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TREINAMENTO EM CIRCUITO REDUZ OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM MULHERES

ABSTRACT

Introdução

O treinamento combinado é mais eficiente do que a modalidade isolada com relação aos indicadores de risco cardiometabólico.

Objetivos

Avaliar o efeito do volume de treinamento em circuito sobre indicadores antropométricos e bioquímicos com risco de doenças cardiometabólicas em mulheres com excesso de peso.

Métodos

Trinta e duas participantes foram submetidas a 24 semanas de treinamento em circuito, com pesos livres combinados com exercício aeróbico. O volume de treinamento durante as 24 semanas foi utilizado para distribuir as mulheres nos grupos: atividade física de volume moderado (AVM), atividade física de baixo volume (AVB) e controle (CON). Os índices antropométricos massa corporal, índice de massa corporal (IMC), circunferência de cintura (CC), relação cintura-quadril (RCQ), glicemia, insulina, resistência à insulina (HOMA-IR), colesterol total (CT), triglicerídeos, HDL-c e LDL-c, foram avaliados no início do programa e depois de 12 e 24 semanas.

Resultados

Não houve interação entre o volume de treinamento e o tempo para nenhuma das variáveis estudadas, mas o tempo de intervenção influenciou a massa corporal (p = 0,013) e o IMC (p = 0,012), e o tempo de participação tendeu a reduzir a massa corporal (p = 0,063) e o IMC (p = 0,062), depois de seis meses de intervenção. O volume de atividade física afetou o HDL-c (p = 0,037), sendo significativo (p = 0,030) na comparação entre AVM e CON. Adicionalmente, verificou-se tendência de redução HDL-c depois seis meses de intervenção (p = 0,073), sendo a menor redução observada no AVM, que indica o papel protetor de atividade física de volume moderado na redução dessa fração lipídica. A associação entre o volume de atividade física e o tempo de participação mostrou melhora clínica do colesterol total (χ2= 5,453, p = 0,02), com maior probabilidade de atingir valores clinicamente adequados de AVM (OR = 0,126; IC de 95% 0,019 – 0,827).

Conclusão

O volume de treinamento atenuou os fatores de risco cardiometabólico em mulheres com excesso de peso. Nível de evidência II; Estudos terapêuticos - Investigação dos resultados do tratamento.

Exercícios em circuitos; Exercício físico; Treinamento de força; Obesidade abdominal; Saúde da mulher

ABSTRACT

Introduction

Combined training is more effective than an isolated modality in reducing cardiometabolic risk indicators.

Objective

To evaluate the effect of circuit training volume on anthropometric and biochemical risk indicators for cardiometabolic diseases in overweight women.

Methods

Thirty-two participants underwent 24 weeks of circuit training with free weights combined with aerobic exercise. The training volume during the 24 weeks was used to distribute the women into moderate-volume physical activity (MVA), low-volume physical activity (LVA) and control (CON) groups. Anthropometric indices (body mass, body mass index (BMI), waist circumference (WC), waist-hip ratio (WHR)), blood glucose, insulin, insulin resistance (HOMA-IR), total cholesterol (TC), triglycerides, HDL-c, and LDL-c were evaluated at the beginning of the program and after 12 and 24 weeks.

Results

There was no interaction between training volume and time for any of the variables studied, but the intervention time influenced body mass (p=0.013) and BMI (p=0.012), and there was a tendency for participation time to reduce body mass (p=0.063) and BMI (p=0.062) after six months of intervention. The volume of the physical activity affected HDL-c (p=0.037), being significant (p=0.030) in the comparison between the MVA and CON groups. Additionally, there was a downward trend in HDL-c after six months of intervention (p=0.073), with a smaller reduction observed in the MVA group, indicating a protective role of moderate physical activity in the reduction of this lipid fraction. The association between physical activity volume and participation time resulted in a clinical improvement in total cholesterol (χ2 = 5.453, p = 0.02), with a higher probability of reaching clinically adequate values in the MVA group (OR = 0.126; 95%CI 0.019 - 0.827).

Conclusion

Training volume improved cardiometabolic risk factors in overweight women. Level of evidence II; Therapeutic Studies - Investigating the Results of Treatment.

Circuit-based exercise; Exercise; Resistance training; Abdominal obesity; Women’s health

RESUMEN

Introducción

El entrenamiento combinado es más eficiente que la modalidad aislada en indicadores de riesgo cardiometabólico.

Objetivo

Evaluar el efecto del volumen de entrenamiento en circuito sobre indicadores antropométricos y bioquímicos con riesgo de enfermedades cardiometabólicas en mujeres con sobrepeso.

Métodos

Treinta y dos participantes se sometieron a 24 semanas de entrenamiento en circuito con pesos libres combinados con ejercicio aeróbico. El volumen de entrenamiento durante las 24 semanas se utilizó para distribuir a las mujeres en los grupos: actividad física de volumen moderado (AVM), actividad física de volumen bajo (AVB) y control (CON). Se evaluaron los índices antropométricos masa corporal, índice de masa corporal (IMC), circunferencia de la cintura (CC), relación cintura-cadera (RCC), glucemia, insulina, resistencia a la insulina (HOMA-IR), colesterol total (CT), triglicéridos, HDL-c y LDL-c al inicio del programa y después de las semanas 12 y 24.

