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BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: ANÁLISE DE RISCOS

RESUMO

Neste trabalho, destacamos os conceitos de o risco, o perigo e vulnerabilidade no cenário da Biblioteca Central Santa Mônica (BCMON), cujo objetivo principal é analisar os riscos que esse espaço pode representar a seus frequentadores, patrimônio e memória histórica. Neste sentido, a BCMON foi selecionada, dentre outras, por ser a principal e mais antiga biblioteca da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Para tanto, a metodologia utilizada teve abordagem qualitativa, com natureza exploratória. Ainda, selecionamos como base referencial a obra de Spinelli e Pedersoli Jr. - Biblioteca Nacional: plano de gerenciamento de riscos: salvaguarda & emergência -, o Relatório de Inspeção de Segurança (RIS 25/2013), instruções técnicas do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o Relatório de Inspeção Visual Preliminar e publicações do Projeto de Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos. A partir disso realizamos um levantamento mediante observação da estrutura física, além de mobiliários e equipamentos que compõem a biblioteca. Assim notamos o quão vulneráveis estão o edifício, o acervo sob sua guarda e aqueles que transitam por esse local. Dentre os 10 agentes estabelecidos por Spinelli e Pedersoli Jr. que caracterizam e definem as tipologias de riscos, o estudo detectou que a BCMON possui 7 deles. Uma ação necessária seria a construção de um mapa de risco e investimento em ações de prevenção e combate a incêndio, entre outros que venham minimizar o perigo, a crise e por final o dano.

PALAVRAS-CHAVE:
Bibliotecas - Coleções especiais; Segurança de bibliotecas; Bibliotecas - Prédios e instalações

ABSTRACT

In this paper, we highlight the concepts of risk, danger and vulnerability in the scenario of the Central Library Santa Monica (BCMON), with the main goal of analyzing the risks that this space may pose to its visitors, its heritage and its historical memory. In this sense, BCMON was selected, among others, because it is the main and oldest library of the Federal University of Uberlândia (UFU). Therefore, the methodology used had a qualitative approach, with exploratory nature. Still, we selected as a reference base a work by Spinelli and Pedersoli Jr., Safety Inspection Report - (RIS) 25/2013 -, Minas Gerais Fire Department’s technical instructions, Preliminary Visual Inspection Report and publications of the Preventive Conservation Project for Libraries and Archives. From this, we conducted a survey by observing the physical structure, as well as furniture and equipment that make up the library. Thus, we note how vulnerable are the building, the collection under its guard and those who transit the site. Among the ten agents established by Spinelli and Pedersoli Jr., which characterize and define the types of risks, the study has found that the BCMON has seven. A necessary action would be the construction of a risk map and investment in fire prevention and fire prevention actions, among others, that will minimize the danger, the crisis and, finally, the damage.

KEYWORDS:
Libraries - Speccial collections; Library security - Libraries - Buildings and installations

1 Introdução

Grandes Projetos de Investimento (GPIs) são capazes de influenciar as comunidades nas quais estão inseridos, alterando nestas, os sistemas econômico, cultural e social, os quais estão voltados, principalmente, à infraestrutura. Nesse sentido, é possível ressaltar os riscos que eles representam àqueles que frequentam esses espaços, de modo direto ou indireto. Neste trabalho destacamos os conceitos de risco, perigo e vulnerabilidade e a identificação dos riscos no cenário da Biblioteca Central Santa Mônica (BCMON), que foi selecionada por armazenar material informacional que abrange a memória histórica e cultural de um país.

A BCMON é uma das nove bibliotecas do sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sendo a mais antiga delas. A universidade que teve autorização de funcionamento em 1969 e posterior federalização, em 24 de maio de 1978, por meio da sanção da lei nº 6.5321 1 Cf. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6532.htm . Hoje, a instituição atua diretamente em quatro cidades mineiras: Uberlândia, Ituiutaba, Patos de Minas e Monte Carmelo. A UFU é considerada um grande empreendimento da cidade de Uberlândia, Minas Gerais, pois de acordo com o último guia estatístico publicado, esta instituição encerrou o ano de 20162 2 Cf. http://www.proplad.ufu.br/sites/proplad.ufu.br/files/media/arquivo/folder_-_2017_ano-base_2016_0.pdf com 1.779 docentes, 3.302 técnico-administrativos e 20.461 alunos matriculados no 2º semestre desse ano, executando um orçamento total de R$1.383.250.808,92. Tais números ilustram sua grandeza e relevância da universidade para a comunidade acadêmica, os moradores das cidades sede e regiões. Tendo em vista, que promove o crescimento econômico, cultural, tecnológico e demográfico, por meio da oferta de emprego, das atividades de extensão comunitárias, da disponibilidade de formação continuada e das pesquisas aplicados à região.

