural areas: A comparative rough set data analysis. Tijdschrift Voor Economische en Sociale Geografie, 101(5), 538-553.; Demurger & Xu, 2011Démurger, S., & Xu, H. (2011). Return migrants: The rise of new entrepreneurs in rural China. World Development, 39(10), 1847-1861.; Reichert, Cromartie & Arthun, 2014Reichert, C., Cromartie, J. B., & Arthun, R. O. (2014). Impacts of return migration on rural US communities. Rural Sociology, 79(2), 200-226.; Siemens, 2014Siemens, L. (2014). We moved here for the lifestyle: A picture of entrepreneurship in rural British Columbia. Journal of Small Business & Entrepreneurship, 27(2), 121-142.; Vaillant, Lafuente & Serarols, 2012Vaillant, Y., Lafuente, E., & Serarols, C. (2012). Location decisions of new ‘Knowledge Intensive Service Activity’firms: The rural-urban divide. The Service Industries Journal, 32(16), 2543-2563.). Desse modo, nos últimos anos temos visto agências de desenvolvimento, como a União Europeia e a OCDE, priorizando o empreendedorismo como uma ferramenta para o desenvolvimento e o crescimento rurais (Comissão Europeia, 2003European Commission (2003) Rural development in the European Union. Retrieved from http://ec.europa.eu/agriculture/publi/fact/rurdev2003/en.pdf
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; OCDE, 2003Organisation for Economic Co-operation and Development. (2003). Entrepreneurship and local economic development: Programme and policy recommendations. Paris: Author., 2006Organisation for Economic Co-operation and Development. (2006). The new rural paradigm: Policies and governance. Paris: Author., 2012Organisation for Economic Co-operation and Development. (2012) Policy brief on youth entrepreneurship: Entrepreneurial activities in Europe. Paris: Author.). Entretanto, não obstante a importância do empreendedorismo nas regiões rurais, ainda permanecem importantes barreiras ao mesmo nas regiões rurais.

Vários estudos mostram que o impacto de fatores de nível macro nas atividades empreendedoras nas regiões urbana e rural não é uniforme (Driga, Lafuente & Vaillant, 2009Driga, O., Lafuente, E., & Vaillant, Y. (2009). Reasons behind the relatively lower entrepreneurial activity levels of rural women: Looking into rural Spain. Sociologia Ruralis, 49(1), 70-96.; Lafuente, Vaillant & Rialp, 2007Lafuente, E., Vaillant, Y., & Rialp, J. (2007). Regional differences in the influence of role models: Comparing the entrepreneurial process of rural Catalonia. Regional Studies, 41(6), 779-796.; Noguera, Álvarez & Urbano, 2013Noguera, M., Alvarez, C., & Urbano, D. (2013). Socio-cultural factors and female entrepreneurship. International Entrepreneurship and Management Journal, 9(2), 183-197.). Acima de tudo, as regiões rurais ficam para trás em termos de atividade empreendedora, não necessariamente devido a desvantagens (nível macro) físicas ou econômicas, mas devido às características socioculturais de nível meso. (Fornahl, 2003Fornahl, D. (2003). Entrepreneurial activities in a regional context. In D. Fornahl & T. Brenner (Eds.), Co-operation, networks and institutions in regional innovation systems (pp. 38-57). Cheltenham: Edward Elgar.; Lafuente & Vaillant, 2008Lafuente, E., & Vaillant, Y. (2008). Generationally Driven Influence of Role-Models on Entrepreneurship: ‘Institutional memory’ in a transition economy [CEBR Working Paper Series, 03-2008]. Centre for Entrepreneurship and Business Research (CEBR), London, UK.). Além disso, a evidência também sugere que tais fatores não têm um impacto homogêneo em todos os segmentos da população. Em relação a isso, os estudos existentes examinaram principalmente o efeito distinto do gênero (ver, por exemplo, Carter, Anderson & Shaw, 2001Carter, S., Anderson, S., & Shaw, E. (2001). Women’s business ownership: A review of the academic, popular and internet literature [Report to the Small Business Service No. RR 002/01]. Retrieved from http://business.king.ac.uk/research/kbssbs/womsbus.pdf
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; Delmar & Holmquist, 2004Delmar, F., & Holmquist, C. (2004, June). Women’s entrepreneurship: Issues and policies. Proceedings of the Oecd Conference Of Ministers Responsible For Small And Medium-Sized Enterprises (SMEs), Istanbul, Turkey, 2. Retrieved from http://www.oecd.org/cfe/smes/31919215.pdf
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; Driga et al., 2009Driga, O., Lafuente, E., & Vaillant, Y. (2009). Reasons behind the relatively lower entrepreneurial activity levels of rural women: Looking into rural Spain. Sociologia Ruralis, 49(1), 70-96.) e/ou do ser nativo e imigrante em um nível agregado (ver, por exemplo, Levie, 2007Levie, J. (2007). Immigration, in-migration, ethnicity and entrepreneurship in the United Kingdom. Small Business Economics, 28(2-3), 143-169.; Mancilla, Viladomiu & Guallarte, 2010Mancilla, C., Viladomiu, L., & Guallarte, C. (2010). Emprendimiento, inmigrantes y municipios rurales: El caso de España. Economía Agraria y Recursos Naturales, 10(2), 123-144.; Peroni, Riillo & Sarracino, 2016Peroni, C., Riillo, C. A., & Sarracino, F. (2016). Entrepreneurship and immigration: Evidence from GEM Luxembourg. Small Business Economics,46(4), 639-656.). Neste trabalho, focamos os jovens indivíduos em nível regional.

O estudo dos jovens indivíduos e seu envolvimento nas atividades empreendedoras está cada vez mais se tornando relevante devido à crise econômica dos últimos anos (Brixiova, Ncube & Bicaba, 2015Brixiova, Z., Ncube, M., & Bicaba, Z. (2015). Skills and youth entrepreneurship in Africa: analysis with evidence from Swaziland. World Development, 67, 11-26.; European Commission, 2012European Commission. (2012). Focus on: Youth employment: European good practice projects (Youth In Action Programme). Brussels, Belgium: Author. Retrieved from http://ec.europa.eu/youth/pub/publications_en.htm
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; Minola, Criaco & Obschonka, 2016Minola, T., Criaco, G., & Obschonka, M. (2016). Age, culture, and self-employment motivation. Small Business Economics, 46(2), 187-213.; O’higgins, 2012O’Higgins, N. (2012). This time it’s different? Youth labour markets during ‘The Great Recession’. Comparative Economic Studies, 54(2), 395-412.; Rojas & Siga, 2009Rojas, G. V., & Siga, L. (2009). On the nature of micro-entrepreneurship: Evidence from Argentina. Applied Economics, 41(21), 2667-2680.; Thomas, 2009Thomas, M. K. (2009). The impact of education histories on the decision to become self-employed: A study of young, aspiring, minority business owners. Small Business Economics, 33(4), 455-466.). Embora tenha afetado todos os segmentos da população, os números são desastrosos na Espanha, onde o desemprego entre os jovens indivíduos cresceu de 21% em 2005 para impressionantes 46% e acima entre 2011 e 2014. O aumento sistemático do desemprego entre os jovens indivíduos, além da falta de novas oportunidades de emprego para os jovens, especialmente nas áreas rurais, levou a preocupações sobre os custos sociais e econômicos da inatividade dos jovens (Vogel, 2015Vogel, P. (2015). Generation Jobless? Turning the youth unemployment crisis into opportunity. New York: Palgrave Macmillan.). Portanto, a necessidade de explorar o impacto dos fatores socioculturais de nível meso que influenciam o empreendedorismo entre os jovens nas regiões rurais. Argumenta-se que o impacto positivo do empreendedorismo no desenvolvimento rural é amplificado quando estas atividades empreendedoras são realizadas pelos jovens que residem nestas áreas (Brixiova et al., 2015Brixiova, Z., Ncube, M., & Bicaba, Z. (2015). Skills and youth entrepreneurship in Africa: analysis with evidence from Swaziland. World Development, 67, 11-26.; North & Smallbone, 2006North, D., & Smallbone, D. (2006). Developing entrepreneurship and enterprise in Europe’s peripheral rural areas: Some issues facing policy-makers. European Planning Studies, 14(1), 41-60.). Portanto, o principal objetivo deste estudo é determinar o impacto dos fatores socioculturais, tais como os modelos exemplares de empreendedorismo e o medo do fracasso, na atividade empreendedora dos jovens rurais na Espanha.

