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Pacientes críticos com COVID-19: perfil sociodemográfico, clínico e associações entre variáveis e carga de trabalho

RESUMO

Objetivo:

Identificar o perfil sociodemográfico e clínico de pacientes com COVID-19; mensurar carga de trabalho e realizar associações entre variáveis clínicas.

Métodos:

Estudo transversal, 150 pacientes adultos com COVID-19 em unidade de terapia intensiva (marçojunho/2020). Dados do prontuário eletrônico nas primeiras 24 horas de internação: sexo, idade, escolaridade, procedência, comorbidades, ventilação mecânica invasiva, manobra prona, terapia renal substitutiva, lesão por pressão, Braden, Nurging Activies Score, diagnósticos e cuidados de enfermagem. Análise estatística descritiva, associações entre variáveis clínicas e grupo etário.

Resultados:

Sexo masculino (55,3%); idade média, 59 anos; hipertensos (57,3%); obesos (50,6%); diabéticos (34%); ventilação mecânica invasiva (66,7%); pronados (20,6%); hemodiálise (15,3%); média do Nursing Activities Score, 86%. Encontraram-se 28 diagnósticos de enfermagem e 73 cuidados.

Conclusão:

Pacientes necessitaram de suporte de alta complexidade. Houve associação significante entre lesão por pressão e carga de trabalho com manobra prona. Os diagnósticos e cuidados de enfermagem refletem necessidades dos pacientes críticos.

Descritores:
Infecções por Coronavírus; Unidades de Terapia Intensiva; Processo de Enfermagem; Carga de Trabalho; Diagnóstico de Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

To identify the sociodemographic and clinical profile of COVID-19 patients; measure workload and make associations between clinical variables.

Methods:

Cross-sectional study with 150 adult COVID-19 patients in an intensive care unit (from March to June 2020). Data from the electronic medical record in the first 24 hours of hospitalization: gender, age, education, origin, comorbidities, invasive mechanical ventilation, prone maneuver, renal replacement therapy, pressure injury, Braden, Nursing Activities Score, diagnoses, and nursing care. Descriptive statistical analysis, associations between clinical variables and age group.

Results:

Male (55.3%); mean age, 59 years; hypertensive (57.3%); obese (50.6%); diabetic (34%); invasive mechanical ventilation (66.7%); pronated (20.6%); hemodialysis (15.3%); Nursing Activities Score average, 86%. Twenty-eight nursing diagnoses and 73 cares were found.

Conclusion:

Patients required highly complex support. There was a significant association between pressure injury and workload with the prone maneuver. Nursing diagnoses and care reflect the needs of critical patients.

Descriptors:
Coronavirus Infections; Intensive Care Units; Nursing Process; Workload; Nursing Diagnosis

RESUMEN

Objetivo:

Identificar perfil sociodemográfico y clínico de pacientes con COVID-19; mensurar carga de trabajo y realizar asociaciones entre variables clínicas.

Métodos:

Estudio transversal, 150 pacientes adultos con COVID-19 en unidad de cuidados intensivos (marzo-junio/2020). Datos del prontuario electrónico en las primeras 24 horas de internación: sexo, edad, escolaridad, procedencia, comorbilidad, ventilación mecánica invasiva, maniobra lista, terapia renal substitutiva, lesión por presión, Braden, Nurging Activies Score, diagnósticos y cuidados de enfermería. Análisis estadístico descriptivo relaciones entre variables clínicas y grupo de edad.

Resultados:

Sexo masculino (55,3%); edad mediana, 59 años; hipertensos (57,3%); obesos (50,6%); diabéticos (34%); ventilación mecánica invasiva (66,7%); inclinados (20,6%); hemodiálisis (15,3%); mediana del Nursing Activities Score, 86%. Encontrados 28 diagnósticos de enfermería y 73 cuidados.

Conclusión:

Pacientes necesitaran de soporte de alta complejidad. Hubo relación significante entre lesión por presión y carga de trabajo con maniobra lista. Diagnósticos y cuidados de enfermería reflejan necesidades de los pacientes críticos.

Descriptores:
Infecciones por Coronavirus; Unidades de Cuidados Intensivos; Proceso de Enfermería; Carga de Trabajo; Diagnóstico de Enfermería

INTRODUÇÃO

No fim de dezembro de 2019, as autoridades chinesas, especificamente da cidade de Wuhan, identificaram pacientes com pneumonia de etiologia desconhecida, que se disseminou em milhares de casos em menos de dois meses(11 Ciotti M, Angeletti S, Minieri M, Giovannetti M, Benvenuto D, Pascarella S, et al. COVID-19 Outbreak: an overview. Chemother. 2020:1-9. https://doi.org/10.1159/000507423
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). A partir disso, pesquisadores descobriram a causa desses adoecimentos, os quais foram relacionados ao novo coronavírus, nomeado como SARS-CoV-2, cuja doença recebeu a denominação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de Coronavirus Disease 2019 (COVID-19)(22 World Health Organization (WHO). Report of the WHO-China joint mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) [Internet]. 2020 [cited 2020 Jun 12]. Available from: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf
https://www.who.int/docs/default-source/...
).