Em sua estrutura acadêmica física, destaca-se a BCMON, como unidade de ampla extensão, localizada no Campus Santa Mônica, em Uberlândia. Consiste em uma das nove bibliotecas integrantes do Sistema de Bibliotecas da UFU (Sisbi/UFU). A atual instalação foi inaugurada em 7 de novembro de 1991 (figura 1), decorrente do projeto desenvolvido pelos arquitetos Paulo Zimbres e Luís Antônio Almeida Reis. O imponente prédio se sobressai dentre as demais construções do campus pela sua arquitetura única o qual armazena material informacional que abrange a memória histórica e cultural do país. A Biblioteca possui grande representatividade institucional, pois se destaca pela qualidade na oferta de produtos e serviços, sendo a unidade mais bem avaliada nos últimos processos de autoavaliação institucional da UFU. Ainda se deve ressaltar o considerável fluxo de pessoas, a sua frequência média diária é de aproximadamente duas mil pessoas por dia.

Figura 1
Biblioteca Central Santa Mônica

A elaboração desta pesquisa foi motivada pelo conteúdo abordado na disciplina Efeitos Socioespaciais de Grandes empreendimentos, o qual a autora cursou enquanto aluna especial no Programa de Pós-Graduação em Geografia, da UFU. No decorrer das aulas foi percebido que a BCMON se encontrava em situação de alerta e que esta já havia sido acometida à uma inspeção pelo Setor de Segurança do Trabalho da UFU que indicou algumas não conformidades, conforme descrito no relatório: várias irregularidades no anfiteatro, no almoxarifado, em algumas portas e na sala de vídeo; ambiente desorganizado; armazenagem de gases liquefeito de petróleo GLPs no interior do ambiente; corredores obstruídos; escada sem corrimão interno; hidrantes e extintores obstruídos; situação dos hidrantes; instalações elétricas deficientes; pontos de infiltração de água no telhado; quadros de energia expostos; material armazenado em local inadequado; ausência de saídas de emergências; falta de sinalização de rotas de fuga; inexistência de sinalização de emergência e alarme de incêndio (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 2013).

O entendimento de que seria necessário realizar um estudo para evidenciar os problemas do edifício, nos provocou a efetuar análise dos riscos que a BCMON pode representar aos seus frequentadores, ao patrimônio e à memória histórica, esse foi o objetivo principal desse trabalho.

De acordo com Veyret e Richemond (2007aVEYRET, Y.; RICHEMOND, N. M. O risco, os riscos. In: VEYRET, Y. (org.). Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007a. p. 23-24.) o risco é a percepção de um perigo que pode vir a acontecer, que pode ser previsível ou não, pelos envolvidos com determinado cenário. Neste sentido, a manifestação do risco gera crise, enquanto o perigo é algo intermediário, ou seja, ocorre entre o risco e a crise. A análise dos riscos da referida biblioteca se justifica ao apontar os impactos de uma possível crise e como consequência envolver os responsáveis para que soluções sejam tomadas.

Desde o período de sua construção, o prédio recebeu mínimas ações de manutenção preventiva ou corretiva estrutural, bem como poucas melhorias para se adequar às atuais legislações e normas de segurança. Diante disso, este estudo pode ser considerado um instrumento que ressalta a necessidade de se investir em medidas capazes de garantir a mobilidade e preservação do material informacional.

Para tanto, optamos nesta pesquisa pela abordagem qualitativa, com natureza exploratória. Ainda selecionamos a BCMON como objeto de estudo, por ser a principal e mais antiga biblioteca da UFU e por armazenar material informacional que abrange a memória histórica e cultural de um país. Dessa forma, utilizamos como base referencial teórica a obra de Spinelli e Pedersoli Jr., Biblioteca Nacional: plano de gerenciamento de riscos: salvaguarda & emergência; o Relatório de Inspeção de Segurança - RIS 25/2013, emitido pelo Setor de Segurança do Trabalho da UFU; instruções técnicas do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais; Relatório de Inspeção Visual Preliminar elaborada pela Faculdade de Engenharia Civil (FECIV) da UFU; publicações do Projeto de Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, disponíveis no site do Arquivo Nacional. A partir disso, realizamos registro fotográfico e levantamento de riscos, mediante observação da estrutura física, mobiliários e equipamentos que compõem a biblioteca, além de consulta a arquivos, dados estatísticos, imagens e documentos administrativos de posse do Sisbi/UFU.

2 Revisão de Literatura

Os GPIs geralmente são relacionados com o discurso de proporcionar melhor qualidade de vida para os indivíduos ou promover o desenvolvimento econômico da região em que estão localizados. Nesse sentido, Bresser-Pereira (2014, p. 53) conceitua o termo como “[...] processo histórico de acumulação de capital incorporando conhecimento técnico que aumenta o padrão de vida da população.” Essas construções, entretanto, podem representar riscos aos que nela estão envolvidos direta e indiretamente pelo fato de não existir empreendimento totalmente seguro. De acordo com Veyret e Richemont (2007bVEYRET, Y.; RICHEMOND, N. M. Os tipos de risco. In: VEYRET, Y. (org.). Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007b. p. 63-80.) o risco é algo potencial que identifica e percebe uma crise, perigo, acidente ou catástrofe em latente, é a tradução de uma ameaça e envolve o indivíduo que o prevê ou que o sofre. Veyret e Richemond (2007a) consideram que os riscos se interagem, podendo pertencer a várias categorias ao mesmo tempo. De modo individual, eles podem ser:

  • a) ambientais: decorrentes de processos naturais agravados ou não pelas ações ou ocupações humanas;

  • b) industriais: estão relacionados com a manutenção de produtos tóxicos, produção e transporte de materiais perigosos; promovem a ação regular do fenômeno em alguns dos casos lento e difuso;

  • c) tecnológicos: constituídos de aspectos técnicos, espaciais, temporais, sociais e políticos;

  • d) sociais: motivados pelas migrações e crescimento urbano; responsável por causar insegurança, pobreza e a violência nas cidades;

  • e) econômicos: gerados pelas políticas econômicas e globalização;

  • f) geopolíticos: originados pelas decisões políticas em escalas variadas.