O estudo está estruturado como apresentado a seguir. A seção 2 apresenta a análise da literatura, assim como as hipóteses testadas neste estudo, seguidas dos dados e da metodologia na seção 3. Os resultados empíricos são apresentados na seção 4. A seção 5 discute as conclusões e as implicações do estudo. Concluímos indicando as possibilidades para estudos futuros.

2 ANÁLISE DA LITERATURA E HIPÓTESES

2.1 Jovens empreendedores

O empreendedorismo por meio da criação de um novo negócio pode ser considerado uma opção vocacional alternativa que tem potencial para fazer uso do capital humano dos jovens indivíduos. Nos últimos anos, vários fatores inspiraram os jovens indivíduos a estabelecer seus próprios negócios. Em primeiro lugar, o crescente capital humano dos jovens indivíduos tem propiciado aos mesmos uma maior variedade de alternativas e uma maior capacidade para identificar e explorar oportunidades de negócio (Haynie, Shepherd & McMullen, 2009Haynie, J. M., Shepherd, D. A., & McMullen, J. S. (2009). An opportunity for me? The role of resources in opportunity evaluation decisions. Journal of Management Studies, 46(3), 337-361.). Os jovens indivíduos são geralmente mais bem treinados em comparação com as gerações anteriores. Isso, por sua vez, os fez mais capazes, por exemplo, de criar e gerenciar seus próprios negócios (Honjo, 2004Honjo, Y. (2004). Growth of new start-up firms: Evidence from the Japanese manufacturing industry. Applied Economics Letters, 11(1), 21-32.). Isso tem sido apoiado pela mudança gradual na atitude social em relação ao empreendedorismo. O empreendedorismo por meio da criação de um novo negócio, por exemplo, está sendo cada vez mais socialmente aceito (Begley & Tan, 2001Begley, T. M., & Tan, W. L. (2001). The socio-cultural environment for entrepreneurship: A comparison between East Asian and Anglo-Saxon countries. Journal of International Business Studies, 32(3), 537-553.; Blanchflower & Meyer, 1994Blanchflower, D. G., & Meyer, B. D. (1994). A longitudinal analysis of the young self-employed in Australia and the United States. Small Business Economics, 6(1), 1-19.; Kibler, Kautonen & Fink, 2014Kibler, E., Kautonen, T., & Fink, M. (2014). Regional social legitimacy of entrepreneurship: Implications for entrepreneurial intention and start-up behaviour. Regional Studies, 48(6), 995-1015.). As agências de desenvolvimento também têm contribuído para promover o empreendedorismo entre os jovens. Por vários anos, a Comissão Europeia (2003European Commission (2003) Rural development in the European Union. Retrieved from http://ec.europa.eu/agriculture/publi/fact/rurdev2003/en.pdf
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) e a OCDE (2012Organisation for Economic Co-operation and Development. (2012) Policy brief on youth entrepreneurship: Entrepreneurial activities in Europe. Paris: Author.) têm recomendado programas para desenvolver um espírito empreendedor entre a população mais jovem. Estudos acadêmicos também têm sido direcionados à compreensão da questão dos jovens indivíduos e do empreendedorismo (Aidis & Van Praag, 2007Aidis, R., & Van Praag, M. (2007). Illegal entrepreneurship experience: Does it make a difference for business performance and motivation? Journal of Business Venturing, 22(2), 283-310.; Brixiova et al., 2015Brixiova, Z., Ncube, M., & Bicaba, Z. (2015). Skills and youth entrepreneurship in Africa: analysis with evidence from Swaziland. World Development, 67, 11-26.; Fairlie, 2005Fairlie, R. W. (2005). Entrepreneurship and earnings among young adults from disadvantaged families. Small Business Economics, 25(3), 223-236. ; Honjo, 2004Honjo, Y. (2004). Growth of new start-up firms: Evidence from the Japanese manufacturing industry. Applied Economics Letters, 11(1), 21-32.; Levesque & Minniti, 2006Levesque, M., & Minniti, M. (2006). The effect of aging on entrepreneurial behavior. Journal of Business Venturing, 21(2), 177-194.; Parker, 2006Parker, S. C. (2006). Learning about the unknown: How fast do entrepreneurs adjust their beliefs? Journal of Business Venturing, 21(1), 1-26.; Rojas & Siga, 2009Rojas, G. V., & Siga, L. (2009). On the nature of micro-entrepreneurship: Evidence from Argentina. Applied Economics, 41(21), 2667-2680.; Thomas, 2009Thomas, M. K. (2009). The impact of education histories on the decision to become self-employed: A study of young, aspiring, minority business owners. Small Business Economics, 33(4), 455-466.). Os pesquisadores que comparam o empreendedorismo dos jovens indivíduos em relação ao restante da população sugerem que os indivíduos mais jovens são mais propensos a serem empreendedores (Bonnett & Furnham, 1991Bonnett, C., & Furnham, A. (1991). Who wants to be an entrepreneur? A study of adolescents interested in a young enterprise scheme. Journal of Economic Psychology, 12(3), 465-478.; Honjo, 2004Honjo, Y. (2004). Growth of new start-up firms: Evidence from the Japanese manufacturing industry. Applied Economics Letters, 11(1), 21-32.; Lamotte & Colovic, 2013Lamotte, O., & Colovic, A. (2013). Do demographics influence aggregate entrepreneurship? Applied Economics Letters, 20(13), 1206-1210.; Levesque & Minniti, 2006Levesque, M., & Minniti, M. (2006). The effect of aging on entrepreneurial behavior. Journal of Business Venturing, 21(2), 177-194.; Minola et al., 2016Minola, T., Criaco, G., & Obschonka, M. (2016). Age, culture, and self-employment motivation. Small Business Economics, 46(2), 187-213.). Bonnett & Furnham, 1991Bonnett, C., & Furnham, A. (1991). Who wants to be an entrepreneur? A study of adolescents interested in a young enterprise scheme. Journal of Economic Psychology, 12(3), 465-478.), por exemplo, afirmam que as pessoas com um locus interno de controle maior tendem a desenvolver atitudes empreendedoras com mais facilidade. Em seu estudo, Bonnett & Furnham, 1991Bonnett, C., & Furnham, A. (1991). Who wants to be an entrepreneur? A study of adolescents interested in a young enterprise scheme. Journal of Economic Psychology, 12(3), 465-478.) descobriram que os jovens indivíduos, diferente de suas contrapartes mais velhas, têm um locus interno de controle maior. De modo similar, Honjo, 2004Honjo, Y. (2004). Growth of new start-up firms: Evidence from the Japanese manufacturing industry. Applied Economics Letters, 11(1), 21-32.) propõe que a capacidade de aprender e mudar dos jovens indivíduos em relação a aceitar desafios do negócio é muito maior do que nos indivíduos mais velhos. Além disso, à medida que os indivíduos envelhecem eles acham a ideia de começar um novo negócio menos desejável porque a aversão ao risco aumenta com a idade (Kautonen, Down & Minniti, 2014Kautonen, T., Down, S., & Minniti, M. (2014). Ageing and entrepreneurial preferences. Small Business Economics, 42(3), 579-594.; Levesque & Minniti, 2006Levesque, M., & Minniti, M. (2006). The effect of aging on entrepreneurial behavior. Journal of Business Venturing, 21(2), 177-194.). Essa maior propensão entre os jovens indivíduos a assumir riscos os torna, portanto, mais propensos a escolher o empreendedorismo. Adicionalmente, os jovens indivíduos têm um custo de oportunidade menor em relação à criação de um negócio (Amit, Muller & Cockburn, 1995Amit, R., Muller, E., & Cockburn, I. (1995). Opportunity costs and entrepreneurial activity. Journal of Business Venturing, 10(2), 95-106.) porque é mais fácil para tais indivíduos voltar ao emprego assalariado no caso de o negócio fracassar do que para os indivíduos mais velhos. Sugerimos, portanto, que:

H1: A probabilidade de se envolver em atividades empreendedoras é maior entre os jovens indivíduos do que entre os indivíduos mais velhos.