Pacientes diagnosticados com COVID-19 podem evoluir para condições mais graves da doença como a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), choque e falência de múltiplos órgãos, necessitando de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)(33 Antunes C, Cunha AM, Hemkemaier ECR, Carmo KS, Moraes TVP, Santos TP, et al. Desafios e recomendações para o cuidado intensivo de adultos críticos com doença de coronavírus 2019 (COVID-19). Health Resid J[Internet]. 2020[cited 2020 Jun 12];1(1). Available from: https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/20
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). Estudos internacionais verificam que a maioria dos pacientes internados em UTI necessita de ventilação mecânica invasiva (VMI) e 85% destes desenvolvem SDRA leve a moderada(44 Ruan Q, Yang K, Wang W, Jiang L, Song J. Clinical predictors of mortality due to COVID-19 based on an analysis of data of 150 patients from Wuhan, China. Intensive Care Med. 2020. https://doi.org/10.1007/s00134-020-05991-x
https://doi.org/10.1007/s00134-020-05991...
-55 Grasselli G, Zangrillo A, Zanella A, Antonelli M, Cabrini L, Castelli A, et al. COVID-19 Lombardy ICU Network. Baseline Characteristics and Outcomes of 1591 Patients Infected With SARS-CoV-2 Admitted to ICUs of the Lombardy Region, Italy. JAMA. 2020;323(16):1574-81. https://doi.org/10.1001/jama.2020.5394
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).

A gravidade dos pacientes com COVID-19 influencia o aumento da complexidade da assistência de enfermagem, devido a procedimentos e tecnologias utilizadas para terapias de suporte, como ventilação mecânica invasiva, terapia renal substitutiva, oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) e, muitas vezes, manobra prona em pacientes com lesão pulmonar grave(66 Lucchini A, Giani M, Elli S, Villa S, Rona R, Foti G. Nursing Activities Score is increased in COVID-19 patients. Intensive Crit Care Nurs. 2020;59:e102876. https://doi.org/10.1016/j.iccn.2020.102876
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). Além da assistência direta aos pacientes, a enfermagem deve lidar com o risco eminente de contaminação da doença, sendo necessários cuidados para controle de dispersão do vírus, além da utilização de equipamentos para proteção individual, o que também contribui para o aumento da carga de trabalho da equipe de enfermagem(77 Lucchini A, Iozzo P, Bambi S. Nursing workload in the COVID-19 era. Intensive Crit Care Nurs. 2020;61:102929. https://doi.org/10.1016/j.iccn.2020.102929
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).

Na Itália, a carga de trabalho da equipe de enfermagem foi mensurada mediante o instrumento Nursing Activities Score (NAS), e identificou-se aumento significativo no escore em 33%(66 Lucchini A, Giani M, Elli S, Villa S, Rona R, Foti G. Nursing Activities Score is increased in COVID-19 patients. Intensive Crit Care Nurs. 2020;59:e102876. https://doi.org/10.1016/j.iccn.2020.102876
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). Pesquisa realizada na Bélgica comparou a média do NAS na UTI em pacientes com COVID-19 e pacientes não COVID, demonstrando que o escore médio do NAS aumentou significativamente em 20% para o grupo COVID-19(88 Bruyneel A, Gallani MC, Tack J, d'Hondt A, Canipel S, Franck S, et al. Impact of COVID-19 on nursing time in intensive care units in Belgium. Intensive Crit Care Nurs. 2020;62:102967. https://doi.org/10.1016/j.iccn.2020.102967
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). No Brasil, destaca-se como lacuna a carência de estudos que abordem esse tema em terapia intensiva. Além disso, nesse cenário tão complexo de cuidado, os profissionais de enfermagem atuantes na linha de frente do atendimento aos pacientes com COVID19 necessitam de informações para compreender melhor o perfil desses pacientes que demandam cuidados de monitoramento contínuo, identificação precoce de alterações dos sistemas orgânicos e especialmente manejo de tecnologias complexas de suporte terapêutico e intervenções imediatas em urgências.

É também fundamental buscar aprofundar o conhecimento de elementos da prática de enfermagem, como os diagnósticos de enfermagem (DEs), que subsidiam o planejamento de cuidados a serem implementados ao paciente(99 Herdman TH, Kamitsuru S. NANDA international nursing diagnoses: definitions and classification 2018-2020. 11th ed. New York: Thieme; 2018.), uma vez que essa doença era desconhecida e, até o momento, poucos estudos abordam essa temática — nenhum deles, em cenário real de cuidado(1010 Moorhead S, Macieira TGR, Lopez KD, Mantovani VM, Swanson E, Wagner C, et al. NANDA-I, NOC, and NIC Linkages to SARS-Cov-2 (Covid-19): Part 1, Community Response. Int J Nurs Knowl. 2020;32:59-67. https://doi.org/10.1111/2047-3095.12291
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-1111 Barros ALBL, Silva VM, Santana RF, Cavalcante AMRZ, Vitor AF, Lucena AF, et al. Contribuições da rede de pesquisa em processo de enfermagem para assistência na pandemia de COVID-19. Rev Bras Enferm. 2020.73(2):e20200798. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0798
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).

Assim, estudar sobre o perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes com COVID-19, incluindo os diagnósticos e cuidados de enfermagem, é uma necessidade atual. Deve-se buscar as melhores evidências científicas sobre essa condição clínica para prestar assistência e, dessa forma, obter os melhores resultados possíveis no atendimento a esses pacientes. Conhecer o perfil dos pacientes graves com COVID-19 e a complexidade do seu cuidado possivelmente contribuirá para as ações de planejamento da enfermagem, tanto para a assistência como para o gerenciamento da carga de trabalho, pois novas ondas de COVID-19 ainda podem ocorrer no Brasil.

