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A importância das redes de pesquisa em neurociência para a ciência brasileira

EDITORIAL

A importância das redes de pesquisa em neurociência para a ciência brasileira

Flávio KapczinskiI; Marco Aurélio Romano-SilvaII

IInstituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional (INCT)

IIDepartamento de Farmacologia, Universidade Federal de Minas Gerais

O contato próximo entre pesquisadores ativos de especialidades afins é um dos trunfos mais produtivos da ciência moderna. O laboratório de pesquisa, por si só, é um mecanismo de colaboração e parece lógico que os psiquiatras devam também investir em formas mais amplas de parceria com outras disciplinas. Esse é um passo fundamental para integrar a psiquiatria à pesquisa em neurociência aplicada.1 A proximidade proporciona oportunidades de pesquisa, treinamento e orientação, que também têm o potencial de manter futuros cientistas na área de pesquisa em saúde mental.

Programas de pesquisa translacional têm sido postos em destaque em psiquiatria. Recentemente, mencionou-se em um conselho que "para se obter melhores tratamentos, é necessária uma ciência melhor".2 Fazer com que psiquiatras conversem com os colegas pode ser a forma adequada de integrar novas metodologias a pesquisas em neurociência clínica. Essa é uma abordagem adotada em dois institutos nacionais de ciência e tecnologia criados pelo governo federal em 2009: o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Molecular.3,4

Mais recentemente, a criação do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Neurociência Aplicada (NAPNA-USP) é também fruto do esforço de um grupo de cientistas renomados do Estado de São Paulo. Esse tipo de apoio institucional à pesquisa em neurociência é bem-vindo e fundamental para o desenvolvimento da psiquiatria como uma disciplina da neurociência aplicada. O NAPNA abrange 22 departamentos acadêmicos e laboratórios com objetivos predefinidos de forma orquestrada. Dentre tais objetivos, destaca-se a investigação do sistema canabinoide. Nesse sentido, novos compostos têm sido desenvolvidos e testados no âmbito do NAPNA.5

Os artigos desta edição são uma boa amostra do que esse grupo é capaz de produzir. É uma satisfação ver um suplemento da RBP com uma seleção da artigos tão criteriosa.

Referências

  • 1. Reynolds CF, 3rd, Lewis DA, Detre T, Schatzberg AF, Kupfer DJ. The future of psychiatry as clinical neuroscience. Acad Med. 2009;84(4):446-50.
  • 2. Insel TR, Sahakian BJ. Drug research: a plan for mental illness. Nature. 2012;483(7389):269.
  • 3. Kapczinski F, Hallak JE, Nardi AE, Roesler R, Quevedo J, Schroder N, Crippa JAS. Brazil launches an innovative program to develop the National Institutes for Science and Technology (INCTs): the INCT for Translational Medicine. Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(3):197-9.
  • 4. Hallak JE, Crippa JA, Quevedo J, Roesler R, Schroder N, Nardi AE, Kapczinski F. National Science and Technology Institute for Translational Medicine (INCT-TM): advancing the field of translational medicine and mental health. Rev Bras Psiquiatr. 2010;32(1):83-90.
  • 5. Crippa JA, Zuardi AW, Hallak JE. [Therapeutical use of the cannabinoids in psychiatry]. Rev Bras Psiquiatr. 2010;32(Suppl 1):S56-66.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jan 2013
  • Data do Fascículo
    Out 2012
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