Resultados

No hubo interacción entre el volumen y el tiempo de entrenamiento para ninguna de las variables estudiadas, pero el tiempo de intervención influyó en la masa corporal (p=0,013) y en el IMC (p=0,012), y el tiempo de participación tendió a reducir la masa corporal (p=0,063) y el IMC (p=0,062), después de seis meses de intervención. El volumen de actividad física afectó al HDL-c (p =0,037), siendo significativo (p=0,030) en la comparación entre AVM y CON. Además, hubo una tendencia a la reducción del HDL-c después de seis meses de intervención (p=0,073), observándose la menor reducción en AVM, lo que indica el papel protector de la actividad física de volumen moderado en la reducción de esta fracción lipídica. La actividad física y el tiempo de participación mostraron una mejora clínica en colesterol total (χ2 = 5,453, p = 0,02), con mayor probabilidad de alcanzar valores clínicamente adecuados de AVM (OR = 0,126; IC95% 0,019 – 0,827).

Conclusión

El volumen de entrenamiento atenuó los factores de riesgo cardiometabólico en mujeres con sobrepeso. Nivel de Evidencia II; Estudios terapéuticos: investigación de los resultados del tratamiento.

Ejercicios en circuitos; Ejercicio físico; Entrenamiento de fuerza; Obesidad abdominal; Salud de la mujer

INTRODUÇÃO

O excesso de massa corporal é reportado como uma preocupação global,11. World Health Organization. Obesity : preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation. World Health Organization; 2000. 252 p. , 22. Abu-Farha M, Behbehani K, Elkum N. Comprehensive analysis of circulating adipokines and hsCRP association with cardiovascular disease risk factors and metabolic syndrome in Arabs. Cardiovasc Diabetol. 2014;13:76. pois é associado com o desenvolvimento de morbidades, tais como hipertensão, dislipidemias, resistência à insulina e aumento do risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo II, todas estas relacionadas à doença cardiovascular (DCV) e doença arterial coronariana (DAC).33. Seagle HM, Strain GW, Makris A, Reeves RS, American Dietetic Association. Position of the American Dietetic Association: weight management. J Am Diet Assoc. 2009;109(2):330–46.

Tradicionalmente, o tratamento de sobrepeso/obesidade inclui mudanças no estilo de vida, tais como o incremento de atividade física,44. Fett CA, Fett WCR, Marchini JS. Circuit weight training vs jogging in metabolic risk factors of overweight/obese women. Arq Bras Cardiol. 2009;93(5):519–25. , 55. Balducci S, Zanuso S, Nicolucci A, Fernando F, Cavallo S, Cardelli P, et al. Anti-inflammatory effect of exercise training in subjects with type 2 diabetes and the metabolic syndrome is dependent on exercise modalities and independent of weight loss. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2010;20(8):608–17. mas apesar das várias estratégias, ainda é um desafio para os programas de reeducação comportamental a manutenção da alta aderência dos participantes aos programas de exercícios físicos.44. Fett CA, Fett WCR, Marchini JS. Circuit weight training vs jogging in metabolic risk factors of overweight/obese women. Arq Bras Cardiol. 2009;93(5):519–25. Estudos anteriores tem provado a associação entre os programas de exercício e mudanças nos indicadores bioquímicos e antropometricos,66. Stefanov T, Vekova A, Bonova I, Tzvetkov S, Kurktschiev D, Blüher M, et al. Effects of supervised vs non-supervised combined aerobic and resistance exercise programme on cardiometabolic risk factors. Cent Eur J Public Health. 2013;21(1):8–16. composição corporal,77. Sukala WR, Page R, Rowlands DS, Krebs J, Lys I, Leikis M, et al. South Pacific Islanders resist type 2 diabetes: comparison of aerobic and resistance training. Eur J Appl Physiol. 2012;112(1):317–25. , 88. Bea JW, Cussler EC, Going SB, Blew RM, Metcalfe LL, Lohman TG. Resistance training predicts 6-yr body composition change in postmenopausal women. Med Sci Sports Exerc. 2010;42(7):1286–95. redução de sintomas depressivos,99. Baker MK, Kennedy DJ, Bohle PL, Campbell DS, Knapman L, Grady J, et al. Efficacy and feasibility of a novel tri-modal robust exercise prescription in a retirement community: a randomized, controlled trial. J Am Geriatr Soc. 2007;55(1):1–10. melhora dos indicadores de qualidade de vida1010. Liu-Ambrose TYL, Khan KM, Eng JJ, Lord SR, Lentle B, McKay HA. Both resistance and agility training reduce back pain and improve health-related quality of life in older women with low bone mass. Osteoporos Int. 2005;16(11):1321–9. e força muscular.1111. Gentil P, Bottaro M. Effects of training attendance on muscle strength of young men after 11 weeks of resistance training. Asian J Sports Med. 2013;4(2):101–6.