OBJETIVO

Identificar o perfil sociodemográfico e clínico de pacientes com COVID-19; mensurar a carga de trabalho e realizar associações entre as variáveis clínicas nas primeiras 24 horas de internação.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Esta pesquisa faz parte de um projeto maior intitulado “Perfil clínico e epidemiológico de pacientes internados no centro de tratamento intensivo: análise da assistência, segurança, desfechos e estratégias educativas”, aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da instituição. O estudo recebeu dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tendo em vista que utilizou somente dados obtidos do prontuário eletrônico dos pacientes.

Tipo do estudo

Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido de março a junho de 2020 e norteado pela ferramenta STROBE.

Local do estudo

Realizou-se na UTI adulto de um hospital de grande porte, público e universitário da cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul (RS), referência para atendimento de pacientes com COVID19. A área de UTI é de alta complexidade e, no período estudado, foi ampliada, chegando a ter 105 novos leitos para o atendimento de casos suspeitos ou confirmados da doença. Houve necessidade de contratação emergencial de cerca de 524 profissionais de enfermagem, devido à demanda crescente de leitos. Nessa UTI, o enfermeiro fica responsável pelo cuidado de uma média de cinco pacientes; e o técnico de enfermagem, dois pacientes a cada turno.

Todas as etapas do processo de enfermagem (PE), que inclui os DEs e os cuidados de enfermagem prescritos, são registradas em prontuário eletrônico. Os DEs são descritos com base na taxonomia da NANDA-International (NANDA-I)(99 Herdman TH, Kamitsuru S. NANDA international nursing diagnoses: definitions and classification 2018-2020. 11th ed. New York: Thieme; 2018.) e associados ao referencial da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta(1212 Horta WA. Processo de enfermagem. São Paulo (SP): EPU; 1979.). Os cuidados de enfermagem baseiam-se na Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC)(1313 Bulechek GM, Butcher HK, Dochterman JM. NIC: Classificação das Intervenções de Enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.).

População e amostra

A população do estudo consistiu de pacientes adultos com COVID-19 internados em terapia intensiva. A amostra não probabilística incluiu todos os pacientes com idade igual ou superior a 18 anos internados com teste RT-PCR para SARS-CoV-2 positivo na UTI, no período de março a junho de 2020, totalizando 150 pacientes. Esse período foi definido por ser o início da pandemia no Brasil, com elevação rápida do número de casos, especialmente as internações de pacientes críticos, que demandaram adequações importantes no processo de trabalho da enfermagem. Foi incluído desde o primeiro caso internado na UTI em questão. Não foram previstos critérios de exclusão.

Variáveis de estudo

As variáveis sociodemográficas foram: sexo, idade, escolaridade e procedência. As variáveis clínicas foram: comorbidades, uso de VMI, manobra prona, hemodiálise, presença de lesão por pressão (LP), ECMO, escore do NAS, escore da Escala de Braden, DEs e cuidados de enfermagem.

Coleta de dados

Os dados sociodemográficos e clínicos foram coletados do prontuário eletrônico dos pacientes de forma retrospectiva, considerando as primeiras 24 horas na UTI, ou seja, do período da admissão até o outro dia. Foi realizada busca ativa dos casos, diariamente, pelo pesquisador responsável pela logística da coleta. Os dados coletados foram organizados no programa Excel (Microsoft Office 2013), vrsão 15.0, de acordo com as variáveis investigadas.

Análise de dados

Os dados foram analisados por meio dos programas Excel e SPSS (versão 22). Inicialmente, foi realizada análise descritiva. As variáveis contínuas, no caso de distribuição normal, foram expressas como média e desvio-padrão; e, se assimétricas, como mediana e intervalo interquartílico. A normalidade dos dados foi testada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e histogramas.

A associação das variáveis foi verificada por meio do teste t de Student para amostras independentes, conforme sua distribuição; e para dados categóricos, usou-se o teste qui-quadrado de Pearson, considerando-se o nível de significância de 5% (p < 0,05).

A carga de trabalho medida pelo NAS(1414 Queijo AF, Padilha KG. Nursing Activities Score (NAS): adaptação transcultural e validação para a língua portuguesa. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(Esp):1018-25. https://doi.org/10.1590/S0080-62342009000500004
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) foi classificada em categorias, definidas com base em estudo prévio(1515 Batassini E, Silveira JT, Cardoso PC, Castro DE, Hochegger T, Vieira DFVB, et al. Nursing Activities Score: what is the ideal periodicity for assessing workload? Acta Paul Enferm. 2019;32(2):162-8. https://doi.org/10.1590/1982-0194201900023
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): NAS ≤ 50% = leve; NAS de 50,1% a 100% = moderada/elevada; e NAS ≥ 100% = muito elevada.

RESULTADOS

Foram avaliados 150 prontuários de pacientes com teste positivo para SARS-CoV-2, que foram internados na UTI entre março e junho de 2020. Dentre as suas características sociodemográficas, foi identificada maior prevalência do sexo masculino (55%) e idade média de 59 anos (DP±14,2). As demais características da amostra estão descritas na Tabela 1.

Tabela 1
Características sociodemográficas de pacientes com COVID-19 (N = 150), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020

Dentre os pacientes estudados, 100 (66,7%) destes utilizaram VMI, e 31 (20,6%) foram submetidos à manobra prona nas primeiras 24 horas. O IMC médio encontrado foi 31,6 kg/m2 (DP±6,8). Não houve associação significante entre obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) e VMI (p = 0,83), nem entre obesidade e manobra prona (p = 0,08).