Uma preocupação importante entre os formuladores de políticas em relação à promoção do empreendedorismo é a identificação dos fatores que tornam alguns jovens indivíduos mais propensos ao empreendedorismo do que outros. Vários estudos nos últimos anos indicaram que a região, o lugar onde os indivíduos residem, é um fator crucial para explicar as diferenças no nível da atividade empreendedora entre os indivíduos (Aitken, 2006Aitken, K. (2006). Young entrepreneurs in rural Northumberland and county Durham [Centre for Rural Economy Research Report]. University of Newcastle Upon Tyne, Newcastle Upon Tyne, UK. Retrieved from http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/summary?doi=10.1.1.598.7014
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; North & Smallbone, 2006North, D., & Smallbone, D. (2006). Developing entrepreneurship and enterprise in Europe’s peripheral rural areas: Some issues facing policy-makers. European Planning Studies, 14(1), 41-60.). Mais especificamente, os jovens indivíduos nas regiões urbanas são mais propensos a perseguir o empreendedorismo do que os jovens rurais (Akgun et al., 2010Akgün, A. A., Nijkamp, P., Baycan, T., & Brons, M. (2010). Embeddedness of entrepreneurs in rural areas: A comparative rough set data analysis. Tijdschrift Voor Economische en Sociale Geografie, 101(5), 538-553.; Fuller-Love, Midmore, Thomas & Henley, 2006Fuller-Love, N., Midmore, P., Thomas, D., & Henley, A. (2006). Entrepreneurship and rural economic development: A scenario analysis approach. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 12(5), 289-305.; Stathopoulou et al., 2004Stathopoulou, S., Psaltopoulos, D., & Skuras, D. (2004). Rural entrepreneurship in Europe: A research framework and agenda. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 10(6), 404-425.). Nesse contexto, o pensamento clássico e contemporâneo tem consistentemente retratado as aglomerações urbanas como o cenário preferido para a realização de negócios. Argumenta-se que os centros urbanos oferecem uma maior divisão de trabalho (Smith, 1776Smith, A. (1776). An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations. London: British Encyclopedia 1952.), um maior suprimento (‘pool’) de mercado de trabalho (Marshall, 1920Marshall A. (1920). Principles of economics. London: Macmillan.), uma maior provisão de insumos não comercializados (Marshall, 1920Marshall A. (1920). Principles of economics. London: Macmillan.), um acesso mais fácil e mais barato aos mercados (Hoover, 1948Hoover, E. (1948). The location of economic activity. New York: McGraw-Hill.), uma maior disponibilidade de serviços complementares (Mydral, 1957Myrdal, D. (1957). Economic theory and underdeveloped regions. London: Duckworth.), melhores infraestruturas (Jacobs, 1969Jacobs, J. (1969). The economy of cities. New York: Vintage.) e maiores volumes de demanda (Krugman, 1981Krugman, P. (1981). Trade, accumulation, and uneven development. Journal of Development Economics, 8(2), 149-161., 1991Krugman, P. (1991). Geography and trade. Leuven: Leuven University Press.). Wagner e Sternberg (2004Wagner, J., & Sternberg, R. (2004). Start-up activities, individual characteristics, and the regional milieu: Lessons for entrepreneurship support policies from German micro data. The Annals of Regional Science, 38(2), 219-240.) descobriram que as regiões com maior densidade populacional e maiores taxas de crescimento da população mostram maiores taxas de empreendedorismo nascente. Por outro lado, nas regiões rurais, como mencionado anteriormente, há maiores barreiras socioculturais para a atividade empreendedora (Fornahl, 2003Fornahl, D. (2003). Entrepreneurial activities in a regional context. In D. Fornahl & T. Brenner (Eds.), Co-operation, networks and institutions in regional innovation systems (pp. 38-57). Cheltenham: Edward Elgar.). Em muitos casos, os jovens indivíduos podem se sentir atraídos pelo estilo de vida da cidade, e as melhores oportunidades profissionais disponíveis nas aglomerações urbanas os fazem deixar seus locais de origem para se estabelecer nas cidades. Isso os desencoraja a considerar a possibilidade de criar um negócio ou desenvolver a sua profissão em um ambiente rural (Meccheria & Pelloni, 2006Meccheri, N., & Pelloni, G. (2006). Rural entrepreneurs and institutional assistance: an empirical study from mountainous Italy. Entrepreneurship and Tegional Development, 18(5), 371-392.). De modo similar, o caráter enraizado e relativamente imóvel da maioria das atividades comerciais torna uma carreira empresarial não atraente para aqueles jovens rurais que anseiam pela cidade (Akgun et al., 2010Akgün, A. A., Nijkamp, P., Baycan, T., & Brons, M. (2010). Embeddedness of entrepreneurs in rural areas: A comparative rough set data analysis. Tijdschrift Voor Economische en Sociale Geografie, 101(5), 538-553.). Considerando os argumentos acima mencionados, levantamos a hipótese de que:

H2: Os indivíduos mais jovens nas regiões rurais são menos propensos a se envolver com o empreendedorismo em comparação com os indivíduos mais velhos.