Na área da saúde, estudos têm sugerido que a supervisão1212. Carpenter R, Gilleland D. Impact of an exercise program on adherence and fitness indicators. Appl Nurs Res. 2016;30:184-6. do treinamento e a aderência1313. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, Franklin BA, Lamonte MJ, Lee IM, et al. American College of Sports Medicine position stand. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc. 2011;43(7):1334-59. dos participantes aos programas de exercícios influenciam os resultados desejados. Entretanto, não é do nosso conhecimento estudos que investigaram o volume de treinamento baseado na frequência e horas de atividades em programas de exercício em circuito, realizado por mulheres com excesso de massa corporal.

O treinamento resistido em circuito combinado com exercícios aeróbios é uma estratégia para modificar os indicadores de risco cardiometabólico,1414. Bateman LA, Slentz CA, Willis LH, Shields AT, Piner LW, Bales CW, et al. Comparison of aerobic versus resistance exercise training effects on metabolic syndrome (from the Studies of a Targeted Risk Reduction Intervention Through Defined Exercise - STRRIDE-AT/RT). Am J Cardiol. 2011;108(6):838–44.

15. Dalleck LC, Van Guilder GP, Quinn EM, Bredle DL. Primary prevention of metabolic syndrome in the community using an evidence-based exercise program. Prev Med. 2013;57(4):392–5.
- 1616. Stensvold D, Tjønna AE, Skaug E-A, Aspenes S, Stølen T, Wisløff U, et al. Strength training versus aerobic interval training to modify risk factors of metabolic syndrome. J Appl Physiol. 2010;108(4):804–10. incrementar o dispêndio energético e as respostas ao exercício em cada sessão de treinamento,1717. Skidmore BL, Jones MT, Blegen M, Matthews TD. Acute effects of three different circuit weight training protocols on blood lactate, heart rate, and rating of perceived exertion in recreationally active women. J Sports Sci Med. 2012;11(4):660–8. e ser bem tolerado por pessoas com excesso de massa corporal.44. Fett CA, Fett WCR, Marchini JS. Circuit weight training vs jogging in metabolic risk factors of overweight/obese women. Arq Bras Cardiol. 2009;93(5):519–25. Apesar do elevado número de estudos que avaliam os efeitos do exercício físico sobre a obesidade e indicadores de risco cardiometabólico, poucos têm usado o método de treinamento em circuito. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito do volume de treinamento de um programa de exercícios em circuito nos indicadores de risco bioquímicos e antropométricos para doenças cardiometabólicas, em mulheres com excesso de peso corporal. A nossa hipótese é que o volume do método de treinamento em circuito promove respostas positivas nos indicadores de risco antropométricos e bioquímicos para doenças cardiovasculares, ou seja, os participantes que têm maior frequência de participação apresentam mais efeitos benéficos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente, setenta e uma participantes de um programa de atenção primária foram recrutados, por profissionais de saúde, para participar do estudo. Os critérios de inclusão foram: mulheres com idade entre 18 e 59 anos, que não praticavam exercícios físicos regularmente há mais de um ano, com autorizadas por um médico para a prática regular de exercícios físicos, excesso de massa corporal (IMC ≥ 25 kg/m2), e ausência de limitações ortopédicas, neurológicas ou doença cardiovascular grave que impedisse a prática de exercícios físicos. Trinta e nove participantes foram excluídos do estudo pelas seguintes razões: problemas familiares e de saúde (n = 2), não se adaptaram ao exercício (n = 7), mudança de cidade (n = 2), não compareceram às avaliações em alguma das etapas da pesquisa (n = 23), abandonaram o programa (n = 5). Trinta e duas mulheres completaram todas as fases do estudo ( Figura 1 ). A pesquisa foi conduzida em conformidade com a Declaração de Helsinki e a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil (Comitê de Ética e Pesquisa, número do protocolo: 784.446/2014). Nas avaliações iniciais os participantes responderam ao questionário para avaliar o nível de atividade física (IPAQ),1818. IPAQ Group. Guidelines for data processing and analysis of the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) – Short and Long Forms. Ipaq. 2005. p. 1–15. uso de medicamentos e presença de morbidades. No início das atividades e após 12 e 24 semanas, foram coletados dados antropométricos e amostras sanguíneas. Informações relacionadas à frequência de participação nas sessões de exercício, tempo de exercício e volume de atividades semanais (min./sem.) foram registrados.

Figura 1
Fluxo de participantes.