Nos pacientes pronados, foram identificadas lesões por pressão (LPs) em 12 (38,7%). As LPs se apresentaram como flictenas e flictenas rompidas, sendo os principais locais acometidos a região do tórax, face e crista ilíaca. Houve associação significante entre o desenvolvimento de LP e a posição prona (p ≤ 0,001). Não houve associação entre obesidade e desenvolvimento de LP (p = 1,0). A média do escore da Escala de Braden na amostra foi 12 (DP±3,8); nos pacientes em posição prona e que desenvolveram LP, a média foi 10 (DP±10). A Tabela 2 apresenta as associações entre grupo etário e variáveis clínicas.

Tabela 2
Associação entre grupo etário e variáveis clínicas nas primeiras 24 horas de internação de pacientes com COVID-19 em Unidade de Terapia Intensiva (N = 150), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020

Foram elencados 28 diferentes DEs para os pacientes estudados. A média encontrada de DEs por paciente foi 5 (DP±3,4). Os DEs mais prevalentes estão descritos na Tabela 3.

Tabela 3
Diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes com COVID-19 internados em Unidade de Terapia Intensiva (N=150), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020

Os DEs com menor frequência (n = 2) elencados pelos enfermeiros foram: Integridade da pele prejudicada, Eliminação urinária prejudicada, Perfusão tissular ineficaz: cardiopulmonar, Risco de resposta alérgica, Débito cardíaco diminuído, Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz, Risco de glicemia instável, Risco de choque, Diarreia, Volume de líquidos excessivo, Risco de reações adversas a medicamentos, Risco de desequilíbrio eletrolítico e Risco para disfunção vascular, correspondendo a 1,3% cada.

Para cada DE elencado, foi prescrito um total de 73 diferentes cuidados de enfermagem. A média de cuidados prescritos por paciente foi 30 (DP±4,5). Os cuidados de enfermagem estão descritos na Tabela 4.

Tabela 4
Cuidados de enfermagem prescritos para pacientes com COVID-19, de acordo com os diagnósticos de enfermagem elencados e categorizados conforme os subgrupos das necessidades psicobiológicas de Wanda Horta, Porto Alegre, Rio Graende do Sul, Brasil, 2020

A carga de trabalho da equipe de enfermagem foi mensurada por meio do instrumento NAS nas primeiras 24 horas de internação na UTI. A média do NAS identificada foi 86% (DP±20,3), o que equivale a 20,6 horas de assistência de enfermagem no período de 24 horas. Os escores identificados foram: 7 (4,7%) pacientes demandaram da enfermagem uma carga de trabalho leve; 110 (73,3%), moderada/elevada; 33 (22%), muito elevada. O NAS médio dos pacientes pronados foi 97,5% (DP±18,1), e a média nos pacientes em hemodiálise foi 96% (DP±8,1), ou seja, equivalente à carga de trabalho moderada/elevada. Foi encontrada associação significante entre a carga de trabalho da equipe de enfermagem com a realização da manobra prona (p 0,001).

DISCUSSÃO

Nesta pesquisa, houve prevalência do sexo masculino, e a idade média foi de 59 anos. Estudos realizados em diferentes países (como Estados Unidos, Itália e Espanha) com pacientes infectados pelo novo coronavírus identificaram perfil semelhante a este estudo, porém a média de idade foi superior a 63 anos(1616 CDC COVID-19 Response Team. Severe Outcomes Among Patients with Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) - United States, February 12-March 16, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2020;69(12):343-6. https://doi.org/10.15585/mmwr.mm6912e2
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17 Grasselli G, Zangrillo A, Zanella A, Antonelli M, Cabrini L, Castelli A, et al. Baseline Characteristics and Outcomes of 1591 Patients Infected With SARS-CoV-2 Admitted to ICUs of the Lombardy Region, Italy. JAMA. 2020;323(16):1574-81. https://doi.org/10.1001/jama.2020.5394
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-1818 Pérez MF, Pino DL, García JJ, Ruiz MN, Méndez AE, Jiménez CG, et al. Comorbilidad y factores pronósticos al ingreso en una cohorte COVID-19 de un hospital general. Rev Clin Esp. 2020;221(9): 529-35. https://doi.org/10.1016/j.rce.2020.05.017
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). No Brasil, antes da pandemia, em uma UTI de Porto Alegre, a idade média era de 64 anos(1919 Cecília FLC, Ângela D, Cassiano T, Carolina HS, Anelise BT, Gilberto F. A adequação do suporte nutricional enteral na unidade de terapia intensiva não afeta o prognóstico em curto e longo prazos dos pacientes mecanicamente ventilados: um estudo piloto. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):34-8. https://doi.org/10.5935/0103-507X.20190004
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), todavia, nesta amostra de pacientes com COVID-19, observou-se um número importante de adultos mais jovens, o que pode estar relacionado a maior exposição à doença.

A maioria dos pacientes possui baixo nível de escolaridade, o que está em consonância com o fato de ser uma população menos favorecida economicamente e que interna em hospital público. Ainda, infere-se que eles possuíam moradia com menores condições para a realização do distanciamento social adequado(2020 Lima DLF, Dias AA, Rabelo RS, Cruz ID, Costa SC, Nigri FMN, et al. COVID-19 no estado do Ceará, Brasil: comportamentos e crenças na chegada da pandemia. Ciên Saúde Coletiva. 25(5):1575-86. https://doi.org/10.1590/1413-81232020255.07192020
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). A literatura demonstra que o nível de escolaridade está associado à gravidade da doença e que populações historicamente afetadas por disparidades de saúde, incluindo minorias raciais e étnicas, foram desproporcionalmente afetadas e hospitalizadas com COVID-19(2121 Hsu HE, Ashe EM, Silverstein M, Hofman M, Lange SJ, Razzaghi H, et al. Race/Ethnicity, underlying medical conditions, homelessness, and hospitalization status of adult patients with COVID-19 at an Urban Safety-Net Medical Center — Boston, Massachusetts, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2020;69:864-9. https://doi.org/10.15585/mmwr.mm6927a3
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).

