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Mídias sociais e bibliotecas na produção científica dos Estados Unidosi i O presente trabalho corresponde aos resultados parciais da pesquisa de doutorado Mídias sociais e bibliotecas: análise de domínio no contexto do Brasil, Espanha e Estados Unidos (FRANÇA, 2020) desenvolvida na Linha Informação e Tecnologia do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus Marília, SP, Brasil.

RESUMO

Introdução:

Como organizações responsáveis por disponibilizarem informações precisas e atualizadas, as bibliotecas estão continuamente experimentando novos recursos tecnológicos e remodelando seus serviços para atender expectativas de seus usuários. No início do século XXI, as mídias sociais surgiram como mais uma oportunidade para eles se conectarem a esses espaços e acessarem seus recursos informacionais.

Objetivo:

Diante disso, este estudo busca identificar as características de investigações sobre mídias sociais e bibliotecas na produção científica estadunidense, de modo a acompanhar sua evolução e apontar tendências.

Metodologia:

Para tanto, optou-se pela pesquisa descritiva, de natureza qualiquantitativa, fundamentada na análise de domínio, proposta por Hjørland. O corpus é constituído por 69 artigos, publicados em periódicos científicos da Ciência da Informação dos EUA. Nesse sentido, constatou-se que a temática mídias sociais e bibliotecas tem sido discutida no contexto observado desde 2006, principalmente no âmbito das bibliotecas universitárias.

Resultados:

Identificou-se, ainda, uma possível comunidade epistêmica em formação. Por sua vez, o conceito Library 2.0 surgiu como uma das contribuições teóricas que influenciou bibliotecários e impactou serviços realizados no segmento. Além da Ciência da Informação, o conhecimento produzido sobre o interdomínio analisado circula por vários campos, como Comunicação Social, Educação, Ciência da Computação, Sociologia, dentre outros. Fora o termo Web 2.0, redes sociais é o mais usado por essa comunidade discursiva, embora mídias sociais se destaque como uma tendência. Há também uma predisposição para pesquisas de aplicações práticas, seguida de estudos teóricos.

Conclusão:

Foram identificados termos emergentes e representantes do interdomínio analisado ainda não contemplados nos principais tesauros utilizados por pesquisadores da área.

PALAVRAS-CHAVE:
Mídias sociais; Redes sociais; Tecnologias da Web 2.0; Bibliotecas; Análise de domínio

ABSTRACT

Introduction:

As organizations responsible for providing accurate and up-to-date information, libraries are continually experimenting with new technological resources and reshaping their services to meet the expectations of their users. At the beginning of the 21st century, social media emerged as another opportunity for them to connect to these spaces and access their information resources.

Objective:

Therefore, this study seeks to identify the characteristics of investigations on social media and libraries in the American scientific production, in order to follow its evolution and point out trends.

Methodology:

To this end, we opted for descriptive research, of a qualitative and quantitative nature, based on the domain analysis, proposed by Hjørland. The corpus consists of 69 articles, published in scientific journals of Information Science in the USA. In this sense, it was found that the theme of social media and libraries has been discussed in the context observed since 2006, mainly within the scope of university libraries.

Results:

It was also identified a possible epistemic community in formation. In turn, the Library 2.0 concept emerged as one of the theoretical contributions that influenced librarians and impacted services performed in the segment. In addition to Information Science, the knowledge produced on the analyzed interdomain circulates in various fields, such as Social Communication, Education, Computer Science, Sociology, among others. Apart from the term Web 2.0, social networks are the most used by this discursive community, although social media stands out as a trend. There is also a predisposition for research on practical applications, followed by theoretical studies.

Conclusion:

Emerging terms and representatives of the analyzed interdomain were identified, not yet covered in the main thesaurus used by researchers in the field.

KEYWORDS:
Social media; Social networks; Web 2.0 technologies; Libraries; Domain analysis

1 INTRODUÇÃO

As constantes mudanças no ambiente web e rápida expansão do mundo digital têm impactado na rotina das unidades informacionais. Por conseguinte, essa transformação se tornou um desafio a profissionais da área, que passaram a dedicar mais tempo e investimento aos recursos tecnológicos. Com a intenção de “estarem onde o usuário está” e identificarem outras maneiras de fornecer recursos e serviços informacionais, as bibliotecas estão se reinventando. Nos últimos anos, muitas delas aderiram ativamente ao grande potencial das mídias sociais, incorporando-as em sua prática diária. Diante disso, tais plataformas “[…] estão documentando dinamicamente o aqui e agora da vida [...] e moldando o futuro de como nos comunicamos.” (CHARNIGO; BARNET-ELLIS, 2007CHARNIGO, Laurie; BARNETT-ELLIS, Paula. Checking Out Facebook.com: The Impact of a Digital Trend on Academic Libraries. Information Technology and Libraries, Chicago, v. 26, n. 1, p. 23-34, Mar. 2007. Disponível em: https://ejournals.bc.edu/index.php/ital/article/view/3286/2899. Acesso em: 22 jul. 2020.
https://ejournals.bc.edu/index.php/ital/...
, p. 31, tradução nossa).

Atualmente, quase 60% da população mundial tem acesso à internet, notadamente, por meio de dispositivos móveis, e cerca da metade (49%) é ativa nas mídias sociais. O Facebook continua sendo o líder absoluto em número de usuários, seguido do YouTube e os aplicativos de mensagens instantâneas WhatsApp, Facebook Messenger e WeChat. Já as plataformas de jogos on-line, globalmente populares entre usuários de 16 a 64 anos, apresentam alto potencial de crescimento (KEMP, 2020INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS. IFLA Trend Report 2016: update. [Ville de Laval]: IFLA, 2016. Disponível em: https://trends.ifla.org/files/trends/assets/trend-report-2016-update.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020.
https://trends.ifla.org/files/trends/ass...
).

Por sua vez, nos Estados Unidos (EUA), a quantidade de pessoas conectadas cresceu 0,6% em relação a 2019, em um universo no qual 87% delas têm acesso a essa tecnologia. Nesse sentido, o tempo dedicado à web é de, em média, seis horas por dia, sendo um terço voltado para as mídias sociais. Esse meio é ainda explorado por cerca de três quartos (70%) da população, principalmente na faixa etária dos 25 a 34 anos. O YouTube é o mais utilizado (79%), seguido do Facebook (74%), Facebook Messenger (55%), Instagram (52%) e Twitter (40%) (KEMP, 2020INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS. IFLA Trend Report 2016: update. [Ville de Laval]: IFLA, 2016. Disponível em: https://trends.ifla.org/files/trends/assets/trend-report-2016-update.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020.
https://trends.ifla.org/files/trends/ass...
).

Em face dos dados apontados, manter uma presença ativa nesses ambientes é condição primordial e desafio contínuo para bibliotecas que desejam perpetuar um relacionamento duradouro com o público, além de reforçar sua relevância na sociedade atual. Dessa forma, o aprimoramento dos canais de comunicação e incentivo à sua participação e colaboração são alguns dos benefícios diretos da adesão ao novo estilo de vida moderno.

As evoluções chave que impactam na formação do ecossistema informacional, ambiente no qual as bibliotecas operam, apontadas pela International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA), no IFLA Trend Report 2013, são: acesso à informação, educação on-line, privacidade de dados, participação digital e transformação tecnológica. Ao discutir sobre essas cinco tendências, a comunidade bibliotecária da América do Norte apontou, como temas abrangentes, o papel futuro desses espaços, sua responsabilidade nos ambientes físico e digital, suas formas eficazes de comunicação e o envolvimento de profissionais da área com a inovação (IFLA, 2016). Tanto no documento mencionado como nas discussões desses especialistas percebe-se que as mídias sociais estão intrinsecamente relacionadas com as questões norteadoras levantadas. Além de esses pilares fomentarem reflexões e discussões em situações de formação acadêmica e técnica, atividades de capacitação, bem como eventos científicos têm sido objeto de investigação e produção de conhecimento (papers, artigos, livros e teses) na área.

Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa é caracterizar o interdomínio mídias sociais e bibliotecas através da análise da produção científica estadunidense inserida na Ciência da Informação, de modo a integrar os dados da pesquisa de doutorado desenvolvida no PPGCI/Unesp. Para tanto, parte-se do princípio de que pesquisadores da área recorrem aos campos da Sociologia e Comunicação Social para fundamentar suas investigações. Dessa forma, adota-se aqui o conceito de interdomínio de Leila Bufrem e Juliana Freitas (2015BUFREM, Leilah Santiago; FREITAS, Juliana Lazzarotto. Interdomínios na literatura periódica científica da Ciência da Informação. DataGramaZero: Revista de Informação, [s. l.], v. 16, n. 3, p. 1-10, 2015.), concebido como um processo relacional entre domínios ou campos do conhecimento, validado pelas autoras em estudos posteriores. Emprega-se, ainda, o termo mídias sociais por ser um conceito abrangente, isto é, de amplo potencial comunicacional, interacional, participativo e colaborativo, como as plataformas de compartilhamento de vídeos e imagens, redes sociais on-line, blogs, dentre outros recursos.

2 MÉTODO

Este estudo descritivo em organização do conhecimento aplica a pesquisa bibliográfica como procedimento técnico e se desenvolve a partir da combinação de 5 das 11 maneiras, sugeridas por Birger Hjørland (2002HUANG, Jie; GUO, Jinchi. Providing Library Information Services through WeChat: A Study of Project 985 University Libraries in China. Library Trends, Champaign, v. 66, n. 2, p. 101-118, Fall 2017. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/686887/pdf. Acesso em: 30 jul. 2020.
https://muse.jhu.edu/article/686887/pdf...
), para se analisar um domínio da Ciência da Informação: estudos históricos; estudos bibliométricos; estudos epistemológicos e críticos; estudos terminológicos; classificações especiais e tesauros.

Para coleta de dados da produção científica estadunidense, foi escolhida a base de dados Library and Information Science Abstracts (LISA). Em levantamento realizado no segundo semestre de 2019, via Portal de Periódicos da Capes (acesso Cafe por Unesp), utilizou-se a opção de busca precisa, por meio da sintaxe combinada:

(TI("social networks" AND library) OR AB("social networks" AND library) OR IF("social networks" AND library)) AND PBLOC(united states)1 1 TI: título; AB: resumo; IF: palavras-chave; PBLOC: local de publicação. .

Após isso, houve a aplicação dos filtros: tipo de fonte: periódicos acadêmicos; data de publicação: de 01.01.19692 a 31.12.20173; tipo de documento: artigos, limitado àqueles revisados por especialistas. Assim foi extraído o total de 355 documentos, que respondem à seguinte casuística: 111 artigos pelos termos “social mediaand library; 41, por “social networksand library; 5, por “social weband library; 198, por “Web 2.0and library. Considerou-se ainda como critérios de exclusão: títulos repetidos; abordagens não relacionadas com o interdomínio avaliado (análise do título, resumo e palavras-chave), além de textos indisponíveis em formato completo. Em seguida, obteve-se como amostragem de pesquisa o volume de 79 documentos (Tabela 1), englobando as categorias: original articles, regular articles, research articles, review article, feature (article), papers e special issue (article).

Tabela 1
Seleção da amostragem de pesquisa

Os artigos recuperados foram exportados da LISA para o formato de arquivo XML do Microsoft Excel. Para tratamento dos dados, foram considerados os seguintes metadados: title, abstract, author, pubtitle, year, classification e subject terms.

Os estudos bibliométricos foram realizados a partir dos procedimentos apresentados na sequência. Para identificar o núcleo de periódicos especializados no interdomínio analisado, aplicou-se a Lei da Dispersão de Bradford, de modo que as zonas de dispersão contivessem “[...] o mesmo número de artigos que o núcleo, sempre que o número de periódicos e das zonas sucessivas [fosse] igual a 1:n:n2.” (PINHEIRO, 1983OKAFOR, Kennedy Chinedu. Latest Scimago Journal Citation Ranking and Quartile Scores (Q1-Q4) 2016-2018. [S. l.: s. n.], May 2018. Disponível em: https://doi:10.13140/RG.2.2.30329.98408. Acesso em: 20 nov. 2019.
https://doi:10.13140/RG.2.2.30329.98408...
, p. 62).

A influência das revistas que mais publicam sobre a temática em questão foi definida pelos índices de citação do Journal Citation Reports (JCR), cujo objetivo é medir a qualidade dos periódicos indexados na Web of Science, e pelo SCImago Journal Rank (SJR), o qual compara o prestígio científico das fontes indexadas na Scopus. No SJR, também foram consultados os dados referentes a país, área de assunto, categoria de assunto e indicador de quartil de cada título. Cabe também ressaltar que o quartile ranking é atribuído a periódicos com base no valor das citações ponderadas por documento, comparado a outras fontes da área de assunto:

Q1 representa os primeiros 25 por cento da distribuição SJR, Q2 representa a distribuição SJR médio-alto (entre 50 por cento e 25 por cento superior), Q3 representa a distribuição SJR médio-baixo (entre 75 por cento e 50 por cento superior) e Q4 representa a distribuição SJR baixa (distribuição SJR de 25 por cento inferior) (OKAFOR, 2018KOSCIEJEW, Marc. The coronavirus pandemic, libraries and information: a thematic analysis of initial international responses to COVID-19. Global Knowledge, Memory and Communication, [s. l.], 12 Aug. 2020. DOI https://doi.org/10.1108/GKMC-04-2020-0041.
https://doi.org/10.1108/GKMC-04-2020-004...
, tradução nossa).

A afiliação dos autores mais produtivos (autores citantes) fundamentou-se na instituição com a qual tivessem vínculo, conforme informado em cada artigo. Já seu país e formação acadêmica, foram extraídos das plataformas: LinkedIn, Orcid, Google Scholar, ResearchGate, Wikipédia, Taylor & Francis Online, website institucional ou páginas eletrônicas pessoais. Ainda nesse patamar, o primeiro aspecto foi abreviado de acordo o ISO 3166-1 alpha-3 code, enquanto o segundo teve como base os campos (amplo e detalhado) determinados na International Standard Classification of Education (ISCED-F 2013), da Unesco (2015). Para conhecer as tendências colaborativas do interdomínio analisado, partiu-se da identificação de tipos e índice de colaboração, sendo este determinado pelo número médio de autores por artigo.

Por seu turno, a elaboração da análise de citação apoiou-se nos autores das referências dos artigos analisados, incluindo autocitações. No que se refere à adoção da expressão latina et al. (e outros), em trabalhos de múltiplos autores, realizou-se um levantamento nos documentos originais para identificação de cada nome indicado. Contudo, não foram consideradas obras elaboradas por organizações ou com autoria não apresentada. Quanto à determinação dos autores mais citados, aplicou-se a Lei de Price, isto é, a raiz quadrada do número total daqueles que constituem o grupo de elite de um campo (domínio) (URBIZAGÁSTEGUI ALVARADO, 2009UNESCO. International Standard Classification of Education. Fields of education and training 2013 (ISCED-F 2013). Detailed field descriptions. Montreal: Unesco Institute for Statistics, 2015. Disponível em: http://uis.unesco.org/sites/default/files/documents/international-standard-classification-of-education-fields-of-education-and-training-2013-detailed-field-descriptions-2015-en.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020.
http://uis.unesco.org/sites/default/file...
).

A comunidade epistêmica, concebida como uma rede de profissionais, com reconhecida competência e experiência em um campo específico do conhecimento, foi selecionada devido à intersecção do conjunto de pesquisadores que mais produzem sobre o interdomínio analisado (autores citantes) e o conjunto dos mais citados nessas situações. Os estudos dos tipos históricos, epistemológicos/críticos e terminológicos partiram de análise textual, bem como do conteúdo dos artigos, informações mencionadas pelos autores citantes no texto.