Alocação dos participantes

Não foi estipulado um número mínimo de sessões que era necessário comparecer às sessões de exercício. Alternativamente, os participantes foram alocados em três grupos conforme o volume semanal de atividades resultante do programa de exercícios, que é indicativo da aderência ao programa de exercícios.1919. Friedenreich CM, Neilson HK, O’Reilly R, Duha A, Yasui Y, Morielli AR, et al. Effects of a high vs moderate volume of aerobic exercise on adiposity outcomes in postmenopausal women. JAMA Oncol. 2015;1(6):766-76. Mulheres com frequência maior que 60% (≥75 min./sem.) foram alocadas no volume de atividade física moderada (grupo MAF, n = 11; idade = 42,9 ± 10,5 anos; IMC = 33,5 ± 8,3 kg/m2, seis com sobrepeso e cinco obesas), mulheres com frequência entre 40-60% foram alocadas em baixo volume de atividade física (grupo BAF, n = 11; idade = 42,3 ± 7,0 anos; IMC = 32,7 ± 6,4 kg/m2, cinco com sobrepeso e seis obesas) e mulheres com frequência menor que 40% foram alocadas no grupo controle devido a aderência muito baixa ao programa de treinamento (grupo CON, n = 10; idade = 43,1 ± 9,8 anos; IMC = 35,4 ± 5,2 kg/m2, duas com sobrepeso e oito obesas).

Avaliações

Os valores da massa corporal dos participantes, obtidos em balança digital (Plenna-TIN 00103, São Paulo/Brasil) e da estatura, obtidos em estadiômetro (Sanny, ES2060, São Paulo/Brasil) foram empregados para calcular o índice de massa corporal (IMC).11. World Health Organization. Obesity : preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation. World Health Organization; 2000. 252 p. A circunferência de cintura (CC) foi tomada no ponto médio entre a última costela palpável e a borda superior da crista ilíaca, a circunferência de quadril (CQ) foi o maior diâmetro da região glútea para calcular a relação-cintura-quadril (RCQ).2020. Dhaliwal SS, Welborn TA, Goh LGH, Howat PA. Obesity as assessed by body adiposity index and multivariable cardiovascular disease risk. Barengo NC, editor. PLoS One. 2014;9(4):e94560. Para estas medidas foi usada uma fita métrica inextensível e não elástica (TR4012, São Paulo/Brasil).

Amostras sanguíneas e análises laboratoriais

Os participantes foram previamente instruídos a manter jejum de 12 horas, evitando exercícios físicos intensos e consumo de álcool nas 72 anteriores ao exame. Amostras sanguíneas foram coletadas para avaliar triglicérides totais, HDL-c, LDL-c, colesterol total, glicemia, insulina e HOMA-IR. As análises foram feitas pelo Laboratório de Análises Clínicas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil).

Programa de exercício físico

O programa de exercício físico consistiu no método de treinamento em circuito com pesos livres usando equipamentos de baixo custo, combinado com exercício aeróbio (caminhada ou corrida), supervisionado por dois profissionais com experiência em esporte e exercícios (média de 8,2 participantes por supervisor). Foram realizadas 24 semanas de exercícios, com frequência recomendada de três vezes por semana em dia não consecutivos, totalizando 72 sessões. As sessões eram compostas por 1) exercícios de alongamento dinâmicos de baixa intensidade para membros superiores e inferiores, para evitar a influência do alongamento e aquecimento nos níveis de força;2121. Mascarin NC, De Lira CAB, Vancini RL, Pochini AC, da Silva AC, Andrade MS. Strength training using elastic bands: Improvement of muscle power and throwing performance in young female handball players. J Sport Rehabil. 2017;26(3):245-52. 2) circuito com pesos; 3) caminhada/corrida; e 4) volta à calma. O volume dos exercícios resistidos e da caminhada/corrida foi controlado pelo tempo de execução. O volume e a carga do circuito de exercícios foram ajustados ao longo do programa enquanto o tempo de corrida/caminhada permaneceu constante com incremento da distância. A Tabela 1 mostra os detalhes do programa de exercício. Para a realização dos exercícios foram usados anilhas, halteres, elásticos, medicine balls , bolas suíça e tapetes. Os exercícios adotados no circuito com pesos livres foram supino, rosca direta e alternada, remada, flexão de braços, elevação lateral, agachamentos, flexão plantar, step , desenvolvimentos, corrida de vai-e-volta e abdominal, todas as sessões de exercícios foram acompanhadas por música.

Tabela 1
Efeitos do treinamento em circuito nos fatores de risco cardiometabólico.

A intensidade foi verificada com a escala de percepção subjetiva de esforço de Borg,2222. Borg G, Hassmén P, Lagerström M. Perceived exertion related to heart rate and blood lactate during arm and leg exercise. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1987;56(6):679–85. os participantes eram orientados a manter a intensidade entre os scores 13 a 16 em todos os exercícios resistidos e na caminhada/corrida. Ao fim de cada sessão os participantes faziam uma avaliação geral da intensidade do treinamento. Todas as sessões foram realizadas entre 16:00 e 18:00 horas da tarde, no Ginásio de Esportes Municipal (Santo Antônio de Goiás, Goiás).