Conforme observado nas categorias citadas, os riscos estão presentes em todos os lugares, esses devem ser monitorados e para evitar que as próximas etapas se manifestem, sendo o perigo e a crise. O perigo é a exposição do risco que constitui a crise. A crise é a plena manifestação do risco, as crises são emergenciais e podem ter diferentes origens. Diante disso, é função dos gestores e líderes políticos impedir que se estabeleça uma crise em um empreendimento, de modo a prevenir principalmente a ocorrência de um desastre. Afinal, este é algo que poderia ser evitado, ao contrário de um acidente que se origina de uma situação inesperada.

Ações que se antecipem à crise, para minimizar perdas e danos aos alvos, são inerentes aos profissionais e gestores relacionados ao objeto, neste caso à BCMON. Os bibliotecários, cujo dever é assumir a responsabilidade e o compromisso em zelar pelo seu ambiente de trabalho, pelos usuários, servidores e colaboradores que nela convivem diariamente, ainda, pelo patrimônio e pela memória histórica de uma sociedade. A BCMON é de característica universitária, atende as necessidades de informação do corpo docente, discente e administrativo, apoiando as atividades de ensino pesquisa e extensão da universidade (CUNHA; CAVALCANTI, 2008).

Neste caso cabe apontar como referencial teórico, um estudo de Spinelli e Pedersoli Jr. (2010SPINELLI, J.; PEDERSOLI JR., J. L. Biblioteca Nacional: plano de gerenciamento de riscos: salvaguarda & emergência. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_obrasgerais/drg_plano_risco_por/drg_plano_risco_p or.pdf. Acesso em: 9 abr. 2018.
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) apresenta 10 agentes de deterioração que orientam a descrição e tipologia dos riscos, sendo:

  • a) forças físicas: choque, vibração, tensão, compressão e fricção.
    • - tipologia dos riscos: evento raro e catastrófico; evento esporádico de impacto moderado; processo contínuo;

  • b) criminosos: furto, roubo ou vandalismo.
    • - tipologia dos riscos: evento raro de impacto significativo; evento esporádico de impacto moderado;

  • c) fogo: incêndio
    • - tipologia dos riscos: evento raro e catastrófico; evento raro/esporádico de impacto moderado a significativo;

  • d) água: enchentes, infiltrações, vazamentos, inundações, respingos, etc.;
    • - tipologia dos riscos: evento raro e catastrófico; evento esporádico de impacto moderado; processo continuo;

  • e) pragas: insetos, roedores, aves e morcegos;
    • - tipologia dos riscos: evento esporádico de impacto moderado a significativo; processo continuo;

  • f) poluentes: gases, aerossóis, líquidos ou sólidos, de origem natural ou antrogênica;
    • - tipologia dos riscos: evento esporádico de impacto moderado a significativo; processo continuo;

  • g) luz e radiação utltravioleta (UV) e radiação infravermelha (IR): sol e lâmpadas
    • - tipologia dos riscos: processo continuo;

  • h) temperatura incorreta: demasiadas elevadas ou baixas.
    • - tipologia dos riscos: evento esporádico de impacto baixo e moderado; processo continuo;

  • i) umidade relativa incorreta: umidades relativas muito elevadas, baixas ou flutuantes.
    • - tipologia dos riscos: evento esporádico de impacto baixo e moderado; processo continuo;

  • j) dissociação: perda de objetos da coleção, perda de dados e informações, perda da capacidade de recuperar ou associar objetos e informações.
    • - tipologia dos riscos: evento raro e catastrófico; evento esporádico de impacto moderado; processo continuo.

Analisando os 10 agentes, foi possível constatar que a BCMON se encontra vulnerável aos elementos. Fato que desperta preocupação, pois o acervo mantido pela BCMON é de extrema relevância para a disseminação da informação, promoção do conhecimento e para a herança histórica e social. Desse modo, destacam-se as coleções especiais acervadas na biblioteca, as mesmas são de suma importância para a preservação da história de Uberlândia e da região. São obras recebidas por renomadas personalidades ou doadores anônimos. Nesses casos, podem ser citadas: Coleção Especial Jacy de Assis (livros e periódicos da área jurídica); Coleção Especial Aricy Curvello (Ciências Humanas); Coleção Especial Yan Michalski (livros e textos de teatro); Coleção Especial Antonio Mercado Neto (área jurídica); Coleção Especial Litto (livros e peças teatrais); Coleção Especial Jodacil Damaceno (vários tipos de material sobre música); Coleção Especial Homero Santos (obras jurídicas); Coleção Especial Memória UFU (produzida e publicada pela universidade); Coleção Especial Textos e Cartazes de Teatro (textos e peças teatrais); Coleção Especial de Arte (obras relacionadas à arte); Coleção Especial de Obras Raras; além de coleções especiais de obras variadas.