Para organização e, consequentemente, melhor compreensão do conhecimento produzido, utilizam-se algumas classificações e tesauros, conforme será exibido a seguir. As tipologias das mídias sociais mais empregadas pelas bibliotecas nos últimos anos respaldaram-se no mapa conceitual proposto por Lara Infante-Fernández e Cristina Faba-Pérez (2017) com algumas adaptações. As bibliotecas, enquanto objetos de investigação, receberam categorização segundo tipologias definidas pela IFLA (2019). Já as métricas e indicadores de mídias sociais, passaram por estruturação de acordo com estes objetivos táticos, propostos por Nieves González-Fernández-Villavicencio (2016): alcance e frequência da atividade; fidelização (tráfego da web); influência (percepção da marca) e participação; interação ou engagment; conversão (Return On Investiment - ROI). Além disso, consideraram-se outros dois sistemas de organização do conhecimento no domínio da Ciência da Informação, desenvolvidos no âmbito brasileiro: a) categorias do contexto das Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC) - teoria, desenvolvimento, uso, avaliação, políticas, ética (SANTOS et al., 2013RETHLEFSEN, Melissa L.; ENGARD, Nicole C.; CHANG, Daphne; HAYTKO, Carol. Social software for libraries and librarians. Journal of Hospital Librarianship, [s. l.], v. 6, n. 4, p. 29-45, 2006.), bem como competência em informação (FRANÇA; CARVALHO; GRÁCIO, 2018FRANÇA, Maira Nani; CARVALHO, Angela Maria Grossi; GRÁCIO, Maria Cláudia Cabrini. Presença da temática mídias sociais e bibliotecas na produção científica brasileira na Ciência da Informação: um estudo de análise de domínio. In: IRIGARY, Fernando et al. (org.). Audiovisual, cidades, mobilidade, cidadania, jornalismo, mídia e tecnologia. Rosário: UNR Editora: Editorial de la Universidad Nacional de Rosário, 2018. p. 344-367. Disponível em: http://docs.wixstatic.com/ugd/43846c_2e3f2973354349e798390617044d9e55.pdf. Acesso em: 6 ago. 2018.
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); b) Plano Geral de Classificação do Tesauro Brasileiro da Ciência da Informação (TBCI) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) (PINHEIRO; FERREZ, 2014PINHEIRO, Lena Vânia Ribeiro. Lei de Bradford: uma reformulação conceitual. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 12, n. 2, p. 59-80, jul./dez. 1983. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/index.php/res/download/55614. Acesso em: 15 nov. 2019.
http://www.brapci.inf.br/index.php/res/d...
).

3 RESULTADOS

Foram selecionados 79 artigos dos 355 recuperados na LISA, de descritores relacionados com o interdomínio observado. No entanto, durante a etapa de levantamento do fator de impacto (SJR e JCR) dos periódicos que mais publicam sobre o tema, percebeu-se que dois títulos, DESIDOC (Índia) e Health Information and Libraries Journal (Reino Unido), não pertenciam aos EUA, apesar de constar na estratégia de busca avançada da referida base de dados o refinamento por país [PBLOC(united states)]. Após confirmação de sua equipe de suporte técnico sobre o assunto, o corpus de análise foi redefinido para 69 artigos, assinados por 138 autores. Na sequência, apresentar-se-ão os resultados discutidos a partir das 5 abordagens de análise de domínio de Hjørland (2002HUANG, Jie; GUO, Jinchi. Providing Library Information Services through WeChat: A Study of Project 985 University Libraries in China. Library Trends, Champaign, v. 66, n. 2, p. 101-118, Fall 2017. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/686887/pdf. Acesso em: 30 jul. 2020.
https://muse.jhu.edu/article/686887/pdf...
).

3.1 Estudos históricos

A primeira investigação sobre mídias sociais e bibliotecas identificada na produção científica estadunidense foi publicada por Melissa Rethlefsen e colaboradores no Journal of Hospital Librarianship, em 2006PINHEIRO, Lena Vânia Ribeiro; FERREZ, Helena Dodd. Tesauro Brasileiro de Ciência da Informação. Rio de Janeiro: IBICT, 2014. (Figura 1). Quase dois anos após o termo Web 2.0 ganhar notoriedade como uma segunda geração de comunidades e serviços, os autores descreveram o conceito de software social (marcadores sociais, aplicações de mídia social e ferramentas colaborativas - wikis, Really Simple Syndication - RSS, blogs) e discutiram seu potencial de uso nesses locais, destacando como vantagens o aprimoramento de conexões e comunicação com os usuários, além da ampliação da visibilidade e produtividade em suas atividades (RETHLEFSEN et al., 2006PINHEIRO, Lena Vânia Ribeiro; FERREZ, Helena Dodd. Tesauro Brasileiro de Ciência da Informação. Rio de Janeiro: IBICT, 2014.).

Figura 1
Produção científica estadunidense anual sobre o interdomínio, 2006-2017

A Figura 1 ilustra a perspectiva ininterrupta e diacrônica da produção científica sobre o interdomínio em questão, no período de 2006 a 2017. Nesse caso, observam-se como maiores índices registrados os anos de 2008, 2010 e 2014, além de uma considerável queda registrada a partir de 2015.

3.2 Estudos bibliométricos

Nesta seção, serão descritos o comportamento das publicações científicas estadunidenses que discutem o interdomínio analisado, bem como o perfil dos autores citantes e mais citados (considerados clássicos) e a formação de uma comunidade epistêmica na área.

3.2.1 Periódicos científicos que publicam sobre mídias sociais e biblioteca

Os 69 artigos analisados foram publicados em 25 periódicos, correspondendo a aproximadamente 5,5% dos documentos indexados na LISA. A maioria deles tinha a Biblioteconomia e Ciências da Informação (56%) como principal campo abordado. No que diz respeito aos demais verificados, é possível citar: Sistemas de Informação, E-learning, Aplicações em Ciência da Computação, Filosofia, Música, Saúde (Ciências Sociais) e Desenvolvimento

A partir da aplicação da Lei de Bradford, observou-se que do core emergem 3 periódicos disseminadores do interdomínio analisado (12%), dentre os quais se concentram 36,2% dos artigos, com índice de produtividade de 8,3. Por sua vez, os periódicos que mais publicaram sobre os temas mídias sociais e bibliotecas são: Medical Reference Services Quarterly (10 artigos), Journal of Web Librarianship (9 artigos) e Internet Reference Services Quarterly (6 artigos) (Quadro 1).

Quadro 1
Distribuição dos periódicos nas zonas de Bradford

Na Zona 1, há 5 periódicos centrais (20%) que, juntos, publicaram 21 artigos (30,4%), seguidos de índice de produtividade de 4.2. Já a Zona 2, reúne os totais de 17 (68%), 23 (33,3%), 1,4 (Quadro 1), respectivamente. Os resultados para as três zonas indicam o multiplicador =2.2, número de revistas do núcleo = 3 e o número de artigos em cada zona ≅ 23 (núcleo=25, Zona 1=21, Zona 2=23).

O escopo dessas 25 publicações está diretamente relacionado com o interdomínio analisado, por explorar tópicos, como: biblioteconomia de referência na era digital, uso de blogs e RSS feeds por bibliotecas, referência virtual (chat), tendências de sites de redes sociais etc. A produção nesses casos ocorreu de 2008 a 2014, de modo concentrado entre 2009-2010 e com maior uniformidade no Medical Reference Services Quarterly (2008-2012, 2014).

Dos periódicos identificados, 6 (16%) possuíam índice JCR; por outro lado, a maioria (88%) exibiu índice SJR, enquanto 3 não contaram com Fator de Impacto (FI). Diante desse aspecto, apresentaram-se como publicações de maior prestígio e divulgação internacional os seguintes títulos: Library & Information Science Research (JCR: 1.485 e SJR: 0.99), Information Technology and Libraries (JCR: 0.811 e SJR: 0.77) e Portal: Libraries and the Academy (JCR: 0.783 e SRJ: 1.06), indexados na Web of Science e Scopus, bases de dados reconhecidas mundialmente por reunirem a ciência mainstream (Quadro 2).

Quadro 2
Fator de Impacto dos periódicos

Ainda com relação aos indicadores bibliométricos do SJR, 68% dos periódicos se encontraram nos quartis superiores (Q1: 10 e Q2: 7); 20% apresentaram classificação inferior (Q3: 4 e Q4: 1) (Quadro 2) e 3 deles (12%) não possuíam essa posição, por não estarem indexados na Scopus. Considerando que WoS, proprietária do JCR, e Scopus, do SJR, adotam distintos critérios de cálculo e classificação do FI, estes dois indicadores e seus respectivos quartis não podem ser comparáveis. Entretanto, o Quadro 2 evidencia as publicações de maior prestígio e divulgação internacional no âmbito das referidas bases dados.

3.2.2 Autores produtivos

Considerando o âmbito de aplicação deste estudo (bibliotecas), a maioria dos 138 autores citantes exibia formação em Biblioteconomia e Ciências da Informação (87,7%). No entanto, observou-se a colaboração de pesquisadores de outros campos do conhecimento como: Educação; Artes e Humanidades (Artes, Inglês, Filosofia); Ciências Sociais, Jornalismo e Informação (Comunicação); Negócios, Administração e Direito (Administração de Empresas); Ciências Naturais, Matemática e Estatística (Bioquímica e Química); Tecnologias de Informação e Comunicação (Ciência da Computação). Dessa forma, é ratificada a integração da Ciência da Informação com muitos outros domínios.