2.2 Modelos exemplares

Ao longo dos anos, os pesquisadores identificaram a importância dos modelos exemplares no empreendedorismo (Bosma, Hessels, Schutjens, Van Praag & Verheul, 2012Bosma, N., Hessels, J., Schutjens, V., Van Praag, M., & Verheul, I. (2012). Entrepreneurship and role models. Journal of Economic Psychology, 33(2), 410-424.; Contin-Pilart & Larraza-Kintana, 2015Contín‐Pilart, I., & Larraza‐Kintana, M. (2015). Do entrepreneurial role models influence the nascent entrepreneurial activity of immigrants? Journal of Small Business Management, 53(4), 1146-1163.; Gibson, 2004Gibson, D. E. (2004). Role models in career development: New directions for theory and research. Journal of Vocational Behavior, 65(1), 134-156.; Gnyawali & Fogel, 1994Gnyawali, D. R., & Fogel, D. S. (1994). Environments for entrepreneurship development: Key dimensions and research implications. Entrepreneurship Theory and Practice, 18, 43-43.; Krueger & Brazeal, 1994Krueger, N. F., & Brazeal, D. V. (1994). Entrepreneurial potential and potential entrepreneurs. Entrepreneurship Theory and Practice, 18, 91-104.; Lafuente et al., 2007Lafuente, E., Vaillant, Y., & Rialp, J. (2007). Regional differences in the influence of role models: Comparing the entrepreneurial process of rural Catalonia. Regional Studies, 41(6), 779-796.; Lucas, Cooper, Ward & Cave, 2009Lucas, W. A., Cooper, S. Y., Ward, T., & Cave, F. (2009). Industry placement, authentic experience and the development of venturing and technology self-efficacy. Technovation, 29(11), 738-752.; Walstad & Kourilsky, 1998Walstad, W. B., & Kourilsky, M. L. (1998). Entrepreneurial attitudes and knowledge of black youth. Entrepreneurship Theory and Practice, 23, 5-18.). Os modelos exemplares são indivíduos que definem exemplos a serem emulados pelos outros e, portanto, podem estimular ou inspirar outros indivíduos para tomar certas decisões (sobre a carreira) e alcançar certos objetivos (Bosma et al., 2012Bosma, N., Hessels, J., Schutjens, V., Van Praag, M., & Verheul, I. (2012). Entrepreneurship and role models. Journal of Economic Psychology, 33(2), 410-424.). De acordo com Gnyawali e Fogel (1994Gnyawali, D. R., & Fogel, D. S. (1994). Environments for entrepreneurship development: Key dimensions and research implications. Entrepreneurship Theory and Practice, 18, 43-43.), os modelos exemplares de empreendedorismo são importantes porque eles não apenas oferecem uma consciência sobre o empreendedorismo, mas também têm um efeito motivacional na intenção de começar um novo negócio. Wood e Bandura (1989Wood, R., & Bandura, A. (1989). Social cognitive theory of organizational management. Academy of Management Review, 14(3), 361-384.) argumentam que os modelos exemplares de empreendedorismo podem ser utilizados para desenvolver habilidades empreendedoras nos jovens indivíduos. Do mesmo modo, Krueger e Brazeal (1994Krueger, N. F., & Brazeal, D. V. (1994). Entrepreneurial potential and potential entrepreneurs. Entrepreneurship Theory and Practice, 18, 91-104.) argumentam que os modelos exemplares aumentam a percepção de que criar um negócio é uma proposição viável. Vários estudos confirmaram o vínculo positivo entre os modelos exemplares de empreendedorismo e a atividade empreendedora (Chlosa, Patzell, Klein & Dormann, 2012Chlosta, S., Patzelt, H., Klein, S. B., & Dormann, C. (2012). Parental role models and the decision to become self-employed: The moderating effect of personality. Small Business Economics, 38(1), 121-138.; Vaillant & Lafuente, 2007Vaillant, Y., & Lafuente, E. (2007). Do different institutional frameworks condition the influence of local fear of failure and entrepreneurial examples over entrepreneurial activity? Entrepreneurship and Regional Development, 19(4), 313-337.). Além disso, descobriu-se que os modelos exemplares têm uma influência maior na atividade empreendedora dos jovens indivíduos do que no restante da população (Murrell, 2003Murrell, P. (2003). Firms facing new institutions: transactional governance in Romania. Journal of Comparative Economics, 31(4), 695-714.; Vaillant & Lafuente, 2007Vaillant, Y., & Lafuente, E. (2007). Do different institutional frameworks condition the influence of local fear of failure and entrepreneurial examples over entrepreneurial activity? Entrepreneurship and Regional Development, 19(4), 313-337.). Isso se deve ao fato de que os jovens indivíduos estão em um estágio psicológico no qual eles são mais receptivos a tais estímulos do que os indivíduos mais velhos (Erikson, 1985Erikson, E. (1985). Childhood and society. New York: W.W. Norton.).

Ao mesmo tempo, dependendo do território onde eles vivem e da maneira pela qual os jovens indivíduos se relacionam socialmente, os jovens indivíduos podem ser mais ou menos influenciados pelos modelos exemplares para realizar a atividade empreendedora (North & Smallbone, 2006North, D., & Smallbone, D. (2006). Developing entrepreneurship and enterprise in Europe’s peripheral rural areas: Some issues facing policy-makers. European Planning Studies, 14(1), 41-60.). De acordo como o Malecki (1994Malecki, E. J. (1993). Entrepreneurship in regional and local development. International Regional Science Review, 16(1-2), 119-153.) e a OCDE (2003Organisation for Economic Co-operation and Development. (2003). Entrepreneurship and local economic development: Programme and policy recommendations. Paris: Author.), os jovens indivíduos nas regiões rurais são menos influenciados pelos modelos exemplares de empreendedorismo em comparação com os jovens indivíduos nas regiões urbanas. Os autores, por sua vez, enfatizam a importância de colocar os jovens indivíduos nas regiões rurais em contato com exemplos empreendedores para fomentar as ambições empreendedoras. Como resultado desses argumentos, este estudo propõe as seguintes hipóteses:

H3a: Os modelos exemplares de empreendedorismo aumentam a probabilidade de os jovens se envolverem em atividades empreendedoras.

H3b: A influência positiva dos modelos exemplares na atividade empreendedora dos jovens indivíduos nas regiões rurais é menor.

2.3 Medo de fracassar

Emoções tais como o medo de fracassar tem uma forte influência no comportamento empreendedor (Cacciotti & Hayton, 2015Cacciotti, G., & Hayton, J. C. (2015). Fear and entrepreneurship: A review and research agenda. International Journal of Management Reviews, 17(2), 165-190.). Considerada uma emoção negativa discreta suscitada pela avaliação das ameaças potenciais ou reais, tais como o fracasso do negócio, a evidência sugere que a probabilidade de um indivíduo se tornar um empreendedor é baixa (menor) nas regiões com altos níveis de estigma social do fracasso (Landier, 2004Landier, A. (2004). Entrepreneurship and the stigma of failure. Retrieved from https://pdfs.semanticscholar.org/168e/10b4d096d530487439753e55b1a82df2ca4b.pdf
https://pdfs.semanticscholar.org/168e/10...
). Em outras palavras, nas culturas onde há maior tolerância e aceitação do fracasso do negócio, as pessoas tendem a ser mais empreendedoras (Landier, 2004Landier, A. (2004). Entrepreneurship and the stigma of failure. Retrieved from https://pdfs.semanticscholar.org/168e/10b4d096d530487439753e55b1a82df2ca4b.pdf
https://pdfs.semanticscholar.org/168e/10...
). De acordo com Landier, os empreendedores temem o estigma social se eles não alcançarem o sucesso esperado no negócio. Outros acadêmicos também descobriram que este fator influencia a atividade empreendedora (Busenitz, Gomez & Spencer, 2000Busenitz, L. W., Gomez, C., & Spencer, J. W. (2000). Country institutional profiles: Unlocking entrepreneurial phenomena. Academy of Management journal, 43(5), 994-1003.; Brochaus, 1980Brockhaus, R. H. (1980). Risk taking propensity of entrepreneurs. Academy of Management Journal, 23(3), 509-520.; Herron & Sapienza, 1992Herron, L., & Sapienza, H. J. (1992). The entrepreneur and the initiation of new venture launch activities. Entrepreneurship Theory and Practice, 17(1), 49-49.; Sitkin & Pablo, 1992Sitkin, S. B., & Pablo, A. L. (1992). Reconceptualizing the determinants of risk behavior. Academy of Management Review, 17(1), 9-38.; Wennberg, Pathak & Autio, 2013Wennberg, K., Pathak, S., & Autio, E. (2013). How culture moulds the effects of self-efficacy and fear of failure on entrepreneurship. Entrepreneurship & Regional Development, 25(9-10), 756-780.; Wyrwich, Stuetzer & Sternberg, 2016Wyrwich, M., Stuetzer, M., & Sternberg, R. (2016). Entrepreneurial role models, fear of failure, and institutional approval of entrepreneurship: A tale of two regions. Small Business Economics, 46(3), 467-492.).

Mostrou-se, entretanto, que o impacto desse estigma social nos empreendedores depende de vários fatores. Um desses fatores é o ciclo de vida do indivíduo. Pessoas de diferentes idades tendem a reagir ao estigma social do fracasso de maneiras diferentes (Levesque & Minniti, 2006Levesque, M., & Minniti, M. (2006). The effect of aging on entrepreneurial behavior. Journal of Business Venturing, 21(2), 177-194.). Argumenta-se que entre os diferentes segmentos da população, os jovens indivíduos são menos propensos a considerar o estigma social do fracasso um obstáculo para criar um negócio. Isso porque os jovens indivíduos enfrentam menos custos de oportunidade no empreendedorismo (Amit et al., 1995Amit, R., Muller, E., & Cockburn, I. (1995). Opportunity costs and entrepreneurial activity. Journal of Business Venturing, 10(2), 95-106.). Além disso, os indivíduos mais jovens tendem a ser menos influenciados pela percepção do risco (Kautonen et al., 2014Kautonen, T., Down, S., & Minniti, M. (2014). Ageing and entrepreneurial preferences. Small Business Economics, 42(3), 579-594.; Simon, Houghton & Aquino, 2000Simon, M., Houghton, S. M., & Aquino, K. (2000). Cognitive biases, risk perception, and venture formation: How individuals decide to start companies. Journal of Business Venturing, 15(2), 113-134.) por causa de sua menor experiência de trabalho do que as pessoas mais velhas (Blanchflower & Meyer, 1994Blanchflower, D. G., & Meyer, B. D. (1994). A longitudinal analysis of the young self-employed in Australia and the United States. Small Business Economics, 6(1), 1-19.).