Silveira (2010SILVEIRA, F. J. N. Biblioteca, memória e identidade social. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 15, n. 3, p. 67-86, set./dez. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pci/v15n3/05.pdf. Acesso em: 26 jun. 2018.
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) considera que as bibliotecas são espaços privilegiados do saber. Nelas, o patrimônio, a memória coletiva e a herança cultural dos homens se encontram em local ideal para sua disseminação e preservação. De acordo com Castro (2006), isso contribui para que a sociedade não esqueça o seu passado, a sua história. Dessa forma, é possível ainda dar sentido ao presente, para que se torne uma sociedade do conhecimento.

Para que o acervo, em suas respectivas características, seja útil para as atuais e futuras gerações, é imperiosa a aplicação de práticas de conservação e preservação. Esta última é descrita como o ato de mantê-los livres de perigo e deterioração, em ambiente seguro e organizado, de modo que sejam resguardadas as suas características essenciais. Trata-se de um processo mais burocrático, que envolve estratégias, políticas e ações com vistas a garantir informações e significados de um bem cultural (DIAS; PIRES, 2003DIAS, M. M. K.; PIRES, D. Formação e desenvolvimento de coleções e serviços de informação. São Carlos: EdUSFCar, 2003.). Já a conservação, consiste em providências técnicas que previnam a degradação desses materiais. Isso, porém, não se configura na reversão de um processo de deterioração já consumado (SPINELLI JÚNIOR, 1997).

3 Método

A metodologia utilizada neste trabalho teve uma abordagem qualitativa, com natureza exploratória, por meio de levantamento bibliográfico referente à temática riscos e segurança em bibliotecas, publicado em livros, artigos, teses, dissertações, entre outros. Desse modo a BCMON foi selecionada por ser a principal e mais antiga biblioteca da UFU, por seu edifício imponente, o qual se sobressai dentre as demais construções do campus pela sua arquitetura única que armazena material informacional que abrange a memória histórica e cultural do país. Possui grande representatividade institucional, pois se destaca pela qualidade na oferta de produtos e serviços, sendo a unidade mais bem avaliada nos últimos processos de autoavaliação institucional da UFU. Ainda se deve ressaltar o considerável fluxo de pessoas, a biblioteca recebe uma frequência média de duas mil pessoas por dia.

Para identificação dos riscos foi utilizado como referência a obra de Spinelli e Pedersoli Jr. (2010SPINELLI, J.; PEDERSOLI JR., J. L. Biblioteca Nacional: plano de gerenciamento de riscos: salvaguarda & emergência. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_obrasgerais/drg_plano_risco_por/drg_plano_risco_p or.pdf. Acesso em: 9 abr. 2018.
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) que apresenta 10 agentes de deterioração que são orientam a descrição e tipologia dos riscos, sendo eles: forças físicas; criminosos; fogo; água; pragas; poluentes; luz; radiação ultravioleta (UV) e radiação infravermelha (IR); temperatura inadequada; umidade relativa incorreta e dissociação.

Além disso, baseamo-nos em normas e descrições de outros documentos, como o Relatório de Inspeção de Segurança - RIS 25/2013) - emitido pelo Setor de Segurança do Trabalho da UFU, que apontou as não conformidades e sugeriu medidas de controle. Ainda, apoiamo-nos em instruções técnicas do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o Relatório de Inspeção Visual Preliminar, elaborado pela Faculdade de Engenharia Civil (FECIV) da mesma universidade, e publicações do Projeto de Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, disponíveis no site do Arquivo Nacional.

Após a identificação dos riscos de acordo com os 10 agentes mencionados, realizamos um levantamento, mediante observação da estrutura física e nos mobiliários e equipamentos que compõem a biblioteca, além da consulta a arquivos, dados estatísticos, imagens e documentos administrativos de posse do Sisbi/UFU. Posteriormente, fizemos registros fotográficos dos elementos considerados de risco ou que estavam próximos a esta situação.

4 Resultados e Discussões

A BCMON atualmente, 2018, atende as áreas de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias, Linguística, Letras e Artes. Seus 5.735 m2 estão divididos em três pavimentos, que abrigam a administração superior do Sisbi/UFU, a gestão de bibliotecas digitais, os setores de serviços internos que gerenciam a seleção, aquisição e catalogação do material informacional de todas as bibliotecas da UFU, bem como a estrutura para atender as demandas de seus usuários. De forma específica, o prédio conta com os seguintes espaços:

  • a) hall externo: espaço para estudo 24 horas e anfiteatro;

  • b) térreo: recepção, guarda-volumes, acervo de periódicos, serviços de restauração, elevador, Sala da Coleção Especial Jacy de Assis, Divisão de Bibliotecas Digitais, sala multiuso, Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), sala de remanejamento de material informacional, copa, sala de descanso dos servidores, sala do equipamento de autodevolução, sanitários e depósito de material de limpeza (DML);

  • c) primeiro andar: acervo de livros, Setor de Referência, Setor de Circulação e Materiais Especiais, Coleções Especiais, acervo multimídia, suporte à informática, sanitários, DML, salas de estudo em grupo, assentos para estudo em dupla;

  • d) segundo andar: acervo de livros, assentos para estudo individual, administração, secretaria, setores de serviços internos, sanitários e DML.