Embora grande parte dos autores estivesse afiliada a uma instituição ou organização dos EUA (75,4%), observou-se pesquisadores vinculados a universidades, institutos de pesquisas e associação de profissionais da informação do Canadá, Nigéria, Irã, Israel, Itália, Paquistão, Grécia, Singapura e China. Já os tipos de colaboração científica identificados, podem ser classificados, como: a) sem colaboração (autoria única), b) nacional ou doméstica e c) internacional (EUA e China). Tanto no âmbito nacional como internacional notaram-se parcerias científicas dos tipos inter e intrainstitucional, com predominância do primeiro.

Ao serem avaliados os 50 estados norte-americanos, além do Distrito Federal, Nova Iorque e Texas tiveram o maior número de pesquisadores (25%) voltados ao interdomínio analisado (Figura 2). Logo em seguida estão autores afiliados a universidades, organizações e faculdades no Alabama (9,6%), Flórida (7,7%), Ohio (5,8%), Califórnia (4,8%), Pensilvânia (4,8%), Kentucky (3,8%), Massachusetts (3,8%), Minnesota (3,8%) e Dakota do Sul, Nevada, Nova Jersey , Utah, Geórgia, Kansas, Maryland, Montana, Tennessee, Vermont, Washington, Carolina do Sul, Colorado, Illinois, Maine, Missouri e Wisconsin . Esse conjunto corresponde a 30,8% das produções do país (Figura 2).

Os dados também indicam que mídias sociais e bibliotecas têm sido temas de interesse de estudos estadunidenses de 2006 a 2017, sem interrupção. Nesse sentido, instituições que contam com o maior número de pesquisadores são: Sam Houston State University, Texas (5,8%); Troy University Library, Alabama (3,8%); University of South Alabama, Alabama (3,8%); Murray State University, Kentucky (3,8%); Mayo Clinic, Minnesota (3,8%); University at Buffalo, Nova Iorque (3,8%).

Embora se note um número considerável de autoria única (16,7%), o padrão revela uma tendência aos trabalhos colaborativos com variação de 2 a 6 investigadores por publicação, além da predominância de artigos escritos em dupla (46,4%), ratificado pelo índice de autoria (=2). Um dos estudos é assinado por um trio de especialistas que fazem parte do GIDIF-RBM Web 2.0 Working Group, da Associação Italiana de Documentalistas Biomédicos (Milão, Itália). O único documento elaborado por múltiplos pesquisadores (6) é colaboração interinstitucional de um grupo de bibliotecários que investiga o uso e preferências da internet e TIC entre alunos da Sam Houston State University.

Figura 2
Distribuição geográfica dos autores estadunidenses que investigam o interdomínio

No Quadro 3, constam os autores com mais publicações, responsáveis por pelo menos 2 publicações cada. Destacam-se nesse aspecto: Noa Aharony e Jenny Bronstein, de Israel, além de Danielle De Jager-Loftus e Melissa Rethlefsen, dos EUA.

Quadro 3
Autores citantes com mais publicações

Os nomes mencionados representam 5,8% do número total de autores citantes, sendo responsáveis por 8,7% das publicações analisadas. Eles ainda possuem formação em Educação ou Ciência da Informação e estão vinculados a departamentos dessa última área nas seguintes instituições: Bar-Ilan University, University Libraries da University of South Dakota, em adição às bibliotecas da Mayo Clinic.

3.2.3 Autores citados

Dos 1.678 autores citados nas referências encontradas, 1.459 (86,9%) foram mencionados apenas uma vez. Ao se aplicar a lei da raiz quadrada de Price, ao total apontado (t), obteve-se √ t = 40.9633. Por esse não ser um número inteiro, houve a necessidade de arredondá-lo para 41. No entanto, 43 nomes participantes da produção de 5 ou mais documentos cada foram considerados como grupo prolífico desta pesquisa (Quadro 4).

Embora a maioria dos autores mais citados seja dos EUA (79,1%), foram identificadas influências de especialistas de outros países, como: Canadá e Reino Unido (4,7%), bem como Austrália, China, Irland, Israel e Vietnã (2,3%). Tim O’Reilly, da Irlanda, recebeu o maior número de citações (15), seguido de Meredith G. Farkas (12) e Brian S. Mathews (10) dos EUA, respectivamente, sendo mencionados em 42% dos artigos analisados. Além desses, destacaram-se no campo de Biblioteconomia e Ciências da Informação: Noa Aharony, Michael Casey, Melanie Chu, Terra Jacobson e Yvonne Nalani Meulemans, citados em 9 artigos (Quadro 4).

Apesar de os pesquisadores de maior prestígio científico (Quadro 4) não terem sido mencionados em 12 artigos (17,4%), observou-se que esses estudos apresentaram uma relação direta com o interdomínio analisado, por descreverem as plataformas de mídias sociais (serviços de redes sociais, aplicativos de compartilhamento de fotos e vídeos, serviços de mensagens, além de websites de colaboração, discussão ou informação); debaterem sua criação, implementação e manutenção; explorarem seu uso em bibliotecas (informações de profile, integração, interatividade, marketing); refletirem sobre as oportunidades colaborativas.

3.2.4 Comunidade epistêmica

Curiosamente, apenas Noa Aharony, do Departamento de Ciência da Informação da Bar-Ilan University (ISR), destaca-se dentre os autores mais produtivos e, ao mesmo tempo, mais citados (fontes de informação) no contexto estadunidense. Além de duas produções como autora citante, a pesquisadora é reconhecida pela comunidade científica por outros cinco trabalhos, dentre os quais se evidencia: Twitter use in libraries: an exploratory analysis, publicado em 2010. Ao ampliar essa análise para o core de nomes considerados produtivos (138 autores citantes), identifica-se que a investigadora é um dos primeiros referenciais a compor uma possível comunidade epistêmica em formação do interdomínio analisado na produção científica estadunidense (Quadro 4).

Quadro 4
Os 43 autores mais citados nos artigos sobre mídias sociais e bibliotecas

3.3 Estudos epistemológicos e críticos

As inovações tecnológicas introduzidas a partir da segunda metade do século XX impactaram diretamente os processos de produção, tratamento, armazenamento e distribuição de dados e informação nos mais diversos segmentos. Desse modo, outras concepções de sociedade passaram a ser discutidas e defendidas, em dado momento, a partir de determinada orientação principal da nova ordem social predominante. Diante da receptividade das teorias pós-industriais no Japão, o conceito sociedade da informação4 passou a ser difundido por Yoneji Masuda, em 1968. Em 1973, por meio da publicação The Coming of Post-Industrial Society, Daniel Bell prenunciou a chegada da sociedade pós-industrial, baseada em serviços e informação e, consequentemente, no crescente avanço do conhecimento. Já o termo sociedade do conhecimento, foi utilizado pela primeira vez por Peter Drucker na obra The Age of Discontinuit, em 1968. Esse último defendia o conhecimento como principal fonte econômica da sociedade, com vistas a alertar organizações que se dedicam à produção e distribuição de conhecimento e informação a ocuparem o lugar central da economia (DRUCKER, 1993DRUCKER, Peter F. Post-Capitalist Society. New York: HarperBusiness, 1993.).

Conforme os contextos históricos e epistemológicos dos artigos analisados, percebe-se que a minoria deles (7,2%) inseriu o fênomeno investigado em um determinado tipo de sociedade de maneira explícita. A tipologia mais usual empregada foi sociedade da informação, ligada às reflexões teóricas e de aplicação da nova estruturação de atividades e serviços oferecidos pelas bibliotecas a partir da adoção das TIC. Em países em desenvolvimento, como o Paquistão, o uso de tecnologias por profissionais da informação tem aumentado, configurando-se como contribuição positiva para a construção da sociedade da informação, embora seja uma realidade distante. A sociedade do conhecimento, considerada herdeira das contribuições da sociedade da informação pela Unesco (2005), também foi utilizada como pano de fundo em alguns trabalhos. As bibliotecas são agentes sociais que contribuem para a criação e desenvolvimento do conhecimento. Nesse sentido, os bibliotecários passam a conhecer, interpretar (conhecimento teórico) e experimentar (conhecimento empírico) as tecnologias sob uma perspectiva pedagógica. A colaboração entre esses profissionais e docentes no processo de alfabetização em informação é uma ação essencial para o funcionamento da sociedade do conhecimento.