Quantificação do volume de exercícios

A duração dos exercícios foi registrada em cada sessão. Para calcular o volume semanal de exercícios (min./sem.), o tempo acumulado de cada participante foi somado ao final das 72 sessões de exercício, e então dividido por 24, que foi total de semanas do programa. O resultado dos minutos por semana foi usado para estratificar a amostra em tercis: grupo MAF, grupo BAF e grupo CON. Foram consideradas apenas as atividades realizadas no programa de treinamento.

Análise Estatística

Todas as mulheres que completaram as avaliações, independente da frequência de participação, foram incluídas nas análises estatísticas. O teste ANOVA para medidas repetidas a dois critérios, foi usado para avaliar o efeito do tempo e do volume de treinamento (adesão ao programa) sobre as variáveis antropométricas e bioquímicas. Para valores de p significativos, foi empregado o teste post hoc de Tukey para a comparação entre os grupos. O teste Qui-quadrado foi utilizado para associar alterações clínicas dos parâmetros bioquímicos com a frequência de participação das mulheres no programa de treinamento em circuito. Para tanto foi construída uma tabela de contingência 2x2 contendo a quantidade de mulheres que melhoraram e não melhoraram as variáveis bioquímicas nos grupos de moderado e baixo volume de atividade física. Para esta análise o grupo controle e o de baixa atividade foram agrupados em um único grupo.

Para significância estatística, foi considerado p < 0,05. Os dados estão apresentados em números absolutos (média e desvio padrão) e relativos (frequência). Para análise de medidas repetidas a dois critérios foi utilizado o software Jamovi versão 2.0.0 e as demais análises foram realizadas no software IBM® SPSS® 21.0 (EUA).

RESULTADOS

Como esperado, a frequência de participação (% freq.) e o volume semanal (min./sem.) foi significativamente diferente entre os grupos (p < 0.001), MAF (71,3 ± 7,5% freq; 105,0 ± 9,9 min./sem.), BAF (47,5 ± 6,6% freq; 69,9 ± 8,9 min./sem.), CON (21,2 ± 12,7% freq.; 27,7 ± 16,1 min./sem.).Os resultados da análise de medidas repetidas a dois critérios, mostraram que não houve interação entre o volume de treinamento e o tempo de intervenção, para nenhuma das variáveis estudadas. Entretanto, os resultados mostraram efeito significativo do tempo de intervenção na massa corporal (p=0,013) e no IMC (p=0,012), embora não tenha sido possível detectar com precisão, em que período ocorreu a redução de massa corporal e IMC, uma vez que o teste post hoc de Tukey, mostrou apenas tendência do tempo de participação no programa em reduzir a massa corporal (p=0,063) e em reduzir o IMC (p=0,062), na comparação entre o início e após seis meses de intervenção.

Após os seis meses de intervenção, a massa corporal apresentou uma perda relativa média de 3,0%, 0,7% e 4,3% para os grupos MAF, BAF e controle, respectivamente, enquanto os valores de IMC reduziram em média 2,9% no MAF, 3,5% no BAF e 0,9% no controle.

Os resultados também indicaram que o tempo de participação no programa de treinamento em circuito também pareceu influenciar os valores de LDL-c (p=0,084). O resultado do teste post hoc mostrou tendência do tempo de participação no programa de exercícios físicos (p= 0,069) em reduzir o LDL- c, quando a comparação ocorreu entre o início e após seis meses de intervenção. Ao final dos seis meses, foi observado uma redução média de 18,8% no LDL-c do grupo MAF, 3,3% no BAF e 11,1% no controle.

Da mesma forma, observou-se uma tendência do tempo de intervenção, em reduzir valores de CT (p=0,098), sendo que no teste post hoc foi obtido p-valor de 0,058 quando se comparou os grupos início e após 6 meses de intervenção. Apesar do valor de p ser indicativo de uma tendência de redução, verificamos que no grupo MAF, os valores de CT diminuíram em média 11,3%, enquanto no grupo BAF 3% e no grupo controle 9,3%. Outro resultado importante foi o efeito benéfico e significativo (p=0,037) do volume de atividade física ou da frequência de participação no programa de exercícios em circuito nos valores de HDL-c, sendo ainda observado um efeito significativo na comparação entre os grupos de volume de atividade física moderado e controle. Embora os resultados tenham indicado uma tendência de redução nos valores de HDL-c em relação ao tempo (p=0.073), ao final do período de intervenção, foi observado redução média de 10,5% nos valores do HDL-c no grupo no controle, 3,4% no BAF e de apenas 0,7% no MAF, indicando um papel protetivo do volume moderado de atividade física, contra a redução dessa fração lipídica.