Outro achado relevante foi que 129 (86%) pacientes apresentavam alguma comorbidade associada, sendo as mais prevalentes a hipertensão arterial sistêmica (HAS), obesidade e diabetes melittus tipo 2 (DM2). Esses resultados corroboram a realidade observada em diferentes países no tocante à terapia intensiva para pacientes com COVID-19(2222 Chow N, Dutra KF, Gierke R, Hall A, Hughes M, Pilishvili T, et al. Preliminary estimates of the prevalence of selected underlying health conditions among patients with Coronavirus Disease 2019 — United States, February 12-March 28, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2020;69:382-386. https://doi.org/10.15585/mmwr.mm6913e2
https://doi.org/10.15585/mmwr.mm6913e2...
-2323 Teich VD, Klajner S, Almeida FA, Dantas AC, Laselva CR, Torritesi MG, et al. Características epidemiológicas e clínicas dos pacientes com COVID-19 no Brasil. Einstein (São Paulo). 2020;18:eAO6022. https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2020AO6022
https://doi.org/10.31744/einstein_journa...
). A prevalência de HAS e DM2 está associada de forma significante à faixa etária acima de 60 anos e ao aumento da mortalidade e morbidade dos pacientes com COVID-19(2424 Barros GM, Filho JBRM, Mendes Jr AC. Considerações sobre a relação entre a hipertensão e o prognóstico da COVID-19. J Health Biol Sci. 2020;8(1):1-3. https://doi.org/10.12662/2317-3076jhbs.v8i1.3250.p1-3.2020
https://doi.org/10.12662/2317-3076jhbs.v...
-2525 Roncon L, Zuin M, Rigatelli G, Zuliani G. Diabetic patients with COVID-19 infection are at higher risk of ICU admission and poor short-term outcome. J Clin Virol. 2020;127:104354. https://doi.org/10.1016/j.jcv.2020.104354
https://doi.org/10.1016/j.jcv.2020.10435...
). Na China, pesquisadores comprovaram que a DM2 está relacionada a um risco aumentado em quatro vezes de o paciente evoluir para a forma grave da doença(2626 Targher G, Mantovani A, Wang XB, Yan HD, Sun QF, Pan KH, et al. Patients with diabetes are at higher risk for severe illness from COVID-19. Diabetes Metab. 2020;46(4):335-7. https://doi.org/10.1016/j.diabet.2020.05.001
https://doi.org/10.1016/j.diabet.2020.05...
).

A obesidade foi a comorbidade mais prevalente nos pacientes com idade inferior a 60 anos. Sabe-se que a doença é um fator de risco independente para insuficiência respiratória e mortalidade hospitalar(2727 Palaiodimos L, Kokkinidis DG, Li W, Karamanis D, Ognibene J, Arora S, et al. Severe obesity, increasing age and male sex are independently associated with worse in-hospital outcomes, and higher in-hospital mortality, in a cohort of patients with COVID-19 in the Bronx, New York. Metabolism. 2020;108:154262. https://doi.org/10.1016/j.metabol.2020.154262
https://doi.org/10.1016/j.metabol.2020.1...
). Essa associação está relacionada às características subjacentes dos indivíduos com obesidade que influenciam a resposta fisiológica à infecção(2828 Popkin BM, Du S, Green WD, Beck MA, Algaith T, Herbst CH, et al. Individuals with obesity and COVID-19: a global perspective on the epidemiology and biological relationships. Obes Rev. 2020;21(11):e13128. https://doi.org/10.1111/obr.13128
https://doi.org/10.1111/obr.13128...
). Além disso, a obesidade está associada ao maior risco de desenvolver SDRA grave no contexto de COVID-19(2727 Palaiodimos L, Kokkinidis DG, Li W, Karamanis D, Ognibene J, Arora S, et al. Severe obesity, increasing age and male sex are independently associated with worse in-hospital outcomes, and higher in-hospital mortality, in a cohort of patients with COVID-19 in the Bronx, New York. Metabolism. 2020;108:154262. https://doi.org/10.1016/j.metabol.2020.154262
https://doi.org/10.1016/j.metabol.2020.1...
). Entretanto, nesta pesquisa, não houve associação significante entre uso de VMI e obesidade, nem entre manobra prona e obesidade, nas primeiras 24 horas de internação.

A literatura demonstra que a insuficiência respiratória aguda é a principal causa de internação de pacientes com COVID-19 em unidades críticas, podendo evoluir para a SDRA(2929 Matthay MA, Aldrich JM, Gotts JE. Treatment for severe acute respiratory distress syndrome from COVID-19. Lancet Respir Med. 2020;8(5):433-4. https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30127-2
https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30...
). Sendo assim, a VMI é o principal tratamento de suporte para esses pacientes. Nesta pesquisa, 100 (66,6%) pacientes necessitaram de VMI nas primeiras 24 horas de internação, e 74,3% tinham idade acima de 60 anos. Na Itália, foi encontrada uma porcentagem maior: 88% dos pacientes necessitaram de VMI nas primeiras 24 horas de internação, na UTI COVID(1717 Grasselli G, Zangrillo A, Zanella A, Antonelli M, Cabrini L, Castelli A, et al. Baseline Characteristics and Outcomes of 1591 Patients Infected With SARS-CoV-2 Admitted to ICUs of the Lombardy Region, Italy. JAMA. 2020;323(16):1574-81. https://doi.org/10.1001/jama.2020.5394
https://doi.org/10.1001/jama.2020.5394...
).