Em 1991, a inauguração da BCMON foi impactante e positiva tanto para a comunidade acadêmica quanto para a população de Uberlândia e região, pois se constituiu em um novo espaço bem estruturado e de grande porte dedicado aos estudos e pesquisa. Isso porque na época a cidade possuía apenas uma biblioteca pública - a Biblioteca Pública Municipal Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada desde 1976 na área central, a aproximadamente de cinco quilômetros do Campus Santa Mônica.

Já em 2017, o prédio contava com um acervo de 218.292 exemplares de livros, além de outros materiais informacionais, como: teses, dissertações, partituras, normas técnicas, DVDs, entre outros. Ainda apresentava 32 computadores para pesquisa e 313 assentos para estudo.3 3 Dados dos arquivos do SISBI/UFU. Em termos de equipe e usuários, o local possuía 72 funcionários, efetivos e terceirizados, exceto prestadores de serviços, e a frequência média de 2.426 pessoas por dia. Os números demonstram a grandeza da BCMON e alertaram para os riscos factíveis, caso não sejam tomadas providências para prevenção de desastres e estabelecimento de crise.

Os riscos previstos são principalmente de cunho social, devido à grande circulação de pessoas e ao possível dano ao patrimônio histórico, que envolve o próprio prédio, de destaque arquitetônico, e o seu acervo. Desde a sua inauguração, a sua construção não recebeu nem um tipo de manutenção preventiva ou corretiva, exceto a instalação de mantas e outras reformas no telhado para evitar infiltrações fluviais, as quais não foram totalmente eficientes, pois ainda existem muitas goteiras.

Em 2007, a Prefeitura Municipal de Uberlândia incluiu a BCMON no inventário de proteção do acervo cultural do estado de Minas Gerias4 4 Cf. http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/5498.pdf . No documento, observamos que a edificação no geral estava em bom estado de conservação, porém, havia alguns defeitos nos forros dos banheiros, metais, portas e bancadas; ainda notamos a existência de pequenas trincas na alvenaria (UBERLÂNDIA, 2007).

Adiante, em 2016, houve uma que modificou a estrutura arquitetônica do prédio a partir da qual foram retiradas jardineiras de concreto, até então suspensas por meio das estruturas em concreto localizadas no seu entorno (figura 2). Essa medida era inevitável, após um Relatório de Inspeção Visual Preliminar, elaborado pela Faculdade de Engenharia Civil (FECIV) da UFU, mencionar que tais peçaa geravam umidade e consequentemente, corrosão das armaduras externas do empreendimento.

Figura 2
Jardineiras suspensas retiradas em 2016

Segundo Veyret e Richemond (2007bVEYRET, Y.; RICHEMOND, N. M. Os tipos de risco. In: VEYRET, Y. (org.). Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007b. p. 63-80.), não existe risco zero, por essa razão é necessário se antecipar à crise, gerenciar o risco e estabelecer medidas de prevenção e de prestação de socorro, assim, ações eficientes são capazes de reduzir danos ao mínimo possível. Para isso, é importante contextualizar que a construção do risco é definida em três momentos. O primeiro envolve a identificação e o cálculo de eventuais danos, considerados controláveis após análise de especialistas e gestores. O segundo compreende a intervenção dos atores que pressionam os gestores a realizarem estudos por meio da denúncia dos perigos, emissão de alertas e abertura de discussão a respeito do tema. Por fim, o terceiro momento se dá quando as informações estão mais concretas, baseadas em dados mais confiáveis, e definem o grau de apreensão do risco.

Para atingir o objetivo do trabalho, constatamos os riscos abaixo citados, cujos alvos são os frequentadores da BCMON, a arquitetura predial e o acervo que nela se encontra. Com isso, entanto ressaltamos que é necessário um estudo minucioso a respeito dos seguintes aspectos:

  • a) incêndio5 5 A prevenção de incêndios deve ser levada a sério para que não aconteçam acidentes como o ocorrido em dezembro de 2015, na cidade de São Paulo, SP, onde um incêndio, oriundo de uma lâmpada que esquentou, destruiu parcialmente o prédio do Museu da Língua Portuguesa5 e ocasionou na morte de um bombeiro civil. A tragédia só não foi maior porque havia backup de todo o acervo e um seguro de aproximadamente R$45 milhões. - tem como agente o fogo: de acordo com a Instrução Técnica (IT) 09 do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, as bibliotecas são classificadas como como de alto risco de incêndio, por possuírem carga de incêndio6 6 É a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos (MINAS GERAIS, 2017a). acima 1.200 MJ/m2 (MINAS GERAIS, 2017aMINAS GERAIS. Corpo de Bombeiros. IT-09: carga de incêndio nas edificações e áreas de risco. Belo Horizonte: CBPMMG, 2017a. Disponível em: http://www.bombeiros.mg.gov.br/images/stories/dat/it/it%2009.pdf. Acesso em: 20 abr. 2018.
    http://www.bombeiros.mg.gov.br/images/st...
    ). Especificamente, a BCMON possui os seguintes requisitos com esse tipo de potencial:
    • - brigada de incêndio: os servidores não são treinados, organizados e capacitados para realizar atendimento em situações de emergência;