Na Figura 2 estão os valores de homeostase clínica e níveis absolutos para o CT e LDL-c para cada grupo no início, após três e seis meses. Independente do grupo, as mulheres que tinham níveis normais de CT (CT < 200 mg/dl; MAF = 27,3%; BAF = 45,5%; CON = 50% dos participantes) e LDL-c (LDL-c < 150 mg/dl; MAF = 45,5%; BAF = 63,6%; CON = 70% dos participantes) mantiveram a homeostase. Depois da intervenção, o grupo MAF foi o que apresentou o maior decréscimo em valores absolutos ΔCT (MAF = - 25,0 ± 38,7 mg/dl; BAF = - 3,8 ± 44,1 mg/dl; CON = - 12,1 ± 34,7 mg/dl) e ΔLDL-c (MAF = - 29,3 ± 38,1 mg/dl; BAF = - 4,3 ± 48,1 mg/dl; CON = - 10,6 ± 28,8 mg/dl).

Figura 2
Variação dos valores absolutos de LDL-c e CT para cada indivíduo dentro dos grupos.

O teste Qui-quadrado indicou associação entre o exercício físico e a melhora clínica nos níveis de CT (χ2= 5.453, p = 0,02). A razão de chances (odds ratio) indicou que o grupo MAF apresentou uma maior probabilidade de alcançar valores clinicamente saudáveis de CT quando comparados com os outros dois grupos (OR = 0,126; IC95% 0,019 – 0,827). Para o cálculo, os grupos CON e BAF foram considerados como um único grupo comparado ao grupo MAF.

DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito de 24 semanas de um programa de exercícios em circuito com o uso de equipamentos de baixo custo nos indicadores de risco antropométricos e bioquímicos para doenças cardiometabólicas, em mulheres com excesso de massa corporal atendidas em um programa de atenção básica à saúde, bem como avaliar a influência do volume de treinamento baseado na frequência de participação às sessões de exercício sobre as variáveis mencionadas. Os principais achados foram: 1) o tempo de participação no programa de exercícios físicos promoveu redução significativa da massa corporal e índice de massa corporal e mostrou tendência em reduzir os níveis de LDL-c e de CT; 2) o menor volume de atividade física ou a menor participação no programa induziu a maior redução nos valores de HDL-c após os seis meses de intervenção; e 3) os biomarcadores de homeostase clínica permaneceram inalterados independente da participação nos exercícios.

O volume e intensidade são duas variáveis consideradas fatores chave para a prescrição de exercícios físicos. Quando o baixo volume de exercícios é associado com intensidade insuficiente, os efeitos são mínimos,2323. Church TS, Earnest CP, Skinner JS, Blair SN. Effects of different doses of physical activity on cardiorespiratory fitness among sedentary, overweight or obese postmenopausal women with elevated blood pressure. JAMA. 2007;297(19):2081-91. mas é possível perceber melhoras em intensidade moderada/vigorosa ou intensa, mesmo quando o volume de exercícios é menor que 150 min/sem.1919. Friedenreich CM, Neilson HK, O’Reilly R, Duha A, Yasui Y, Morielli AR, et al. Effects of a high vs moderate volume of aerobic exercise on adiposity outcomes in postmenopausal women. JAMA Oncol. 2015;1(6):766-76. O volume semanal de exercícios em nosso estudo foi similar ao encontrado no estudo ALPHA,1919. Friedenreich CM, Neilson HK, O’Reilly R, Duha A, Yasui Y, Morielli AR, et al. Effects of a high vs moderate volume of aerobic exercise on adiposity outcomes in postmenopausal women. JAMA Oncol. 2015;1(6):766-76. que alcançou de 106 a 138 min/sem., e resultou em decréscimo da gordura corporal total, gordura abdominal e subcutânea, IMC, CC e RCQ. Apesar de não significativo em nosso estudo houve redução média de cerca de 3,0% na massa corporal e IMC e mais de 6,0% na CC.

No estudo DREW,2323. Church TS, Earnest CP, Skinner JS, Blair SN. Effects of different doses of physical activity on cardiorespiratory fitness among sedentary, overweight or obese postmenopausal women with elevated blood pressure. JAMA. 2007;297(19):2081-91. diferentes volumes de exercício (75 min/sem; 150 min/sem; 300 min/sem) em intensidade moderada (50% VO2pico) foram comparados e, não foi encontrada diferença entre os grupos de exercício, mas na comparação entre os indivíduos que se exercitaram com os indivíduos sedentários, os autores verificaram um significante decréscimo na CC e incremento do VO2pico.