Na pesquisa científica, os paradigmas “ [...] fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência.” (KUHN, 1998KEMP, S. Digital 2020: 3.8 Billion People Use Social Media. [S. l.]: We are Social, 2020. Disponível em: https://wearesocial.com/blog/2020/01/digital-2020-3-8-billion-people-use-social-media. Acesso em: 28 ago. 2020.
https://wearesocial.com/blog/2020/01/dig...
, p. 13). Esse sentido se manifesta nas expressões paradigma construtivista e paradigma educacional, mencionadas nos artigos observados. A Ciência da Informação, por exemplo, tem buscado fundamentação no primeiro, campo da Educação, para compreender a maneira como os usuários aprendem a partir de suas próprias experiências e conhecimentos prévios adquiridos, enquanto as mídias sociais são apontadas como um fenômeno que desafia o segundo. Nos estudos analisados, também foram identificados alguns casos que remetem o conceito geral ao rompimento de valores, crenças e práticas anteriores, como a transição do paradigma de consumo de informações para o de criação, além do afastamento de um paradigma de cópia impressa. Por outro lado, o advento da internet, Web 2.0, streaming, Wikipédia, redes sociais e da Biblioteca 2.0 foram mencionados como novos paradigmas significativos nos serviços de biblioteca que impactam favoravelmente na qualidade do atendimento às necessidades dos usuários. Apesar de muitos autores apontarem a necessidade de um novo paradigma para a biblioteconomia, enquanto bibliotecários são desafiados a romper com estruturas ultrapassadas, ainda existem resistências à mudança.

Na literatura, é comum encontrar o uso do termo filosofia no sentido de pensamentos e ideias que exercem influência na sociedade. Diante disso, a expressão filosofia da Web 2.0 é empregada para designar as ideias de profissionais da área da tecnologia relacionadas com o uso da web como plataforma e sua democratização, em adição a novos métodos de distribuição de informação. Na Ciência da Informação, a aplicação dessa expressão, bem como filosofia da Biblioteca 2.0, pode ser interpretada como pensamentos que se apresentam como uma rica experiência para bibliotecários e usuários. Também é comum o uso de adjetivos qualificativos na expressão analisada. Exemplificada no seguinte contexto, a filosofia colaborativa e interativa da Web 2.0 agrega novos valores aos serviços e atividades da biblioteca.

Além do conceito Web 2.05, popularizado por Dale Dougherty e Tim O’Reilly, em 2004, as teorias, conceitos, definições, termos, modelos e frameworks de outras divisões do conhecimento que sustentam o interdomínio analisado serão apresentadas no Quadro 5. Uma vez que, algumas dessas contribuições podem ser atribuídas a diferentes campos, foram consideradas as obras citadas pelos pesquisadores como base de suas investigações.

Quadro 5
Contribuições de outros campos do conhecimento

A colaboração entre distintos campos do conhecimento na discussão de um mesmo objeto de investigação ratifica a natureza interdisciplinar da Ciência da Informação. Nesse processo interacional do discurso, destacam-se teóricos desse último campo (Shiyali Ranganathan), além da Filosofia (Jürgen Habermas, Axel Honneth, Stephen Downes), Sociologia (Nathan Jurgenson, Zeynep Tufekci), Educação (John Keller), Comunicação Social (Henry Jenkins) e Tecnologia (Steven Rosenbaum).

Na Ciência da Informação, também foram identificadas bases conceituais que têm contribuído para a consolidação do interdomínio analisado (Quadro 6). As aportações teóricas foram extraídas dos conceitos, termos e teorias mencionadas pelos autores, retiradas das obras citadas por eles. O termo/conceito Library 2.0, por exemplo, repercutiu mundialmente na maneira de se refletir e conceber as tendências de mudança nas bibliotecas (processos, relações, serviços, produtos), advindas das tecnologias da segunda geração da web

A qualidade dos resultados alcançados em uma pesquisa está diretamente ligada ao rigor científico e metodológico empregado. Definir e apresentar o caminho desse último é um aspecto fundamental que os pesquisadores devem garantir. Logo, a partir dessas informações, o conhecimento produzido é avaliado, validado e replicado pela comunidade científica (CORNEJO; SALAS, 2007).

Apesar de na maioria dos estudos avaliados (84,1%) não ter sido mencionado o tipo de abordagem empregada, observou-se uma variação entre pesquisas mistas (7,2%) das classes quantitativas (5,8%) e qualitativas (2,9%). Também foi apontado o uso de uma abordagem indutiva para tratar questões de pesquisa. Quanto aos objetivos, apoiavam-se nos modos descritivos (13%), exploratórios (10,1%), enquanto uma ampla parcela (76,8%) deles não registrou esse tipo de informação.

Já problemas reais relacionados com a implementação das mídias sociais nas bibliotecas foram analisados por meios de estudos de casos (13%) e relatos de experiências (5%)6. Como técnicas e instrumentos de coleta de dados, destacam-se: questionários ou quiz (21,7%), observação (4,3%), entrevistas (2,9%) e discussão de grupo focal (1,4%), algumas vezes, empregados de maneira combinada. Um dos artigos ainda indicou a aplicação do método triangular de pesquisa. Por sua vez, questões on-line foram elaboradas nas ferramentas Survey Monkey, UW’s Catalyst Web Tools e Prezza Checkbox. Para estudar e caracterizar a população total de algumas investigações empregaram-se métodos de amostragem probabilística (aleatória simples e estratificada) e não probilística (por conveniência). Identificou-se também o uso da Likert scale para dimensionar respostas em pesquisas que usaram questionários. As estratégias analíticas usadas para atribuir sentido e significado ao objeto foram: estatística (do tipo descritiva) (14,5%), de conteúdo (8,7%), comparativa (2,9%), semântica (1,4%), snapshot (1,4%), textual (1,4%) e temática (1,4%). Para tanto, alguns estudos que aplicaram o método estatístico, de forma geral, utilizaram o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) (versão 20) e testes de homogeneidade de variância.

Estruturalmente, 58% destinaram uma divisão específica para discutir abordagens metodológicas, justificar o parâmetro escolhido e descrever o processo de pesquisa. Por outro lado, em sua maioria consta, ao final, uma seção dedicada à lista de fontes citadas, cujo título apresentou as variações: Referências (87%), Referências e notas (5,8%), Notas (2,9%) e Bibliografia (2,9%). As limitações técnicas mais recorrentes em uma análise de citação são homonímia relativa ao nome dos autores, mais de uma forma de apresentá-lo , uso de et al. em obras de vários pesquisadores e inconsistência de dados. Além desses problemas, observaram-se alguns documentos referenciados apenas em notas de rodapé ou de fim; ainda, em uma seção à parte mesclada com essas divisões, dificultando o processo de extração dos dados.

3.4 Estudos terminológicos

Variação e mudança linguística são fenômenos heterogêneos, vivos e dinâmicos. Dessa forma, o uso da língua é condicionado a fatores internos e externos, os quais se alteram conforme a comunidade discursiva e tipo de comunicação, tais como: geográfico, sociocultural, contextual e histórico. Na literatura, geralmente os termos Web 2.0, social web, social networks e social media são empregados como sinônimos para representar canais on-line de comunicação que possibilitam o compartilhamento de conteúdo. No entanto, cada um possui sua especificidade. O primeiro refere-se à segunda geração de desenvolvimento e design da web. Popularizado em 2004, passou a ser utilizado pela comunidade discursiva da Ciência da Informação a partir de 2006, com ápice de aplicação registrado até 2012 (Figura 3). Uma das causas desse alcance representativo (78,3%) atribui-se a uma infinidade de serviços e aplicativos da web originados a partir desse conceito.

Figura 3
Representação temporal do uso dos termos (ano/artigos)

Já a expressão social web, está relacionada mais com a finalidade do conceito Web 2.0 de facilitar a comunicação por meio da interação, colaboração e compartilhamento de informações. Entendida como um conjunto de relações sociais, que reúne as pessoas por meio da internet, foi utilizada em um artigo (10,1%) com foco em discutir o treinamento para o uso das mídias sociais vinculado ao método de ensino Learning 2.0.