A manobra prona foi realizada em pacientes que estavam com SDRA grave com relação PaO2/FiO2 menor que 150 mmHg(2929 Matthay MA, Aldrich JM, Gotts JE. Treatment for severe acute respiratory distress syndrome from COVID-19. Lancet Respir Med. 2020;8(5):433-4. https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30127-2
https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30...
). Os 31 (20,6%) pacientes pronados permaneceram nessa posição por aproximadamente 16 horas. Apesar dos cuidados intensos para prevenir LPs, 12 (35,5%) as desenvolveram após a manobra. A hipoxemia, lesão microvascular e trombose podem aumentar o risco de LP, e essas condições clínicas estão presentes em muitos pacientes com COVID-19 grave(3030 Perrillat A, Foletti JM, Lacagne AS, Guyot L, Graillon N. Facial pressure ulcers in COVID-19 patients undergoing prone positioning: how to prevent an underestimated epidemic? J Stomatol Oral Maxillofac Surg. 2020;121(4):442-4. https://doi.org/10.1016/j.jormas.2020.06.008
https://doi.org/10.1016/j.jormas.2020.06...
). A hipoxemia grave resulta em uma diminuição da perfusão periférica, incluindo a perfusão da pele, e promove a ocorrência dessas lesões cutâneas isquêmicas(3030 Perrillat A, Foletti JM, Lacagne AS, Guyot L, Graillon N. Facial pressure ulcers in COVID-19 patients undergoing prone positioning: how to prevent an underestimated epidemic? J Stomatol Oral Maxillofac Surg. 2020;121(4):442-4. https://doi.org/10.1016/j.jormas.2020.06.008
https://doi.org/10.1016/j.jormas.2020.06...
). Observa-se que a posição prona e condições fisiológicas associadas são fatores de risco importantes para o desenvolvimento de LP, o que está em acordo com os baixos escores da escala de Braden identificados para esses pacientes.

A pandemia de COVID-19 trouxe diversos desafios para a equipe de enfermagem. Dentre eles, a gravidade e a complexidade do cuidado aumentadas dos pacientes, os quais necessitam de diferentes tecnologias para suporte terapêutico. Nesse sentido, o NAS médio encontrado neste estudo foi de 86%, equivalente a 20,6 horas de assistência de enfermagem no período de 24 horas. Em comparação com o NAS da UTI não COVID, no mesmo hospital desta pesquisa, a média encontrada foi 74%(1515 Batassini E, Silveira JT, Cardoso PC, Castro DE, Hochegger T, Vieira DFVB, et al. Nursing Activities Score: what is the ideal periodicity for assessing workload? Acta Paul Enferm. 2019;32(2):162-8. https://doi.org/10.1590/1982-0194201900023
https://doi.org/10.1590/1982-01942019000...
). Outros estudos que avaliam a carga de trabalho da equipe de enfermagem em UTI não COVID encontraram um escore do NAS também inferior, equivalente a 57,4% e 79,3%(3131 Salgado PO, Januário CF, Toledo LV, Brinati LM, Araújo TS, Boscarol GT. Carga de trabajo de enfermería requerida por los pacientes durante la hospitalización en una UCI: estudio de cohorte. Enferm Glob. 2020;19(59):450-78. https://doi.org/10.6018/eglobal.400781
https://doi.org/10.6018/eglobal.400781...
-3232 Nassiff A, Araújo TR, Menegueti MG, Bellissimo FR, Basile AF, Laus AM. Carga de trabalho de enfermagem e a mortalidade dos pacientes em unidade de terapia intensiva. Texto Contexto Enferm. 2018;27(4):e0390017. https://doi.org/10.1590/0104-07072018000390017
https://doi.org/10.1590/0104-07072018000...
).

Em uma série de casos de pacientes afetados pela COVID-19 na Itália, destacou-se aumento de 33% na carga de trabalho de enfermagem em comparação com casos pregressos da pandemia(66 Lucchini A, Giani M, Elli S, Villa S, Rona R, Foti G. Nursing Activities Score is increased in COVID-19 patients. Intensive Crit Care Nurs. 2020;59:e102876. https://doi.org/10.1016/j.iccn.2020.102876
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). A carga de trabalho aumentada está relacionada à gravidade dos pacientes no momento da admissão e a procedimentos como a manobra prona, uso de terapia renal substitutiva, VMI e ECMO(66 Lucchini A, Giani M, Elli S, Villa S, Rona R, Foti G. Nursing Activities Score is increased in COVID-19 patients. Intensive Crit Care Nurs. 2020;59:e102876. https://doi.org/10.1016/j.iccn.2020.102876
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).