Comparando o presente estudo com outros que usaram o treinamento em circuito, os resultados foram similares para os níveis de lipoproteínas, massa corporal e o IMC, apesar de não termos controlado a ingestão calórica e a intensidade mais elevada do exercício ter sido moderada. Fett et al.44. Fett CA, Fett WCR, Marchini JS. Circuit weight training vs jogging in metabolic risk factors of overweight/obese women. Arq Bras Cardiol. 2009;93(5):519–25. investigaram a restrição calórica combinada com exercício resistido em circuito ou exercício aeróbio e encontraram redução na massa corporal, IMC e percentual de gordura corporal em ambos os grupos, mas aqueles que treinaram em circuito também apresentaram redução nos níveis de CT e TG. Paoli et al.2424. Paoli A, Pacelli QF, Moro T, Marcolin G, Neri M, Battaglia G, et al. Effects of high-intensity circuit training, low-intensity circuit training and endurance training on blood pressure and lipoproteins in middle-aged overweight men. Lipids Health Dis. 2013;12:131. compararam os efeitos do treinamento em circuito em alta intensidade versus baixa intensidade e treinamento aeróbio contínuo. Os autores encontraram uma redução na massa corporal, massa de gordura, pressão sistólica e diastólica, CT, TG, LDL-c e ApoB/A1 em todos os grupos de exercício, mas verificaram que apenas o treinamento em circuito de alta intensidade induziu aumento dos níveis de HDL-c. No nosso estudo, as mulheres que atingiram um maior volume de treinamento durante os 6 meses de participação nos exercícios, foram as que não tiveram redução no HDL-c, o que pode sugerir um efeito protetor da maior frequência de participação no programa, visto que as participantes com menor participação apresentaram redução de 3,0 a 10,0%.

Estudos apontam que o IMC ou massa corporal elevados, quando avaliados de forma isolada, não são bons preditores de DCV, mas depois de ajustados para idade, PAS, CT, HDL-c e tabagismo, as associações tornam-se não-significantes.2020. Dhaliwal SS, Welborn TA, Goh LGH, Howat PA. Obesity as assessed by body adiposity index and multivariable cardiovascular disease risk. Barengo NC, editor. PLoS One. 2014;9(4):e94560. , 2525. Wildman RP, McGinn AP, Lin J, Wang D, Muntner P, Cohen HW, et al. Cardiovascular disease risk of abdominal obesity vs. metabolic abnormalities. Obesity (Silver Spring). 2011;19(4):853–60. Por outro lado, CC elevada e RCQ são indicadores de fácil acesso,11. World Health Organization. Obesity : preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation. World Health Organization; 2000. 252 p. em linha com outros estudos que propõem o uso de métodos de baixo custo. Estes indicadores são fortemente associados com mortalidade por DCV ou DAC, mesmo depois de ajustes estatísticos.2020. Dhaliwal SS, Welborn TA, Goh LGH, Howat PA. Obesity as assessed by body adiposity index and multivariable cardiovascular disease risk. Barengo NC, editor. PLoS One. 2014;9(4):e94560. Quando a obesidade visceral ocorre sem a presença de outras morbidades, ela não é associada com incremento significante do risco de infarto ou DCV, mas quando acompanhado por alguma disfunção metabólica o risco de desenvolver DAC ou ataque do coração aumenta em aproximadamente 2 a 5 vezes em um período de oito anos.2525. Wildman RP, McGinn AP, Lin J, Wang D, Muntner P, Cohen HW, et al. Cardiovascular disease risk of abdominal obesity vs. metabolic abnormalities. Obesity (Silver Spring). 2011;19(4):853–60.

Exercícios aeróbios, resistidos e a combinação de ambos geram diferentes efeitos nos indicadores de risco, quando os exercícios resistidos são realizados isoladamente, há incremento na força e área da secção transversa do músculo, mas não há mudanças na massa corporal, IMC, CC, glicemia, insulina, TG, CT HDL-c ou LDL-c.1414. Bateman LA, Slentz CA, Willis LH, Shields AT, Piner LW, Bales CW, et al. Comparison of aerobic versus resistance exercise training effects on metabolic syndrome (from the Studies of a Targeted Risk Reduction Intervention Through Defined Exercise - STRRIDE-AT/RT). Am J Cardiol. 2011;108(6):838–44. , 1616. Stensvold D, Tjønna AE, Skaug E-A, Aspenes S, Stølen T, Wisløff U, et al. Strength training versus aerobic interval training to modify risk factors of metabolic syndrome. J Appl Physiol. 2010;108(4):804–10. , 2626. Tibana RA, Navalta J, Bottaro M, Vieira D, Tajra V, Silva A de O, et al. Effects of eight weeks of resistance training on the risk factors of metabolic syndrome in overweight /obese women - “A Pilot Study”. Diabetol Metab Syndr. 2013;5(1):11. Contudo, quando os exercícios resistidos e aeróbios são combinados, CC, pressão arterial, nível de lipoproteínas, score-z da síndrome metabólica e marcadores inflamatórios são reduzidos, mesmo quando não há decréscimo da massa corporal total.55. Balducci S, Zanuso S, Nicolucci A, Fernando F, Cavallo S, Cardelli P, et al. Anti-inflammatory effect of exercise training in subjects with type 2 diabetes and the metabolic syndrome is dependent on exercise modalities and independent of weight loss. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2010;20(8):608–17. , 1414. Bateman LA, Slentz CA, Willis LH, Shields AT, Piner LW, Bales CW, et al. Comparison of aerobic versus resistance exercise training effects on metabolic syndrome (from the Studies of a Targeted Risk Reduction Intervention Through Defined Exercise - STRRIDE-AT/RT). Am J Cardiol. 2011;108(6):838–44. , 1616. Stensvold D, Tjønna AE, Skaug E-A, Aspenes S, Stølen T, Wisløff U, et al. Strength training versus aerobic interval training to modify risk factors of metabolic syndrome. J Appl Physiol. 2010;108(4):804–10. Estudos indicam que quando são realizados apenas exercícios físicos, é necessário realizar exercícios de alta intensidade para incrementar os níveis de HDL-c e para reduzir a massa corporal significativamente.2424. Paoli A, Pacelli QF, Moro T, Marcolin G, Neri M, Battaglia G, et al. Effects of high-intensity circuit training, low-intensity circuit training and endurance training on blood pressure and lipoproteins in middle-aged overweight men. Lipids Health Dis. 2013;12:131. , 2727. Lin X, Zhang X, Guo J, Roberts CK, McKenzie S, Wu W, et al. Effects of exercise training on cardiorespiratory fitness and biomarkers of cardiometabolic health: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. J Am Heart Assoc. 2015;4(7):e002014. , 2828. Tjønna AE, Lee SJ, Rognmo Ø, Stølen TO, Bye A, Haram PM, et al. Aerobic interval training versus continuous moderate exercise as a treatment for the metabolic syndrome: A pilot study. Circulation. 2008;118(4):346–54. Provavelmente em nosso estudo não observamos os mesmos resultados porque os exercícios foram em intensidade moderada. Em adição, outros fatores, tais como sexo, idade e presença de comorbidades, tais como diabetes, hipertensão e dislipidemias influenciam os efeitos do exercício nos níveis plasmáticos de CT, HDL-c e LDL-c e insulina em jejum.77. Sukala WR, Page R, Rowlands DS, Krebs J, Lys I, Leikis M, et al. South Pacific Islanders resist type 2 diabetes: comparison of aerobic and resistance training. Eur J Appl Physiol. 2012;112(1):317–25.