Do mesmo modo, descobriu-se que há impactos diferentes do medo do fracasso dependendo da região (Driga et al., 2009Driga, O., Lafuente, E., & Vaillant, Y. (2009). Reasons behind the relatively lower entrepreneurial activity levels of rural women: Looking into rural Spain. Sociologia Ruralis, 49(1), 70-96.; Saxenian, 1994Saxenian, A. (1994). Regional advantage. Chicago: Harvard University Press.; Wagner, 2007Wagner, J. (2007). What a difference a Y makes-female and male nascent entrepreneurs in Germany. Small Business Economics, 28(1), 1-21.). Vaillant e Lafuente (2007Vaillant, Y., & Lafuente, E. (2007). Do different institutional frameworks condition the influence of local fear of failure and entrepreneurial examples over entrepreneurial activity? Entrepreneurship and Regional Development, 19(4), 313-337.) descobriram que na Espanha os indivíduos nas regiões com altos níveis de estigma social do fracasso são relativamente menos propensos a se tornarem empreendedores. Eles comentam que o contexto social relativamente rígido encontrado em certas áreas rurais aumenta as consequências sociais do fracasso empresarial. Em tal contexto, é provável que os jovens indivíduos nas regiões rurais possam ser relativamente mais influenciados negativamente pela percepção de um estigma social do fracasso empresarial do que no caso dos jovens que vivem nas áreas urbanas. De acordo com estas perspectivas, as seguintes hipóteses podem ser inferidas:

H4a: A percepção do medo do fracasso reduz a probabilidade do jovem se envolver em atividades empreendedoras.

H4b: O impacto negativo do medo do fracasso em indivíduos mais jovens nas regiões rurais é maior do que em suas contrapartes urbanas.

3 DADOS E MÉTODO

3.1 Dados e definição de variáveis

Os dados utilizados para realizar esta pesquisa vieram de um levantamento com população adulta (APS) do Monitor Espanhol de Empreendedorismo Global (GEM) para o ano de 2012. O projeto GEM começou em 1998 e atualmente mais de 72 países estão envolvidos neste projeto. Uma descrição mais detalhada da metodologia do GEM é apresentada em Reynolds et al. (2005Reynolds, P., Bosma, N., Autio, E., Hunt, S., De Bono, N., Servais, I., & Chin, N. (2005). Global entrepreneurship monitor: Data collection design and implementation 1998-2003. Small Business Economics, 24(3), 205-231.). A base de dados do GEM foi utilizada por um grande número de pesquisadores em todo o mundo para estudar o empreendedorismo e seus determinantes. Após considerar os valores faltantes, neste estudo utilizamos uma amostra randômica e nivelada da população representativa de 20.868 indivíduos com idades entre 18 e 64 anos.

De acordo com vários órgãos internacionais, tais como as Nações Unidas, a OCDE, a Organização Mundial do Trabalho e o Banco Mundial, considera-se jovens indivíduos aqueles com idades entre 16 e 24 anos. A União Europeia, entretanto, e especificamente o Governo Espanhol (INJUVE, http://www.injuve.migualdad.es/injuve/portal, acessado em 15 de junho de 2013) compartilham o critério de que os jovens indivíduos são aqueles com idades entre 16 e 29 anos. Muitos estudos acadêmicos consideram jovens empreendedores aqueles que criaram ou querem criar um negócio e têm idades entre 18 e 29 anos (Blanchflower & Meyer, 1994Blanchflower, D. G., & Meyer, B. D. (1994). A longitudinal analysis of the young self-employed in Australia and the United States. Small Business Economics, 6(1), 1-19.; Bonnett & Furnham, 1991Bonnett, C., & Furnham, A. (1991). Who wants to be an entrepreneur? A study of adolescents interested in a young enterprise scheme. Journal of Economic Psychology, 12(3), 465-478.; Honjo, 2004Honjo, Y. (2004). Growth of new start-up firms: Evidence from the Japanese manufacturing industry. Applied Economics Letters, 11(1), 21-32.; Levesque & Minniti, 2006Levesque, M., & Minniti, M. (2006). The effect of aging on entrepreneurial behavior. Journal of Business Venturing, 21(2), 177-194.; Rojas & Siga, 2009Rojas, G. V., & Siga, L. (2009). On the nature of micro-entrepreneurship: Evidence from Argentina. Applied Economics, 41(21), 2667-2680.; Schiller & Crewson, 1997Schiller, B. R., & Crewson, P. E. (1997). Entrepreneurial origins: A longitudinal inquiry. Economic Inquiry, 35(3), 523-531.; Thomas, 2009Thomas, M. K. (2009). The impact of education histories on the decision to become self-employed: A study of young, aspiring, minority business owners. Small Business Economics, 33(4), 455-466.; Walstad & Kourilsk, 1998Walstad, W. B., & Kourilsky, M. L. (1998). Entrepreneurial attitudes and knowledge of black youth. Entrepreneurship Theory and Practice, 23, 5-18.). Sendo assim, para assegurar a continuidade acadêmica, este estudo adota esse critério (que é compartilhado pela União Europeia, pelo Governo da Espanha e pelos estudos acima mencionados) para classificar um indivíduo como jovem. Do mesmo modo, em relação ao método adotado para diferenciar as áreas urbanas das rurais, este estudo utiliza o critério proposto por lei (Real Decreto nº 752, 2010Real Decreto nº 752, de 4 de junio de 2010. Por el que se aprueba el primer programa de desarrollo rural sostenible para el período 2010-2014 en aplicación de la Ley 45/2007, de 13 de diciembre, para el desarrollo sostenible del medio rural. Boletín Oficial del Estado, nº 142, 11 de junio de 2010.) do Governo da Espanha. Em nossa amostra, 4.428 observações ou 21,21% da amostra representam indivíduos com idades inferiores a 30 anos.

A Tabela 1 mostra a estatística descritiva para as variáveis utilizadas neste estudo, fazendo uma distinção entre as regiões rural e urbana, e também entre indivíduos jovens e não jovens em diferentes subamostras (por região).

Tabela 1:
Estatística descritiva para as variáveis selecionadas

Para os fins deste estudo, os jovens indivíduos na amostra são medidos utilizando-se uma variável artificial adotando o valor de um se o indivíduo tiver menos de 30 anos e zero de outro modo. A Tabela 1 mostra que os jovens indivíduos em nossa amostra tinham uma idade média de 23,308 anos, enquanto que a mesma para a subamostra rural é de 23,515 anos. A variável dependente utilizada nesta pesquisa é a atividade empreendedora (Reynolds et al., 2005Reynolds, P., Bosma, N., Autio, E., Hunt, S., De Bono, N., Servais, I., & Chin, N. (2005). Global entrepreneurship monitor: Data collection design and implementation 1998-2003. Small Business Economics, 24(3), 205-231.). Essa variável dicotômica adota o valor de um se, nos últimos 12 meses, a pessoa esteve ativamente envolvida no processo de criar o seu próprio negócio ou tem um negócio novo com menos de 42 meses de existência, e zero se a pessoa não está empreendedoramente ativa. Em relação à estatística descritiva apresentada na Tabela 1, observa-se que os indivíduos envolvidos em atividades empreendedoras representam 5,22% de toda a amostra (Tabela 1). A população rural representa 15,85% de toda a amostra, e entre eles os que estão envolvidos com o empreendedorismo representam 5,19%. Além disso, da amostra total, 4,49% dos jovens indivíduos estão envolvidos em atividades empreendedoras, um valor é que significativamente menor do que a taxa de empreendedorismo para os indivíduos acima de 30 anos (5,41%).