    • - execução de projeto de prevenção e combate a incêndio: foi criado e aprovado em abril pelo Batalhão de Bombeiros Militar de Uberlândia. Contudo, até a presente data, julho de 2018, ainda não havia sido executado por falta de recursos financeiros, segundo informações da Diretoria de Infraestrutura da Prefeitura Universitária. No caso, ele descreve que no prédio há objetos de valor inestimável e prevê medidas de segurança, tais como: acesso a viatura; adição de extintores; disponibilização de iluminação de emergência, hidrantes, alarme de incêndio; sinalização de emergência, saídas de emergência, depósito para reserva de incêndio; instalação de corrimão, além de criação de sistema de alarme e detecção;

    • - ausência de sinalização de emergência: alguns pontos da biblioteca não possuem nem um tipo de sinalização, é o caso da escada, por exemplo;

    • - fuga: a única rota de fuga no primeiro e segundo andar é por uma escada. Ela inclusive possui dois agravantes. O primeiro se refere à ausência de corrimão para apoio e segurança na face interna (figura 3). O segundo está relacionado com a altura (80cm) e os espaçamentos (42cm) do vão do corrimão. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2001) a altura do guardacorpo deve ser de no mínimo 1,05cm, e os vãos devem ter uma abertura de no máximo 15 cm de diâmetro;

Figura 3
Escada

  • - alto número de equipamentos eletrônicos: em 2017 eram 32 computadores para usuários, 56 computadores para os funcionários e aproximadamente 163 pontos de energia ativos.

  • - hidrantes: observa-se o péssimo estado de conservação de hidrantes e mangueiras além da visível ausência de alguns elementos básicos (figura 4) nas nove caixas que comportam esses objetos de emergência, distribuídas nos pavimentos do prédio - três em cada um;

Figura 4
Hidrantes da BCMON

  • - extintores: a BCMON possui o total de 23 extintores, sendo seis no térreo, nove no primeiro e nove no segundo andar. No entanto os agentes extintores ou tipos de carga não estão totalmente adequados à área protegida em função do risco. O prédio possui agentes relacionados às classes de fogo B e C, porém existe apenas um extintor para as classes A, B e C, localizado no piso térreo.

A IT-16 do Corpo de Bombeiros (MINAS GERAIS, 2017b) classifica o fogo conforme as características dos materiais combustíveis ou inflamáveis. Nesse sentido, o papel, material predominante no edifício em estudo, está classificado na Classe A. Já a classe B contempla fogo em líquidos e/ou gases combustíveis ou inflamáveis e sólidos combustíveis que se liquefazem por ação do calor, podendo ou não deixar resíduos. A Classe C abrange os materiais, equipamentos e instalações elétricas energizadas. O Setor de Engenharia e Segurança do Trabalho da universidade informou que todos os extintores terão cargas dentro dessas categorias.

  • - infiltrações de água pluvial pelo telhado - tem como agente a água: a infiltração adentra pela laje no último andar danifica o material informacional e pode provocar curto-circuito na rede elétrica (figura 5). Em alguns pontos, o acervo é protegido apenas por lonas;

Figura 5
Infiltração por água pluvial no telhado

  • b) deslocamento dos cobogós - tem como agente e as forças físicas: os cobogós de blocos cerâmicos que compõem a fachadada biblioteca, e são objetos de destaque em sua construção, estão se soltando (figura 6). Com isso, uma consequente queda pode ocasionar sérios danos, principalmente se atingir algum ser vivo. Em relatório realizado pela FECIV, em 2016, foi recomendada a colocação de uma tela vertical na alvenaria da fachada ou uma bandeja no nível do primeiro pavimento para proteção contra eventuais quedas desses objetos, porém tais sugestões ainda não foram acatadas;

Figura 6
BCMON - deslocamento de cobogós

  • c) queda da grade de proteção - tem como agente as forças físicas: a grade de proteção apresenta ferrugens, inclusive em seus suportes. Assim, a queda dessas peças pode ser grave, caso também atinja uma pessoa ou animal (figura 7). Além disso, essa situação coloca o acervo em risco, ao consideramos que o material informacional e/ou mobiliários e equipamentos podem ser atirados facilmente pelas janelas. Na figura 7, é possível observar também o processo de corrosão nas armaduras das vigas externas, provocado pela umidade das jardineiras suspensas e pela falta de manutenção;

Figura 7
BCMON - Início da exposição de ferragens

  • d) janelas - tem como agente as forças físicas: as janelas são voltadas para a área interna do prédio (figura 8), entretanto, algumas delas não possuem um dispositivo para mantê-las abertas com segurança. Ainda, por serem muito antigas, essas peças não podem mais ser encontradas para reposição. Diante disso, conforme a força do vento, as janelas fazem um giro de 180º e rotineiramente chocam com os usuários e funcionários. O efeito disso pode ser grave, caso atinja a cabeça de uma pessoa, por exemplo;