Por sua vez, a terminologia social networks é concebida na Antropologia Social como uma rede complexa de relações sociais que interliga os seres humanos. Após a introdução e aplicação do conceito Web 2.0, social networks, usualmente empregado, foi complementado por outras palavras que remetem à World Wide Web. Na Ciência da Informação, o termo tem sido indicado desde 2007, de forma ininterrupta (2007/2017), com um alcance considerável (76,8%) (Figura 3). Seu primeiro registro ocorreu no artigo de Laurie Charnigo e Paula Barnett-Ellis, quando utilizaram a expressão online social networks, referindo-se ao Facebook como uma tendência digital em bibliotecas universitárias. Também em 2007, David Lankes, Joanne Silverstein e Scott Nicholson refletiram sobre as oportunidades e desafios das redes participativas para esses espaços, ao destacarem as características dos social networking sites7.

A exemplo de Web 2.0, a locução social media foi empregada pela primeira vez em 2006 por Rethlefsen e colaboradores, quando descreveram as aplicações de social media, dentre outros social softwares8. No entanto, essa terminologia passou a ser utilizada com maior frequência e constância a partir de 2010. “Nos últimos anos, o cenário tecnológico da Web passou por profundas transformações exigindo novos rótulos. Em decorrência, a popularidade do termo Web 2.0 diminuiu e a de social media começou a ganhar espaço.” (FARRELL; MAYER; RETHLEFSEN, 2011FARRELL, Ann M.; MAYER, Susan H.; RETHLEFSEN, Melissa L. Teaching Web 2.0 Beyond the Library: Adventures in Social Media, the Class. Medical Reference Services Quarterly, [s. l.], v. 30, n. 3, p. 233-244, 2011., p. 234, tradução nossa). Social media, apesar de não ser o mais usado (46,4%), destaca-se como uma tendência tanto por evidências quanto, e principalmente, por ser um conceito guarda-chuva, incluindo várias aplicações complementares entre si. A partir desse contexto, este estudo concebe social media como um conjunto de aplicativos e plataformas de comunicação on-line, que possibilita a criação de conteúdo, além do compartilhamento de dados e informações de maneira colaborativa, nos mais diversos formatos (fotos, vídeos, textos, áudios etc.), por meio de computadores ou dispositivos móveis.

Frequentemente, as expressões Web 2.0, social web, social networks e social media são complementadas por termos adjacentes de dois tipos:

  • a) antepostos (tools of ou software application of + Web 2.0 / technology of ou realm of + social networking / online ou application of mobile + social media) ou

  • b) pospostos (Web 2.0 + approach, efforts, products, methods, communication methods, software applications ou learning tools / social Web + technologies / social network + platforms, sites ou systems / social networking + applications, environments, features, realm, services, site tools ou Web sites) / social media + channels, resources, space ou -sharing sites).

Identificou-se também o registro de expressões entre dois elementos adjacentes (mobile social media platform / online social networking Web sites) e, até mesmo, o uso de duas expressões conjugadas (Web 2.0 social media tools / Web 2.0’s social networking platforms / social media networks).

3.5 Classificações especiais e tesauros

O fenômeno Web 2.0 tem promovido mudanças estruturais nas bibliotecas, impactando diretamente a maneira de interagir, gerar e distribuir conteúdo por meio de distintas mídias sociais, como de plataformas de compartilhamento de vídeo, plataformas de compartilhamento de imagem, content sharing, redes sociais on-line, blogs e Content Management Systems (CMS), além de aplicativos de mensagens instantâneas, plataformas de jogos on-line, marcadores sociais, RSS feeds e wikis (Figura 4).

Figura 4
Mídias sociais mais utilizadas por bibliotecas, 2006-2017

Na dinâmica sociedade contemporânea, na qual “[...] acordos são temporários, passageiros e válidos apenas até novo aviso [...]” (BAUMAN, 2013BAUMAN, Zygmunt. Liquid modernity. New York: John Wiley & Sons, 2013., p. 14, tradução nossa), mídias sociais são criadas, reinventadas, extintas ou caem no esquecimento em um curto espaço de tempo. No levantamento realizado, foram identificadas ferramentas e aplicações da Web 2.0 adotadas pelas bibliotecas em questão, tais como Friendster e Orkut (online social networks), em adição às plataformas de mensagens instantâneas Yahoo Messenger, MSN Messenger e AIM, que, apesar de seu êxito e relevância, não existem mais. Transitar nesse contexto exige esforço contínuo das equipes das unidades informacionais em adaptarem-se às circunstâncias em constante mudança, pois “[...] as condições de ação e as estratégias de reação envelhecem rapidamente e se tornam obsoletas antes de os atores terem uma chance de aprendê-las efetivamente.” (BAUMAN, 2007, p. 7).

Além das reflexões sobre a implementação das tecnologias da Web 2.0 em bibliotecas em geral (17,4%), os trabalhos avaliados têm sido aplicados majoritariamente naquelas voltadas aos segmentos universitário e de pesquisa (72,5%) nos Estados Unidos, Nigéria, Canadá, Israel e China, com destaque para a área de Ciências da Saúde. Como as instituições de ensino superior recebem investimento financeiro e outros tipos de apoio, consequentemente, suas bibliotecas tendem a possuir tecnologias e equipamentos mais avançados, combinados a padrões mais elevados, sendo pioneiras na prestação de serviços de informação (HUANG; GUO, 2017GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ-VILLAVICENCIO, Nieves. Métricas de la web social para bibliotecas. Barcelona: Editorial UOC, 2016.). Também foram identificados estudos em bibliotecas de saúde e biociências (4,3%), bibliotecas escolares (2,9%) e bibliotecas digitais (2,9%).

Na literatura, o uso (56,5%) das mídias sociais em bibliotecas convencionais (atividades internas, serviços e gestão) e digitais, bem como por profissionais da informação e usuários foi exaustivamente discutido de 2006 a 2017, de maneira ininterrupta (Figura 5). Em adição à análise da presença dessas organizações em tais plataformas, os estudos visaram compreender e explorar o seu uso; verificar o grau de conscientização, conhecimento e colaboração dos bibliotecários; conhecer as preferências e nível de interação dos usuários; compartilhar êxitos, insucessos e desafios; elaborar diretrizes e sugerir boas práticas.

Figura 5
Perspectiva das pesquisas sobre mídias sociais e bibliotecas, 2006-2017

Investigações de natureza teórica (18,8%), registradas de 2007 a 2014, buscaram refletir criticamente e estabelecer bases teóricas; descrever tecnologias sociais; analisar a criação, ascensão e queda de mídias sociais; avaliar problemas, oportunidades e desafios; além de explorar catálogos da próxima geração. Por outro lado, na área de desenvolvimento de recursos de informação na internet (8,7%), referiam-se ao compartilhamento de experiências quanto à incorporação dos recursos da biblioteca em sistemas de gerenciamento de conteúdo (CMS) de cursos, em complemento ao processo de planejamento, construção e implementação de CMS, páginas personalizáveis e websites colaborativos. Esses estudos, datados de 2008 a 2010, também discutiram desafios enfrentados, apresentaram recomendações e sintetizaram melhores práticas.

Já contribuições que tratavam de avaliação (7,2%), discutiram o uso das ferramentas Facebook Insights e Page Insights, integrado à métrica anecdotal evidence. Identificou-se também a aplicação de indicadores e métricas relacionados com objetivos de negócios táticos: alcance e frequência de atividade, fidelização, influência, participação e ROI. Verificou-se, ainda, a criação de sistemas próprios para examinar a implementação de wikis nos departamentos de serviços técnicos e para medir a qualidade de seus websites em mídias sociais. Ressalta-se que nas categorias uso, política e desenvolvimento foram identificados alguns artigos cujo objetivo se interligava de maneira indireta a um processo ou projeto de avaliação.

Por sua vez, as pesquisas relacionadas com a competência em informação (4,3%) discutiram o processo e criação de material didático para treinamento de usuários e capacitação de equipes de bibliotecas, bem como o impacto das mídias sociais na alfabetização informacional. Embora o número de artigos dessa categoria não seja representativo, destaca-se o processo de formação de usuários e profissionais da informação como preocupação constante. Inclusive, o tema aparece de maneira subliminar nas abordagens dos cunhos teórico, de desenvolvimento e aplicações práticas, apresentado como desafio ou recomendação a bibliotecários, associações de profissionais e escolas de biblioteconomia.

Na categoria política (2,9%), encontram-se os estudos que elaboram políticas de comunicação com foco em mídias sociais (privacidade, uso, conteúdo e alcance), bem como políticas técnica e organizacional de marcação social para ampliar a capacidade de fluxo de informações do usuário. Por fim, a proteção à sua privacidade no contexto da Biblioteca 2.0 foi tema de discussão de um trabalho classificado em ética (1,4%).