Nossa primeira variável de interesse independente está relacionada aos modelos exemplares empreendedores. Essa variável adota o valor de um para aqueles que conhecem pessoalmente um empreendedor que criou um negócio ao longo dos últimos dois anos, e zero de outro modo. Na amostra final, 30,10% dos entrevistados relatam o conhecimento pessoal de um empreendedor, e a proporção de jovens que conhecem um empreendedor (33,28%) é significativamente maior que a proporção apresentada pelos não jovens (29,24%) (Tabela 1). Nossa segunda variável independente, o medo do fracasso, adota o valor de um se a pessoa declara que o medo do fracasso é um impedimento para a criação de um negócio. A Tabela 1 mostra que os jovens percebem um medo do fracasso significativamente maior (53,72%) do que o restante da população adulta (51,56%).

Finalmente, três variáveis de controle são consideradas na análise empírica. Primeiramente, introduzimos o gênero. Essa variável foi utilizada, entre outros, por Driga et al. (2009Driga, O., Lafuente, E., & Vaillant, Y. (2009). Reasons behind the relatively lower entrepreneurial activity levels of rural women: Looking into rural Spain. Sociologia Ruralis, 49(1), 70-96.) e Verheul, Thurik, Grilo e Van Der Zwan (2012Verheul, I., Thurik, R., Grilo, I., & Van Der Zwan, P. (2012). Explaining preferences and actual involvement in self-employment: Gender and the entrepreneurial personality. Journal of Economic Psychology, 33(2), 325-341.) no estudo da disparidade de gêneros nas atividades empreendedoras e descobriu-se que ela influencia as variáveis dependentes e independentes. A segunda variável de controle se relaciona ao nível de instrução. Para criar uma variável educacional, consideramos três categorias (variáveis artificiais): 1) educação primária; 2) educação secundária; e 3) educação terciária. Essas variáveis adotam o valor de um para indicar o nível correspondente de educação. A última variável de controle utilizada neste trabalho é a autoconfiança na sua própria habilidade empreendedora. Essa variável foi acrescida ao modelo como uma variável de controle por causa de seu impacto na atividade empreendedora (Lafuente et al., 2007Lafuente, E., Vaillant, Y., & Rialp, J. (2007). Regional differences in the influence of role models: Comparing the entrepreneurial process of rural Catalonia. Regional Studies, 41(6), 779-796.; Mcgee, Peterson, Mueller & Sequeira, 2009McGee, J. E., Peterson, M., Mueller, S. L., & Sequeira, J. M. (2009). Entrepreneurial self‐efficacy: Refining the measure. Entrepreneurship Theory and Practice, 33(4), 965-988.; Van Praag & Cramer, 2001Van Praag, C. M., & Cramer, J. S. (2001). The roots of entrepreneurship and labour demand: Individual ability and low risk aversion. Economica, 68(269), 45-62.).

3.2 Modelagem da atividade empreendedora na presença de diferentes fontes de heterogeneidade

Para determinar o impacto diferencial das variáveis explanatórias selecionadas nas atividades empreendedoras dos jovens, realizamos uma análise de regressão logística (Greene, 2003Greene, W. (2003). Econometric analysis (5th ed.). New Jersey: Upper Saddler River.). Em nosso modelo Logit, a probabilidade de se envolver na atividade empreendedora é modelada como uma função do conjunto de variáveis independentes acima mencionado (Xi ) onde é expresso como , e os parâmetros (bj) são estimados pelo método da máxima verossimilhança.

Realizamos duas aplicações do modelo acima. A primeira aplicação, apresentada na equação (1), leva em consideração o efeito conjunto de ser jovem e da ruralidade no empreendedorismo.

(1)

Na equação (1) ei é o termo logístico de erro distribuído para os casos ith. As variáveis de controle correspondem ao perfil do empreendedor, a saber, gênero, nível de instrução e autoconfiança nas próprias habilidades empreendedoras. Nas especificações do nosso modelo, T se refere às variáveis relacionadas aos fatores socioculturais analisados, isto é, o conhecimento pessoal de empreendedores recentes (modelos exemplares) e o medo do fracasso empresarial.

A magnitude das variáveis explanatórias-chave é determinada pelo efeito marginal (gX ). No entanto, diferente dos modelos lineares, nos modelos não lineares o efeito da interação, isto é, a mudança em ambas as variáveis que interagem com relação à variável dependente, não equivale ao efeito marginal de apenas mudar o termo da interação. Além disso, o efeito da interação nos modelos não lineares pode ter sinais diferentes para valores diferentes de covariáveis. Sendo assim, a estimativa do parâmetro do termo de interação nos modelos não lineares não necessariamente indica o sinal do efeito da interação. Consequentemente, utilizamos o método proposto por Ai e Norton (2003Ai, C., & Norton, E. C. (2003). Interaction terms in logit and probit models. Economics Letters, 80(1), 123-129.) que nos permite obter efeitos de interação robustos para as variáveis de interesse. Neste método, a mudança na probabilidade prevista para perseguir a atividade empreendedora resulta da diferença discreta dupla com relação à variável artificial rural (x 2) entre os jovens indivíduos (x 3), isto é, , onde X = x2, x3. O procedimento desenvolvido por Ai e Norton (2003Ai, C., & Norton, E. C. (2003). Interaction terms in logit and probit models. Economics Letters, 80(1), 123-129.) também nos permite testar se a magnitude real do termo de interação é diferente de zero, gx1 1 Deve-se ter em mente que os resultados da terceira diferença podem ser interpretados de diferentes modos. Este trabalho, entretanto, adotou uma interpretação desse efeito marginal com base nos resultados das diferenças cruzadas. 0, mesmo se o coeficiente obtido do modelo logístico não for estatisticamente significativo.

Em termos de nossas hipóteses, esperamos que g3 > 0 na equação (1), significando que os jovens indivíduos são mais propensos a perseguir as atividades empreendedoras. (H1). Também esperamos que g23 < 0 indicando que os jovens rurais são menos propensos a se envolverem com o empreendedorismo (H2). Com relação à nossa hipótese H3a, esperamos que g4 > 0 onde T se refere à variável do modelo exemplar, indicando que a probabilidade de se envolver com o empreendedorismo aumenta entre as pessoas que conhecem pessoalmente um empreendedor. Um sinal negativo na estimativa do parâmetro relacionado à variável medo do fracasso g4 < 0 seria uma indicação de que o medo do fracasso reduz a probabilidade de se envolver em atividades empreendedoras (H4a).

Na segunda aplicação, como mostrado na equação (2), testamos se o impacto dos fatores socioculturais selecionados na probabilidade do empreendedorismo nas regiões rural e urbana difere entre os jovens e não jovens em nossa amostra.

(2)

Na equação (2), os termos de interação no segundo nível controlam as mudanças na probabilidade de empreendedorismo entre os jovens rurais e urbanos (d 23), e as mudanças no impacto dos fatores socioculturais selecionados nas regiões (d 24) e entre jovens e não jovens (d 34) . O termo de interação triplo (d 234) captura o efeito das atividades empreendedoras dos fatores socioculturais analisados (relativo àqueles que não estão expostos) nos jovens (em relação aos não jovens) rurais (em relação aos urbanos). Como na equação (1), as hipóteses são testadas com base na magnitude e na significância dos efeitos marginais, e as diferenças cruzadas são estimadas conforme o método de Ai e Norton (2003Ai, C., & Norton, E. C. (2003). Interaction terms in logit and probit models. Economics Letters, 80(1), 123-129.). O efeito triplo de interação é a terceira diferença e pode ser derivado analogamente, já que representa a mudança na segunda diferença, , quando d 4 muda de zero para um, mantendo o restante das variáveis constante em suas médias. Uma descrição detalhada da derivação das terceiras diferenças é oferecida por Cornelißen e Sonderhof (2009Cornelißen, T., & Sonderhof, K. (2009). Partial effects in probit and logit models with a triple dummy-variable interaction term. Stata Journal, 9(4), 571.). Em relação às nossas hipóteses, um valor inferior do termo de interação triplo g 234 < 01 1 Deve-se ter em mente que os resultados da terceira diferença podem ser interpretados de diferentes modos. Este trabalho, entretanto, adotou uma interpretação desse efeito marginal com base nos resultados das diferenças cruzadas. é uma indicação de que a influência positiva dos modelos exemplares sobre as atividades empreendedoras é mais fraca entre os jovens rurais (H3b). Um valor absoluto maior do impacto da variável relacionada ao medo do fracasso entre os jovens rurais apoiaria a nossa hipótese H4b.