Nesta pesquisa, foram elencados 26 diferentes DEs, dentre os quais os mais prevalentes foram Risco de infecção (98,7%), Síndrome do déficit do autocuidado (68,7%), Ventilação espontânea prejudicada (55,3%) e Risco de lesão por pressão (50%). Esses DEs retratam as reais necessidades dos pacientes no ambiente crítico de cuidado, em que há rápida instabilidade e gravidade clínica, o que requer uso de VMI, além de outras terapêuticas associadas. Em consequência, os pacientes ficam limitados ao leito, com impossibilidade para o autocuidado e maior risco de desenvolver LPs. Esses achados também são demonstrados em outras investigações cujo objetivo foi avaliar os DEs mais prevalentes em UTI(3333 Ferreira AM, Rocha EN, Lopes CT, Bachion MM, Lopes JL, Barros ALBL. Nursing diagnoses in intensive care: cross-mapping and NANDA-I taxonomy. Rev Bras Enferm. 2016;69(2):285-93. https://doi.org/10.1590/0034-7167.2016690214i
https://doi.org/10.1590/0034-7167.201669...
-3434 Martins CP, SMG, Brandão SMGA, Freire MTJ, Marques KMAP. Diagnósticos de enfermagem em uti: uma revisão integrativa. Rev Aten Saúde. 2018;16(57):74-86. https://doi.org/10.13037/ras.vol16n57.5124 ISSN 2359-4330
https://doi.org/10.13037/ras.vol16n57.51...
).

Recentemente, membros da Rede de Pesquisa em Processo de Enfermagem (RePPE) publicaram estudo com estratégias para favorecer a documentação da prática clínica do enfermeiro na pandemia de COVID-19. Nele, descreveram DEs que poderiam ser utilizados para os pacientes críticos com insuficiência respiratória aguda hipoxêmica e desenvolvimento da SDRA, tais como “Troca de gases prejudicada”, “Ventilação espontânea prejudicada”; também apontaram outros DEs que foram encontrados em nossa pesquisa(1111 Barros ALBL, Silva VM, Santana RF, Cavalcante AMRZ, Vitor AF, Lucena AF, et al. Contribuições da rede de pesquisa em processo de enfermagem para assistência na pandemia de COVID-19. Rev Bras Enferm. 2020.73(2):e20200798. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0798
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0...
). Além disso, existem na literatura estudos de revisão que também sugerem DEs e cuidados de enfermagem que poderiam ser utilizados neste momento de pandemia por descreverem as necessidades dos pacientes com COVID-19(1010 Moorhead S, Macieira TGR, Lopez KD, Mantovani VM, Swanson E, Wagner C, et al. NANDA-I, NOC, and NIC Linkages to SARS-Cov-2 (Covid-19): Part 1, Community Response. Int J Nurs Knowl. 2020;32:59-67. https://doi.org/10.1111/2047-3095.12291
https://doi.org/10.1111/2047-3095.12291...
,3535 Bitencourt GR, Barbosa JES, Taets CMC, Ceccon DL, Coutinho RP, Taets GGCC. Padrões funcionais de saúde em adultos com covid-19 na terapia intensiva: fundamentando diagnósticos de enfermagem. Int J Develop Res. 2020;10(06):36540-4. https://doi.org/10.37118/ijdr.19007.06.2020
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36 Queiroz AGS, Souza RZ, Sottocornola SF, Barbosa SJ, Pinheiro FA, Souza LP. Diagnósticos de enfermagem segundo a taxonomia da NANDA internacional para sistematização da assistência de enfermagem a COVID-19. J Health Biol Sci. 2020;8(1):1-6. https://doi.org/10.12662/2317-3206jhbs.v8i1.3352.p1-6.2020
https://doi.org/10.12662/2317-3206jhbs.v...
-3737 Dantas TP, Aguiar, CAS, Rodrigues VRT, Silva RRG, Silva MIC, Sampaio LRL, Pinheiro WR. Diagnósticos de enfermagem para pacientes com COVID-19. J. Health NPEPS. 2020;5(1):396-416. https://doi.org/10.30681/252610104575
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).

Os DEs “Risco de choque” e “Risco para disfunção vascular”, embora pouco utilizados, refletem a fisiopatologia da COVID-19 em pacientes graves. Sabe-se que os pacientes acometidos pela COVID-19 estão em risco de desenvolver intensa resposta inflamatória, resultando em lesão endotelial, com evidência de um estado pró-trombótico(3838 Nascimento JHP, Gomes BFO, Carmo JPR, Petriz JLF, Rizk SI, Costa IBSS, et al. COVID-19 e Estado de Hipercoagulabilidade: uma nova perspectiva terapêutica. Arq Bras Cardiol. 2020;114(5):829-33. https://doi.org/10.36660/abc.20200308
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). Logo, são necessários cuidados referentes à avaliação pulmonar e cardíaca, bem como à observação da coloração, temperatura e pulso das extremidades.

Cabe destacar a baixa frequência do DE “Troca de gases prejudicada” (8,7%) em relação ao número de pacientes que foram pronados (20,6%) e que estavam em VMI (66,7%), tendo em vista que este é o DE mais acurado para pacientes com necessidade de manobra prona. No entanto, percebese que, com base no julgamento clínico dos enfermeiros, foi elencado na grande maioria o DE “Ventilação espontânea prejudicada”, considerando a necessidade de VMI no momento da admissão e, posteriormente, a necessidade da manobra prona. Ademais, os DEs referentes ao sistema respiratório possuem semelhança entre si e compartilham características definidoras similares; por isso, DEs menos acurados acabam sendo elencados em determinadas situações(3939 Vieira LF, Fernandes VR, Papathanassoglou E, Azzolin KO. Accuracy of defining characteristics for nursing diagnoses related to patients with respiratory deterioration. Int J Nurs Knowl. 2020;31(4):262-7. https://doi.org/10.1111/2047-3095.12272
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).