Finalmente, nossos resultados indicaram que os níveis de HDL-c tornaram-se significativamente menores no grupo CON em relação aos outros grupos com maior volume de atividade física. Considerando que o HDL-c exerce um papel protetivo sobre o endotélio2828. Tjønna AE, Lee SJ, Rognmo Ø, Stølen TO, Bye A, Haram PM, et al. Aerobic interval training versus continuous moderate exercise as a treatment for the metabolic syndrome: A pilot study. Circulation. 2008;118(4):346–54. e tem uma associação inversa com o risco de DCV, este resultado reforça a necessidade de estimular o engajamento da população em programas regulares de exercícios físicos.

O presente estudo foi planejado para ser desenvolvido como parte de um programa de atenção básica de saúde, com uso de áreas públicas e equipamentos de baixo custo. Algumas limitações devem ser consideradas como o reduzido número de participantes, limitando a magnitude dos efeitos do exercício, especialmente nos indicadores que apresentam grande variabilidade biológica. A ausência de controle da dieta também é uma variável que deve ser considerada, uma vez que também influencia os indicadores analisados.

São necessários mais estudos que também adotem o método de treinamento em circuito como uma alternativa aos métodos tradicionais de treinamento aeróbio e resistido, permitindo a avaliação da sua efetividade na população de mulheres com excesso de massa corporal. Da mesma forma, são necessários mais estudos que avaliem a intenção de tratamento ( intention-to-treat approach ), para verificar se o programa de exercícios é efetivo em condições não-ótimas.

Nossos resultados mostraram a importância da aderência e da participação aos programas de atividades, para promover benefícios à saúde. Acreditamos que a motivação é importante para que os participantes compareçam aos programas de exercícios, fato que também tem sido relatado em estudos com idosos.2929. Bäck M, Öberg B, Krevers B. Important aspects in relation to patients’ attendance at exercise-based cardiac rehabilitation - facilitators, barriers and physiotherapist’s role: a qualitative study. BMC Cardiovasc Disord. 2017;17(1):77.

Em conclusão, o volume de treinamento baseado na frequência de participação em um programa de treinamento, é um fator chave para a melhora de fatores de risco bioquímicos e antropométricos em mulheres com excesso de peso. Embora em nosso estudo, as mulheres tenham se exercitado com volume de participação menores do que 150 min/sem, as que participaram com maior frequência, ou realizavam um maior volume de atividades físicas, na semana, apresentaram melhora clínica nos níveis de CT e LDL-c. Em contraste, o grupo que teve participação muito baixa no programa de exercícios apresentou piora nos níveis de HDL-c.

AGRADECIMENTO

Gostaríamos que a Secretaria Municipal de Saúde e Educação de Santo Antônio de Goiás e todos os participantes que ofereceram seu tempo para participar deste estudo.

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  • Fonte de financiamento: Este estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG/Brasil) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/Brasil).

Editado por

Editor Associado responsável pelo processo de revisão: Patrícia Oliveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    20 Mar 2020
  • Aceito
    24 Maio 2021
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