4 RESULTADOS

A Tabela 2 abaixo apresenta os resultados do modelo Logit utilizado para determinar a influência bem como o impacto dos modelos exemplares de empreendedorismo e do medo do fracasso na atividade empreendedora dos jovens indivíduos nas regiões rurais. Ao invés de mostrar os coeficientes, a Tabela 2 mostra a mudança estimada na probabilidade de envolvimento nas atividades empreendedoras (Efeito marginal). O conjunto completo de estimativas Logit é apresentado no Apêndice.

Em nossos resultados, a Tabela 2, coluna I, apresenta o modelo que inclui todas as variáveis independentes (efeitos diretos), enquanto que as colunas II, III e IV introduzem vários termos de interação. O termo de interação (Coluna II) entre as regiões territoriais classificadas como regiões rural e urbana com jovens e não jovens é utilizado para levar em consideração o fato de que os jovens rurais e urbanos estão expostos a cenários econômicos diferentes, bem como respondem a incentivos diferentes em relação ao seu envolvimento no empreendedorismo. As diferenças territoriais na probabilidade do empreendedorismo entre os jovens e não jovens se tornam visíveis se tais efeitos forem considerados com relação às duas principais variáveis socioculturais consideradas neste estudo. A coluna III da Tabela 2 mostra os resultados da interação tripla entre o modelo exemplar de empreendedor, sendo jovem e vivendo em regiões rurais, enquanto que a coluna IV mostra o mesmo para a variável medo do fracasso. Diferente de Honjo (2004Honjo, Y. (2004). Growth of new start-up firms: Evidence from the Japanese manufacturing industry. Applied Economics Letters, 11(1), 21-32.) e conforme sugerido por Levesque e Minniti (2006Levesque, M., & Minniti, M. (2006). The effect of aging on entrepreneurial behavior. Journal of Business Venturing, 21(2), 177-194.), os resultados empíricos nas colunas I e II sugerem que indivíduos mais jovens não são diferentes de suas contrapartes mais velhas em relação ao envolvimento na atividade empreendedora, e esse efeito é similar nas regiões rural e urbana. Portanto, a nossa hipótese H1 que sugeria que indivíduos mais jovens são mais propensos a se envolver no empreendedorismo não é apoiada A partir dos resultados da coluna II na Tabela 2, pode-se observar que a fonte territorial de heterogeneidade (g 23) não ajuda a explicar as diferenças na atividade empreendedora entre os indivíduos mais jovens e suas contrapartes mais velhas que residem nas áreas rurais. Assim, nossa segunda hipótese H2 também não é apoiada.

Os resultados das estimativas mostradas na coluna III da Tabela 2 (a interação dupla e tripla do modelo exemplar de empreendedor) indicam que, embora os modelos exemplares de empreendedor tenham um efeito positivo nas atividades empreendedoras em geral, eles não têm efeito sobre os jovens indivíduos nas regiões rurais. Sendo assim, encontramos apoio para a hipótese H3a, mas não para a H3b. Em relação aos achados relacionados à variável medo do fracasso (coluna IV da Tabela 2), descobrimos que o medo do fracasso tem um efeito negativo nas atividades empreendedoras. Esse resultado é similar ao de outros estudos e sustenta nossa hipótese H4a. Se observarmos, no entanto, os termos de interação dupla, descobrimos que o medo do fracasso não tem impacto no nível de atividade empreendedora dos jovens indivíduos (em comparação com os indivíduos mais velhos) assim como nas regiões rurais (em comparação com as regiões urbanas). De fato, o efeito do medo do fracasso é apenas visto se levarmos em consideração a idade e a região. Em outras palavras, o impacto negativo do medo do fracasso na atividade empreendedora dos indivíduos mais jovens que vivem nas regiões rurais é muito maior (o efeito marginal de -2.52 pontos percentuais em comparação ao nível agregado de -1,66 pontos percentuais), assim dando apoio à nossa hipótese H4b.

Tabela 2:
Estimativas Logit: O efeito marginal da probabilidade de envolvimento na atividade empreendedora

O efeito marginal representa a mudança na probabilidade como resultado de uma mudança na variável independente. Nas seguintes equações (1) e (2), o efeito marginal do termo de interação para as mudanças em duas variáveis (x 2, x 3) é estimado por , enquanto que para o termo de interação tripla o efeito marginal emerge de .*, **, *** indicam significância nos níveis de 0,10, 0,05 e 0,01, respectivamente.

5 DISCUSSÃO E IMPLICAÇÕES

O empreendedorismo se tornou um modo alternativo para os jovens indivíduos satisfazerem suas necessidades de trabalho e de desenvolvimento profissional (Blanchflower & Oswald, 1998Blanchflower, D. G., & Oswald, A. J. (1998). Entrepreneurship and the youth labour market problem: A report for the OECD. Paris: OECD. Retrieved from http://www.dartmouth.edu/~blnchflr/papers/OECD.pdf
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). Embora vários acadêmicos tenham sugerido que os jovens indivíduos têm vantagens na busca por uma carreira empresarial (Bonnett & Furnham, 1991Bonnett, C., & Furnham, A. (1991). Who wants to be an entrepreneur? A study of adolescents interested in a young enterprise scheme. Journal of Economic Psychology, 12(3), 465-478.; Honjo, 2004Honjo, Y. (2004). Growth of new start-up firms: Evidence from the Japanese manufacturing industry. Applied Economics Letters, 11(1), 21-32.; Levesque & Minniti, 2006Levesque, M., & Minniti, M. (2006). The effect of aging on entrepreneurial behavior. Journal of Business Venturing, 21(2), 177-194.), a evidência empírica, no entanto, revela que a probabilidade de empreendedorismo decresce com a idade (Katz, 1994Katz, J. A. (1994). Modelling entrepreneurial career progressions: Concepts and considerations. Entrepreneurship Theory and Practice, 19(2), 23-23.; Parker, 2009Parker, S. C. (2009). The economics of entrepreneurship. Cambridge: Cambridge University Press.; Vaillant & Lafuente, 2007Vaillant, Y., & Lafuente, E. (2007). Do different institutional frameworks condition the influence of local fear of failure and entrepreneurial examples over entrepreneurial activity? Entrepreneurship and Regional Development, 19(4), 313-337.). Descobriu-se que vários fatores institucionais e socioculturais influenciam a escolha do empreendedorismo entre os jovens indivíduos. Neste estudo, enfocamos o papel dos modelos exemplares de empreendedor e do medo do fracasso para os indivíduos mais jovens que vivem nas regiões rurais.