A frequência do DE “Risco de lesão por pressão” também se mostrou menor do que o número de pacientes que estavam em VMI, o que é uma condição associada a esse tipo de lesão. No entanto, também foram elencados outros DEs, que contemplam cuidados de enfermagem para evitar as LPs, tais como: “Risco de integridade da pele prejudicada” e “Mobilidade física prejudicada”.

De modo geral, os cuidados de enfermagem prescritos pelos enfermeiros são semelhantes aos de outro estudo realizado em UTI e, em sua maioria, se relacionam com as necessidades de pacientes em ambiente de terapia intensiva, destacando-se os cuidados à prevenção de infecções e cuidado corporal(4040 Camargo MM, Furieri LB, Lima EFA, Lucena AF, Fioresi M, Romero WG. Cross mapping between clinical indicators for assistance in intensive care and nursing interventions. Rev Bras Enferm. 2020;73(6):e20190728. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0728
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). Além disso, a prevalência está ligada a protocolos institucionais, como cuidados para evitar pneumonia associada à VM, prevenção de infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateter e medidas preventivas de quedas.

Nota-se que todos os DEs e cuidados prescritos estão focados nas necessidades fisiológicas dos pacientes. Entretanto, é importante destacar que esses pacientes possuem grande demanda para as necessidades psicossociais e psicoespirituais, as quais não foram evidenciadas na presente pesquisa. No caso de paciente em isolamento total, impossibilitado de receber visita dos seus familiares, com medo em relação à doença desconhecida e com ansiedade associada, tais características refletem na resposta ao tratamento estabelecido. Nesse sentido, destaca-se o papel da equipe de enfermagem em dar suporte e atender a todas essas necessidades, juntamente com a equipe multiprofissional.

Cabe dizer que, apesar de não documentadas, foram instituídas medidas de alívio e conforto psicológico tanto aos pacientes quanto a familiares. No hospital deste estudo, foi utilizado o maxicrachá, para possibilitar a identificação dos profissionais pelo paciente; e foi permitido o uso de celular para comunicação com a família e chamadas de vídeo para visitas virtuais.

Limitações do estudo

Por se tratar de uma das primeiras pesquisas nacionais na área de enfermagem que descrevem as características de pacientes com COVID-19 em UTI, o estudo traz como limitações ter sido desenvolvido em um único centro, com amostra referente a um período inicial da pandemia no Brasil. Além disso, o desenho do estudo e amostra podem ter limitado a análise de algumas variáveis, como obesidade, VMI e manobra prona, as quais não obtiveram valor estatístico significante; por essa razão, tais resultados não podem ser generalizados, sugerindo estudos mais aprofundados. Entretanto, esses achados apresentam grande importância para revisão dos processos internos da instituição participante.

Contribuições para a Área de Enfermagem

A pandemia trouxe diversos desafios e dificuldades para a equipe de enfermagem, mas proporcionou visibilidade à profissão, valorizando a atuação do enfermeiro na linha de frente do combate à doença. O maior conhecimento do perfil dos pacientes graves com COVID-19 ao longo do ano de 2020, por meio de estudos como este, tem colaborado para uma avaliação mais fidedigna das necessidades de saúde, com melhor organização da assistência e fundamentação em evidências científicas.

CONCLUSÃO

Os pacientes com COVID-19 que necessitaram de cuidados intensivos, em maioria, eram homens com idade média de 59 anos e que possuíam baixa escolaridade. As comorbidades mais frequentemente identificadas foram a HAS, obesidade e DM2, as quais estavam associadas à idade maior que 60 anos, exceto obesidade, que foi prevalente em pacientes não idosos.

A maior parte dos pacientes necessitou de terapias de suporte e de diferentes tecnologias como VMI, manobra prona, hemodiálise e ECMO nas primeiras 24 horas de internação, demonstrando alta instabilidade clínica e aumento na complexidade do cuidado. Em consequência disso, o NAS médio dos pacientes foi de 86%, evidenciando alta carga de trabalho da equipe de enfermagem, principalmente para os pacientes que precisaram da manobra prona e terapia dialítica.

Os DEs e cuidados de enfermagem encontrados mostraram as necessidades de saúde dos pacientes com COVID-19 internados em UTI, sendo de grande importância para eles os cuidados de suporte ventilatório, prevenção de infecções e cuidados com a pele. Os cuidados de enfermagem mais prevalentes demonstram a adesão da equipe de enfermagem a protocolos institucionais de segurança, mesmo durante o período crítico enfrentado.

A assistência de enfermagem foi modificada diante da pandemia, de modo que a operacionalização do PE torna-se essencial para nortear a prática clínica dos enfermeiros. Além disso, a COVID-19 também modificou o perfil e a complexidade dos pacientes internados em UTI, sendo necessário realizar mudanças organizacionais e assistenciais inesperadas a fim de fornecer uma resposta imediata à crise da pandemia.

Diante disso, esses resultados possuem grande relevância para a área de enfermagem, devido à compreensão das mudanças no perfil dos pacientes. É fundamental reorganizar a gestão, os recursos humanos e materiais e, sobretudo, oferecer uma assistência de enfermagem de qualidade e segura aos pacientes com COVID-19 em terapia intensiva.

  • FOMENTO
    Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRGS - Verba PROAP.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Alexandre Balsanelli

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Mar 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    07 Mar 2021
  • Aceito
    01 Set 2021
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