Mediante à pandemia da covid-19, disseminada no mundo no primeiro trimestre de 2020, as comunidades internacionais de bibliotecas (associações e instituições desse segmento) passaram a publicar declarações (respostas iniciais) frente ao novo cenário, reforçando a importância do papel de tais espaços em situações de emergência e tempos de crise. Diante disso, a migração dos serviços para plataformas digitais destaca-se como um dos cinco principais temas de discussão e recomendação. Essa iniciativa sugere que práticas de competências em informação por parte de bibliotecas emerjam como uma das grandes tendências dos próximos anos, cujo desafio está no desenvolvimento de habilidades específicas a equipes da área e de informações de seus usuários. Ainda sobre a promoção de recursos digitais, a Library Association of Ireland (LAI) divulgou que esses profissionais têm facilitado o envolvimento de grupos remotos (clube de livros on-line e contação de histórias) através das mídias sociais (KOSCIEJEW, 2020KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.). Na Alemanha, Holanda, Noruega e Espanha, por exemplo, o serviço de narrativa digital foi oferecido por meio de grupos do Facebook e perfis do YouTube; enquanto na Bulgária, a primeira rede indicada e Instagram foram usadas para promover encontros tradicionais com poetas e escritores, “[...] intercâmbio de bibliotecas e (re)uso de produtos digitais.” (EUROPEAN BUREAU OF LIBRARY, INFORMATION AND DOCUMENTATION ASSOCIATIONS - EBLIDA, 2020, p. 11, tradução nossa). Sobre a colaboração interbibliotecária, outro tema relevante nesse âmbito, a LAI declara o uso das mídias sociais como canal oficial de comunicação, além de websites institucionais e plataformas de videoconferências para reuniões, grupos de estudo e sessões em geral (KOSCIEJEW, 2020). Portanto, definitivamente, as bibliotecas estão sendo modificadas e suas práticas remodeladas pelas tecnologias.

Para melhor compreensão sobre o alcance do interdomínio analisado na Ciência da Informação, as principais ideias e conceitos obtidos foram sistematizados a partir da classificação do TBCI de IBICT (PINHEIRO; FERREZ, 2014PINHEIRO, Lena Vânia Ribeiro. Lei de Bradford: uma reformulação conceitual. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 12, n. 2, p. 59-80, jul./dez. 1983. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/index.php/res/download/55614. Acesso em: 15 nov. 2019.
http://www.brapci.inf.br/index.php/res/d...
). Nesse sentido, discussões sobre mídias sociais e bibliotecas inserem-se nos contextos da representação da informação (1,4%), sistemas de organização do conhecimento (4,3%), gestão de bibliotecas (1,4%), serviços (62,5%), desenvolvimento de coleções (1,4%), usuários (8,7%), redes de comunicação e informação (10,1%), gestão das TIC (1,4%), direito à informação (1,4%) e da sociedade da informação (4,3%) (Quadro 6).

A construção do conhecimento é um processo dinâmico que acompanha a evolução da sociedade. Considerando o uso de linguagens de indexação enquanto otimizador do processo de recuperação da informação, “vocabulários controlados continuam sendo uma ferramenta essencial e devem ser atualizados de maneira adequada” (VÁLLEZ et al., 2015URBIZAGÁSTEGUI ALVARADO, Rubén. Elitismo na literatura sobre a produtividade dos autores. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 38, n. 2 p. 69-79, maio/ago. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 19652009000200006&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 20 jul. 2020.
https://www.scielo.br/scielo.php?script=...
, p. 881).

No Quadro 6, estão descritos os termos emergentes (gerais, específicos e relacionados) que representam o interdomínio analisado (2006-2017). O estudo dessa abordagem (classificações e tesauros) possibilitou a identificação de novos elementos e, consequentemente, a adaptação de instrumentos vigentes, como o mapa conceitual sobre a taxonomia das mídias sociais de Infante-Fernández e Faba-Pérez (2017), categorias do contexto tecnológico de Plácida Santos et al. (2013RETHLEFSEN, Melissa L.; ENGARD, Nicole C.; CHANG, Daphne; HAYTKO, Carol. Social software for libraries and librarians. Journal of Hospital Librarianship, [s. l.], v. 6, n. 4, p. 29-45, 2006.), bem como a proposição de atualização do Tesauro Brasileiro de Ciência da Informação (PINHEIRO; FERREZ, 2014PINHEIRO, Lena Vânia Ribeiro. Lei de Bradford: uma reformulação conceitual. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 12, n. 2, p. 59-80, jul./dez. 1983. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/index.php/res/download/55614. Acesso em: 15 nov. 2019.
http://www.brapci.inf.br/index.php/res/d...
). Alguns dos termos propostos estão inclusos no Unesco Thesaurus e no ERIC Thesaurus (Quadro 6).

Quadro 6
Contribuições teóricas de investigadores da Ciência da Informação

Por fim, ao refletir sobre mídias sociais e termos relacionados (Web 2.0, web social, redes sociais), conclui-se o conceito Web 2.0 como base das estruturas apresentadas no mapa conceitual (Figura 4). Nesse sentido, as redes sociais são um nó bastante relevante, pois ali se encontra parte considerável dos justificadores da existência e permanência das bibliotecas: os usuários. Essa categoria de plataforma também está diretamente vinculada ao nó principal mídias sociais que se segmenta em outras tecnologias da web social. Por sua vez, no TBCI/IBICT a expressão redes sociais está inserida na classificação 6.4 Sociedade da Informação (Quadro 6), na qual está agrupado o maior número de novos termos sugeridos. No entanto, questiona-se neste estudo a pertinência de alocá-la no conjunto 5.4 Redes de Comunicação e Informação, Internet, Web, em que estão outros recursos de informação e comunicação da internet.

Quadro 6
Representatividade do interdomínio TBCI/IBICT e proposta de novos descritores

4 CONCLUSÃO

Em 2006, quando as mídias sociais eram apontadas como uma tendência e havia poucos estudos que abordassem sua inserção no contexto das bibliotecas, a maioria dos bibliotecários acreditava que esse fenômeno tecnológico não se adequava à sua realidade laboral. No entanto, o novo comportamento da sociedade frente à popularização da Web 2.0 e facilidades de aquisição de dispositivos móveis impulsionou a readequação de atividades e serviços oferecidos nesses espaços. Acompanhando esse movimento, pesquisadores e profissionais da Ciência da Informação passaram a refletir e buscar soluções para atenderem demandas informacionais de maneira mais eficaz. Nos anos de 2008 e 2010, registrou-se o maior número de publicações científicas sobre a temática com contribuições de caracteres experimental, teórico, de desenvolvimento e de políticas de uso. Um traço característico da produção científica dos Estados Unidos nesse interdomínio é a predominância de pesquisas de aplicação prática (valor, propósito, impacto e uso). De modo surpreendente, contribuições mais expressivas são de um periódico para profissionais de bibliotecas e Ciência da Informação que se especializam em serviços de informação médica e científica da saúde em ambientes clínicos, educacionais ou de pesquisa.

Grande parte dos autores citantes pertence à área de Biblioteconomia e Ciências da Informação. Alabama, Flórida e Ohio são os estados com mais pesquisadores de publicações sobre o tema. Uma particularidade é a existência de colaboração internacional entre pesquisadores dos EUA e China. Outra característica marcante é o domínio da origem estadunidense, o que sugere a valorização dos pares em trabalhos desenvolvidos no país, acompanhada da maturidade e consistência teórica na área. Ressalta-se ainda a Web 2.0, como um dos mais recentes conceitos de impacto à sociedade contemporânea mundialmente, ao ser criado em 1999 e popularizado em 2004 na região. Há também uma possível comunidade epistêmica em formação que, curiosamente, é composta por estudiosos norte-americanos e israelense, com destaque para Noa Aharony (IL) e Deborah Chiarella (EUA).

Os autores e obras citados representam princípios, teorias e orientações explicativos quanto ao uso, bem como à interação da informação no interdomínio analisado. Enquanto isso, a integração e articulação do conhecimento produzido surgem da colaboração entre Ciência da Informação e outros campos. Além da Comunicação Social e Sociologia, como suposto, verificou-se a aplicação de conceitos, modelos, definições, teorias, frameworks e termos advindos da Educação, Ciência da Computação, Tecnologia, dentre outros. No âmbito da Ciência da Informação, em meio às diversas contribuições teóricas identificadas, destaca-se Library 2.0, que traz consigo a dualidade biblioteca tradicional e filosofia da Web 2.0. Esse conceito polissêmico está diretamente relacionado com a modernização dos serviços desses espaços, baseados na web e mais centrados no usuário, em adição ao compartilhamento coletivo de conteúdo e cooperação bibliotecária.