Com base na amostra analisada, descobrimos que não há diferença significativa no nível da atividade empreendedora nas regiões rurais em comparação com as regiões urbanas da Espanha, assim como no empreendedorismo entre os jovens (idade=30 ou menos) em comparação com aqueles acima de 30 anos de idade. Do mesmo modo, não há diferença significativa entre o nível de atividade empreendedora dos jovens indivíduos nas regiões rurais em comparação com os jovens indivíduos nas regiões urbanas. Também descobrimos que em nível agregado o efeito do modelo exemplar de empreendedor (positivo) e o medo do fracasso do negócio (negativo) é similar àquele encontrado em outros estudos (Arenius & Minniti, 2005Arenius, P., & Minniti, M. (2005). Perceptual variables and nascent entrepreneurship. Small Business Economics, 24(3), 233-247.; Wennberg et al., 2013Wennberg, K., Pathak, S., & Autio, E. (2013). How culture moulds the effects of self-efficacy and fear of failure on entrepreneurship. Entrepreneurship & Regional Development, 25(9-10), 756-780.). Não descobrimos, entretanto, nenhum efeito dos modelos exemplares de empreendedor na atividade empreendedora dos indivíduos mais jovens bem como na atividade empreendedora nas regiões rurais. Em outras palavras, os modelos exemplares de empreendedor não são um fator significativo que influencie o empreendedorismo entre os jovens indivíduos, nem influenciam o empreendedorismo nas regiões rurais (em comparação com as regiões urbanas). Quando a idade e a região são ambas levadas em consideração, ainda assim não há efeito dos modelos exemplares de empreendedor no empreendedorismo. Uma explicação para esse resultado poderia ser a crise econômica na Espanha que tornou as pessoas mais conscientes das perspectivas sombrias do trabalho autônomo e, portanto, indiferentes aos modelos exemplares. Quanto à influência e ao impacto do medo do fracasso, descobrimos que o efeito negativo do medo do fracasso é significativamente maior entre os jovens indivíduos nas regiões rurais.

De modo geral, nossos resultados mostram que as variáveis socioculturais, como os modelos exemplares de empreendedor e o medo do fracasso, que mostraram efeitos consistentes no nível agregado em muitos contextos nacionais, não têm efeitos similares na presença de diferenças territoriais e de faixa etária. Essa evidência dá apoio ao modelo de contingência no qual o contexto em torno do indivíduo desempenha um papel mais dominante na influência do comportamento empreendedor (Welter, 2011Welter, F. (2011). Contextualizing entrepreneurship: Conceptual challenges and ways forward. Entrepreneurship Theory and Practice, 35(1), 165-184.; Zahra, Wright & Abdelgawad, 2014Zahra, S. A., Wright, M., & Abdelgawad, S. G. (2014). Contextualization and the advancement of entrepreneurship research. International Small Business Journal, 32(5), 479-500.). Isso é apoiado pelos resultados do nosso estudo, nos quais quando levamos em consideração o contexto territorial (localização urbana/rural) a importância da localização na atividade empreendedora diminui. Do mesmo modo, levando-se em consideração diferenças relacionadas com a idade, descobriu-se que o impacto das variáveis socioculturais difere para os resultados em nível agregado. Sendo assim, nosso estudo revela a importância da análise desagregada que leva em consideração a heterogeneidade contextual que circunda a atividade empreendedora. De modo geral, as duas principais conclusões de nosso estudo são: 1) o contexto (regional) tem um impacto significativo no empreendedorismo para alguns segmentos (indivíduos mais jovens) da população do que para outros; 2) o principal inibidor do empreendedorismo entre os jovens indivíduos nas regiões rurais é o medo significativo do fracasso do negócio que precisa ser abordado por intervenções em um nível apropriado de política.

A principal implicação política do nosso estudo é que a política que visa promover o empreendedorismo precisa ser mais específica em relação ao contexto e focar intervenções alinhadas com as necessidades da população focal. De tal modo que, diferente de outros contextos nos quais os modelos exemplares de empreendedor são uma ferramenta útil para motivar o treinamento dos empreendedores aspirantes, tais métodos são provavelmente menos efetivos na Espanha. Em vez disso, os formuladores de políticas devem focar na abordagem do medo significativo do fracasso entre os jovens indivíduos nas regiões rurais da Espanha. As razões exatas pelas quais os jovens indivíduos nas regiões rurais sofrem com um grande medo do fracasso estão além do escopo deste estudo, porém recente análise do Monitor Global de Empreendedorismo na Catalunha e Espanha (Corduras et al., 2012Corduras, A., Hernández, R., Sánchez, M., Díaz, J., Vaillant, Y., & Lafuente, E. (2012). Informe GEM España 2011. Retrieved from http://alumnatub.gapei.ub.edu/www-data/adjunts/GEM2011esp.pdf
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) sugere que a desejabilidade social possa ser um fator. Em muitas comunidades rurais, por exemplo, espera-se que os jovens talentosos mudem para as cidades para aprofundar seus estudos e carreiras. A percepção social em muitas comunidades rurais é de que o sucesso profissional e pessoal para os jovens indivíduos é determinado pelo fato de terem conseguido se mudar e estabelecer em uma região metropolitana. O contrário significaria que os jovens indivíduos que ficaram para trás e se tornaram empreendedores são socialmente julgados como menos bem-sucedidos. Uma observação similar foi feita pela OCDE nas regiões rurais da Suécia, que estava limitando a continuidade geracional da forte tradição empreendedora de Smaland (OCDE, 2012Organisation for Economic Co-operation and Development. (2012) Policy brief on youth entrepreneurship: Entrepreneurial activities in Europe. Paris: Author.). Sendo assim, no nível da política, a promoção do empreendedorismo requer medidas de longo prazo que, entre outras, poderiam incluir a celebração social do empreendedorismo como uma opção de carreira sem enfatizar demasiadamente os aspectos do empreendedorismo relacionados à pessoa. Tal celebração social poderia ocorrer por meio das mídias sociais. De maneira alternativa, o treinamento relacionado ao empreendedorismo entre os jovens indivíduos deveria enfatizar as necessidades da força de trabalho do século XXI, onde ser empreendedor não está limitado a ser o fundador/empresário de um negócio, mas uma exigência básica do local de trabalho.

6 CONCLUSÃO E PESQUISA FUTURA

Utilizando uma amostra da Pesquisa com População Adulta na Espanha do Monitor Global de Empreendedorismo 2012, este estudo utiliza um modelo Logit para testar a influência e o impacto dos modelos exemplares de empreendedor e o medo do fracasso no nível da atividade empreendedora de jovens indivíduos nas regiões rurais da Espanha. O principal resultado deste estudo é que na Espanha a probabilidade de ser empreendedoramente ativo não difere para indivíduos jovens e para os mais velhos, e entre as regiões rural e urbana. Surpreendentemente, diferente do mostrado na maioria dos estudos, os modelos exemplares de empreendorismo não têm qualquer efeito no empreendedorismo dos jovens indivíduos nas regiões rurais da Espanha, ao passo que o impacto negativo do medo de falhar no empreendedorismo dos jovens indivíduos nas regiões rurais é muito maior do que para o restante da população.

Os resultados deste estudo revelam a importância da desagregação e de uma análise empírica que leve em consideração as fontes contextuais da heterogeneidade no empreendedorismo. Nosso estudo enfoca as fontes territoriais da heterogeneidade e as diferenças relacionadas à idade na atividade empreendedora. Estudos existentes também mostraram as diferenças relacionadas ao gênero no empreendedorismo. Os estudos futuros podem incluir o efeito moderador do gênero juntamente com as variáveis contextuais, como o território e a idade, na influência do empreendedorismo. Em segundo lugar, este estudo considera duas importantes variáveis socioculturais. Estudos futuros poderiam acrescentar mais variáveis socioculturais. Em terceiro lugar, este estudo está limitado à Espanha. Estudos similares, se replicados em outros contextos territoriais, nas economias desenvolvidas e em desenvolvimento, poderiam estabelecer mais firmemente o papel e a importância dos fatores socioculturais na atividade empreendedora. Finalmente, uma análise longitudinal poderia oferecer ainda maior rigor nos achados apresentados neste estudo.

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  • 3
    Avaliado pelo sistema: Double Blind Review
  • 1
    Deve-se ter em mente que os resultados da terceira diferença podem ser interpretados de diferentes modos. Este trabalho, entretanto, adotou uma interpretação desse efeito marginal com base nos resultados das diferenças cruzadas.

Apêndice - Estimativas Logit: mudança na probabilidade de estar envolvido na atividade empreendedora

Contribuição de cada autor:

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2017

Histórico

  • Recebido
    27 Out 2015
  • Aceito
    22 Nov 2016
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