Figura 8
Janelas

  • e) escorpiões - tem como agente as pragas: usuários e servidores rotineiramente se deparam com escorpiões, principalmente em banheiros e demais salas localizadas no térreo. De acordo com agentes do controle de zoonoses, isso se dá em função da falta de telas de proteção, bem como devido à estrutura inadequada da rede de esgoto que permite o retorno de insetos e outros animais;

  • f) trincas - tem como agente as forças físicas: a construção apresenta alguns problemas, possivelmente de ordem estrutural, como as trincas demonstradas na figura 9. Acreditamos que isso possa ter sido causado pela sobrecarga de jardineiras fixadas em sua construção;

Figura 9
Trincas na estrutura onde ficavam apoiadas as jardineiras suspensas

  • g) acessibilidade insuficiente - não classificado de acordo com os 10 agentes de Spinelli e Pedersoli Jr.: o edifício possui algumas barreiras de circulação; por exemplo, o acesso aos pavimentos superiores é possível apenas por meio de um elevador, que eventualmente pode deixar de funcionar. Nota-se, ainda, a ausência de sinalização tátil e visual;

  • h) luz incorreta - tem como agente a luz e radiação utltravioleta (UV) e radiação infravermelha (IR): parte do acervo é acometido causando a degradação do material, principalmente do papel (RELLY; NISHIMURA; ZINN, 2001RELLY, J. M.; NISHIMURA, D. W.; ZINN, E. Novas ferramentas para preservação: avaliando os efeitos ambientais a longo prazo sobre coleções de bibliotecas e arquivos. 2. ed. Rio de Janeiro: Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, 2001. Disponível em: http://arqsp.org.br/wp-content/uploads/2017/08/19.pdf. Acesso em: 4 maio 2018.
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    );

  • i) umidade relativa (UR) do ar imprópria - tem como agente a umidade relativa incorreta: de acordo com Ogden (2001OGDEN, S. (ed.). Meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, 2001. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/Meio%20Ambiente.pdf. Acesso em: 4 maio 2018.
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    ), a umidade relativa do ar em alto nível promove reações químicas que desencadeiam a proliferação de mofo e atividades de insetos; enquanto em nível baixo, provoca o ressecamento e o aumento da fragilidade de certos materiais;

  • j) temperatura incorreta - tem como agente a temperatura incorreta: o calor acelera a deterioração do material por meio de reações químicas, que dobram a cada aumento de 10ºC na temperatura (OGDEN, 2001OGDEN, S. (ed.). Meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, 2001. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/Meio%20Ambiente.pdf. Acesso em: 4 maio 2018.
    http://www.arquivonacional.gov.br/images...
    ).

Diante do exposto, além dos cuidados quanto à estrutura física da biblioteca, é essencial o controle de suas condições ambientais (por meio de equipamentos próprios) e armazenamento adequado dos materiais informacionais, principalmente aqueles considerados especiais, isto é, que já apresentam deterioração em seu suporte. Aqui cabe destacar o papel, por ser um material bastante frágil e que vai se tornando quebradiço, ao entrar em contato com longas e sucessivas alterações químicas, responsáveis por promover a ruptura das cadeias das moléculas de celulose, conforme a temperatura e umidade (RELLY; NISHIMURA; ZINN, 2001RELLY, J. M.; NISHIMURA, D. W.; ZINN, E. Novas ferramentas para preservação: avaliando os efeitos ambientais a longo prazo sobre coleções de bibliotecas e arquivos. 2. ed. Rio de Janeiro: Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, 2001. Disponível em: http://arqsp.org.br/wp-content/uploads/2017/08/19.pdf. Acesso em: 4 maio 2018.
http://arqsp.org.br/wp-content/uploads/2...
). Nesse sentido, Ogden (2001OGDEN, S. (ed.). Meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, 2001. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/Meio%20Ambiente.pdf. Acesso em: 4 maio 2018.
http://www.arquivonacional.gov.br/images...
) recomenda uma temperatura estável de até 21ºC, e umidade relativa do ar estável, entre 30% e 50%, sendo o ideal o menor nível possível dentro dessa faixa.

É perceptível o quão vulneráveis estão os frequentadores, o edifício e o acervo sob guarda da BCMON. No entanto os perigos podem ser contornados desde que haja compromisso dos profissionais e dos gestores do Sistema de Bibliotecas, bem como da universidade.

5 Considerações Finais

A BCMON não foi criada para ser uma área de risco, mas para possibilitar o acesso à informação e, consequentemente, contribuir com a formação da comunidade acadêmica da UFU, da cidade de Uberlândia e região7 7 Missão: Promover o acesso à informação, por meio de produtos, serviços e difusão da produção intelectual da Universidade Federal de Uberlândia, em contribuição ao desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão, acompanhando as mudanças tecnológicas, culturais e sociais. Visão: Ser referência regional, nacional e internacional na gestão da informação e do conhecimento, com padrão de excelência no atendimento às necessidades da Universidade Federal de Uberlândia, na valorização das relações humanas e na promoção do desenvolvimento sustentável e tecnológico. Cf. http://www.bibliotecas.ufu.br/institucional . Os apontamentos efetuados neste trabalho alertam, contudo, sem a intenção de alarmar, para os perigos que circundam esse espaço, destacando a necessidade do envolvimento de órgãos e profissionais de áreas inerentes para maior compreensão dos riscos descritos e registro de outros possíveis problemas nesse contexto.