Fora o termo Web 2.0, a comunidade científica em 2006 já empregava a expressão social media, mais popular a partir de 2010. Essa última desponta-se como uma tendência, por representar um conceito abrangente e envolver uma gama de canais de comunicação on-line. Em oposição à web social, raramente utilizada no contexto avaliado, redes sociais destacou-se dentre as mais aplicadas e difundidas na literatura científica.

Ainda, as unidades informacionais passaram a implementar as mesmas tecnologias utilizadas por seus usuários, mediante às contínuas mudanças sociais e tecnológicas, bem como à necessidade de se reorganizarem com foco em seu público. Por conseguinte, a incorporação desses recursos interacionais nas atividades de trabalho e serviços oferecidos ocorreu principalmente nas bibliotecas universitárias, considerando seu compromisso institucional com a geração de conhecimento, pesquisa e inovação tecnológica.

As inúmeras discussões de natureza prática, permeadas por contribuições de base teórica, indicam a transição e evolução dinâmica de uma fase inicial, da novidade, além de curiosidade, reflexão crítica e amadurecimento. Nesse sentido, as mídias sociais, como recurso de comunicação e conexão social, tornaram-se cada vez mais indispensáveis. Diante disso, as rápidas mudanças nas relações e a fluidez da sociedade contemporânea têm estimulado o uso da intuição e aprendizado por tentativa (acerto e erro) nos mais diversos segmentos. Em decorrência desse fato, o compartilhamento de boas práticas, diretrizes e políticas tem sido uma tendência crescente. “Na área de uso, permanecem questionamentos importantes a serem feitos, áreas a explorar e pesquisas a conduzir” (BODNAR; DOSHI, 2011BODNAR, Jonathan; DOSHI, Ameet. Asking the Right Questions: A Critique of Facebook, Social Media, and Libraries. Public Services Quarterly, [s. l.], v. 7, n. 3-4, p. 102-110, 2011., p. 109, tradução nossa), além do aprofundamento teórico em áreas estratégicas, já exploradas na literatura, como estudos métricos para planejamento, gestão e tomada de decisão (políticas e avaliação); integração de sistemas (desenvolvimento); uso de dados e políticas de privacidade (ética e política); alfabetização informacional (competência em informação). No contexto mais recente, as práticas de competências em informação e e-learning, frente à pandemia da covid-19, são condição sine qua non para garantir o acesso, uso e seu compartilhamento, enquanto figuram como propensões globais da próxima década (IFIJEH; YUSUF, 2020HJØRLAND, Birger. Domain analysis in Information Science: eleven approaches: traditional as well as innovative. Journal of Documentation, London, v. 58, n. 4, p. 422-462, 2002.).

As pesquisas sobre mídias sociais e bibliotecas foram desenvolvidas em quatro das oito grandes áreas do plano de classificação do TBCI/IBICT: organização do conhecimento e recuperação da informação, gestão da informação, tecnologias da informação e comunicação, comunicação e acesso à informação. Atualmente, um dos maiores problemas enfrentados por pesquisadores e investigadores de temas emergentes é a dificuldade de se encontrar nos vocabulários controlados, indicados por equipes editoriais dos principais periódicos da área, termos que representem o conteúdo do documento a ser publicado. Além de palavras-chave usualmente especificadas nos artigos a partir dos tesauros, relacionar vocabulários livres (tags) pode ser uma possibilidade para minimizar essa limitação e contribuir com a atualização dos sistemas de organização do conhecimento.

Posto isso, o estudo profundo do interdomínio analisado possibilitou a identificação de termos capazes de representar novas ideias e conceitos da dinâmica sociedade contemporânea. Espera-se que os resultados indicados possam contribuir de maneira efetiva com o processo de atualização do TBCI/IBICT, amplamente conhecido na Ciência da Informação, bem como de outros vocabulários controlados utilizados por pesquisadores da área, como o Unesco Thesaurus e o ERIC Thesaurus.

Enquanto contribuição efetiva deste trabalho, cabe ressaltar a indicação de possível inconsistência na LISA, analisada e considerada pertinente por sua equipe técnica, o que reafirma o princípio de integridade de informações disponibilizadas em base de dados.

Por fim, para garantir aportes para com o processo analítico de pesquisas futuras, recomenda-se a explicitação da trajetória metodológica percorrida nesse processo, permitindo, assim, sua replicação e transferência. Inclusive, para otimizar o processo de análise de citação, sugere-se a avaliação de critérios, por parte de editores, sobre os padrões de publicação, tais como a exigência de uma seção específica para referências, de modo a evitar a menção de obras elencadas apenas em notas de rodapé e que notas finais sejam condensadas com essa divisão. Ainda, salienta-se que publicações periódicas brasileiras têm exigido a especificação do nome de todos os autores citados nesse tipo de listagem, em vez do uso da expressão et al. Também é notada a orientação de se apresentar seu nome e sobrenome por extenso, com vistas a evitar a entrada com traço contínuo para substituição desses dados, quando se tratar de várias obras de um mesmo pesquisador.

Essas condições estão em conformidade com as orientações da Norma Brasileira 6023 (elaboração de referências), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), atualizada em 2018. Nesse sentido, o documento recomenda a indicação do nome de todos os autores nas referências quando se tratar de obras com quatro ou mais autores, embora o uso de et al. seja permitido. Também, nessa versão, não está mais em vigor o uso do traço sublinear, com seis toques, empregado para identificar repetição de mesmo autor (ABNT, 2018). Esses, portanto, são exemplos que atribuem qualidade aos estudos bibliométricos.

REFERÊNCIAS

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  • VÁLLEZ, Mari et al. Updating controlled vocabularies by analysing query logs. Online Information Review, Bradford, v. 39, n. 7, p. 870-884, Nov. 2015.
  • i
    O presente trabalho corresponde aos resultados parciais da pesquisa de doutorado Mídias sociais e bibliotecas: análise de domínio no contexto do Brasil, Espanha e Estados Unidos (FRANÇA, 2020) desenvolvida na Linha Informação e Tecnologia do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus Marília, SP, Brasil.
  • 9
    JITA: HT. Web 2.0, Social networks
  • RECONHECIMENTOS:

    Não é aplicável.
  • FINANCIAMENTO:

    Este estudo foi parcialmente financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES), Código financeiro 001.
  • APROVAÇÃO ÉTICA:

    Não é aplicável.
  • DISPONIBILIDADE DE DADOS E MATERIAL:

    Não é aplicável.
  • 1
    TI: título; AB: resumo; IF: palavras-chave; PBLOC: local de publicação.
  • 2
    Ano de criação da LISA.
  • 3
    Data final estabelecida na pesquisa de doutorado em andamento.
  • 4
    Termo cunhado por Fritz Machlup, em 1962, na obra The Production and Distribution of Knowledge in the United States.
  • 5
    Termo cunhado pela web designer Darci DiNucci, no artigo Fragmented Future, publicado na Print Magazine, em julho de 1999 (DiNUCCI, 1999).
  • 6
    Dados quantificados a partir de informações registradas nos artigos. O número de relatos de experiência é maior do que o registrado, pois a maioria dos trabalhos discutiu o uso de mídias sociais em bibliotecas por meio de situações reais.
  • 7
    Na literatura, foram identificadas as variações social network e social networking. Sobre esse assunto, Garcia-Millian, Norton e Tennant (2012, p. 172-173, tradução e grifos nossos) explicam que Boyd e Ellison “[...] usam o termo social network em vez de social networking para enfatizarem que, embora networking (início de relacionamento entre estranhos) seja possível nesses sites, não é o uso principal de muitos deles. Pelo contrário, os indivíduos usam essas redes sociais mediadas por computador principalmente para exibir e manter suas social networks offline [...]”.
  • 8
    Termo definido por Rethlefsen et al. (2006) como um software que possibilita a colaboração, comunicação e conexão de pessoas entre si.

Disponibilidade de dados

Não é aplicável.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    18 Set 2020
  • Aceito
    13 Fev 2021
  • Publicado
    25 Fev 2021
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