Dentre os 10 agentes estabelecidos por Spinelli e Pedersoli Jr. (2010SPINELLI, J.; PEDERSOLI JR., J. L. Biblioteca Nacional: plano de gerenciamento de riscos: salvaguarda & emergência. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_obrasgerais/drg_plano_risco_por/drg_plano_risco_p or.pdf. Acesso em: 9 abr. 2018.
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/d...
), que caracterizam e definem as tipologias de riscos, o estudo detectou que a BCMON possui 7 deles, sendo os seguintes:

  • a) forças físicas: ausência de manutenção nas grades de proteção, janelas, além de ocorrência de corrosão das armaduras nas vigas externas e trincas na estrutura;

  • k) fogo: ocorrência de elementos causadores de incêndio e ausência de medidas preventivas e de combate;

  • l) água: ocorrência de infiltrações;

  • m) pragas: rotineiro aparecimento de escorpiões;

  • n) luz e radiação utltravioleta (UV) e radiação infravermelha (IR): frequência de luz direta em parte do acervo e uso de lâmpadas fluorescentes;

  • o) temperatura incorreta: acervo sem controle de temperatura;

  • p) umidade relativa incorreta: não há controle da umidade relativa do ar no acervo.

Essas questões poderiam ser solucionadas com a construção de um mapa de risco para identificação dos pontos e elementos de ameaça, que poderia ser inclusive desenvolvido pelo Setor de Engenharia e Segurança do Trabalho da UFU. Outra medida seria o investimento da administração superior da instituição na implantação do projeto de prevenção e combate a incêndios, dentre outros, que possam minimizar o perigo, a crise e, por fim, o dano. Dessa forma, desastres seriam prevenidos, enquanto o patrimônio público, memória e vidas seriam preservados.

Referências

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    » http://www.scielo.br/pdf/ln/n93/03.pdf
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  • MINAS GERAIS. Corpo de Bombeiros Militar. Instrução Técnicas nº 16: sistema de proteção por extintores de incêndio. 3. ed. Belo Horizonte: BMMG, 2017b. Disponível em: http://www.bombeiros.mg.gov.br/images/stories/dat/it/it_16_alterada_pela_portaria_30_2017 .pdf Acesso em: 15 maio 2018.
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  • OGDEN, S. (ed.). Meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, 2001. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/images/virtuemart/product/Meio%20Ambiente.pdf Acesso em: 4 maio 2018.
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  • RELLY, J. M.; NISHIMURA, D. W.; ZINN, E. Novas ferramentas para preservação: avaliando os efeitos ambientais a longo prazo sobre coleções de bibliotecas e arquivos. 2. ed. Rio de Janeiro: Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, 2001. Disponível em: http://arqsp.org.br/wp-content/uploads/2017/08/19.pdf Acesso em: 4 maio 2018.
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  • UBERLÂNDIA (MG). Prefeitura. Inventário de proteção do acervo cultural: estruturas arquitetônicas e urbanísticas. Uberlândia, 2007. Disponível em: http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/5498.pdf Acesso em: 10 abr. 2018.
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  • VEYRET, Y.; RICHEMOND, N. M. Os tipos de risco. In: VEYRET, Y. (org.). Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007b. p. 63-80.
  • 1
  • 2
  • 3
    Dados dos arquivos do SISBI/UFU.
  • 4
  • 5
    A prevenção de incêndios deve ser levada a sério para que não aconteçam acidentes como o ocorrido em dezembro de 2015, na cidade de São Paulo, SP, onde um incêndio, oriundo de uma lâmpada que esquentou, destruiu parcialmente o prédio do Museu da Língua Portuguesa5 e ocasionou na morte de um bombeiro civil. A tragédia só não foi maior porque havia backup de todo o acervo e um seguro de aproximadamente R$45 milhões.
  • 6
    É a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos (MINAS GERAIS, 2017a).
  • 7
    Missão: Promover o acesso à informação, por meio de produtos, serviços e difusão da produção intelectual da Universidade Federal de Uberlândia, em contribuição ao desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão, acompanhando as mudanças tecnológicas, culturais e sociais. Visão: Ser referência regional, nacional e internacional na gestão da informação e do conhecimento, com padrão de excelência no atendimento às necessidades da Universidade Federal de Uberlândia, na valorização das relações humanas e na promoção do desenvolvimento sustentável e tecnológico. Cf. http://www.bibliotecas.ufu.br/institucional
  • Sistema de Similaridade
  • JITA:

    DH. Special libraries.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2024
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    30 Ago 2018
  • Aceito
    12 Ago 2019
  • Publicado
    27 Nov 2019
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